EDUCAÇÃO

A educação do cidadão no século XXI – Fernando Savater

“Os pais educam por identificação, por amor, por seu exemplo. O professor não tem essa identidade, mas traz outras referências. Os valores para a vida não podem ser só familiares. Eles precisam ser sociais. Nenhuma relação é mais educadora do que as relações que acontecem na escola. Esse espaço é educador em si mesmo.”
– Fernando Savater, “A educação do cidadão do século XXI”. Fronteiras do Pensamento, 2015.

Fernando Savater, filosofo espanhol, reflete sobre a relação entre educação e cidadania em sua conferência ‘A educação do cidadão do século XXI’ ao Fronteiras do Pensamento.
Savater destacou pontos importantes na relação da educação e participação democrática. Para ele, a cidadania completa deveria ser o objetivo da educação, formando pessoas capazes de discutir os fins de uma vida comum. No contraponto, criticou a educação que foca na formação de bons trabalhadores. Comparou Pérsia e Grécia com o desenvolvimento da destreza laboral única versus a soma do desenvolvimento técnico e do lado humanista, com a capacidade de refletir sobre a sociedade. “É preciso trabalhar a capacidade de persuadir e de ser persuadido, de discutir se uma opinião tem raiz na realidade”

O desenvolvimento desse terreno exige investimento. “A boa educação é cara, e quem mais necessita dela é sempre quem não pode acessá-la. São pessoas que não tem livros em casa, não tem acesso a oportunidades culturais. A educação é a arma contra a fatalidade social” Com bom humor, o filosofo espanhol deu à educação também a função de “salvar” as crianças dos pais. “Os pais educam por identificação, por amor, por seu exemplo. O professor não tem essa identidade, mas traz outras referências. Os valores para a vida não podem ser só familiares. Eles precisam ser sociais. Nenhuma relação é mais educadora do que as relações que acontecem na escola. Esse espaço é educador em si mesmo.”

O papel do professor também foi ressaltado por ele que exerceu por muito tempo essa função. “Instrumentos não educam. A educação passa sim pela relação entre as pessoas. O professor tem um papel primordial. Mas não podemos ensinar sempre a mesma coisa. É preciso ter tempo para estudar e isso também tem um custo. A boa educação custa caro, mas a educação ruim tem um custo ainda mais alto para a sociedade.”

No Brasil, a escola ‒ muitas vezes o único equipamento público presente em territórios vulneráveis ‒ é um lugar para concretizar essas dimensões. É também um espaço articulador para outros lugares sociais, compondo para o exercício da cidadania, o reconhecimento social e a diversidade cultural. Sua conexão com a comunidade e com outros atores do território fortalece a possibilidade de formação desses jovens.

“Formar pessoas completas, capazes de utilizar a democracia de uma maneira crítica e positiva”

Fronteiras do Pensamento | Produção Telos Cultural | Conferência Edgar Morin | Edição Karina Roman | Finalização Marcelo Allgayer | Tradução Francesco Settineri e Marina Waquil

Fonte: Fronteiras do Pensamento

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