Greta Thunberg iniciou o movimento ‘Fridays For Future’ para pressionar os políticos a lutar contra as mudanças climáticas.
“Percebi que ninguém estava fazendo nada para impedir que isso aconteça, então eu precisava fazer alguma coisa.”
“Como não posso votar, essa é uma das maneiras que eu posso fazer minha voz ser ouvida.”
Foi com este pensamento que Greta Thunberg, uma jovem sueca de 16 anos, deu início a um movimento internacional de greves de estudantes contra as mudanças climáticas – iniciativa que rendeu a ela a indicação ao prêmio Nobel da Paz.
A adolescente falta às aulas todas as sextas-feiras, desde agosto do ano passado, e se senta em frente ao Parlamento sueco, em Estocolmo, para exigir medidas concretas dos políticos contra o aquecimento global.
O ato, inicialmente solitário, inspirou jovens de todo o mundo a aderirem ao movimento, que ficou conhecido como “Fridays For Future” – e culminou em uma greve escolar global no dia 15 de março, quando milhares de estudantes foram às ruas para protestar, inclusive no Brasil.
Também rendeu a Thunberg importantes convites. Ela já se encontrou com o papa Francisco, discursou no Parlamento Europeu e participou de eventos internacionais – como a Conferência do Clima da ONU, na Polônia, e o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
E, nesta terça-feira, se encontra com membros do Parlamento britânico, em Londres.
A jovem ativista, que afirma ter parado de andar de avião em 2015 por conta das emissões de carbono, viajou dois dias de trem para chegar ao Reino Unido.
Como tudo começou
Thunberg conta que ouviu falar pela primeira vez em mudança climática na escola, quando tinha cerca de oito anos e seus professores mostraram fotos de ursos polares famintos, florestas desmatadas e plásticos nos oceanos.
“Quando eu era pequena, tinha planos de ser várias coisas, de atriz a cientista. Até que meus professores me falaram na escola sobre a mudança climática. Isso abriu meus olhos.”
“Fiquei muito impressionada”, relembra, em entrevista ao programa Today da BBC Radio 4.
Quando tinha 11 anos, ela sofreu uma forte depressão.
“Parei de ir à escola, parei de falar, porque estava muito triste. Aquilo me deixou muito preocupada.”
“Teve muito a ver com a crise climática e ecológica. Achava que havia algo muito errado e que nada estava sendo feito, que nada fazia sentido.”
Depois de perceber que poderia fazer a diferença, prometeu a si mesma que “iria fazer algo de bom com a sua vida”.
“Então, eu sentei no chão do lado de fora do Parlamento sueco e decidi que não iria à escola. No primeiro dia, eu fiquei lá sozinha. No segundo dia, outras pessoas começaram a se juntar a mim.”
“Jamais poderia imaginar nos meus sonhos mais loucos que isso aconteceria. E aconteceu muito rápido.”
Hoje, ela conta com 1,3 milhão de seguidores no Instagram e 472 mil no Twitter.
Síndrome de Asperger
Diagnosticada com síndrome de Asperger, uma forma de autismo, a jovem vê a condição como uma aliada.
“Isso me faz diferente, e ser diferente eu diria que é uma dádiva. Me faz ver coisas além do óbvio.”
“Se eu fosse como todo mundo, não teria começado essa greve da escola, por exemplo”, avalia, lembrando que, quando contou aos pais sobre seu plano de faltar às aulas toda sexta-feira, eles “não gostaram muito da ideia”.
“Por que devemos ir para a escola se não há futuro? E por que devemos aprender sobre fatos, se os fatos mais importantes não importam?”, questiona.
Segundo Thunberg, sua primeira inspiração foi Rosa Parks, símbolo do movimento pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos.
“Soube que ela era introvertida, e eu também sou introvertida”, declarou, em entrevista à revista Rolling Stone.
‘Ouçam a ciência’
O recado de Thunberg para os políticos é o seguinte: “Ouçam a ciência, ouçam os cientistas. Convidem eles para conversar.”
“Estou apenas falando em nome deles, estou tentando dizer o que eles vêm dizendo há décadas.”
Segundo ela, é importante que os políticos tomem uma atitude, uma vez que “a maioria das emissões não é causada por indivíduos, mas pelas corporações e pelo Estado”.
Perguntada sobre o que diria ao presidente americano, Donald Trump, se tivesse oportunidade, ela declarou: “Não posso dizer nada que ele não tenha ouvido antes.”
“Obviamente, ele não está ouvindo a ciência e o que temos para dizer, então eu não seria capaz de mudar a opinião dele.”
Em 2017, Trump anunciou a saída dos EUA do acordo de Paris sobre mudanças climáticas.
“Devíamos estar em pânico. E quando digo pânico, não quero dizer sair correndo e gritando. Quero dizer que precisamos sair da zona de conforto.”
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Fonte: Revista IHU On-line | BBC Brasil.