Nas páginas imortais de Tolkien, um mestre da literatura fantástica, encontramos mais do que mundos mágicos e batalhas épicas. Encontramos uma revolução silenciosa, uma quebra nos paradigmas de sua época, refletida na maneira como ele habilmente moldou seus protagonistas e sua história que não é apenas sobre o bem contra o mal, mas sobre a humanidade e suas falhas e fracassos. Em uma era em que a fantasia ainda lutava para encontrar seu lugar, Tolkien ousou dar vida a personagens falhos, humanos, em uma narrativa que transcende a simples luta entre o bem e o mal.
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O exemplo mais notável desse rompimento de paradigma é encontrado na jornada do hobbit protagonista Frodo Bolseiro. Por mais que os fãs da saga tenham visões diferenciadas sobre o personagem, é inegável, em uma análise mais aprofundada, que Frodo é um personagem muitíssimo bem trabalhado, complexo e que cumpre seu propósito enquanto herói, mesmo falhando na sua missão. Ele é generoso, amoroso, resiliente e falha de maneira retumbante, no momento derradeiro da história. Mas sua falha não só era inevitável como, por si só, é ela que “salva” o desfecho. Se Frodo não falhasse exatamente quando falhou, se cada detalhe de sua jornada não tivesse acontecido como aconteceu, o Um Anel não teria sido destruído. E é nessa ambiguidade entre a falha e o sucesso que reside a importância do reconhecimento de que mesmo o herói mais persistente está fadado a errar e fracassar em algum momento, e isso não tira seu valor, seu heroísmo, muito pelo contrário: lhe dá mais dignidade, complexidade e o torna mais relacionável. Nós erramos, inúmeras vezes, pelo caminho. Mesmo o mais bem intencionado irá errar.
Em uma época onde a ficção costumava dividir seus personagens entre heróis e vilões, Tolkien mergulhou na complexidade humana, permitindo que Frodo falhasse, que suas decisões tivessem consequências fracassadas e que a grandiosidade de sua missão muitas vezes cedesse à sua própria fragilidade.
Ao criar personagens tão palpáveis, Tolkien desafiou a ideia convencional do herói infalível. Ele entendeu que o verdadeiro heroísmo não reside apenas na vitória, mas nas falhas e nas lições aprendidas ao longo da jornada, e, principalmente, na resiliência generosa. Frodo, e os hobbits em geral, tornaram-se os heróis inesperados, comuns, moldados por medos e incertezas que ecoam em todos nós.
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Na falha de Frodo, encontramos uma redenção coletiva. Tolkien, longe de promover uma visão pessimista da humanidade, desejava inspirar uma busca contínua pela excelência, sabendo que a perfeição é um horizonte sempre distante. “Até mesmo a menor das pessoas pode mudar o rumo do futuro”, uma filosofia que ressoa como um chamado à ação para todos nós.
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Enquanto os hobbits se destacam como heróis inesperados, o contraste marcante emerge nos traços dos elfos, anões e humanos na Terra-média de Tolkien. Os elfos, com sua altivez fria e distante, representam uma elegância aristocrática que, embora repleta de beleza, muitas vezes é acompanhada por uma relutância em envolver-se nos conflitos mundanos. A resposta hesitante dos elfos diante da ameaça de Sauron ressoa com a atitude tradicionalmente isolacionista dessa raça, que, por vezes, coloca a estima por sua própria grandiosidade acima da ajuda aos outros.
Os anões, por sua vez, personificam um orgulho feroz que pode levar a consequências danosas. Sua busca por riqueza e reconhecimento muitas vezes os leva a desentendimentos com outras raças, especialmente os elfos. A rivalidade ancestral entre elfos e anões, embora temperada por momentos de aliança, destaca a dificuldade que essas raças têm em superar seus preconceitos e trabalhar juntas em prol de um bem maior.
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Os humanos, com sua capacidade única de virtude e erro, representam a dualidade inerente à condição humana. Sua história na Terra-média é marcada por feitos grandiosos, mas também por ganância e ambição desenfreada. A fraqueza humana é evidenciada pela tentação do Um Anel, que corrompe mesmo os mais nobres entre eles, e espanta terrivelmente até mesmo Aragorn, o rei mais “humilde” e que mais rejeita as tradições ambiciosas de seu povo.
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Nesse cenário, Tolkien retrata as imperfeições de todas as raças, enfatizando que a redenção não é exclusividade dos hobbits. A jornada de Frodo é um chamado para todas as raças reconhecerem suas fraquezas e superarem o orgulho, a ganância e a indiferença. Enquanto os hobbits se tornam heróis ao galgarem caminhos muito, muito acima de suas próprias limitações, as outras raças são desafiadas a fazer o mesmo.
Tolkien nos lembra que, mesmo nas terras de fantasia, a verdadeira grandiosidade não reside em ser imune a falhas, mas em enfrentar essas falhas de frente e lutar por um bem maior. Seja através da humildade e amor supremo dos hobbits por seus amigos, por suas terras ou simplesmente em sua empatia com os outros povos, ou da superação das fraquezas das demais raças, a Terra-média é um espelho que reflete as complexidades morais da humanidade, questionando-nos sobre nossa capacidade de redenção em meio às sombras e à luz.
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A resiliência dos hobbits, motivada por virtudes simples e alcançáveis por qualquer um que tenha bondade dentro de si: amizade, amor, lealdade e outras qualidades relacionadas, é a inspiração que motiva a jornada para a destruição do Um Anel e protege, em suma, os povos livres da Terra-Média. Que isso nos inspire em nossas próprias jornadas, repletas de nossos fracassos particulares.
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Lembremo-nos da linda e gentil história do nosso professor Tolkien, que abraça com tanto carinho a humanidade em suas falhas e virtudes… E saibamos que a nossa grandeza sempre estará onde também estão os nossos corações.
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* Clarice Lippmann, colunista da Revista Prosa, Verso e Arte, roteirista, assistente de direção em formação, fã de cinema e cultura pop, estudante entusiasta de filosofia e advogada. Clique AQUI e leia outros textos da autora.
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Título: O Hobbit
Título original: The Hobbit
Autor: J. R. R. Tolkien
Tradução: Reinaldo Jose Lopes
Editora: HarperCollins Brasil
ISBN: 9788595084742
ISBN 10: 8595084742
Dimensões: 14x21cm
Páginas: 336
Segmento: Literatura fantástica
Ano: 2019
Valor: R$ 69,00
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FILMES – A TRILOGIA ‘O HOBBIT’
Série de três filmes de fantasia épica e de aventura
Título: O Hobbit – Uma Jornada Inesperada (The Hobbit – An Unexpected Journey) | Ano: 2012 | Direção: Peter Jackson | | Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Guillermo del Toro e Peter Jackson | Baseado: O Hobbit, de J.R.R. Tolkien (1937) | Produção: Carolynne Cunningham, Zane Weiner, Fran Walsh e Peter Jackson
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Título: O Hobbit: A Desolação de Smaug (The Hobbit: The Desolation of Smaug) | Ano: 2012 | Direção: Peter Jackson | Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Guillermo del Toro e Peter Jackson | Baseado: O Hobbit de J. R. R. Tolkien | Produção: Carolynne Cunningham, Zane Weiner, Fran Walsh e Peter Jackson
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Título: O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies) | Ano: 2014 | Direção: Peter Jackson | Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Guillermo del Toro e Peter Jackson | Baseado: O Hobbit de J. R. R. Tolkien | Produção: Carolynne Cunningham, Zane Weiner, Fran Walsh e Peter Jackson | Coprodução: Philippa Boyens e Eileen Moran
A TRILOGIA ‘O SENHOR DOS ANÉIS’ – LIVROS
FICHA TÉCNICA
Título: O Senhor dos Anéis I – A Sociedade do Anel
Título original: The Lord of the Rings – The Fellowship of the Ring (1954)
Autor: J. R. R. Tolkien
Tradução: Ronald Kyrmse
Editora: HarperCollins Brasil
Ano da edição: 2019
ISBN: 9788595084759
ISBN 10: 8595084750
Dimensões: 16x23cm
Páginas: 608
Preço: R$ 69,90
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Título: O Senhor dos Anéis II – As Duas Torres
Título original: The Lord of the Rings – The Two Towers (1954)
Autor: J. R. R. Tolkien
Tradução: Ronald Kyrmse
Editora: HarperCollins Brasil
Ano: 2019
ISBN: 9788595084766
ISBN 10: 8595084769
Dimensões: 16x23cm
Páginas: 464 páginas
Preço: R$ 69,90
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Título: O Senhor dos Anéis III – O Retorno do Rei
Título original: The Lord of the Rings – The Return of the King (1955)
Autor: J. R. R. Tolkien
Tradução: Ronald Kyrmse
Editora: HarperCollins Brasil
Ano da edição: 2019
ISBN: 9788595084773
ISBN 10: 8595084777
Dimensões: 16x23cm
Páginas: 608
Preço: R$ 69,90
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A TRILOGIA ‘O SENHOR DOS ANÉIS’ – FILMES
Título: O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel (The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring) | Ano: 2001 | Direção: Peter Jackson | Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens e Peter Jackson | Baseado: ‘The Fellowship of the Ring’, de J. R. R. Tolkien | Produção: Barrie M. Osborne, Peter Jackson, Fran Walsh e Tim Sanders
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Título: O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The Lord of the Rings: The Two Towers) | Ano: 2002 | Direção: Peter Jackson | Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Stephen Sinclair e Peter Jackson | Baseado: ‘The Two Towers’, de J. R. R. Tolkien | Produção: Barrie M. Osborne, Fran Walsh e Peter Jackson
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Título: O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei? (The Lord of the Rings: The Return of the King) | Ano: 2003 | Direção: Peter Jackson | Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens e Peter Jackson | Baseado: The Return of the King, de J. R. R. Tolkien | Produção: Barrie M. Osborne, Fran Walsh e Peter Jackson
A SÉRIE
Título: O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder (The Lord Of The Rings: The Rings Of Power) | Criadores: Patrick McKay, J.D. Payne | Baseado: O Senhor dos Anéis e seus apêndices, de J. R. R. Tolkien | Emissora: Amazon Prime Video | Ano: 2022 | Série de televisão
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* Clarice Lippmann, colunista da Revista Prosa, Verso e Arte, roteirista, assistente de direção em formação, fã de cinema e cultura pop, estudante entusiasta de filosofia e advogada.
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