O novo e surpreendente álbum “Estrela é o samba” (distribuição Tratore) traz Roberto Riberti de volta, como um bem guardado segredo de São Paulo. O compositor apresenta, depois de um hiato de 38 anos, sambas em parceria com grandes nomes do gênero, como Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho e Paulo Vanzolini, gravados entre 2012 e 2023.
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Entre 1977 e 1986, Riberti lançou quatro discos, foi gravado por gente como MPB4, Elza Soares, Beth Carvalho, Quarteto em Cy, Marcia, Eliete Negreiros e Leila Pinheiro, e teve música até em novela das oito da TV Globo (“Passageiro”, na trilha sonora de “Os gigantes”). Sua produção como compositor e letrista abrange da MPB mais clássica – como “Passageiro” e “Apenas mais um” – até duas correntes aparentemente antagônicas que em sua obra se harmonizam perfeitamente: o samba e o choro de um lado, e de outro a vanguarda paulista (é parceiro de Arrigo Barnabé em clássicos como “Cidade oculta”, “Lenda”, “A serpente”, e “Mística”, do “Tubarões voadores”).
Nesses 38 anos, Riberti se afastou da música, mas não da composição. Nos últimos anos foi aos poucos gravando um álbum de seus sambas, o primeiro só de sambas, recheado de participações especiais de velhos ídolos e parceiros (muitos dos quais foram nos deixando). “Estrela é o samba” é, na verdade, uma procura do samba feita por Roberti dentro de sua obra e por sua cidade, São Paulo. Como ele mesmo diz: “No Rio, o samba é cultuado em seus redutos, é mais fácil de achar; em São Paulo ele se dilui pela cidade imensa”.
Há no álbum músicas e gravações inéditas, entre elas três sambas fruto da parceria com Elton Medeiros, o clássico “Estrela” (letra de Riberti e melodia de Elton e Eduardo Gudin) até então nunca gravado por Riberti, e “Imensidade” e “Pobre amor” (melodias de Elton Medeiros e letras de Riberti), sendo dois deles com a participação de Elton Medeiros; “Túmulo do Samba”, com participação do saudoso Germano Mathias; “Todo mundo me diz” (melodia de Riberti e letra de Paulo Vanzolini escrita na década de 40, com arranjos do Magro), com participação do MPB4; e Euforia (letra de Riberti e melodia de Nelson Cavaquinho e Eduardo Gudin), pela primeira vez gravada pelo autor.
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Entre outros sambas, muitos deles gravados nos seus LP’s, Roberto Riberti é autor de “Velho Ateu” (1978), parceria com Eduardo Gudin tão presente nas rodas de sambas do país.
“ESTRELA É O SAMBA”, POR HUGO SUKMAN
“Estrela é o samba”, como o próprio título e o gênero que aborda indicam, não é esse grito. Samba, como seus melhores cantores praticam, não grita, canta com a naturalidade de quem fala. Mas, de tão belo e surpreendente, serve como o tal grito:
“O samba é uma estrela que a névoa escondeu
Mas o seu calor ilumina o céu
Sou tão somente um pedaço de lua
Que reflete um samba pro povo da rua
Beber a ilusão e dançar a alegria”, define o próprio Riberti em “Estrela”, samba com letra sua para melodia de Elton Medeiros e Eduardo Gudin. Trata-se de outro pequeno clássico, presente em qualquer roda que se preze, onde ainda que seja a estrela e faça o povo da rua beber ilusão e dançar alegria, permanece escondido por certa névoa, um certo anonimato dos autores que, na noite, cantam baixo, falam baixo seu nome.
Já gravado, entre outros, por Vânia Bastos, Elton e Gudin, “Estrela” finalmente ganha uma versão de Riberti e inspira o título de seu novo álbum. “Estrela é o samba” é apenas o quinto álbum de Roberto Riberti em 50 anos de carreira – se contarmos como início os festivais estudantis que ganhou no começo da década de 1970 e suas primeiras gravações, o samba “Brincadeira” e “Samba canção”, no disco “Mãos vazias”, de seu parceiro Eduardo Gudin, em 1975.
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Entre 1977 e 1986, Riberti lançou quatro álbuns magníficos, foi gravado por gente como MPB4, Elza Soares, Beth Carvalho, Quarteto em Cy, Marcia, Eliete Negreiros e Leila Pinheiro, e teve música até em novela das oito da Globo (“Passageiro”, na trilha sonora de “Os gigantes”). Sua produção estupenda como compositor e letrista abrange da MPB mais clássica – como “Passageiro” e “Apenas mais um” – até duas correntes aparentemente antagônicas que em sua obra se harmonizam perfeitamente: o samba e o choro de um lado, e de outro a vanguarda paulista (é parceiro de Arrigo Barnabé em clássicos como “Cidade oculta”, “Lenda”, “A serpente”, e “Mística”, do “Tubarões voadores”).
Por motivos da vida real – foi trabalhar com o pai em sua empresa – Riberti se afastou da música, mas não da composição. Nos últimos anos foi aos poucos gravando um álbum de seus sambas, recheado de participações especiais de velhos ídolos e parceiros (muitos dos quais foram nos deixando), como quem realiza uma busca. “Estrela é o samba” é, na verdade, uma procura do samba feita por Riberti dentro de sua obra e por sua cidade, São Paulo. Como ele mesmo diz: “No Rio, o samba é cultuado em seus redutos, é mais fácil de achar; em São Paulo ele se dilui pela cidade imensa”.
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“Estrela é o samba” é resultado dessa procura, pois começa literalmente com uma busca pelo samba de São Paulo.
1) TÚMULO DO SAMBA, samba inédito, letra e música de Roberto Riberti, não poderia ter a participação de outro cantor, Germano Mathias em talvez a sua última gravação.
E não poderia ser outro por todos os motivos contidos na música: um samba de bossa, sincopado, bem ao estilo do veterano cantor. Com humor sutil e autoderrisório, a partir da famosa frase atribuída a Vinicius de Moraes, “São Paulo é o túmulo do samba”, Riberti e Germano passeiam pela cidade e vão ao Cemitério da Consolação em busca do tal túmulo – e acabam encontrando o samba. Para Riberti, Germano Mathias é o cantor que melhor sintetiza o samba urbano “apaulistado”. Desse encontro, nasceu um samba clássico.
2) TODO MUNDO ME DIZ, samba inédito com melodia de Roberto Riberti sobre letra de Paulo Vanzolini, com participação vocal do MPB4 ainda com arranjo de Magro, que nos deixou em 2012 (para se ver desde quando este álbum vem sendo gravado).
Feito sobre letra escrita nos anos 1940 e confiada a Riberti pelo próprio Vanzolini, transformou-se num autêntico samba de malandro, no estilo de Noel Rosa, Ismael Silva e Wilson Batista, uma defesa politicamente incorreta da boemia: “Dinheiro e posição pra mim não valem nada/ Quero mulher, bebida e madrugada”, diz um de seus deliciosos versos. A presença vocal do MPB4 – conjunto que já gravou com Riberti diversas vezes – e sua homenagem explícita aos Demônios da Garoa tornam este “Todo mundo me diz” um clássico do samba paulista, perfeito para ouvir depois da cética “Túmulo do samba”.
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3) POBRE AMOR, samba inédito com melodia de Elton Medeiros e letra de Roberto Riberti.
Conhecido por seu carinho com os amigos e seu engraçado mau humor, Elton Medeiros compôs este samba após dar uma bronca em Riberti na hora certa. É que Riberti ligou de São Paulo para o Rio com o intuito de convidar o velho parceiro apenas para uma participação especial no disco, cantando “Estrela”. Ao que Elton respondeu: “Pô, Riberti, você some quase 30 anos e vem me pedir uma participação especial!? Só participo se fizermos uma nova música”. Pois Elton desembarcou em São Paulo e, batucando numa caixa de remédio – não havia caixinha de fósforos por ali –, fez esta melodia perfeita lá mesmo, na hora. Coisa de mestre. Elton afinal participou da faixa como cantor, batucando na caixinha de fósforos (devidamente providenciada). O trompete de Silvério Pontes, também importado do Rio, abrilhanta a faixa fazendo contracantos à bela melodia de mais um samba clássico.
4) EUFORIA, melodia de Nelson Cavaquinho e Eduardo Gudin, letra de Roberto Riberti.
Samba feito na noite, no bar, pelos três compositores, este “Euforia” foi resgatado do olvido por Eduardo Gudin em seu disco “Um jeito de fazer samba”, em 2006, quando foi gravado de forma mais cadenciada, bem ao estilo de Nelson Cavaquinho. Ao gravar seu próprio disco de samba, Riberti não poderia deixar de fora essa parceria tão nobre. E gravou este “Euforia” – um raro samba de Nelson que celebra a alegria, não a tristeza – de forma digamos mais eufórica, com andamento mais acelerado, com direito a uma modulação para um solo do bandolinista paulista Isaías Bueno. Aliás, é perceptível a ponte cultural, o jeito paulista desse samba nascido carioca, talvez pelo sotaque do próprio Riberti, mas também pelo coro de bambas do samba de São Paulo, gente como Zé Maria, Ideval Anselmo e Airton Santamaria (vejam que a busca pelo samba diluído por São Paulo perpassa todas as faixas).
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5) DELICADEZA, melodia e letra de Roberto Riberti, com participação vocal de Dona Inah.
Na procura pelo samba de São Paulo das últimas décadas, não se poderia deixar de encontrar a hoje saudosa Dona Inah, com sua voz tão antiga e paulistana, voz de roda de samba. O refrão desesperado, inspirado em Nelson Cavaquinho – “Às vezes choro, outras sorrio/ A Deus imploro que o sofrimento não se torne desvario” –, já existia há anos, mas não encontrava caminho. Quando Riberti começou a mexer de novo nos seus sambas, e motivado pela famosa pergunta de Antônio Abujamra em seu programa “Provocações”, na TV Cultura – “Você chora diante da beleza?”–, veio a solução, para o samba e para o desespero: “Eu choro até diante da beleza…”. Com Dona Inah isso fica inevitável.
6) QUANDO O AMOR INVADE, samba inédito, melodia e letra de Roberto Riberti, com participação vocal de Adriana Moreira.
Samba delicado, gostoso, típica conversa com o coração, em formato clássico, duas partes, trata como tantos outros da descoberta do amor: “Ai meu coração/ Deixa eu viver os devaneios da paixão/ Mesmo que sofrer seja o desfecho dessa minha veleidade”. Riberti canta de forma sentida, coloquial e encontra, depois de uma modulação, a voz de Adriana Moreira nesta busca não apenas do samba de São Paulo, mas das vozes do samba de São Paulo.
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7) A FORÇA DO BEM, samba inédito, melodia e letra de Roberto Riberti, com participação vocal de Ana Bernardo.
Filha de um fundador do Demônios da Garoa e viúva de Paulo Vanzolini, Ana Bernardo, com sua voz grave e segura, é a voz do samba urbano de São Paulo. O sete cordas de Wesley Vasconcelos e as frases dobradas do bandolim e da flauta de Pratinha Saraiva dão ainda mais a impressão de que se está na noite de São Paulo. A impressão se transforma em certeza diante do samba triste e reflexivo de Riberti, que termina por encontrar a esperança: “De repente um amigo, a beleza do entardecer, pode ser o motivo da gente reflorescer”. Coisa linda e tão específica deste disco. E da música redescoberta de Riberti.
8) IMENSIDADE, samba inédito, melodia de Elton Medeiros e letra de Roberto Riberti.
Melodia de estilista – é impossível não perceber que se trata de um Elton Medeiros legítimo, por tudo, pela divisão das frases melódicas – é mais um daqueles sambas feitos na hora. No caso, no camarim do Sesc Belenzinho, onde Elton se apresentava e Riberti fez a pergunta inevitável, se ele tinha alguma melodia nova. Ele disse que não, mas que faria na hora. E fez. E com esta apaixonada e inspirada letra de exaltação à mulher amada e distante – “Ela é o luar enquanto eu sou a luz de um olhar…” – nasceu mais um samba brasileiro. O que não é pouco, é imenso, “o amor que eu queria ter pra mim”.
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9) ESTRELA, samba com melodia de Eduardo Gudin e Elton Medeiros e letra de Roberto Riberti.
Obra-prima, já tão gravada e cantada nas rodas, agora finalmente ganha a versão de Roberto Riberti – Elton e Gudin, os parceiros, já tinham gravado. Mais do que todas as outras gravações – mais lentas e cerimoniosas, quase canção –, esta nova versão é mais ligeira, mais para roda de samba. O arranjo de sopros e principalmente o trompete de Silvério Pontes, além da participação de um Elton Medeiros relaxadíssimo, como quem canta na noite, deixam o samba ainda mais leve. Tudo para, como sonha a letra: “um pedaço de lua que reflete um samba pro povo da rua beber a ilusão e dançar a alegria”. Uma gravação que faz jus ao tamanho deste samba e ao objetivo do álbum, exaltar o samba de São Paulo e a obra de Riberti: “Deixa essa estrela brilhar livremente”.
10) SAMBA PRETEXTO, melodia e letra de Roberto Riberti.
De família musical, Riberti começou a compor muito novo, desde garoto. Este “Samba pretexto” foi feito quando tinha 17 anos, ao violão, e ele o achava muito simples e singelo. Por insistência da família, resolveu registrá-lo neste álbum afinal tão pessoal e sentimental. Deu umas ajeitadas na harmonia, nos detalhes, e não é que ficou bom? Samba bom, de aprendiz, samba de saudade que ainda nem se viveu, sentimento que nasce de qualquer saudade. Como um pretexto, o retrato do artista quando jovem.
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11) SANTO DE CASA, samba de bumbo, melodia e letra de Roberto Riberti, com participação vocal das Filhas do Seu Benedito.
Desde o seu primeiro disco, quando gravou a modinha do século XIX “Mestiça”, Riberti demonstra uma alma de pesquisador da música popular, coisa que floresce aqui novamente, neste samba de bumbo, que Mário de Andrade chamava de samba rural, forma típica do interior de São Paulo. E ele aproveita essa forma naturalmente lírica para, na letra, contar de maneira autobiográfica sua própria história na música. Se o coro, feito pelas Filhas do Seu Benedito, formado por cantoras do interior de São Paulo, reforça a origem rural do samba paulista, que é o que se celebra aqui, os versos tão pessoais descrevem o conteúdo deste álbum, ou a origem da música de Roberto Riberti como eu jamais conseguiria fazer nestas linhas de carinho e admiração por ela:
“Então moço eu fui ganhando o respeito em cada canção
E eu ia me guiando pela luz da inspiração,
Não pensava em dinheiro, mas eu não cantava em vão
Eu me dava por inteiro para expressar minha emoção”.
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Hugo Sukman, julho de 2024
DISCO ‘ESTRELA É O SAMBA’ • Roberto Riberti • Selo Independente/ distribuição Tratore • 2024
Canções / compositores
1. Túmulo do samba (Roberto Riberti)
2. Todo mundo me diz (Roberto Riberti e Paulo Vanzolini)
3. Pobre amor (Elton Medeiros e Roberto Riberti)
4. Euforia (Nelson Cavaquinho, Eduardo Gudin e Roberto Riberti)
5. Delicadeza (Roberto Riberti)
6. Quando o amor invade (Roberto Riberti)
7. A força do bem (Roberto Riberti)
8. Imensidade (Elton Medeiros e Roberto Riberti)
9. Estrela (Elton Medeiros, Eduardo Gudin e Roberto Riberti)
10. Samba pretexto (Roberto Riberti)
11. Santo de casa (Roberto Riberti)
– ficha técnica –
Faixa 1 – Voz: Roberto Riberti e Germano Mathias | Violões 6 cordas: Serginho Arruda e Paulinho Grassmann | Violão 7 cordas: Wesley Vasconcelos | Cavaquinho: Ildo Silva e Getúlio Ribeiro | Flauta e bandolim: Pratinha Saraiva | Pandeiro: Barão do Pandeiro | Frigideira e cuíca: Osvaldinho da Cuíca | Tamborim, agogô e caxixi: Jorginho Cebion | Clarinete: Alexandre Ribeiro | Timbatera: João Parahyba || Faixa 2 – Voz: Roberto Riberti e MPB4 | Arranjo de vozes: Magro Waghabi | Violão 6 cordas: Serginho Arruda | Violão 7 cordas: Wesley Vasconcelos | Cavaquinho: Ildo Silva | Flauta e bandolim: Pratinha Saraiva | Pandeiro: Barão do Pandeiro | Frigideira e cuíca: Osvaldinho da Cuíca | Tamborim, agogô e caxixi: Jorginho Cebion | Timbatera: João Parahyba || Faixa 3 – Voz: Roberto Riberti e Elton Medeiros | Caixinha de fósforos: Elton Medeiros | Violão 6 cordas: Roberto Riberti | Violão 7 cordas: Wesley Vasconcelos | Cavaquinho: Ildo Silva | Trompete e flugel horn: Silvério Pontes | Flauta e bandolim: Pratinha Saraiva | Pandeiro: Barão do Pandeiro | Cuíca: Osvaldinho da Cuíca | Tamborim, agogô e caxixi: Jorginho Cebion | Timbatera: João Parahyba || Faixa 4 – Voz: Roberto Riberti | Coro 1: Kolombolo Diá Piratininga (Roberta Oliveira, Ligia Fernandes, Laura Ghellere e Mô Trindade) | Coro 2: Velha Guarda das Escolas de Samba de São Paulo (Airton Santa Maria, Antônio Carlos, Ideval Anselmo e Zé Maria) | Arranjo e Bandolim: Izaías Bueno | Violão 6 cordas e 7 cordas: Wesley Vasconcelos | Cavaquinho: Gê Ribeiro | Flauta: Pratinha Saraiva | Pandeiro: Barão do Pandeiro | Surdo, tamborim, clave e cuíca: Rapha Moreira | Tamborim, agogô e caxixi: Jorginho Cebion || Faixa 5 – Voz: Roberto Riberti e Dona Inah | Violões 6 cordas e 7 cordas: Wesley Vasconcelos | Cavaquinho: Ildo Silva | Flauta e Bandolim: Pratinha Saraiva | Pandeiro: Barão do Pandeiro | Tamborim e Cuíca: Rapha Moreira | Tamborim, agogô e caxixi: Jorginho Cebion | Timbatera: João Parahyba || Faixa 6 – Voz: Roberto Riberti e Adriana Moreira | Violão 6 cordas: Junior Pita | Violão 7 cordas: Wesley Vasconcelos | Cavaquinho: Ildo Silva | Piano: Beto Bertrami | Flauta e bandolim: Pratinha Saraiva | Pandeiro: Barão do Pandeiro | Caixas, surdo, tamborim e ganzá: Rapha Moreira | Tamborim, agogô e caxixi: Jorginho Cebion | Timbatera: João Parahyba | Faixa 7 – Voz: Roberto Riberti e Ana Bernardo | Violão 6 cordas: Roberto Riberti | Violão 7 cordas: Wesley Vasconcelos | Cavaquinho: Ildo Silva | Flauta e Bandolim: Pratinha Saraiva | Pandeiro: Barão do Pandeiro | Tamborim, Agogô, Caxixi, timba: Jorginho Cebion | Timbatera: João Parahyba | Faixa 8 – Voz: Roberto Riberti | Violoncelo: Mário Manga | Clarinete: Alexandre Ribeiro | Violão 6 cordas: Junior Pita | Violão 7 cordas: Wesley Vasconcelos | Cavaquinho: Ildo Silva | Flauta e bandolim: Pratinha Saraiva | Pandeiro: Barão do Pandeiro | Cuíca e clave: Rapha Moreira | Tamborim e caxixi: Jorginho Cebion | Timbatera: João Parahyba || Faixa 9 – Voz: Roberto Riberti e Elton Medeiros | Violão 6 cordas: Roberto Riberti | Violão 7 cordas: Wesley Vasconcelos | Cavaquinho: Ildo Silva | Trompete e Flugel Horn: Silvério Pontes | Flauta e bandolim: Pratinha Saraiva | Pandeiro: Barão do Pandeiro e Janja Gomes | Tamborim, agogô e caxixi: Jorginho Cebion | Timbatera: João Parahyba | Faixa 10 – Voz: Roberto Riberti | Coro: Roberta Oliveira, Ligia Fernandes, Laura Ghellere, Mô Trindade | Violão 6 cordas: Serginho Arruda | Violão 7 cordas: Wesley Vasconcelos | Cavaquinho: Ildo Silva | Flauta e bandolim: Pratinha Saraiva | Pandeiro: Barão do Pandeiro | Tamborim, agogô e caxixi: Jorginho Cebion | Timbatera: João Parahyba || Faixa 11 – Voz: Roberto Riberti | Coro: “As Filhas de Seu Benedito” (Elisete Aparecida De Castro, Sandra Virgínia de Castro, Sônia Regina de Castro e Silvana Maria de Castro) | Acordeon: Tadeu Romano | Violão 6 cordas: Roberto Riberti | Violão 7 cordas: Wesley Vasconcelos | Cavaquinho: Ildo Silva | Flauta e bandolim: Pratinha Saraiva | Pandeiro: Barão do Pandeiro | Apito, cuíca e bumbo: Osvaldinho da Cuíca | Agogô e caxixi: Jorginho Cebion | Timbatera: João Parahyba || Participações especiais: Germano Mathias, MPB4, Elton Medeiros, Isaías Bueno, João Parahyba, Adriana Moreira, Dona Inah, Ana Bernardo, Osvaldinho da Cuíca, Velha Guarda do Samba Paulista (Zé Maria, Ideval Anselmo, Airton Santamaria e Antônio Carlos), e Silvério Pontes || Arranjos: Roberto Riberti com contribuição dos músicos participantes | Arranjo vocal: de “Todo mundo me diz”: Magro Waghabi | Revisão de harmonias e cifragem: George Pagassini || Produção: Roberto Riberti e Janja Gomes | Direção artística: Roberto Riberti | Engenheiro de som: Janja Gomes | Gravado nos estúdios Samba Records e Estúdio Medusa | Mixagem: Roberto Riberti, Janja Gomes, Lucas Faria e Arthur Doca, no Estúdio Medusa, São Paulo | Masterização: Homero Lotito, São Paulo | Fotos: Gal Oppido | Produção executiva: Flor Copola | Assessoria de imprensa: Belinha Almendra | Selo: | Distribuição digital: Tratore | Formato: CD / Digital | Ano: 2024 | Lançamento: 2 de agosto | ♪Ouça o álbum: clique aqui.
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EIS AS LETRAS:
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1.Túmulo do Samba
(Roberto Riberti)
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Saí daquela balada com a cabeça atrapalhada
Cansado de sacolejar no batidão
Andava pela calçada no meio da madrugada
Entrei no cemitério da Consolação (Bis)
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Eu fui procurar o `túmulo do samba’
Queria rezar no túmulo do samba
Como não encontrei, saí, peguei o primeiro busão
Tinha um passageiro com um pandeiro na mão
Gravata borboleta e jeito de bamba, devia saber aonde estava o samba
Pra onde me levava essa minha alucinação
Só sei que acordei no Samba da Vela e então…
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Se aqui em São Paulo foi dado que o samba foi enterrado
Por um palpite infeliz ou opinião
Barbosa e Geraldo Filme com a benção de Vanzolini
Cuidaram da sua reencarnação (Bis)
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Eu fui procurar o `túmulo do samba’
Queria rezar no túmulo do samba
Como não encontrei, saí, peguei o primeiro busão
Tinha um passageiro com um pandeiro na mão
Gravata borboleta e jeito de bamba, devia saber aonde estava o samba
Pra onde me levava essa minha alucinação
Só sei que acordei sambando no Bar do Alemão
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E assim na minha viagem o samba pede passagem
Parece até caminhar na contramão
Disperso pela cidade o samba vai sem vaidade
E agradece a qualquer dedicação! (Bis)
2. Todo Mundo Me Diz
(Música de Roberto Riberti sobre letra de Paulo Vanzolini escrita na década de 1940)
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Todo mundo me diz e torna a me dizer
Que essa vida que eu levo já não pode ser
Que eu assim muito mal vou acabar
Que a boemia algum dia devo abandonar
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Palpite desse nem me abaixo a responder
Pois a boemia deixarei quando morrer
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Bis
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Dinheiro e posição pra mim não vale nada
Quero mulher, bebida e madrugada
Pois se a carne é fraca o vício é mais forte
Deixar a boemia antes a morte!
3. Pobre Amor
(Elton Medeiros e Roberto Riberti)
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Sei, um dia tu partirás
Sinto teu coração ardendo muito além do mar
Sei, pensas em conquistar
Sonhos ou uma ilusão
Mas quem sou eu pra contestar
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Sei que aqui não tens o luxo que queres desfrutar
E meu amor não vai te alimentar
Seguirás a luz da tua razão
Para guiar teu chão
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Quando alcançares teus sonhos talvez tentes esquecer
Destes degraus que fizeram teus planos acontecer
Mas na fartura verás afinal que a vida é igual se houver a desventura
Se tropeçares na dor sei então poderás dar valor ao meu pobre amor, amor
4. Euforia
(Música: Nelson Cavaquinho e Eduardo Gudin
Letra: Roberto Riberti)
…
5. Delicadeza
(Roberto Riberti)
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Às vezes choro
Outras sorrio
A Deus imploro
Que o sofrimento não se torne desvario
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Eu choro até diante da beleza
É da minha natureza
Me curvar ao desafio
E quem achar que isso é uma fraqueza
Mas é na delicadeza que renasce o nosso brio
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Sorrio pra encarar uma tristeza
Pra não ser na correnteza
Folha solta pelo rio
Porque se entregar ao sofrimento
E viver só de lamento
É andar pelo vazio
6. Quando o Amor Invade
(Roberto Riberti)
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Ai meu coração
Deixa eu viver os devaneios da paixão
Mesmo que sofrer seja o desfecho dessa minha veleidade
Ai meu coração
Deixa eu beber essa doce ilusão
Mesmo que amanhã eu pague com a solidão
O beijo da felicidade
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Ai meu coração me deixa arder em segredo
Mesmo que um custar o teu sossego
Ai meu coração eu francamente declaro
Que não sei lidar com a razão
Quando o amor invade o meu coração
7. A Força do Bem
(Roberto Riberti)
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Quando tudo parece que pode desmoronar
Quando a gente carece de um sonho para se embalar
Quando a gente perdeu pra dor e resta chorar
E não há mais amor no ar
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Se o céu escurece e não há mais razão de ser
Se não existe uma prece que aplaque nosso sofrer
Se o mundo não tem mais cor e nada há para crer
Se esse dissabor vencer
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De repente, um amor, um amigo, a beleza do entardecer
Pode ser o motivo da gente reflorescer
É a força do bem, que nos leva além
E simplesmente nos faz viver
8. Imensidade
(Elton Medeiros e Roberto Riberti)
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Ela é o luar
Enquanto eu sou a luz de um olhar
Ela é uma rua
Enquanto eu sou uma estrada que insinua
Ela é o ardor
Enquanto eu sou o amor que eu queria ter pra mim
Ela é o torpor
E eu sou o ator de uma dor sem fim
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Mas quando a gente se encontra é só felicidade
O luar acende ao encanto do olhar
E a rua alcança a estrada nessa imensidade
Pois é tanto ardor ou será amor?
Eu só sei que não há dor, é só vontade de brilhar
E iluminar toda essa cidade
9. Estrela
(Música: Elton Medeiros e Eduardo Gudin
Letra: Roberto Riberti)
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Fala por mim violão
Chama pra roda o surdo e o tamborim
Decifra o recado que trago no coração
Que o samba sabe pra onde vou e porque vim
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Eu sou assim
Um pouco de morro outro tanto cidade sim
A madrugada deixou prateada cor
Pintar meus cabelos na noite, enfim
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O samba é uma estrela que a névoa escondeu
Mas o seu calor ilumina o céu
Sou tão somente um pedaço de lua que reflete um samba pro povo da rua
Beber a ilusão e dançar a alegria
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Deixa essa estrela brilhar livremente
E verá a pulsação desse samba latente
Incendiar o dia
10. Samba Pretexto
(Roberto Riberti)
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Hoje eu ando distante dos teus olhos
Faço força, mas não dá pra te esquecer
Faço sambas relembrando teu sorriso
No meu peito você nunca vai morrer
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O teu beijo ainda é o meu enredo
A lembrança que me traz inspiração
Já não tenho mais orgulho e nem segredo
Só um samba pra tocar teu coração
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Não tem nada, não
Não tem hora
Qualquer dia junto os trapos com você
Me espere, sim, com teu sorriso
Esse samba é um pretexto pra te ver
11. Santo de Casa
(Roberto Riberti)
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Santo de casa não faz milagre
Vou m’embora que já é tarde
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Quando eu era pequeninho
Já cantava uma canção
Imitava passarinho
Dava voz ao coração
Parecia até destino
Ou seria vocação
Mas eu era tão menino
Só cantava por paixão
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Santo de casa não faz milagre
Vou m’embora que já é tarde
.
E assim segui cantando
Fazendo verso por diversão
Pros amores que iam chegando
E até pros sonhos que iam em vão
Procurando em cada rima
O sentido e a exatidão
Assim era a minha sina
Ser preso na imaginação
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Santo de casa não faz milagre
Vou m’embora que já é tarde
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Então moço eu fui ganhando
O respeito em cada canção
E eu ia me guiando
Pela luz da inspiração
Não pensava em dinheiro
Mas eu não cantava em vão
Eu me dava por inteiro
Para expressar minha emoção
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Santo de casa não faz milagre
Vou m’embora que já é tarde
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Mais crescido precisado
Trabalhei pra ganhar meu pão
E também ia sonhando
Em só cantar e tocar violão
Só queria um espelho
Qualquer uma direção
Mas em casa ouvi um conselho
Que cantar não é profissão
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Santo de casa não faz milagre
Vou m’embora que já é tarde
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E o tempo esclarece
Sem sonhar não há razão
Pois a gente envelhece
Depois é outra dimensão
Não adianta uma prece
Pra curar a frustração
E que a gente só carece
De uma alma e um coração
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Santo de casa não faz milagre
Vou m’embora que já é tarde
***
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção / Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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