sexta-feira, novembro 22, 2024

12 filmes cubanos imperdíveis

– por Claudia Martins Durán

Tudo começou em janeiro de 1897 quando.a invenção dos irmãos Lumiére chegou em Havana pelas mãos de Gabriel Veyre, uma espécie de embaixador dos inventores franceses. No início, as produções eram esporádicas com uma visão patriótica e nacionalista, mas a partir da década de 30 no século passado é que a produção cinematográfica adquiriu certa estabilidade em termos de volume de títulos e um dos  principais diretores foi Ramon Peón.

Mas é em 1959 com a criação do ICAIC (Instituto Cubano de Artes e Indústrias Cinematográficas) sob o comando de Alfredo Guevara e Pastor Vega, que o cinema cubano ganhou corpo como expressão artística e propagação e discussão de ideias e que até hoje fomenta a produção de filmes junto com a Escola de Cinema e Vídeo de San Antonio de los Baños.

E se a frase: “Vai pra Cuba!” já se tornou um clássico nas rodas de conversa, então aproveite a viagem em 12 filmes que marcaram a história do cinema cubano e projetaram a ilha para o mundo. Uma filmografia que ao longo do tempo tem marcado presença nos festivais internacionais e influenciado inúmeros diretores. Divirta-se!

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La muerte de un burócrata (Tomás Gutiérrez Alea, 1966)

A MORTE DE UM BUROCRATA   / LA MUERTE DE UN BURÓCRATA ( Tomás Gutiérrez Alea, 1966)

Uma comédia de absurdos, uma sátira social onde um defunto é enterrado com seus documentos de identidade e os personagens têm que enfrentar um grande redemoinho burocrático. O filme recebeu o prêmio especial do júri no XV Festival de Cinema da Tchecoslováquia e foi baseado numa estória vivida pelo próprio diretor. A solução que ele encontrou foi realizar esta comédia para “ alfinetar” o sistema burocrático e isto gerou boas críticas nos jornais como o The New York Times.

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Memorias del subdesarrollo (Tomás Gutiérrez Alea, 1968)

MEMÓRIAS DO SUBDESENVOLVIMENTO / MEMÓRIAS DEL SUBDESARROLLO (Tomás Gutiérrez Alea, 1968)

Baseado no livro homônimo de Edmundo Desnoes, a obra é um clássico que quase sempre marca a sua presença nas mostras de cinema que envolva Cuba. Tomás Gutiérrez conta a história de Sérgio, um pequeno burguês que vive o dilema de permanecer na ilha ou ir para os Estados Unidos após a revolução de Fidel Castro. O personagem observador pondera o tempo todo as suas contradições e desejos. O longa recebeu na década seguinte diversos prêmios em festivais da Europa e as críticas o transformaram numa obra emblemática do cinema cubano.

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Retrato de Teresa (Pastor Vega, 1979)

RETRATO DE TERESA / RETRATO DE TERESA (Pastor Vega, 1979)

Teresa trabalha numa fábrica da Cuba revolucionária, casada com um homem conservador e tem três filhos. Um dia ela aceita o cargo de secretária cultural da fábrica com a dificuldade que este acarreta. Depois de uma grande discussão conjugal ela expulsa o seu marido de casa e enfrenta sozinha os problemas de muitas mulheres cubanas.

A personagem foi interpretada por Daisy Granados, uma das musas do cinema cubano, que recebeu por este filme prêmios em festivais na Rússia, Portugal e França. Dentro da cinematografia cubana, é uma obra marcante na  discussão sobre o machismo que impede as mulheres de conquistar seus direitos

A partir da década de 80, o cinema cubano dinamizou a sua produção e conseguiu se reaproximar do grande público com comédias de costumes mais contemporâneas num caráter de arte mais popular. O documentário também teve seu lugar de destaque com as obras de Marisol Trujillo e Santiago Álvarez. Durante toda esta década, o ICAIC participou da produção de 70 longas-metragens de ficção, sendo 44 deles dirigidos por cubanos.

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Cecília I e II (Humberto Solás, 1982)

CECÍLIA I e II / CECÍLIA I e II (Humberto Solás, 1982)

O filme é uma adaptação livre da obra de Cirilo Villaverde Cecília Valdés ou a Colina do Anjo e se passa na Havana na primeira metade do século XIX mostrando o esplendor da sociedade escravocrata. Nele a jovem Cecília, uma bela mestiça, ambiciona estar no mundo dos aristocratas brancos através do jovem Leonardo. A mãe dele se opõe ao relacionamento e Leonardo casa-se com uma outra jovem rica deixando Cecília louca de ciúmes a ponto de planejar a morte da noiva no dia de seu casamento

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Clandestinos (Fernando Pérez, 1987)

CLANDESTINOS / CLANDESTINOS (Fernando Pérez, 1987)

Na década de 50, um grupo de jovens luta contra a ditadura de Fulgêncio Batista. Dentre eles está Ernesto que é preso por suas atividades políticas. Na cadeia recebe a visita de Nereida, uma jovem que ele desconhece e recebe sua visita com desconfiança. Ao ser libertado, ele a reencontra no seu grupo revolucionário. e eles começam uma história de amor, que será muito influenciada pela luta armada. O filme recebeu 12 prêmios, incluindo o de melhor diretor no 28º Festival Internacional de Cinema de Cartagena.

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Plaff, o demasiado miedo en la vida (Juan Carlos Tabío, 1988)

PLAFF, OU MUITO MEDO DA VIDA / PLAFF, O DEMASIADO MIEDO DE LA VIDA (Juan Carlos Tabío, 1988)

Uma mulher inconformada com as coisas que acontecem na sua cidade tem sua casa transformada em alvo de ovadas. Incapaz de encontrar uma saída diante dos prejuízos, medos e conflitos internos, ela caminha para uma resolução trágica e inesperada.

A comédia faz também uma crítica aos personagens e situações da sociedade cubana da época. O filme recebeu o prêmio do júri no XIV Festival Internacional de Cinema de Huelva na Espanha e melhor filme no Festival Latino em Nova York.

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Hello, Hemingway (Fernando Pérez, 1990)

OLÁ HEMINGWAY / HELLO, HEMINGWAY (Fernando Pérez, 1990)

Larita, vizinha de Ernest Hemingway, estabelece entre a sua vida e a a do velho pescador do livro “ O velho e o mar”. Ela quer terminar seus estudos e ingressar na universidade, mas a sua origem humilde a impede de conquistar seus sonhos.

Desde o seu lançamento a produção ganhou 5 prêmios, entre eles o de melhor filme de ficção e melhor atriz para Laura de la Uz no XII Festival Internacional del Nuevo Cine Latino-aamericano de Havana e melhor trilha sonora no Festival de Trieste na Itália.

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Fresa y chocolate (Tomás Gutierrez Alea y Juan Carlos Tabío, 1993)

MORANGO E CHOCOLATE / FRESA Y CHOCOLATE (Tomás Gutierrez Alea e Juan Carlos Tabío, 1993)

O filme foi baseado no conto “ O lobo, o bosque e o novo homem” do escritor Senel Paz e traz de Diego, um homossexual culto e marginalizado que ama seu país e suas tradições. Ao conhecer David, um universitário sem muita cultura e militante da juventude comunista, trava-se uma relação de amizade que derruba a incompreensão e os preconceitos.

Foi uma das produções cubanasmais aclamadas pela crítica internacional e das mais premiadas, 26 no total, dentre elas: prêmio Goya de melhor filme estrangeiro na Espanha e prêmio de público, crítica e melhor filme no Festival de Gramado no Brasil.

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Reina y Rey (Julio García Espinosa, 1994)

REINA E REI / REINA Y REY (Julio García Espinosa, 1994)

O filme traz a música de Pablo Milanés e conta a história de Reina e seu cachorrinho Rey que têm uma relação afetuosa em meio de um mundo oprimido por dificuldades crescentes. Eles mantém um vínculo que se aprofunda ante o desespero cotidiano, mas acontece de um dia o cachorrinho sumir. Reina é ajudada por duas vizinhas, cada uma com opiniões diferentes sobre a revolução. De repente aparecem os velhos patrões de Reina que vivem em Miami e a convidam para morar com eles. Ela enfrentará uma luta dilacerante entre o que queremos ser e o que nos vemos obrigados a ser.  O filme foi premiado nos festivais de Cuba e no Festival de Cartagena na Colômbia.

A partir dos primeiros anos do século XXI os festivais de cinema da ilha foram imprescindíveis para estimular o conhecimento, a discussão sobre a produção audiovisual e o diálogo entre os jovens realizadores e a velha guarda do cinema cubano. Foi o começo  de um cinema jovem, crítico e independente com novas tecnologias e incentivo à co-produções.

TRÊS VEZES DOIS / TRES  VECES DOS ( Pavel Giroud, Lester Hamlet e Esteban Insausti, 2004)

Três histórias com estilos diferentes e surpreendentes que falam de amor, solidão e o sobrenatural. A crítica considerou a narrativa ágil com uma trilha que funde o pop ao clássico e as tramas revelam um retrato apurado da Cuba contemporânea que vive a crise entre o arcaico e o moderno. O  longa recebeu diversos prêmios em festivais e mostras de cinema em Cuba e está entre os 10 filmes mais significativos produzidos em 2004.

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Habanastation (Ian Padrón, 2011)

HABANASTATION  (Ian Padrón, 2011)

Duas crianças de uma mesma escola têm vidas muito diferentes. Elas passam o dia 1º de maio juntas e decidem confrontar suas realidades e sonhos.

Foi o primeiro longa-metragem do diretor, que estreou dia 17/07 no dia internacional da criança na cidade de Marianao, onde o longa teve a maior parte de suas cenas rodadas. Habanastation recebeu prêmios em diversos festivais de cinema da América Latina, como o Festival Internacional de Cine “Nueva Mirada para la infancia y juventud” em Buenos Aires.

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Últimos días en La Habana (Fernando Pérez, 2016)

ÚLTIMOS DIAS EM HAVANA / ÚLTIMOS DÍAS EN LA HABANA (Fernando Pérez, 2016)

Diego vive na cama de um cortiço sofrendo com as complicações da Aids e é cuidado pelo seu amigo Miguel que trabalha numa lanchonete e sonhar em morar nos Estados Unidos. Apesar da doença, Diego é bem humorado , irreverente e não quer sair do seu país,  contrapondo com o amigo que não sorrir e quase não fala. O longa fala da amizade, humanidade e mostra a vida na Havana atual. Curiosidade: a história do filme começou quando um rapaz que trabalhava num banco bateu na porta de Fernando Pérez e lhe entregou cinco roteiros e um deles deu origem ao longa.  Sua estreia mundial aconteceu no Festival de Berlim e recebeu o prêmio de melhor direção e fotografia no Cine Ceará.


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