terça-feira, abril 15, 2025

Cristina Guimarães lança álbum ‘Presente & Cotidiano’

Com um EP ‘Em Canto‘ e quatros singles lançados, a cantora paulistana Cristina Guimarães envereda pela obra de Luiz Melodia (1951-2017) no álbum Presente & Cotidiano, que vai além de uma homenagem ao cantor e compositor carioca. Cristina traduz as emoções que a música de Melodia sempre despertou, e ainda desperta, apresentada pelo tom grave e singular de sua voz, em arranjos primorosos assinados por André Bedurê, também produtor musical da obra. O trabalho tem participação de Zeca Baleiro e Cida Moreira.
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Já disponível nas plataformas de música, Presente & Cotidiano tem participação especial de Cida Moreira e Zeca Baleiro. Não se trata de um trabalho óbvio, não é uma compilação dos clássicos da carreira de Luiz Melodia, conhecidos pelo grande público. À exceção de “Magrelinha” e “Estácio, Eu e Você”, o repertório traz preciosidades como “Retrato do Artista Quando Coisa”, “Começar pelo Recomeço”, “Giros de Sonho”, “Dias de Esperança” e “Feras que Virão”, além das não tão populares “Um Toque”, “O Sangue Não Nega” e a faixa que dá nome ao álbum “Presente Cotidiano”.

Os músicos que tocam em Presente & Cotidiano também formam o trio que acompanham a artista nos shows – André Bedurê (baixo, violão de nylon e vocal), Rovilson Pascoal (guitarra, cavaquinho e violão de aço e nylon) e Gustavo Souza (bateria e percussão), além do violoncelista convidado Jonas Moncaio. Bedurê ressalta a importância dos músicos na elaboração do trabalho: “os arranjos foram concebidos e delineados por mim, mas o resultado traz a criação de cada músico, a contribuição individual de cada um”, afirma.

Declaradamente uma apaixonada pela obra de Luiz Melodia, Cristina Guimarães revela que vinha amadurecendo este projeto há muito tempo. “Este é realmente um sonho realizado, o de poder gravar um álbum que transite pelas ondas e nuances da música e da poesia de Luiz Melodia. O resultado muito me agrada, pois abraça tanto a cantora quanto o autor de forma delicada e intensa”. A paixão pelo compositor também acomete o produtor/arranjador, cuja trajetória musical cruzou com o artista em vários shows e discos que produziu. Sobre o trabalho ao lado da intérprete, André Bedurê não esconde sua admiração. “Cristina é surpreendente. Uma aparente ingenuidade, a princípio, traduziu-se em muita personalidade na construção do trabalho. Gosto muito do seu jeito de interpretar, ela tem um suingue especial na divisão rítmica da melodia que me encanta”, declara.

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Cristina Guimarães – foto de Vinícius Campos

As faixas
Cristina Guimarães abre Presente & Cotidiano cantando à capela “Retrato do Artista Quando Coisa”, um poema de Manoel de Barros musicado por Luiz Melodia, e que dá nome ao seu disco lançado em 2001. “Esta é uma canção muito sugestiva. Ela cresce e se expande como se fosse revelando o próprio artista”, comenta a intérprete. Não tem como falar de Melodia sem passar pela canção “Estácio, Eu e Você”, que aparece na segunda faixa; um samba clássico que abraça a voz da cantora dando uma ideia do que vem pela frente. Seguindo, “Começar pelo Recomeço”, tem arranjo jazzístico, elegante como a letra de Torquato Neto (musicada por Luiz Melodia) que fala sobre o recomeço após o fim de uma relação afetiva. Destaque para o baixo de André Bedurê na introdução, também muito presente em todo o arranjo.
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“Magrelinha” é a quarta canção do repertório. Traz arranjo sofisticado e bem diferente da versão original, tendo o violão na base harmônica deixando a voz limpa, valorizando a palavra e a poesia do autor. Cristina Guimarães comenta sobre o prazer de cantar esta música: “é comovente a força poética do primeiro verso – ‘O pôr do sol vai renovar brilhar de novo o seu sorriso / E libertar da areia preta e do arco-íris cor de sangue (…)’ – e do refrão ‘No coração do Brasil’, diz. O cantor e compositor Zeca Baleiro é convidado especial de Cristina na faixa “Giros de Sonho” (lançada também no formato single). Este é um dueto arrebatador de duas vozes graves. “Eu não conhecia esta música, e me encantei pela forma como foi concebida, uma construção perfeita, um deleite para o cantar”, revela a intérprete.

A sexta faixa, “Dias de Esperança”, originalmente com nuances de valsa, ganhou um arranho ‘em três’ que a transportou para o flamenco. Segundo o arranjador André Bedurê, “uma transgressão típica brasileira de fundir os ritmos”, dando um frescor contemporâneo à composição que tem ainda o requinte do violoncelo de Jonas Moncaio. Grande incentivadora da carreira de Cristina, Cida Moreira também é convidada especial de Presente & Cotidiano. E sua participação não poderia ser em outra faixa senão em “Feras que Virão” (esta também foi lançada em single), cuja letra anuncia o morro descendo para o asfalto, e diz: “Vou fazer lenha queimar”. Sobre Cida, Cristina diz: “é uma mestra com quem aprendi muito além das aulas de canto”. A canção flerta com a estética “maldita” de Walter Franco e Itamar Assumpção, oferecendo um sedutor, e contrastante, dueto entre as cantoras de timbres distintos e modos bem diferentes de interpretar.
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O samba “Um Toque” – primeira música que Melodia compôs para a então namorada Jane Reis – ganhou um “arranjo meio recôncavo, como uma chula de Roberto Mendes, que remete ao tempero baiano”, explica o arranjador André Bedurê. A guitarra e o violão de Rovilson Pascoal conduzem a composição diretamente para a sonoridade da Bahia. Nona faixa, “O Sangue Não Nega” (parceria de Luiz Melodia com Ricardo Augusto) é um samba quebrado, com breques, com compassos diferentes; representa bem o compositor que não se enquadra em um estilo musical apenas. Como um artista brasileiro, transitou pelo jazz, MPB, jovem guarda e, aqui, reafirma sua faceta de sambista: “Disseram no jornal, televisão / Que eu não gosto mais de samba (…) / Mas eu sou bamba, bamba (…)”. A canção “Presente Cotidiano” fecha o álbum em tom nostálgico. Com uma afinação não convencional ao violão, em Ré, e uma harmonia envolvente, o arranjo deixa o tom perfeito para a cantora que desliza sobre um ritmo mais solto, como em ondas sonoras espaciais, em harmonia com a letra que fala da complexidade cotidiana, do amor efêmero, da beleza em meio ao caos do dia a dia. Ela sintetiza, de certa forma, a aura que envolve a maioria das músicas de Luiz Melodia e vem de encontro à forma como Cristina Guimarães gostaria de dar voz ao eteno compositor do Estácio.

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Capa do disco ‘Presente & Cotidiano’ • Cristina Guimarães • Selo Independente / Tratore • 2025

Disco ‘Presente & Cotidiano’ • Cristina Guimarães • Selo Independente / Tratore • 2025
Canções / compositor
1. Retrato do artista quando coisa (Luiz Melodia e Manoel de Barros)
2. Estácio, eu e você (Luiz Melodia)
3. Começar pelo recomeço (Luiz Melodia e Torquato Neto)
4. Magrelinha (Luiz Melodia)
5. Giros de sonho (Luiz Melodia) | Participação Zeca Baleiro
6. Dias de esperança (Luiz Melodia) | Participação Jonas Moncaio
7. Feras que virão (Luiz Melodia) | Participação Cida Moreira
8. Um toque (Luiz Melodia)
9. O sangue não nega (Luiz Melodia e Ricardo Augusto)
10. Presente cotidiano (Luiz Melodia)
– ficha técnica –
Cristina Guimarães (voz) | André Bedurê (baixo, violão de nylon e vocal) | Rovilson Pascoal (guitarra, cavaquinho e violão de aço e nylon) | Gustavo Souza (bateria e percussão) | Jonas Moncaio (violoncelo – fx. 6) | Zeca Baleiro (voz – fx. 5) | Cida Moreira (voz – fx. 7) || Produção musical e arranjos: André Bedurê | Captação de áudio, mixagem e masterização: Rovilson Pascoal e André Bedurê | Estúdio: Parede Meia | Produção fonográfica: Cristina Guimarães | Foto/capa: Vinicius Campos | Arte/capa: Lukas Doraciotto e João Nunez | Figurino: Kalina Bourgeois | Maquiagem: Luiz Martins | Produção: João Nunez e Liliane Pugliesi | Assessoria de imprensa: Eliane Verbena | Selo: Independente | Distribuição digital: Tratore | Ano: 2025 | Lançamento: 28 de março | ♪Ouça o álbum: clique aqui.
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> Siga: @cristinahguimaraes / @luizmelodia

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Cristina Guimarães – foto: Gal Oppido

Sobre Cristina Guimarães
Cristina, que é filha de pianista, descobriu o amor pelo canto na juventude. Estudou canto; formou-se em Psicologia na Universidade São Francisco, em Itatiba, SP; cursou Psicanálise na Escola de Psicanálise de Campinas e segue em formação no Instituto Vox de Pesquisa em Psicanálise, em São Paulo, onde mantém trabalho em consultório. Paralelamente, seguiu cantando. Em Campinas, foi a voz de grupos que se apresentavam na cidade, atuando ao lado de instrumentista como o pianista Bebeto von Buettner, o baterista Ramo Montagner e, no Trio Azeviche, com o guitarrista Bruno Mangueira e o baixista Marcos Souza, entre outros. Em 2019, a pianista e cantora Cida Moreira, com quem fazia aulas de canto, incentivou-a assumir definitivamente sua relação com a música. Foi quando decidiu investir em um trabalho próprio de intérprete. Lançou o EP Em Canto, em 2023, um trabalho de voz e piano formado por composições que a apresentam como uma intérprete de timbre aveludado, que imprime sua identidade à música popular brasileira. Em Canto é formado por “Caso Você Case” (Vital Farias), “Nunca” (Lupicínio Rodrigues), “Dindi” (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira) e “Tempo Velho” (Douglas Germano), sendo as duas últimas lançadas também em formato single. Na sequência apresentou em São Paulo o show Presente & Cotidiano, formado por canções der Luiz Melodia, uma paixão declarada da artista, ao lado dos músicos André Bedurê (direção musical, violão e baixo), Gustavo Souza (bateria) e Rovilson Pascoal (guitarra). Esse trabalho de releituras, pautado pela originalidade, resultou no álbum Presente & Cotidiano, lançado em março de 2025. Duas canções do mesmo – “Feras que Virão” e “Giros de Sonho” – foram também lançadas em single, em 2024, com participação de Cida Moreira e Zeca Baleiro, respectivamente. Atualmente, Cristina Guimarães se dedica ao Curso Profissionalizante de Voz de Francesca della Monica, referência internacional em metodologia de estudos vocais da atualidade.
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Série: Discografia da Música Brasileira / Canção / Álbum.
Publicado por ©Elfi Kürten Fenske


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