Contrabaixista e produtor paulistano Rodolfo Stroeter revela sua faceta lírica em álbum de canções autorais interpretadas por Joyce Moreno, Sergio Santos, Fabiana Cozza, Chico César e Zé Renato, entre vários parceiros e convidados.
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Show de lançamento no dia 6 de dezembro às 21h, na Sala Crisantempo – Rua Fidalga, 521 Vila Madalena, entrada gratuita. Participação: Sergio Santos, Tutty Moreno, Hélio Alves e Paulo Bellinati.
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‘Madurô’ de Rodolfo Stroeter / por Carlos Calado*
Um dos fundadores do conceituado grupo instrumental Pau Brasil, com o qual se apresenta e tem feito gravações desde os anos 1980, o contrabaixista, compositor e produtor paulistano Rodolfo Stroeter vai surpreender seus fãs. “Madurô”, seu segundo disco solo (lançamento do selo Pau Brasil), destaca um repertório autoral com dez canções e três temas instrumentais.
“Este disco é uma espécie de autorretrato musical, que inclui minha família e meus amigos”, sintetiza Stroeter. Nessas gravações, ele reencontra parceiros como os cantores Sérgio Santos, Joyce Moreno, Marlui Miranda e Céline Rudolph, o baterista Tutty Moreno, o pianista Helio Alves e seu filho Noa Stroeter, contrabaixista do Caixa Cubo Trio. E ainda, naturalmente, o quinteto Pau Brasil.
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Vale lembrar que, em seu primeiro disco solo (“Mundo”, lançado em 1986 pelo selo Continental), Stroeter já demonstrara ser um compositor que dialoga com diversas influências: da MPB ao instrumental brasileiro; do jazz à música clássica. Joyce e Marlui também participaram do elenco desse álbum, assim como o pianista e arranjador Nelson Ayres, do Pau Brasil.
Agora, ao conceber “Madurô”, Stroeter decidiu dedicar mais espaço às suas canções inéditas – algumas compostas ainda nos anos 1980. Acostumado a trabalhar em grupo, mesmo quando produz o disco de algum intérprete, ele gosta de estabelecer contrapontos com os parceiros. “Quando comecei a fazer este disco, percebi que agora o contraponto seria comigo. Não consigo fazer isso sozinho”, admite Stroeter, que mais uma vez convocou parceiros e amigos, para formar um elenco de alto quilate.
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Interpretada por Sérgio Santos, a singela canção “Boa Noite, Sereno” desfia sensações e descobertas de um primeiro namoro. O belo timbre do cantor mineiro também empresta brilho especial à lírica canção que dá título ao álbum. Curiosamente, conta Stroeter, a letra de “Madurô” ficou inacabada até ele reencontrá-la em um velho caderno. Logo depois achou a solução que buscava para conclui-la graças a uma sugestão de Noa.
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Três cantoras, com as quais Stroeter desenvolve parcerias há décadas, também contribuíram para outras belezas do álbum. Já gravada por Monica Salmaso, a canção “Estrela de Oxum” ressurge na voz de Joyce, em delicado arranjo que destaca o piano de Nelson Ayres, a bateria de Tutty Moreno e o baixo do próprio autor. Em “Cantiga da Estrela”, a cantora franco-germânica Céline Rudolph demonstra sua bagagem jazzística, utilizando a voz como instrumento, em um criativo duo improvisado com o baixo elétrico de Stroeter.
Outra surpresa do disco é “Rap Americano”, poema de Stroeter que exalta os povos indígenas das Américas, escrito para a “Ópera dos 500 / Popular e Brasileira”. Encenada por Naum Alves de Souza, em 1992, essa ópera pretendia desmistificar o suposto heroísmo de Cristóvão Colombo. Como não entrou na versão final do espetáculo, o poema estreia agora na voz do autor, acompanhado pelo Caixa Cubo Trio. Os vocais de Marlui Miranda, em idioma indígena, criam um contraponto inquietante com os versos.
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O samba “Feiticeira” também demorou pelo menos uma década e meia para sair da gaveta. Fã de João Gilberto, Stroeter tem uma paixão especial pelo lendário LP de capa branca do pai da bossa, lançado em 1973. Quando soube que João frequentava a casa do baterista Tutty Moreno, em Nova York, teve a ideia de compor um samba com cara de bossa nova e enviá-lo para o mestre. “Até fiz a música, mas não mandei”, conta, sorrindo. Agora, para inclui-la em “Madurô”, convidou o cantor Zé Renato e Tutty para gravá-la de maneira bem despojada, como fez João Gilberto, em seu cultuado álbum.
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Stroeter agradece por duas sugestões de intérpretes que recebeu do violonista Swami Jr., também presente no disco. “Ele entendeu onde eu queria chegar com duas composições minhas de cunho mais popular”, reconhece. No contagiante samba “Na Boca do Povo” (parceria com o letrista Paulo César Pinheiro), Fabiana Cozza soa bem à vontade, como se estivesse cantando numa roda de amigos. Já “Viva Jackson do Pandeiro” é um alegre tema instrumental de Hermeto Pascoal, para o qual Stroeter escreveu uma letra, que imagina um encontro do carismático músico paraibano com o “bruxo” de Alagoas. Convidado a interpretá-lo, Chico Cesar personifica Jackson, carregando na pronúncia dos “erres”, para reviver um divertido sotaque do passado.
Por outro lado, Stroeter nem precisou pensar em quem gravaria “Aboio”, um dolente tema instrumental, e o gingado samba “Levada da Breca” – parcerias com Noa, que o Pau Brasil tem incluído em suas apresentações. “Eu toco com esse grupo de amigos há mais de 40 anos. Não existe a possibilidade de eu fazer um disco meu sem o Pau Brasil”, afirma o contrabaixista.
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Escolhida para fechar o álbum, “A Voz da Oração” nasceu como uma letra de Stroeter que foi musicada por Noa. Com forma e conteúdo de uma prece, ela inspirou a emocionante interpretação de Sergio Santos, que expressa o significado especial dessa canção para o baixista do Pau Brasil e sua família. “Ela foi dedicada ao Noa e meus outros filhos. Não tenho religião que não seja a música, mas acabou saindo uma canção que abarca o sentido de amor aos de muito perto”, ele explica.
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Cinco anos atrás, Stroeter enfrentou um grave problema cardíaco, que o levou a refletir mais sobre o sentido da vida, nos últimos anos. Hoje, ele percebe que a decisão de gravar um disco de canções como “Madurô” também tem relação com a experiência extrema que vivenciou. “O fato de eu ter, literalmente, apagado e, minutos depois, ter voltado à vida, me trouxe um sentido de liberdade essencial para fazer um disco como esse. Se não tivesse passado pelo que passei, eu jamais teria a coragem de me expor como faço nesse disco”, conclui. Em outras palavras, Rodolfo Stroeter amadureceu, madurô.
— *Carlos Calado é jornalista e crítico musical —
DISCO ‘MADURÔ’ • Rodolfo Stroeter • Selo Pau Brasil Music • 2024
Canções / compositores
1. Madurô (Rodolfo Stroeter)
2. Estrela de Oxum (Rodolfo Stroeter e Joyce Moreno)
3. Viva Jackson do Pandeiro (Hermeto Pascoal e Rodolfo Stroeter)
4. Rap americano (Rodolfo Stroeter)
5. Carrossel (Noa Stroeter e Rodolfo Stroeter)
6. Cantiga da estrela (Rodolfo Stroeter)
7. Levada da breca (Rodolfo Stroeter e Noa Stroeter)
8. Só na maciota (abertura). (Rodolfo Stroeter e Joyce Moreno)
9. Na boca do povo (Rodolfo Stroeter e Paulo César Pinheiro)
10. Feiticeira (Rodolfo Stroeter)
11. Boa noite sereno (Rodolfo Stroeter)
12. Aboio (Rodolfo Stroeter e Noa Stroeter)
13. A voz da oração (Noa Stroeter e Rodolfo Stroeter)
– ficha técnica –
Faixa 1: Paulo Bellinati – arranjo e violão; Sergio Santos – voz; Webster Santos – violão; Rodolfo Stroeter – baixo elétrico; Ricardo Mosca – bateria | Faixa 2: Joyce Moreno – voz e violão; Nelson Ayres – piano; Rodolfo Stroeter – baixo elétrico; Tutty Moreno – bateria | Faixa 3: Swami Junior – arranjo e violão; Chico Cesar – voz; Rodolfo Stroeter – baixo elétrico; Cosme Vieira – acordeão; Guegué Medeiros – percussão e bateria; Teco Cardoso – flautas de madeira | Faixa 4: Rodolfo Stroeter – voz; Marlui Miranda – vozes indígenas / flautas; Caixa Cubo: Henrique Gomide – piano; Noa Stroeter – contrabaixo acústico; João Fideles – bateria e percussão | Faixa 5: Noa Stroeter – arranjo; Sergio Santos – voz; Helio Alves – piano; Rodolfo Stroeter – contrabaixo acústico; Tutty Moreno – bateria | Faixa 6: Céline Rudolph – voz; Rodolfo Stroeter – baixo elétrico | Faixa 7: Pau Brasil: Nelson Ayres – piano; Rodolfo Stroeter – contrabaixo acústico; Paulo Bellinati – violão; Teco Cardoso – flauta e saxofone; Ricardo Mosca – bateria | Faixa 8: Joyce Moreno – voz e violão; Rodolfo Stroeter – baixo elétrico; Tutty Moreno – bateria; Teco Cardoso – flauta; Nailor Proveta – clarinete | Faixa 9: Swami Junior – arranjo e violão; Fabiana Cozza – voz; Henrique Araújo – cavaquinho; Rodolfo Stroeter – baixo elétrico; Douglas Alonso – bateria e percussão; Alê Ribeiro – clarinete e clarone | Faixa 10: Zé Renato – voz e violão; Tutty Moreno – bateria | Faixa 11: Paulo Bellinati – arranjo e violão; Sergio Santos – voz; Webster Santos – violão; Rodolfo Stroeter – contrabaixo acústico; Ricardo Mosca – bateria | Faixa 12: Pau Brasil: Nelson Ayres – piano; Rodolfo Stroeter – contrabaixo acústico; Paulo Bellinati – violão; Teco Cardoso – saxofone; Ricardo Mosca – bateria | Faixa 13: Noa Stroeter – arranjo; Sergio Santos – voz; Webster Santos – violão | Produzido por Rodolfo Stroeter | Gravado por Alberto Ranellucci no estúdio Pau Brasil em São Paulo em jul e ago/2024 | Mixagem e masterização: Alberto Ranellucci | Assistente de gravação e mixagem: Kim Stroeter | Produção executiva: Carolina Gouveia | Projeto gráfico da capa: João Rodolfo Stroeter | Fotos: Gal Oppido | Texto: Carlos Calado | Assessoria de imprensa: MAIC Comunicação / Maria Inês Costa | Selo: Pau Brasil Music | Distribuição digital: Tratore | Formato: CD digital / físico | Ano: 2024 | Lançamento: 5 de dezembro | ♪Ouça o álbum: clique aqui.
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* Projeto apoiado pelo ProAC Editais da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.
SERVIÇO
Show de Lançamento do álbum ‘Madurô’ de Rodolfo Stroeter
Participação: Sergio Santos, Tutty Moreno, Hélio Alves e Paulo Bellinati.
Onde: Sala Crisantempo – Rua Fidalga, 521 Vila Madalena – São Paulo/SP
Data e horário: 6 de dezembro 2024 | Sexta-feira | às 21h
Entrada Gratuita
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>> Siga: @rodostroeter
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção / Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske