SOCIEDADE

Acqua, uma crônica do escritor e compositor Carlos Walker

A Era do Antropoceno. Do tecno-capitalismo reptiliano. A era geológicado aparente humano. De mãos e mentes aparentemente lógicas. Dos futuros mortos em torno do ritual automático do Vale do Silício. Do cortejo fúnebre de carros e indústrias vomitando pro alto o negro dióxido de carbono, da chuva ácida, dos vazamentos no mar, no ar, na terra. Do lixo das tecnologias digitais neurastênicas com sua velocidade de comunicação vazia, dispensável. Das mãos que não mais caligrafam e nem plantam.
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E a Terra aquece. Altera climas e extensões geográficas. Desloca calotas, degela, inunda. Afoga num canto, resseca noutro, desce e sobe níveis, desmancha as asas brancas, imensas e protetoras das Cordilheiras, vai dissolvendo o Ártico e a Antártida. E desequilibra oceanos, que aos poucos invadem cidades litorâneas e traz furações, tempestades, queimadas, desmatamentos, secas, extinções de animais, vegetais, mudanças climáticas, desaparecimento das mais ricas biodiversidades. E lá vamos nós arrastados para um êxodo sem direção.

E a ÁGUA, mãe do mundo e da vida? Quem as contamina e quem as protege? Quem as sequestra para longe? Quem as desvia e usurpa para os seus maquiavélicos e gananciosos interesses? Já estamos assistindo a conjunção de alguma glaciação com as guerras tecnológicas num apocalipse colapsante?
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Será alguma “sobra alien” defeituosa, de marciano com terráqueo? Ou esses bilionários doentes, que trocam constantemente todo o seu sangue em busca da vida eterna, num click de apenas 1 download em 3D dos seus cérebros de miolos e vermes transferidos para uma caixa de WebPandora?

O planeta Netuno, Senhor dos profundos oceanos e mares entrou em transito no signo de Peixes, ele é o regente das mais profundas águas; enquanto Plutão, o senhor invisível de outras águas do Escorpião, fura a terra funda de Capricórnio, secreta e repleta de incalculáveis tesouros.
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As águas múltiplas, as águas opostas ou superpostas, as águas aparentes e as invisíveis. A água aérea, vaporosa, a água ígnea das lavas ou a água química. Também a água pétrea, dura gelada ou água da lama, seca e desértica. Assim como a água rica, fonte da eterna juventude como a dos aquíferos extraordinários que por aqui se escondem. Quem quer ser dono da Água?
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Simultaneamente, o Éon da nova Era, O Aguadeiro, signo de Aquárius, vem se aproximando, a reverberar a sua constelação sobre a Terra – esse pingente dervixe, lacustre e frágil – na noite cósmica.

Água

Indústrias e agronegócios consomem 90% da água disponível do planeta. Seremos obrigados a beber e a nos banhar com a água escura e tétrica das sodas e Cocas ou da suspeita água mineral Nestlé, com seu presidente também suspeito? Será uma estratégia conspiratória para “remover de vez” os grupos populacionais mais pobres do planeta, para que só as elites sobrevivam e saciem a sede?
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Águas nos são retiradas. Águas nos serão jorradas e devolvidas? Águas com outras vidas, outro DNA planetário? Teremos que deixar nossos sapatos na casa xamânica da mãe-gaia para sermos plasmados por novas águas? Levaremos ainda nossas almas, já tão cansadas de viajar pela Via Láctea para outros pontos do Universo? Ou iremos para o mundo oculto, julioverniano do centro da Terra, sem documento e com apenas a roupa do corpo?

O Rig Veda e vários textos hindus atestam a nossa hidrorigem: “ Tudo era Água. As vastas águas não havia margens “. Água-prana, original – da placentária respiração. O primeiro banho ao sair do ventre. Cientistas já fabricam guelras humanas, quem sabe para uma fuga coletiva da crosta terrestre, que vem secando paulatinamente. Anímica mas áurica, eletrolítica, ionizada, a água etérica, eflúvia, germe da vida, protagonista dos nossos nados. Em mergulho e emersão. Voo virtual para cima, o infinito; e também queda para o vertiginoso escuro, o infindo abismo. Água da absorção e da dissolvição. E da pureza para transcendência. Água luminescente, do sensível, do inspirado. Diagrama informal das minhas intuições.
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Ao abrir as páginas dos textos bíblicos e também no Gênese assistimos o “Espírito” – aquele que surfa primeiro sobre as águas originais; e a Vida-Lux se manifesta!! Como OVNIS em forma de sinos, e as estrelas, planetas, galáxias num macrosom fosforescem em explosões de nascimentos!!!

Espermática água – libido galáctica. Do Livro de Enoch. Do Rei dos Nagas, metade homem, metade ofídio. Na Polinésia, a água cósmica – seiva, sémem, sopro vital. Poção de imortalidade vinda do céu para os montanheses do Vietnã. Assim como a água benta, que esparge em todas as partes do mundo sobre os seus moradores. Seja no Islã, no Japão, nos ritos taoístas ou nas abluções cristãs. Ela coagula, purifica, regenera.
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Sem água não há alquimistas. Nem agricultores. E nem crianças, que se tornarão adultos. Mem – em hebraico – mãe e matriz, útero e vaso onde mora a hierofania dos corações. Por ela e através dela, nascemos, morremos e renascemos, saindo e entrando pelo tobogã dos Nodos Lunares segundo a tradição astrológica da Índia.

Outrora, paz e oásis, a Palestina era uma terra de fontes, poços e torrentes. Para o hóspede que chega, a água fresca e os pés lavados. E Jeremias ainda chora no deserto por Israel e seus pecados. A alma é lavada pelas águas da sabedoria. Jesus nos lembra ”Aquele que beber da água que eu lhe darei, não terá mais sede”. Água do amor, a água-viva!
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Mas também a água diluviana condenando a humanidade por sua lascívia e maldade contamináveis. Água ecumênica, na Torá, no Corão e no velho e novo Testamento. Os Aztecas a reverenciavam como o sagrado “soma” do verde (seiva) e vermelho (sangue).

Na cosmogonia dos Dogons, tribo africana, que possui saber preciso do sistema triplo da estrela Sírius, os heróis Gemeos vêm a Terra, metade homens, metade serpentes; são de cor verde e tem como seu avatar, a Espiral saindo Verbo-Luz-Palavra. Antes do Ovo Cósmico se formar, toda água e palavra eram secas. Os Bambaras também conjugam essa tradição.
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A água lustral, que os Druídas usavam para purgar. Ou a água parada, o pântano movediço do capitalismo, que cada vez mais nos engole, e nos faz beber água de esgoto. A não ser que ativemos a Lótus – ânfora pineal adormecida em nossa mente – o sol psíquico a jorrar a primavera perene.
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Em que espelho do nosso avesso encontraremos essa água de ouro solar e sem tempo, que refrescante nos sacia para sempre?

A água grega do oráculo de Delfos por entre vapores, as profecias eram ouvidas e ditadas através de seu borbulho e do vento sussurrado por entre as folhas. Água do Yin, do Feminino, das navegações heroicas. Água dos rios Trigre e Eufrates. A Utopia das águas. A representação de cada signo zodiacal através do sistema de hidráulica egípcia.
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Residem em seus espessos reinos subterrâneos, cidades extensas, colunas gigantes, palácios com vastos terraços, peixes abissais, plásticos assassinos, latas e ferro velho, navios mortos, criaturas inusitadas falando línguas líquidas, fonemas fósseis. E aquela lágrima primordial, batismal, a nossa “humana lágrima”, ali sozinha…

Que futuro nos aguarda?A new Geoengenharia, que agencias de espionagem como a CIA usam novas tecnologias para interferir, controlar e impactar o clima como armas de guerra? A humanidade morrerá então de fome e sede?Tudo é possível.
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Mas quem sabe, aquela lágrima humana viajante , aquática, marítima, agora caída em Marte, lágrima de algum terrestre escalado em viagem sem volta, quem sabe poderá gerar uma outra e estranha forma de vida e de ser… Tudo é possível.
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E se esse Ser ainda tiver um composto orgânico de agualuzamor? Tudo é possível…
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– Carlos Walker

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Carlos Walkerou simplesmente Wauke. Músico, Escritor e Astrólogo há 40 anos. Carlos Walker começa a cantar em 1969 através de Festivais no Brasil. Têm livros publicados e discos gravados.

Outros textos do autor neste site:
Conheça mais sobre Carlos Walker:
Revista Prosa Verso e Arte

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