MÚSICA

Álbum ‘Moacir de Todos os Santos’ | Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz

Uma visão sobre as Coisas de Moacir Santos, gênio da música brasileira, executada por uma orkestra de sopros e percussão, sob regência do maestro baiano Letieres Leite. A última obra de Letieres em vida traz participações de Caetano Veloso, Raul de Souza, Joander Cruz e Marcelo Martins.
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‘Moacir de Todos os Santos’  álbum de Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz, o último gravado sob a batuta do seu fundador. Letieres partiu abruptamente em outubro 2021, aos 61 anos, quando o álbum estava sendo mixado.

Letieres realizou o sonho de adaptar para a sua linguagem um disco histórico, sobretudo para a música instrumental: “Coisas”, lançado por Moacir Santos em 1965. Dos dez temas batizados de “Coisas”, Letieres criou novos arranjos para sete: 1, 2, 4, 5, 7, 8 e 9. Ele dizia conhecer tão bem a obra-prima de Moacir que tinha escrito os arranjos sem recorrer às gravações originais.
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— A Rumpilezz refez a história de “Coisas” com pitadas de afrodescendência. Ficou com a cara da Rumpilezz, mas para fortalecer a obra de Moacir. Foi o encontro entre dois grandes compositores — diz Tiago Nunes, chefe do naipe de percussão de orquestra e que tocava com Letieres desde os 13 de seus 30 anos.

— As referências da ancestralidade da música afro-brasileira estão dentro da obra do Moacir. Letieres trouxe as “Coisas” pernambucanas para os terreiros da Bahia — afirma Guiga Scott, chefe do naipe de trompetes, referindo-se à origem de Moacir.
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O repertório do disco contempla sete dos nove temas de ‘Coisas’ (1965), o álbum de estreia do maestro, compositor, arranjador e multi-instrumentista pernambucano Moacir Santos (1926-2006). O álbum tem participação de Raul de Souza em “Coisa nº 4”. Foi a última vinda ao Brasil do trombonista, que morava na França. Ele morreu em 2021. Outra participação é de Caetano Veloso em “Coisa nº 5”, mais conhecida como “Nanã”. Ele canta a letra em inglês. Esta sugestão de Letieres pode favorecer a inserção do disco no mercado internacional. E Gilberto Gil assina o texto da contracapa do disco.

O maestro baiano queria gravar em fita, como os antigos discos de jazz eram gravados. Coube a Pepê realizar algo inédito no Brasil: registrar tudo em três máquinas de fitas rodando ao mesmo tempo. Juntos, a gravadora Rocinante e a Orkestra Rumpilezz fizeram história: esta é a primeira gravação no Brasil realizada com três máquinas de fitas, de 24 canais, sincadas.
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Orkestra Rumpilezz – A Rumpilezz tem esse nome por juntar jazz a três atabaques do candomblé: rum, rumpi e lé. Na formação há apenas instrumentos de percussão e sopros, algo absolutamente original. Nas apresentações da orquestra, os percussionistas ficam no centro, ganhando maior destaque.

A edição Três Selos traz vinil 180 gramas, encarte com conteúdo inédito assinado pela jornalista Lorena Calábria, pôster exclusivo e capa gatefold empastada.
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Assim definiu Letieres: “Este disco traz um diálogo categórico entre sopros e percussão, algo profundo e único. É um dos meus maiores desafios como arranjador.”

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“Alguns anos atrás, Letieres Leite reuniu em Salvador um grupo seleto e eclético de músicos, uns vinte e poucos, negros, mestiços e brancos – todos eles associados às vertentes mais populares ou mais clássico-eruditas da música que se faz na Bahia. Egressos das orquestras de concertos, dos conjuntos de baile, dos terreiros de candomblé, dos clubes musicais cultivadores do jazz e das vanguardas mais recentes do pop internacional, esses músicos se juntaram sob a regência de Letieres, ele, multiartista interessado em promover resgates e impulsionar avanços na música da Bahia e do Brasil.
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Inspirado no grande mestre pernambucano Moacir Santos, que o antecedera em algumas décadas nesse mister de estimular a fusão mais abrangente e profunda das linguagens nas músicas afro-americanas (a estadunidense, a cubana e brasileira), Letieres realizou, no breve período que a vida lhe concedeu, um trabalho de grande envergadura que deixa registrado agora neste disco que nos chega às mãos. Em torno de alguns conceitos amplos de ancestralidade e modernidade e de elementos rítmico-harmônico-melódicos de grande personalidade, Letieres nos oferece neste disco um pouco, um gosto, um gesto, um beijo do seu imenso legado.”
Gilberto Gil (na contracapa do disco)

Capa do álbum ‘Moacir de Todos os Santos’ • Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz • Selo Rocinante • 2022

DISCO ‘MOACIR DE TODOS OS SANTOS’ • Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz • Selo Rocinante • 2022
Músicas / compositores
Lado A
1. Coisa nº 4 (Moacir Santos) | Participação especial Raul de Souza
2. Coisa nº 8 (Moacir Santos, Nei Lopes e Regina Werneck) | Participação especial Joander Cruz
3. Coisa nº 9 (Moacir Santos e Regina Werneck)| Participação especial Marcelo Martins
Lado B
1. Coisa nº 1 (Moacir Santos e Clóvis Mello)
2. Nanã (Moacir Santos, Mário Telles e Yanna Cotti)| Participação Caetano Veloso
3. Coisa nº 7 (Moacir Santos e Mário Telles)
4. Coisa nº 2 (Moacir Santos)
– ficha técnica –
Letieres Leite (flauta em sol) | Luizinho do Jêje (atabaques rum e rumpi, agogô e efeitos) | Gabi Guedes (atabaques rum e rumpi e agogô) | Tiago Nunes (timbau, atabaques rumpi e lé, agogô e caxixi) | Emerson Taquari (pandeiro, surdos, timbau, atabaque Lé e caxixi) | Jorge Wallace (surdos, atabaques rumpi e lé, agogô e timbau) | Ícaro Sá (atabaques rumpi e lé e timbau) | Kainã do Jêje (atabaqueria) | Rowney Scott (sax tenor e sax soprano 1) | Leo Rocha (sax tenor e sax soprano 2) | André Becker (sax alto e flauta 1) | Paulo Andrade (sax alto e flauta 2) | Vinícius Freitas (sax barítono) | Fernando Rocha (tuba) | Adaílson Rodrigues (trombone baixo) | Rudney Machado (trompete e flugelhorn 1) | Guiga Scott (trompete e flugelhorn 2) | João Teoria (trompete e flugelhorn 3) | Danilo Brito (trompete e flugelhorn 4) | Gilmar Chaves (trombone 1) | Hugo Sanbone (trombone 2) | Juracy Almeida (trombone 3) || Solistas: Coisa nº 1Paulo Andrade (sax alto) | Coisa nº 2Rowney Scott (sax soprano); Luizinho do Jêje (rum); Kainã do Jêje (atabaqueria) | Coisa nº 4Raul de Souza (trombone); João Teoria (trompete) | Coisa nº 5 Letieres Leite (flauta); Tiago Nunes (timbau) | Coisa nº 7 André Becker (sax alto); Gabi Guedes (rum) | Coisa nº 8Joander Cruz (sax alto) | Coisa nº 9Vinicius Freitas (sax barítono); Marcelo Martins (sax tenor) || Participação especial – Lado A: Raul de Souza (trombone – fx. 1) | Joander Cruz (sax alto – fx. 2) | Marcelo Martins (sax tenor – fx. 3) / Lado B: Caetano Veloso (voz – fx. 2) || Concepção, arranjos, regência: Letieres Leite | Direção artística: Letieres Leite e Sylvio Fraga | Produção musical: Letieres Leite, Sylvio Fraga e Pepê Monnerat | Técnicos de gravação: Pepê Monnerat e Edu Costa no Estúdio Rocinante | Mixagem: Pepê Monnerat no Estúdio Rocinante / exceto ‘Coisa nº 5’, feita por Michael Brauer | Masterização: Eric Boulander (The Bakery) | Pro tools: Renato Godoy | Maquina de fitas: Lisciel Franco | Edição: Duda Mello e Bráulio Passos | Coordenadores técnicos: Curujito e Bráulio Passos | Assistentes de estúdio: Cassiano Milhomen, Felipe Duriez, Jonathan Dias, Roberto Carvalho e Agustin Rios | Manutenção de equipamentos: Vinicius Crivellaro | Roadies: Washington “Elvin Jones” Santana e Paulo Roberto Sapucaia | Fotografias: João Atala | Projeto gráfico: Ana Rocha | Texto da contracapa: Gilberto Gil | Texto encarte LP: Lorena Calábria | Produção executiva: Annibal Porto, Edmilia Barros, Izabel Bellizi, Marilia Carneiro, Luanda Morena e Nuala Brandão | Selo: Rocinante | Cat.: R014 | Formato: CD digital / físico | Ano: 2022 | Lançamento: 19 de maio | ♪Ouça o álbum: SpotifyDeezerTidal / Bandcamp || ♩Vinil – LP | Selo Três Selos | Cat.: TS-040 | Ano: 2022.
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>> Siga: @rumpilezz
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Série: Discografia da Música Brasileira / Memória discográfica / Memória Musical Brasileira /  Música afro-brasileira / MPB / Jazz / Música instrumental / Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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