“O Feminismo é um conceito que surgiu no século XIX. Se desenvolveu como movimento filosófico, social e político. Sua principal caraterística é a luta pela igualdade de gêneros (homens e mulheres), e consequentemente pela participação da mulher na sociedade.”
Ser mulher é um grande desafio de tantas formas que acaba sendo impossível mensurar. São tantos obstáculos inseridos em tantos contextos que é muito difícil discuti-los e explorá-los de uma só vez. Os ideais sobre igualdade de gênero e emancipação feminina são cada vez mais disseminados na nossa sociedade, mas mesmo assim, pra muita gente não é fácil entender o que é esse tal de feminismo. Mas você sabia que alguns documentários e filmes podem te ajudar a entender o feminismo de maneira mais dinâmica.
O cinema está repleto de obras que retratam o feminismo – histórias sobre a vida e a luta das mulheres, que nos inspiram a seguir neste mundão. Abaixo selecionamos alguns documentários e ficções, longas e curtas-metragens
Todos os filmes desta lista foram dirigidos por mulheres diretoras.
Bora conferir?
Os resultados do feminismo | Les résultats du féminisme
Direção: Alice Guy-Blaché, França, 1906. 6 min. (mudo)
Mostra situações satíricas resultantes da emancipação da mulher, um mundo onde as mulheres são sexualmente agressivas e os homens ficam em casa realizando tarefas domésticas. Extremamente moderno para a época e muito bem humorado.
A sorridente Madame Beudet | La souriante Madame Beudet
Direção: Germaine Dulac, França, 1922. 54 min. (mudo)
Um dos primeiros filmes considerados feministas, A Sorridente Madame Beudet é a história de uma mulher “amorosamente inteligente” presa em um casamento abusivo. Muitos estudiosos consideram o marco feminista,principalmente por causa de sua exploração do desejo feminino. É uma experiência de forma cinematográfica que está repleta de conteúdo, examinando devaneios de Madame Beudet através de uma série de sobreposições e sequências em câmera lenta. Ele permite que o espectador a explorar uma perspectiva feminina, que é um tanto emocional e transgressora. Você pode ver o filme legendado AQUI!
As pequenas Margaridas| Sedmikrásky.
Direção: Věra Chytilová, República Tcheca, 1966. 74 min.
Sob o bombardeio de um velho mundo dominado por forças masculinas e engrenagens vermelhas de liberdades impossíveis, surgem duas jovens moças em cores berrantes resmungando sobre os dilemas da vida. Dedo no nariz, nota torta no trompete, uma parede em ruínas desaba. A conclusão do papo detona a anarquia que se estende por cada imagem do filme tcheco Daisies: “se tudo vai mal no mundo, também seremos más.”
Resposta das Mulheres | Réponse de Femmes – Notre Corps-Notre Sexe
Direção: Agnés Varda, França, 1975. 8 min.
“A pergunta ‘O que é ser uma mulher?’ foi proposta por um canal de televisão francês a várias mulheres cineastas. Este cine-panfleto é uma das respostas possíveis, no que diz respeito ao corpo das mulheres – nosso corpo –, do qual se fala tão pouco quando se fala da condição feminina. Nosso corpo-objeto, nosso corpo-tabu, nosso corpo com ou sem seus filhos, nosso sexo, etc. Como viver nosso corpo? Nosso sexo, como vivê-lo?” Agnés Varda. Disponível no vímeo.
Jeanne Dielman | Jeanne Dielman, 23, Quai du Commerce, 1080 Bruxelles.
Direção: Chantal Akerman, Bélgica, 1975. 200 min.
O filme mais decisivo na consagração de Chantal Akerman. “Jeanne Dielman, 23…” é uma observação sistematizada, quase “maníaca”, do dia a dia rotineiro de uma mulher de Bruxelas (Delphine Seyrig), com a prostituição a aparecer como um espectro de coloração realista. A dureza formal do filme de Akerman revela-se na sua obsessiva calendarização do tempo e das rotinas. Uma obra única na História do Cinema. Sobre Jeanne Dielman, diz a diretora: “é um filme hiperrealista sobre a ocupação do tempo na vida de uma mulher limitada a seu lar, sujeita ao conformismo imposto dos gestos cotidianos. Mas revalorizei todos esses gestos restituindo-lhes sua duração real, filmando, em planos sequências, em planos fixos, com a câmera sempre voltada para a personagem, seja qual fosse sua posição. O que eu quis mostrar foi o justo valor do cotidiano feminino.”
Nascidas em Chamas | Born In Flames.
Direção: Lizzie Borden, EUA, 1983. 90 min.
Dois grupos feministas de Nova York usam uma rádio como meio de propagação de ideias e de luta. Eles abordam a heteronormatividade, o machismo e o racismo. A comunidade local começa a se transformar. Uma ativista internacional é presa no aeroporto de Nova York e morre enquanto está detida. A população local se mobiliza.
A hora da Estrela
Direção: Suzana Amaral, Brasil, 1985, 96 min.
Macabéa (Marcélia Cartaxo) é uma jovem nordestina que migra para São Paulo, no intuito de uma vida melhor. Extremamente humilde e sem muitas ambições, a doce protagonista conquista-nos com sua ingenuidade, ao passo em que acompanhamos a falta de habilidade amorosa da mesma. Frágil, Macabéa é um espelho de tantas mulheres sofridas e renegadas por uma sociedade excludente. Inspirado no romance homônimo da célebre Clarice Lispector, A Hora da Estrela é um clássico do cinema brasileiro.
A excêntrica família de Antônia | Antônia
Direção: Marleen Gorris, Holanda, 1995. 102 min.
O filme se passa durante quase quarenta anos após a Segunda Guerra Mundial, e conta a história da matriarca Antônia que, depois de voltar à vila onde nasceu, estabelece uma comunidade com sua filha. O enredo se desenvolve em torno da relação das duas com os moradores da vila. Assumem a fazenda da família e alojam um homem simples da aldeia e uma jovem com problemas psicológicos que foi estuprada pelo irmão, além de manter amizade com Kromme Vinger, um filósofo estudioso de Schopenhauer e Nietzsche.
Frida
Direção: Julie Taymor, EUA, 2002, 123 min.
O filme retrata a vida pessoal, trágica, da artista mexicana Frida Kahlo, nascida em 1907 e morta aos 47 anos devido a complicações, como a amputação de uma perna. Sua vida foi marcada por uma poliomielite adquirida ainda criança e pelas consequências de um grave acidente de ônibus aos 18 anos, o qual atingiu sua coluna vertebral, obrigando-a a passar vários anos em uma cama, entre aparelhos ortopédicos, agulhas e bisturis. A história aborda a natureza transgressora da artista, sua rápida ascensão no mundo da arte e os vários relacionamentos amorosos que teve durante a vida, principalmente com o pintor Diego Rivera, 20 anos mais velho que ela, com quem se casou duas vezes.
Terra fria | North country
Direção: Niki Caro, EUA, 2005, 126 min.
Mãe solteira, Josey Aimes, é parte do grupo das primeiras mulheres a trabalharem em minas de ferro, em Minnesota. Os homens ficam ofendidos por terem que trabalhar com mulheres e as submetem a constante assédio sexual. Consternada com o fluxo constante de insultos, linguagem sexual explícita, e abuso físico, ela decide abrir uma histórica ação judicial contra assédio sexual. O filme é baseado no livro Class Action: The Story of Lois Jenson and the Landmark Case That Changed Sexual Harassment Law, escrito por Clara Bingham e Laura Leedy Gansler, que conta a história real do processo judicial Jenson vs. Eveleth Taconite Company.
E Buda Desabou de Vergonha | Buda as sharm foru rikht.
Direção: Hana Makhmalbaf, Irã, 2007. 81 min.
Em alguns momentos de E Buda Desabou de Vergonha, uma menina de aproximadamente 6 anos, disposta a ingressar na escola, desafia as leis de controle ao comportamento feminino. Sem ter ainda consciência de sua condição cerceada em uma sociedade regida para e pelos homens, no Afeganistão contemporâneo, ela usa o batom que rouba da mãe como caneta. O produto usado para realçar os lábios torna-se ferramenta de uma outra boca: a linguagem escrita. Senso de transmissão com um objeto da vaidade. Na sala de aula, na qual a protagonista estréia após um pequeno périplo, o batom gera um fuzuê. Todo um sistema de ordens é colocado sob ameaça por conta de uma brincadeira de criança. Rebeldia lúdica.
Reze para o diabo voltar para o inferno | Pray the devil back to hell
Direção: Gini Reticker, EUA, 2008, 72 min.
É um documentário que retrata o Movimento pela Paz na Libéria, organizado pela assistente social Leymah Gbowee. Na ocasião, milhares de mulheres cristãs e muçulmanas se mobilizaram para organizar protestos não-violentos que levaram ao fim da Segunda Guerra Civil da Libéria em 2003. O movimento levou Ellen Johnson Sirleaf a ser eleita presidente, fazendo com que a Libéria se tornasse a primeira nação africana a eleger uma mulher como chefe de estado. Em 2011, Leymah Gbowee ganhou o prêmio Nobel da Paz junto com Sirleaf e a iemenita Tawakel Karman.
Libertem Angela | Free Angela and all Political Prisoners
Direção: Shola Lynch, EUA, 2012. 101 min.
Este documentário retrata a vida de Angela Davis, uma professora de filosofia nascida no Alabama, e conhecida por seu profundo engajamento em defesa dos direitos humanos. Quando Angela defende três prisioneiros negros nos anos 1970, ela é acusada de organizar uma tentativa de fuga e sequestro, que levou à morte de um juiz e quatro detentos. Nesta época, ela se tornou a mulher mais procurada dos Estados Unidos. Ainda hoje, Angela é um símbolo da luta pelo direito das mulheres, dos negros e dos oprimidos.
Ela fica bonita quando está brava | She’s Beautiful When She’s Angry
Direção: Mary Dore, EUA, 2014. 92 min.
O documentário aborda a luta das mulheres do movimento feminista durante os anos de 1966 a 1971, que ficou conhecido como “A Segunda Onda do Feminismo nos Estados Unidos” e abriu caminhos para a expansão do movimento como é conhecido nos dias de hoje. As histórias são narradas por veteranas norte-americanas que participaram dos protestos naquela época.
O Testemunho | The Testimony
Direção: Vanessa Block, EUA, 2015, 28 min.
O documentário retrata o maior julgamento da história do Congo. Os réus são soldados acusados de estuprar suas concidadãs, mulheres que sofrem violências institucionalizadas em uma sociedade que pouco respeita o gênero. O pior é comportamento das pessoas durante o julgamento, que demonstra que essas agressões estão longe de serem considerados criminosos.
Que Horas Ela Volta?
Direção: Anna Muylaert, Brasil, 2015. 112 min.
Val, uma mulher de Pernambuco, vai para São Paulo, deixando para trás sua filha, Jéssica, com o avô. Em São Paulo, Val encontra um emprego como babá e depois de empregada doméstica em uma casa de família de classe alta onde ela cuida do filho de seus patrões, Fabinho. Treze anos depois, Val é economicamente estável, mas sente culpa por ter deixado para trás Jéssica. De repente, sua filha decide ir a São Paulo para fazer um vestibular, na mesma época que o filho do casal, e pede apoio a mãe, esta acreditando em uma segunda chance para um melhor relacionamento entre as duas. Mesmo assim, a convivência é complicada, ainda mais pela personalidade da garota e forma como ela se porta na casa e perante os patrões de sua mãe, se sentindo mais a vontade e não aceitando a separação de classes e posições impostas no lugar.
As Sufragistas | Sufraggette.
Direção: Sarah Gavron, Reino Unido, 2015. 106 min.
O filme retrata a Inglaterra do início do século XX, quando a primeira onda do movimento feminista lutava para conseguir seus direitos de voto e melhores condições de vida. A protagonista é uma lavadeira interpretada por Carey Mulligan. Sem formação política, a personagem estava habituada à opressão masculina e não questionava o sistema. Porém, aos poucos ela acorda desse transe social e passa a buscar seus direitos como cidadã. O filme conta também com Helena Bonham Carter e Meryl Streep. A história da sua luta pela dignidade é comovente e inspiradora.
Como nossos pais
Direção: Laís Bodanzky, Brasil, 2017, 102 min.
Rosa (Maria Ribeiro) é uma mulher que desdobra-se para dar conta de duas filhas pequenas, de um casamento instável e da carreira estagnada. Após uma revelação bombástica por parte de sua mãe, Clarice (Clarisse Abujamra), a protagonista vê suas relações interpessoais definitivamente modificadas. Além de ser um relato extremamente honesto da mulher moderna – aquela que tenta desesperadamente equilibrar sua vida pessoal com a profissional – Como Nossos Pais aborda o papel da maternidade a partir da figura de Rosa; que é mãe e filha, ao mesmo tempo. Ao final das contas, criar empatia para com nossas mães é algo que vem em doses homeopáticas, e à medida em que amadurecemos.
Gloria Allred – Justiça para Todas | Seeing Allred.
Direção: Roberta Grossman e Sophie Sartain, EUA, 2018. 96 min.
Uma mulher forte, temida por alguns e desacreditada por outros, esta é Gloria Allred, um dos mais importantes nomes do movimento feminista desde a década de 1960. Allred dedicou sua vida à defesa dos direitos das minorias e das mulheres, sendo protagonista de mudanças históricas nos Estados Unidos. Gloria inspira e empodera, e é exatamente a sua trajetória que é abordada no documentário Seeing Allred (Gloria Allred: Justiça para Todos). Original Netflix.