Morreu ontem sexta-feira, 15 de maio, em Teresópolis (RJ), aos 86 anos, a poeta, tradutora e jornalista Olga Savary, vítima do covid-19.
Em nota União Brasileira de Escritores (UBE-RJ), lamenta o falecimento da poeta. “Aos familiares, amigos e admiradores de Olga Savary, externamos os nossos mais sinceros votos de paz e conforto espiritual, e nos colocamos solidários a todos vocês neste momento terrivelmente triste.”
Olga Savary nasceu em Belém do Pará, em 21 de maio de 1933, escritora (poeta, contista, romancista, crítica e ensaísta), tradutora e jornalista, a poeta como gostava de ser chamada, teve inúmeros livros publicados, tendo sido agraciada com vários dos principais prêmios nacionais de literatura, entre eles o Prêmio Jabuti de Autor Revelação, pelo livro Espelho Provisório, concedido pela Câmara Brasileira do Livro (1971), o Prêmio de Poesia, pelo livro Sumidouro, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (1977), e o Prêmio Artur de Sales de Poesia, concedido pela Academia de Letras da Bahia pelo livro Berço Esplêndido (1987).
Dedicou mais de quatro décadas traduzindo grandes obras literárias, foi a maior tradutora de Pablo Neruda no Brasil, além de ter traduzido mais de 40 obras de autores da literatura hispano-americana, como Octavio Paz, Carlos Fuentes, Julio Cortázar, Mario Vargas Llosa, Jorge Luís Borges, García Lorca e Laura Esquivel. Também traduziu indiretamente a três grandes mestres nipônicos do haicai: Bashô, Buson e Issa. Saiba mais sobre sua trajetória, obras e traduções AQUI!
“Olga Savary é senhora de uma gleba fecunda no território da poesia brasileira viva que ninguém aí se nutre deve desconhecer.” – Antônio Houaiss
Amanhã
Se devoras teus sonhos
quando se ensaiam apenas
e secamente represas
essa linguagem de flores
e teu desejo de asas
que restam subterrâneas,
quem serás tu, depois
do grande sono, amanhã?
– Olga Savary (Caieiras, janeiro 1954), em “Repertório selvagem: Obra Reunida”. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional; MultiMais Edições; Universidade de Mogi das Cruzes, 1998.
Leia também: entrevista exclusiva da poeta Olga Savary/Cadernos de Tradução.
A escritora Dalma Nascimento assim definiu a amiga e poeta Olga Savary (em seu perfil no facebook):
“Olga Savary, grande escritora, jornalista e tradutora, ontem partiu do convívio familiar e do mundo intelectual brasileiro atacada pelo mortal vírus. Ele chegou de mansinho e em quatro dias dias levou essa grande mulher dotada de uma escrita essencialmente vital e feminina.
Em sua poesia sem cárceres, as palavras escorrem libertas de preconceitos, buscando a prodigalidade do prazer, as explosões afetivas, o repertório selvagem de forma natural. Sem a sexualidade culpada, Olga Savary elegeu Eros como princípio de sua trajetória literária e a Natureza como um dos veios de sua intensa produção.
O universo poético de Olga Savary veio da primacial “Linha d’água” da turbulência do “Magma”, da vertigem de “Sumidouro”, da espraiante penetração de “Altaonda”. Percorrendo sempre desvios, Olga queria flagrar a poesia em “Carne Viva” na essência das coisas, no “Espelho Provisório” dos signos, para compor “Retratos de Vida” do mundo da Mulher de nosso agora
Que a luz divina a acompanhe, grande poetisa e familiar amiga!”
Paz
Assim tão exata
sem se assemelhar a nada
sendo vária e vaga.
– Olga Savary, em “Retratos.” São Paulo: Massao Ohno Editor, 1989.
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