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A grandeza da resiliência dos hobbits: como a falha e o fracasso podem redimir a humanidade, na fantasia de J. R. R. Tolkien, por Clarice Lippmann

Nas páginas imortais de Tolkien, um mestre da literatura fantástica, encontramos mais do que mundos mágicos e batalhas épicas. Encontramos uma revolução silenciosa, uma quebra nos paradigmas de sua época, refletida na maneira como ele habilmente moldou seus protagonistas e sua história que não é apenas sobre o bem contra o mal, mas sobre a humanidade e suas falhas e fracassos. Em uma era em que a fantasia ainda lutava para encontrar seu lugar, Tolkien ousou dar vida a personagens falhos, humanos, em uma narrativa que transcende a simples luta entre o bem e o mal.
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O exemplo mais notável desse rompimento de paradigma é encontrado na jornada do hobbit protagonista Frodo Bolseiro. Por mais que os fãs da saga tenham visões diferenciadas sobre o personagem, é inegável, em uma análise mais aprofundada, que Frodo é um personagem muitíssimo bem trabalhado, complexo e que cumpre seu propósito enquanto herói, mesmo falhando na sua missão. Ele é generoso, amoroso, resiliente e falha de maneira retumbante, no momento derradeiro da história. Mas sua falha não só era inevitável como, por si só, é ela que “salva” o desfecho. Se Frodo não falhasse exatamente quando falhou, se cada detalhe de sua jornada não tivesse acontecido como aconteceu, o Um Anel não teria sido destruído. E é nessa ambiguidade entre a falha e o sucesso que reside a importância do reconhecimento de que mesmo o herói mais persistente está fadado a errar e fracassar em algum momento, e isso não tira seu valor, seu heroísmo, muito pelo contrário: lhe dá mais dignidade, complexidade e o torna mais relacionável. Nós erramos, inúmeras vezes, pelo caminho. Mesmo o mais bem intencionado irá errar.
Em uma época onde a ficção costumava dividir seus personagens entre heróis e vilões, Tolkien mergulhou na complexidade humana, permitindo que Frodo falhasse, que suas decisões tivessem consequências fracassadas e que a grandiosidade de sua missão muitas vezes cedesse à sua própria fragilidade.

Ao criar personagens tão palpáveis, Tolkien desafiou a ideia convencional do herói infalível. Ele entendeu que o verdadeiro heroísmo não reside apenas na vitória, mas nas falhas e nas lições aprendidas ao longo da jornada, e, principalmente, na resiliência generosa. Frodo, e os hobbits em geral, tornaram-se os heróis inesperados, comuns, moldados por medos e incertezas que ecoam em todos nós.
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Na falha de Frodo, encontramos uma redenção coletiva. Tolkien, longe de promover uma visão pessimista da humanidade, desejava inspirar uma busca contínua pela excelência, sabendo que a perfeição é um horizonte sempre distante. “Até mesmo a menor das pessoas pode mudar o rumo do futuro”, uma filosofia que ressoa como um chamado à ação para todos nós.

Os hobbits, com sua simplicidade, medos e anseios, se tornaram os arquétipos dos common folk, demonstrando que as maiores virtudes são acessíveis a todos. Amor, coragem, resiliência, perseverança, humildade, amizade e lealdade são as chaves que abrem os portões da redenção. Tolkien nos recorda que, em nosso cotidiano, também somos portadores dessas virtudes redentoras, capazes de enfrentar as trevas e, por meio de nossas imperfeições, contar uma história própria de heroísmo, amor e beleza. O humano não é ruim porque é falho: ele é melhor porque é imperfeito e persiste em buscar melhorar, ainda assim.
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Enquanto os hobbits se destacam como heróis inesperados, o contraste marcante emerge nos traços dos elfos, anões e humanos na Terra-média de Tolkien. Os elfos, com sua altivez fria e distante, representam uma elegância aristocrática que, embora repleta de beleza, muitas vezes é acompanhada por uma relutância em envolver-se nos conflitos mundanos. A resposta hesitante dos elfos diante da ameaça de Sauron ressoa com a atitude tradicionalmente isolacionista dessa raça, que, por vezes, coloca a estima por sua própria grandiosidade acima da ajuda aos outros.

Os anões, por sua vez, personificam um orgulho feroz que pode levar a consequências danosas. Sua busca por riqueza e reconhecimento muitas vezes os leva a desentendimentos com outras raças, especialmente os elfos. A rivalidade ancestral entre elfos e anões, embora temperada por momentos de aliança, destaca a dificuldade que essas raças têm em superar seus preconceitos e trabalhar juntas em prol de um bem maior.
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Os humanos, com sua capacidade única de virtude e erro, representam a dualidade inerente à condição humana. Sua história na Terra-média é marcada por feitos grandiosos, mas também por ganância e ambição desenfreada. A fraqueza humana é evidenciada pela tentação do Um Anel, que corrompe mesmo os mais nobres entre eles, e espanta terrivelmente até mesmo Aragorn, o rei mais “humilde” e que mais rejeita as tradições ambiciosas de seu povo.
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Nesse cenário, Tolkien retrata as imperfeições de todas as raças, enfatizando que a redenção não é exclusividade dos hobbits. A jornada de Frodo é um chamado para todas as raças reconhecerem suas fraquezas e superarem o orgulho, a ganância e a indiferença. Enquanto os hobbits se tornam heróis ao galgarem caminhos muito, muito acima de suas próprias limitações, as outras raças são desafiadas a fazer o mesmo.

Tolkien nos lembra que, mesmo nas terras de fantasia, a verdadeira grandiosidade não reside em ser imune a falhas, mas em enfrentar essas falhas de frente e lutar por um bem maior. Seja através da humildade e amor supremo dos hobbits por seus amigos, por suas terras ou simplesmente em sua empatia com os outros povos, ou da superação das fraquezas das demais raças, a Terra-média é um espelho que reflete as complexidades morais da humanidade, questionando-nos sobre nossa capacidade de redenção em meio às sombras e à luz.
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A resiliência dos hobbits, motivada por virtudes simples e alcançáveis por qualquer um que tenha bondade dentro de si: amizade, amor, lealdade e outras qualidades relacionadas, é a inspiração que motiva a jornada para a destruição do Um Anel e protege, em suma, os povos livres da Terra-Média. Que isso nos inspire em nossas próprias jornadas, repletas de nossos fracassos particulares.
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Lembremo-nos da linda e gentil história do nosso professor Tolkien, que abraça com tanto carinho a humanidade em suas falhas e virtudes… E saibamos que a nossa grandeza sempre estará onde também estão os nossos corações.
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Clarice Lippmann, colunista da Revista Prosa, Verso e Arte, roteirista, assistente de direção em formação, fã de cinema e cultura pop, estudante entusiasta de filosofia e advogada. Clique AQUI e leia outros textos da autora.

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FICHA TÉCNICA
Título: O Hobbit
Título original: The Hobbit
Autor: J. R. R. Tolkien
Tradução: Reinaldo Jose Lopes
Editora: HarperCollins Brasil
ISBN: 9788595084742
ISBN 10: 8595084742
Dimensões: 14x21cm
Páginas: 336
Segmento: Literatura fantástica
Ano: 2019
Valor: R$ 69,00
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FILMES – A TRILOGIA ‘O HOBBIT’
Série de três filmes de fantasia épica e de aventura

Título: O Hobbit – Uma Jornada Inesperada (The Hobbit – An Unexpected Journey) | Ano: 2012 | Direção: Peter Jackson | | Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Guillermo del Toro e Peter Jackson | Baseado: O Hobbit, de J.R.R. Tolkien (1937) | Produção: Carolynne Cunningham, Zane Weiner, Fran Walsh e Peter Jackson
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Título: O Hobbit: A Desolação de Smaug (The Hobbit: The Desolation of Smaug) | Ano: 2012 | Direção: Peter Jackson | Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Guillermo del Toro e Peter Jackson | Baseado: O Hobbit de J. R. R. Tolkien | Produção: Carolynne Cunningham, Zane Weiner, Fran Walsh e Peter Jackson
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Título: O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies) | Ano: 2014 | Direção: Peter Jackson | Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Guillermo del Toro e Peter Jackson | Baseado: O Hobbit de J. R. R. Tolkien | Produção: Carolynne Cunningham, Zane Weiner, Fran Walsh e Peter Jackson | Coprodução: Philippa Boyens e Eileen Moran

A TRILOGIA ‘O SENHOR DOS ANÉIS’ – LIVROS
FICHA TÉCNICA
Título: O Senhor dos Anéis I – A Sociedade do Anel
Título original: The Lord of the Rings – The Fellowship of the Ring (1954)
Autor: J. R. R. Tolkien
Tradução: Ronald Kyrmse
Editora: HarperCollins Brasil
Ano da edição: 2019
ISBN: 9788595084759
ISBN 10: 8595084750
Dimensões: 16x23cm
Páginas: 608
Preço: R$ 69,90
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Título: O Senhor dos Anéis II – As Duas Torres
Título original: The Lord of the Rings – The Two Towers (1954)
Autor: J. R. R. Tolkien
Tradução: Ronald Kyrmse
Editora: HarperCollins Brasil
Ano: 2019
ISBN: 9788595084766
ISBN 10: 8595084769
Dimensões: 16x23cm
Páginas: 464 páginas
Preço: R$ 69,90
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Título: O Senhor dos Anéis III – O Retorno do Rei
Título original: The Lord of the Rings – The Return of the King (1955)
Autor: J. R. R. Tolkien
Tradução: Ronald Kyrmse
Editora: HarperCollins Brasil
Ano da edição: 2019
ISBN: 9788595084773
ISBN 10: 8595084777
Dimensões: 16x23cm
Páginas: 608
Preço: R$ 69,90
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A TRILOGIA ‘O SENHOR DOS ANÉIS’ – FILMES
Título: O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel (The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring) | Ano: 2001 | Direção: Peter Jackson | Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens e Peter Jackson | Baseado: ‘The Fellowship of the Ring’, de J. R. R. Tolkien | Produção: Barrie M. Osborne, Peter Jackson, Fran Walsh e Tim Sanders
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Título: O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The Lord of the Rings: The Two Towers) | Ano: 2002 | Direção: Peter Jackson | Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Stephen Sinclair e Peter Jackson | Baseado: ‘The Two Towers’, de J. R. R. Tolkien | Produção: Barrie M. Osborne, Fran Walsh e Peter Jackson
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Título: O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei? (The Lord of the Rings: The Return of the King) | Ano: 2003 | Direção: Peter Jackson | Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens e Peter Jackson | Baseado: The Return of the King, de J. R. R. Tolkien | Produção: Barrie M. Osborne, Fran Walsh e Peter Jackson

A SÉRIE
Título: O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder (The Lord Of The Rings: The Rings Of Power) | Criadores: Patrick McKay, J.D. Payne | Baseado: O Senhor dos Anéis e seus apêndices, de J. R. R. Tolkien | Emissora: Amazon Prime Video | Ano: 2022 | Série de televisão
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Clarice Lippmann, colunista da Revista Prosa, Verso e Arte, roteirista, assistente de direção em formação, fã de cinema e cultura pop, estudante entusiasta de filosofia e advogada.

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