quarta-feira, fevereiro 26, 2025

Espetáculo ‘Isabel das Santas Virgens e sua carta à Rainha Louca’ reestreia no Teatro Itália

Após duas temporadas de sucesso no Rio de Janeiro e uma em São Paulo no ano passado, o espetáculo ‘Isabel das Santas Virgens e sua carta à Rainha Louca’, protagonizado por Ana Barroso, com direção de Fernando Philbert, faz nova temporada na capital paulista a partir de março.
.
O romance “Carta à Rainha Louca”, de Maria Valéria Rezende, lançado em 2019, é a matéria-prima da peça “Isabel das Santas Virgens e sua Carta à Rainha Louca”, que reestreia dia 13 de março no Teatro Itália, com direção de Fernando Philbert e idealização, adaptação e atuação de Ana Barroso. A parceria entre atriz e diretor nasceu da longa convivência artística de ambos com o diretor Aderbal Freire-Filho (1941-2023), de quem absorveram os princípios básicos e o amor pelo teatro.

O texto ficcional conta a história real de uma mulher do final do século XVIII acusada de loucura e rebeldia e enclausurada no convento do Recolhimento da Conceição, em Olinda, Pernambuco. Através de uma carta, ela tenta se comunicar com a Rainha Maria I de Portugal, conhecida como a Rainha Louca, com quem se sente irmanada na opressão pelo mundo dos homens, e de quem espera receber clemência e liberdade.
.
A carta relata os destemperos e injustiças praticados pelos homens de poder contra mulheres, escravizados e todos que se encontravam em situação de vulnerabilidade. Entre perdas e amores proibidos, a saga de Isabel passa por períodos em que assumiu uma identidade masculina para conseguir viver da única coisa que sabia fazer: ler e escrever.
.
A vivência de Isabel – tanto a real quanto a ficcional –, narrada em suas cartas (que existem de fato, mas não endereçadas à rainha) vai ao encontro das vivências da maioria das mulheres de então e chega até os dias de hoje, uma vez que a luta feminista ainda se encontra longe do seu fim.

revistaprosaversoearte.com - Espetáculo 'Isabel das Santas Virgens e sua carta à Rainha Louca' reestreia no Teatro Itália
Espetáculo ‘Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca’. da obra de de Maria Valéria Rezende. Com Ana Barroso e direção Fernando Philbert – foto: Nil Caniné

A SAGA DE ISABEL DAS SANTAS VIRGENS, UMA MULHER DO SÉCULO XVIII – UMA SAGA AINDA ATUAL
Isabel das Santas Virgens foi uma menina branca, filha de portugueses pobres recém- chegados ao Brasil para trabalhar num engenho de cana de açúcar no Recôncavo Baiano. Com a perda precoce dos pais, é criada entre a senzala e os aposentos da jovem sinhazinha Blandina, filha única do poderoso Senhor do Engenho. Com o passar dos anos, Blandina e Isabel, já crescidas, se apaixonam pelo mesmo homem, o aventureiro Diogo. A sinhazinha acaba se entregando ao “pecado da carne” e é punida, junto a Isabel, com a clausura num convento. Mais adiante, com a morte de Blandina e já em liberdade, Isabel assume uma identidade masculina para atuar em trabalhos que envolviam a escrita e não eram permitidos às mulheres, e acaba novamente presa.
.
A personagem é uma heroína feminista: sem recursos ou proteção de quem quer que seja, enfrenta perigos e desafios munida de suas únicas ferramentas: a inteligência e a capacidade de ler e escrever, adquirida durante a convivência na casa grande.
.
Com suas cartas, Isabel expõe, com algum humor e uma boa dose de ironia, o pano de fundo da colonização brasileira e da situação da mulher que ousava desafiar o status quo. Foi subjugada de todas as formas porque ousou ir além do que lhe era permitido. É a história da luta de uma mulher por sua própria sanidade – através das palavras e do exercício de organização mental, é capaz de manter um pouco de si, escrevendo, escrevendo e escrevendo.

revistaprosaversoearte.com - Espetáculo 'Isabel das Santas Virgens e sua carta à Rainha Louca' reestreia no Teatro Itália
Espetáculo ‘Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca’. da obra de de Maria Valéria Rezende. Com Ana Barroso e direção Fernando Philbert – foto: Nil Caniné

SINOPSE
Convento do Recolhimento da Conceição, Olinda, 1789. Isabel das Santas Virgens está enclausurada, acusada de loucura e rebeldia por lutar pela sua autonomia numa sociedade patriarcal colonial. Ela escreve uma carta à Rainha Dona Maria I, conhecida como a Rainha Louca, com quem se sente irmanada na opressão pelo mundo dos homens. Tida por muitos como também lunática, Isabel relata os destemperos e injustiças praticados pelos homens da Coroa – e por outros tantos – contra mulheres, escravizados e todos que se encontravam em situação de vulnerabilidade.

revistaprosaversoearte.com - Espetáculo 'Isabel das Santas Virgens e sua carta à Rainha Louca' reestreia no Teatro Itália
Espetáculo ‘Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca’. da obra de de Maria Valéria Rezende. Com Ana Barroso e direção Fernando Philbert – foto: Nil Caniné

FICHA TÉCNICA
Direção: Fernando Philbert | Adaptação e atuação: Ana Barroso | Música original: Marcelo Alonso Neves | Cenografia: Natalia Lana | Iluminação: Vilmar Olos | Figurino: Luciana Cardoso | Projeto gráfico: Raquel Alvarenga | Assistência de direção: Renata Guida | Preparação vocal: Angela de Castro/RJ e Lilian de Lima/SP | Pintura de arte: Ana Frazão | Cenotécnico: Almir Rocha | Operação de som: Vicente Barroso | Operação de luz: Lucas JP Santos | Fotos: Nil Caniné e Anne Godoneo | Gestão e conteúdo das mídias: Anne Godoneo e Sarah Marques | Assessoria de imprensa e produção executiva: Fabio Camara | Produção local: Lugibi Produções Artísticas | Produção e idealização: Ana barroso/BB Produções Artísticas

revistaprosaversoearte.com - Espetáculo 'Isabel das Santas Virgens e sua carta à Rainha Louca' reestreia no Teatro Itália
Espetáculo ‘Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca’. da obra de de Maria Valéria Rezende. Com Ana Barroso e direção Fernando Philbert – foto: Nil Caniné

 

SERVIÇO
Espetáculo: ‘Isabel das Santas Virgens e sua carta à Rainha Louca’
Temporada: 13 de março a 24 de abril 2025
Dias/horários: Quintas | às 20h
Local: Teatro Itália, (Av. Ipiranga 344 – República, São Paulo/SP)
Tel.: 11 5468 8382
Lotação: 290 lugares
Classificação indicativa: 12 anos
Duração: 60 min.
Ingressos: R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia).
Vendas online: clique aqui.
Mais informações:

revistaprosaversoearte.com - Espetáculo 'Isabel das Santas Virgens e sua carta à Rainha Louca' reestreia no Teatro Itália
Espetáculo ‘Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca’. da obra de de Maria Valéria Rezende. Com Ana Barroso e direção Fernando Philbert – foto: Nil Caniné

CRÍTICAS
“(…) Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca é uma peça que evidencia as opressões sofridas pelas mulheres ao longo da história e que dialoga com os dias atuais, de novas e terríveis violências. Em entrega visceral a esta destemida mulher, Ana Barroso traça um espetáculo que ganha relevância pelo discurso que propaga, que representa a tantas que ousam não se calar. Trata-se de uma peça que, sobretudo, dá às mulheres o poder de uma voz de liberdade. Isso é digno de efusivos aplausos.”
———- Miguel Arcanjo Prado, Blog do Arcanjo

“A adaptação respeita o tom introspectivo e crítico da obra de Rezende, ao mesmo tempo em que a interpretação da atriz traz uma vivacidade e uma urgência que apenas o teatro pode proporcionar. Esse diálogo entre texto e performance enriquece a experiência do público, permitindo que as palavras de Isabel reverberem não só através de sua leitura, mas também de sua construção cênica.”
———- Bob Sousa, A Construção da Visualidade

“Ana, habita o palco com potência, conduzindo o público pela espiral de emoções de Isabel. Sua interpretação ao mesmo tempo forte e delicada, é envolvente e cria uma conexão íntima com o público.”
———- Poliana Piteri, A Espectadora

“Ana, já Isabel, é uma narradora hábil e talentosa. (…) Sem o cenário realista de beira de rio ou de cela de prisão nos transporta para esses locais, apenas com a sua voz. (…) Fernando Philbert, diretor), na realização de Ana, nos faz pensar como, desde sempre, as dificuldades da mulher advém de querer encontrar seu caminho de escolha, de sua individualidade. Esse encontro entre querer e poder é que Ana realiza como atriz-idealizadora. Com total talento.”
———- Claudia Chaves, Correio da Manhã

“Mais uma vez, Fernando Philbert executa uma direção discreta e, ao mesmo tempo, bonita, limpa e robusta, sem o desejo de criar excentricidades (…) Philbert, um dos melhores diretores de teatro surgidos nos últimos anos, extrai o melhor do potencial de interpretação de Ana Barroso.
———- Gilberto Bartholo, O Teatro Me Representa

“Ana Barroso interpreta de forma clara, com poesia e sedução, trazendo à tona o silêncio daquela mulher que já lá nos setecentos gritava contra a opressão. E, dessa forma, conquista o público que está lhe assistindo, porque é cativante, apaixonante.”
———- Alex Varela, Revista Vislun

ASPAS
“(…) Eu tenho que voltar a João Pessoa, senão eu ficava aqui todas as noites assistindo de novo. Eu estava me encontrando pessoalmente com a minha personagem. A Ana deu o tom exato da personagem. É muito bonito… é muito bom. Eu já assisti três vezes, e cada vez eu estou descobrindo mais coisas, e me comovendo. O livro ganha nova vida, a personagem ganha nova vida.”
———- Maria Valéria Rezende – Autora do romance Carta à Rainha Louca

”Isabel é uma feminista ‘avant la lettre’ que luta incansavelmente pela liberdade de falar, de sobreviver através das letras, ofício restrito aos homens daquele período. Considerada rebelde e lunática pelos homens da coroa, clérigos e senhores de engenho, sua trajetória de coragem e resiliência se confunde com a de tantas mulheres brasileiras, que ainda hoje, precisam lutar por espaço nas esferas de poder e por uma legislação que garanta autonomia sobre seus corpos e igualdade de direitos. Uma alegria retornar a São Paulo com esse trabalho e celebrar meus 40 anos de carreira, contando essa história com uma equipe de parceiros e profissionais expoentes do teatro brasileiro.”
———- Ana Barroso – Atriz e idealizadora

“Este espetáculo é uma saga, uma epopeia, com uma sequência de peripécias vividas por esta mulher, Isabel das Santas Virgens, apaixonada, poeta, forte, amiga devotada que atravessa a vida submetida aos costumes de um Brasil, ainda colônia de Portugal, no século XVIII. Sua visão de mundo, com perspicácia e humor, se traduz em suas cartas escritas no claustro e prisão para a augusta e louca rainha de Portugal. O fato é que Isabel das Santas Virgens é uma mulher de verdade, bem à frente de seu tempo e por isso, assim como muitas, tida como “lunática”. Sim, esta é uma peça sobre uma incrível mulher “lunática”.
———- Fernando Philbert – Diretor

revistaprosaversoearte.com - Espetáculo 'Isabel das Santas Virgens e sua carta à Rainha Louca' reestreia no Teatro Itália
Espetáculo ‘Isabel das Santas Virgens e Sua Carta à Rainha Louca’. da obra de de Maria Valéria Rezende. Com Ana Barroso e direção Fernando Philbert – foto: Nil Caniné

EQUIPE 
MARIA VALÉRIA REZENDE – autora
Maria Valéria Rezende é paulista, atualmente vivendo em João Pessoa. Uma das escritoras mais importantes da cena atual, premiada seguidamente – Jabuti, Prêmio São Paulo e Casa de Las Américas, Prêmio Oceanos -, Maria Valéria conjuga com igual maestria a escrita sofisticada e a liderança junto a seus pares como idealizadora, mentora e inspiradora do Mulherio das Letras, movimento que fez ecoar, de maneira consagradora, a voz das mulheres que escrevem, editam, ilustram, revisam, contam histórias e vendem seus livros. “Carta à Rainha Louca” foi um dos finalistas do Prêmio Jabuti 2020 e ganhador do Prêmio Oceanos de Literatura em Língua Portuguesa. Em 1965, entrou para a Congregação de Nossa Senhora – Cônegas de Santo Agostinho, e dedicou-se sempre à educação popular, primeiro na periferia de São Paulo e, a partir de 1972, no Nordeste.

FERNANDO PHILBERT – diretor
Fernando Philbert iniciou sua carreira como diretor assistente de Gilberto Gawronski, Domingos Oliveira e, desde o ano de 2008, com o diretor Aderbal Freire Filho, de quem foi assistente em mais de quinze peças, entre elas “Hamlet” com Wagner Moura, “A Ordem do Mundo” com Drica Moraes, “Incêndios” com Marieta Severo, “Macbeth” com Renata Sorrah e Daniel Dantas, entre outras. Assinou a codireção de “O Topo da Montanha” com Lázaro Ramos e Thaís Araújo. Dirigiu “O Escândalo Felipe Dussaert”, com Marcos Caruso, vencedor de todos os prêmios de melhor ator no Rio de Janeiro em 2016. Em 2017 dirige “Contos Negreiros do Brasil” , espetáculo de grande repercussão. Em 2018/19 dirige Louise Cardoso em “O Que é Que Ele Tem”, baseado no livro homônimo de Olivia Byinton. Entre outros espetáculos, dirige “Todas as Coisas Maravilhosas”, com Kiko Mascarenhas, indicado aos Prêmios Shell categorias Direção e Ator; Pedro Paulo Rangel em “O Ator e o Lobo”, indicado a categoria Dramaturgia; Thelmo Fernandes em “Diário do Farol – Uma Peça sobre a Maldade”, Prêmio Cesgranrio categorias Melhor Ator e Melhor Espetáculo; “Orfãos” e “Três Mulheres Altas” com Deborah Evelyn e Sueli Franco, agraciados com diversos prêmios e indicações, “A Inquilina” com Luisa Thiré, e “Isabel das Santas Virgens e sua Carta à Rainha Louca”, com Ana Barroso, ainda em circulação.

ANA BARROSO – atriz, adaptadora e produtora
Com 40 anos de carreira no teatro, Ana Barroso começou no Tablado no final da década de 70 como aluna de Maria Clara Machado, Carlos Wilson Damião, Bernardo Jablonski e outros. Aprofundou sua formação em oficinas com mestres como Philippe Gaullier, Amir Haddad, Rubens Corrêa, Luiz Carlos Vasconcellos, Ron Daniels, Aderbal Freire Filho, César Brie, Victor Olivares (voz) e outros. Trabalhou na Itália com o grupo Teatro Due Mondi, aperfeiçoando suas técnicas de Clown e teatro de rua. Nos anos 90 participou ativamente do Centro de Demolição e Construção do Espetáculo sob a direção de Aderbal Freire Filho, com quem seguiu trabalhando em diversas produções. O Grupo foi responsável por espetáculos importantes no cenário teatral carioca como “O Tiro que Mudou a História”, “Tiradentes Inconfidência no Rio”, “Turandot e o Congresso dos Intelectuais” de Bertold Brecht e “Senhora dos Afogados” de Nelson Rodrigues, entre outros. Também sob a direção de Aderbal participa de “O Púcaro Búlgaro” e “Vianinha Conta o Último Combate do Homem Comum”. Atuou em diversos espetáculos com diretores como Moacir Chaves, Ivan Sugahara, Rodrigo Penna e Fernando Philbert. Desenvolve um trabalho voltado para o público infantil há 35 anos, criando, ao lado da atriz Monica Biel, a BB Produções, responsável por um vasto e premiado repertório de espetáculos adultos e infantis, e com um expressivo reconhecimento de crítica e público. No audiovisual participou de vários projetos, entre séries, filmes e telenovelas.


ACOMPANHE NOSSAS REDES

DESTAQUES

 

ARTIGOS RECENTES