O disco de Zé Renato destaca elegância e sofisticação de Paulinho da Viola. ‘O Amor é um Segredo – Zé Renato Canta Paulinho da Viola’ traz economia de instrumentos e voz afinada. Com nove faixas, “O amor é um segredo” reúne composições ‘garimpadas’ em álbuns antigos disponíveis nas plataformas digitais. Lançamento selo Mills Records.
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“O Amor é Um Segredo” – Emerge a beleza. Emerge a delicadeza. Da tristeza dessa cidade submersa do Rio de Janeiro, inundada por Paulinho da Viola em 1973 – e mergulhada por Chico 20 anos depois – é pelas mãos e pela voz de Zé Renato que a beleza e a delicadeza emergem. Um capixaba que já fez dessa cidade submersa seu lugar, de tanto que se fundiu a ela.
E quem dirá que beleza e delicadeza não são um veículo político, em uma cidade que, além de submersa, vê-se também soterrada pelo embrutecimento das relações e pela banalização da violência? Pois o cantar sereno, leve e preciso de Zé, se permitindo filtro da suavidade de Paulinho, talvez esteja entre o que há de mais necessário no momento. O código de uma tristeza tão ancestral quanto necessária.
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“Optei por nove sambas, boa parte deles não tão conhecidos. Nas escolhas que fiz, há também uma explícita dose de tristeza – tristeza que, a meu ver, percebe-se nos mais lindos sambas que conheço. A tristeza é senhora, disse Caetano”. Assim Zé apresenta as canções de “O Amor É um Segredo – Zé Renato Canta Paulinho da Viola”. Um segredo que se decifra em símbolos desde a capa até a assinatura inconfundível de Paulinho nas melodias das faixas, representações metonímicas dele próprio, cada uma delas.
Foi pra preservar essa aura daviolesca que Zé gravou o disco em registro íntimo, com voz e violão gravados simultaneamente, sobre os quais alguns elementos pontuais foram inseridos, como o sax de Spok, em “Lua”, “Só o Tempo”, “Foi Demais” e “Para Um Amor no Recife”, o trompete de Fabinho Costa em “Cidade Submersa” e as percussões leves de Tostão Queiroga, presentes em quase todo o disco.
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O novo trabalho de Zé Renato, produzido pelo próprio Zé em parceria com os irmãos Tostão e Lula Queiroga, expõe uma linhagem, uma genealogia, uma nobreza da leveza, que compreende a tristeza e a desilusão, mas é sempre capaz de lapidar a beleza e a delicadeza, outrora naufragadas nas próprias feridas, mas que Paulinho e Zé Renato são capazes de fazer emergir.
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“Ou seja, o único jeito é entregar-se sem resistência e deixar-se levar pela tristeza. E assim deixei. Paulinho é um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos. Faz tempo que suas músicas ajudam a embelezar o repertório de inúmeros intérpretes. E agora, modestamente, chegou a minha vez”.
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Para nossa sorte, Zé.
– Por João Cavalcanti –
“Paulinho é uma das minhas grandes referências. Continua atuante e importante no traçado atual da música brasileira. É um dos herdeiros naturais da linhagem de grandes compositores do samba, como Cartola e Nelson Sargento“, afirma Zé Renato, que já gravou tributos a Silvio Caldas, Zé Keti, Chico Buarque e Noel Rosa.
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“Na triste beleza dos sambas, percebe-se o traço requintado que permeia toda a obra de Paulinho, onde situações amorosas são descritas quase como um relato onde o intérprete não tem escolha. Ou seja, o único jeito é entregar-se sem resistência e deixar-se levar pela tristeza. E assim deixei. Paulinho é um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos. Faz tempo que suas músicas ajudam a embelezar o repertório de inúmeros intérpretes. E agora, modestamente, chegou a minha vez”, celebra Zé Renato.
DISCO ‘O AMOR É UM SEGREDO – ZÉ RENATO CANTA PAULINHO DA VIOLA’ • Zé Renato • Selo Mills Records • 2019
Canções / compositores
1. Um caso perdido (Paulinho da Viola)
2. Sofrer (Paulinho da Viola e Capinan)
3. Lua (Paulinho da Viola)
4. Só o tempo (Paulinho da Viola)
5. Cidade submersa (Paulinho da Viola)
6. Foi demais (Paulinho da Viola e Mauro Duarte)
7. Vida (Paulinho da Viola e Elton Medeiros)
8. Para um amor no Recife (Paulinho da Viola)
9. Minhas madrugadas (Paulinho da Viola e Candeia)
– ficha técnica –
Zé Renato (voz e violão – fx. 1-9; assobio – fx. 9) | Tostão Queiroga (percussão – fx. 1, 2, 3, 4, 6, 7) | Spok (sax barítono – fx. 3, 4, 6; sax tenor – fx. 8) | Fábio Costa (trompete com surdina – fx. 5) | Produção musical: Zé Renato, Lula Queiroga e Tostão Queiroga | Gravado no Studio Luni Áudio – Recife – em Setembro de 2019 | Gravação mixagem e masterização: Paulo Germano Filho | Assistente de gravação: Tostão Queiroga | Produção executiva: Memeca Moschkovich | Projeto gráfico: Philippe Leon | Foto capa: Juarez Ventura | Fotos contracapa e encarte: Leandro Alves | Foto Zé no bar: Philippe Leon| Selo: Mills Records | Formato: CD Digital / físico | Ano: 2019 | Lançamento: 13 de dezembro | ♪Ouça o álbum: clique aqui | ♩canal do artista.
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>> Siga: @zerenatooficial | @millsrecords.br
Sobre a foto de capa
Queiroga sugeriu expor na capa o retrato de beijo de casal maduro. Os modelos escolhidos foram os sexagenários Paulo Antônio da Silva e Maria do Carmo da Silva, de 61 anos e 60 anos, respectivamente. O casal é de Nazaré da Mata, município brasileiro da Zona da Mata do estado de Pernambuco. Mas o fotógrafo Juarez Ventura não precisou ir longe para encontrar Paulo e Maria. É que Paulo é motorista do estúdio do Recife (PE), Luni, onde Zé Renato gravou o álbum em um único dia deste mês de setembro de 2019.
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“A imagem não só traduz de forma muito clara o conteúdo do disco, como tem forte significado diante deste turbulento momento que estamos vivendo no país. Foi uma ideia brilhante do Lula (Queiroga)”, afirma Zé Renato.
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Série: Discografia da Música Brasileira / Memória discográfica / Memória Musical Brasileira / MPB / Canção / Samba/ Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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