O cinema mundial tem diretoras marcantes, porém nem tão lembradas ou citadas pela importância de sua trajetória ou a importância que deveriam ter nas memórias das pessoas.
Apesar dos avanços das últimas décadas em termos de equiparação de gêneros, o setor audiovisual ainda é majoritariamente masculino e branco, não só no Brasil, mas no mundo inteiro.
Uma pesquisa da San Diego State University analisou 1.036 filmes exibidos em 23 festivais americanos em 2015 e 2016. As mulheres representaram 28% dos diretores, com presença bem maior no documentário (35%) do que na ficção (19%).
No Brasil não é diferente, a desigualdade de gênero nos bastidores do cinema nacional revelaram que, em 2015, dos 2606 produtos audiovisuais que foram certificados pela categoria, apenas 19% são dirigidos por mulheres e 23% tiveram uma mulher como roteirista. (Dados divulgados pela Ancine – Agência Nacional de Cinema).
É importantíssimo que estas mulheres diretoras tenham visibilidade. Assim selecionamos 13 documentários e filmes incríveis dirigidos por mulheres para você ver no Netflix:
1. What Happened, Miss Simone?
[EUA, 2015]
Indicado ao Oscar de melhor documentário em 2016, o filme da diretora Liz Garbus narra a trajetória da cantora americana Nina Simone (1933-2003) . Contando com raro material de arquivo, além de entrevistas com familiares e amigos, a cineasta mostra a vida, a obra e a militância de Simone pelos direitos dos negros.
2. Nascidos em Bordéis
[Born Into Brothels, EUA, 2004]
Ganhador do Oscar de melhor documentário em 2005, o filme retrata a vida de crianças nascidas numa região de prostituição em Calcutá, na Índia. Os cineastas Zana Briski e Ross Kauffman mostram o relacionamento que criaram com as crianças durante aulas de fotografia e os esforços para tentar assegurar seu direito à educação.
3. Hello, I Am David!
[Alemanha/Áustria/Suécia, 2015]
A diretora Cosima Lange acompanha o cotidiano de David Helfgott, pianista australiano que inspirou o filme Shine – Brilhante (1996). Artista prodígio, foi diagnosticado com transtorno esquizoafetivo, condição que inclui sintomas de esquizofrenia e transtorno de humor. Apesar das dificuldades, Helfgott desenvolveu carreira de sucesso.
4. India’s Daughter”
[Reino Unido/Índia, 2015]
O documentário da diretora Leslee Udwin contra a trágica história da estudante indiana Jyoti Singh. Em 2012, a jovem estava a caminho do cinema com um amigo quando foi estuprada e morta por uma gangue de seis homens na capital do país, Nova Déli. O crime provocou revolta, enormes protestos e à mudança nas leis.
5. Maya Angelou, e Ainda Resisto
[Maya Angelou and Still I Rise, EUA, 2016]
Documentário sobre a escritora, poeta, atriz e diretora americana Maya Angelou (1928-2014). Autora de obras como I Know Why the Caged Birds Sing (1969), ela sobreviveu a um abuso sexual e enfrentou o racismo para se tornar uma influente artista e ativista pelos direitos civis nos Estados Unidos. Dirigido pelos cineastas Rita Coburn Whack e Bob Hercules.
6. I Am Jane Doe
[EUA, 2017]
Este documentário acompanha casos verídicos de meninas americanas escravizadas pelo comércio sexual infantil através de anúncios nos classificados online de um jornal.
7. Chuck Norris vs. Communism
[Reino Unido/Romênia/Alemanha, 2015]
Na Romênia comunista dos anos 1980, filmes produzidos nos Estados Unidos não tinham permissão para circular. No entanto, fitas contrabandeadas chegavam à população, dubladas pela voz de uma misteriosa mulher. Graças às sessões clandestinas, os romenos podiam ver o mundo ocidental. Dirigido por Ilinca Calugareanu.
8. E-Team
[EUA, 2014]
Dedicada à defesa dos direitos humanos, a organização Human Rights Watch mantém equipes de emergência conhecidas como E-Teams, cuja missão é visitar zonas de conflito para investigar crimes de guerra. Neste documentário, os cineastas Katy Chevigny e Ross Kauffman acompanham o arriscado trabalho desses ativistas em diferentes países.
9. A 13ª Emenda
[13th, EUA, 2016]
Como o sistema prisional dos Estados Unidos reflete o longo histórico de desigualdade racial do país? A diretora Ava DuVernay (de Selma – Uma Luta Pela Igualdade) discute tal questão neste documentário que foi produzido em segredo pela Netflix e se tornou o primeiro filme de não-ficção a abrir o Festival de Cinema de Nova York.
10. Laerte-se
[Brasil, 2017]
As diretoras Lygia Barbosa da Silva e Eliane Brum fazem um perfil de Laerte Coutinho, uma das mais importantes cartunistas do Brasil, que desde 2009 identifica-se como transgênero. O documentário “acompanha a investigação de Laerte sobre o mundo feminino” e aborda sua relação com amigos e familiares, suas posições políticas e seus personagens.
11. Lore
[Alemanha/Austrália/Reino Unido, 2012]
Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a adolescente Lore (Saskia Rosendahl) se vê obrigada a guiar seus quatro irmãos mais novos pelo arrasado território alemão. Durante essa perigosa jornada, ela descobrirá mais sobre a atividade política de seus pais e terá de unir forças com um refugiado misterioso, a quem foi ensinada a odiar. Dirigido pela cineasta Cate Shortland.
12. Selma – Uma Luta Pela Igualdade
[Selma, Reino Unido/EUA, 2014]
Indicado ao Oscar de melhor filme, narra a histórica marcha realizada em 1965 entre as cidades de Selma e Montgomery, no estado americano do Alabama. Liderada por Martin Luther King (numa excelente interpretação de David Oyelowo), a marcha exigiu o reconhecimento do direito da população negra ao voto. Dirigido pela cineasta Ava DuVernay, de A 13ª Emenda.
13. Daughters of the Dust
[Reino Unido/EUA, 1991]
Ambientado em 1902, conta a história de três gerações de mulheres que fazem parte de uma comunidade Gullah (descendentes de escravos africanos nas ilhas marítimas da Carolina do Sul e da Geórgia). O longa-metragem da cineasta Julie Dash foi o primeiro dirigido por uma mulher negra americana a ser distribuído nos cinemas dos Estados Unidos..
14. Deprogrammed
[Canadá/EUA, 2015]
Documentário de Mia Donovan sobre o movimento conhecido como “desprogramação”, criado nos anos 1970 pelo americano Ted Patrick com o objetivo de tirar jovens de cultos. Entre as centenas de pessoas que contrataram Patrick está o padrasto da diretora, em busca de uma “cura” para o filho amante de heavy metal e obcecado pela Bíblia Satânica.
Fonte: Netflix / com Mulher no Cinema
* Lista ‘acima’ atualizada em 9.5.2018
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“A arte é feita para perturbar, a ciência tranqüiliza.”
– Georges Braque, in “Le jour et la nuit, Cahiers, 1917-1952”. Paris: Gallimard, 1952.