O segundo disco do cantor, compositor e produtor musical Zé Nigro, rompe a solitude do seu último trabalho ao trazer novas colaborações, como Arthur Verocai, Russo Passapusso, Souto MC e Saulo Duarte
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“Este álbum é como uma dobra do tempo”. Guiado por esta percepção, Zé Nigro lapidou seu novo disco de estúdio, intitulado Silêncio, que traz releituras de faixas lançadas anteriormente no disco Apocalip Se – trabalho com o qual debutou sua carreira autoral em 2021. O novo disco do cantor, compositor e produtor musical paulistano tem uma intrínseca relação com as temáticas abordadas no primeiro álbum, que são agora somadas a novas perspectivas artísticas a partir das colaborações com Arthur Verocai, Russo Passapusso, Fernanda Broggi, Saulo Duarte e Souto MC. Transitando por diversos ritmos, o disco chegou pelo selo estadunidense Nublu Records, como um ponto de continuidade e renovação com nove canções.
Silêncio traz um contraste em comparação à densidade sonora apresentada em Apocalip Se. “Enquanto meu primeiro disco carregava uma necessidade de transformação pessoal – consequência do isolamento de 2020 –, este novo projeto propõe uma conexão com as participações que trazem outras personalidades para o trabalho, assim como uma ligação mais profunda com a natureza”, resume Nigro. O primeiro single a apresentar o álbum trouxe uma versão orquestral de Gorjeios em colaboração com o maestro Arthur Verocai. O resultado da parceria inspirou Zé Nigro a revisitar outras músicas de sua discografia – recriadas a partir de apresentações ao vivo – e uni-las a canções inéditas, formando este novo disco.
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O fator colaborativo foi um dos pontos cruciais do projeto. Verocai, Russo Passapusso, Fernanda Broggi, Souto MC, Saulo Duarte, Samuel Fraga e Dustan Gallas trouxeram elementos que levaram as faixas a novos patamares. “Verocai leva ‘Gorjeios’ para um plano celestial, poético. Já Russo Passapusso traz uma carga emocional intensa para ‘Nem um Pio’, enquanto Souto MC deposita sua energia única em ‘Andarilha das Galáxias’, com um flow e escrita particulares“, destaca Zé. “Na inédita ‘Trincheira’, Saulo Duarte traz seu canto paraense para esta faixa que é mais sensorial, e que fala da constante busca por soluções para as aflições da vida. Por fim, Fernanda Broggi soma na releitura de ‘Calor’, fruto dos nossos encontros na época em que eu fazia os shows de lançamento do primeiro álbum”, completa.
Toda a construção do disco passou pelo olhar atento de Zé Nigro, que na produção musical experimentou com sonoridades variadas, indo da música brasileira dos anos 70 ao afrobeat e ao reggae desconstruído. “Gosto muito dessa diversidade estética que o álbum traz, percebo dois momentos nele: um lado dia (A) e um lado noite (B)“, explica. “Como produtor musical sou influenciado por muitos tipos de música, não tenho preconceitos estéticos, o que me permite transitar por vários estilos ao mesmo tempo. Então o álbum passeia por todas as sonoridades em que acredito”, continua.
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O disco começa com os arranjos de cordas de Arthur Verocai e termina com o remix de Jararaca Snake – parceria com o produtor e baterista Samuel Fraga –, seguido da vinheta Silêncio. A faixa Caossonância reflete a beleza em oposição à destruição da natureza, ilustrada pela sobreposição de sintetizadores que gradualmente cobrem a orquestra sampleada do álbum “Memória das Águas” (1981), de Fernando Falcão. Já Reaction, releitura da canção homônima de Bob Marley, é inspirada pelos conceitos de ação e reação.
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De forma envolvente e progressiva, de canção em canção, o álbum ganha uma nova dimensão por meio das participações e dos arranjos. Silêncio, além de revisitar o passado de Zé Nigro, projeta seu olhar para novas possibilidades, com colaborações que ampliam o alcance e a profundidade de sua obra. “O projeto é como uma dobra do tempo espaço, de um tempo que ficou parado para o dinamismo da vida em sociedade”, finaliza.
Faixa a faixa
Gorjeios – “Inspirada na música mineira dos anos 70, essa faixa tem uma poesia que nos transporta para dentro da percepção de um pássaro e, ao mesmo tempo, é um desabafo sobre a devastação da natureza e sobre a crise climática. A música nasceu da ideia de pensar sobre o que os pássaros dizem e sentem tendo em vista esse contexto devastador que estamos vivendo”.
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Calor –“A faixa trata sobre o calor dos corpos. Fiz essa música em um dia frio, mas num momento em que refletia sobre o amor, sobre a sedução e sobre o contato de diferentes peles. O groove é marcado por loops que simbolizam a dança entre esses corpos que se encontram, enquanto os metais e sintetizadores desenham a conversa que surge desse encontro”.
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Reaction – “Esta releitura da canção de Bob Marley foi inspirada pelo movimento e pelo contraponto entre ação e reação. É um reggae desconstruído, que brinca com a estrutura clássica do gênero, mas que ao mesmo tempo mantém a simplicidade poética de Marley”.
Trincheira – “Nesta parceria com Saulo Duarte, versosobre a busca de soluções para encontrar a tranquilidade pessoal em meio às aflições da vida cotidiana, trazendo um ritmo mais lento e contemplativo que se opõe ao ritmo imposto pelo cotidiano que exige pressa, desconforto e correria. Os coros e linhas de baixo são inspirados no reggae”.
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Nem um Pio (Vs. Silêncio) – “Nesta releitura da música de Russo Passapusso e Luedji Luna há um clima intimista, com silêncios que refletem o vazio e o descompasso nas relações amorosas. Em perfeita sintonia com a poesia da letra, a interpretação de Russo traz a densidade necessária que a letra pede”.
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Caossonância – “Esta faixa surgiu de uma descoberta musical a partir do álbum de Fernando Falcão de 1982, com a minha leitura musical quando senti que poderia enfatizar a narrativa e o conceito do disco. Ela reflete a confusão entre a beleza, o caos e a destruição da natureza através de uma sobreposição de sintetizadores que gradualmente cobrem a orquestra”.
Andarilha das Galáxias –“Umanova versão da faixa do primeiro álbum, agora com a participação de Souto MC . A mistura de afrobeat, Miami Bass e sintetizadores conta a história de todos nós, que somos livres e vivemos errantes nas galáxias internas de nossas mentes”.
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Jararaca Snake (Remix) – “Emuma viagem por questões existenciais, a personagem é picada pela Cobra da Sabedoria e passa a ter visões que iluminam seu caminho. Nesse remix, feito em colaboração com Samuel Fraga, transformamos o reggae da faixa original em um house/dub etéreo e espiritual, que é reforçado com o vocoder na voz”.
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Silêncio – “A vinheta de encerramento convida para uma escuta mais atenta aos sinais e formas de comunicação da natureza. Esta obra é um convite ao silêncio, que tantas vezes passa despercebido pelo impacto que o caos do mundo tem sobre nós”.
DISCO ‘SILÊNCIO’ • Zé Nigro • Selo Nublu Records • 2024
Canções / compositores
1. Gorjeios (Zé Nigro e Eveline Sin) | Participação especial Arthur Verocai
2. Calor (Zé Nigro e Anna Zêpa) | Participação especial Fernanda Broggi
3. Reaction (Bob Marley)
4. Trincheira (Zé Nigro, Saulo Duarte e Dandara Azevedo) | Participação especial Saulo Duarte
5. Nem um pio – vs. ‘Silêncio’ (Russo Passapusso e Luedji Luna) | Participação especial Russo Passapusso
6. Caossonância (Fernando Falcão e Zé Nigro) / Fernando Falcão – Sample de “Memória Das Águas” 1981
7. Andarilha das galáxias (Zé Nigro e Souto MC) | Participação especial Souto MC
8. Jararaca Snake (Zé Nigro, Asian, Betão Aguiar e Fernando Gurman) / Remix
9. Silêncio (Zé Nigro)
– ficha técnica –
Faixa 1: Zé Nigro – voz, vocais, baixo, piano, sintetizadores, percussão; Dustan Gallas – piano, arranjo da introdução; Thomas Harres – bateria; Fernando Bastos (flauta) / Cordas: Antonella Pareschi – violino; Caroline Santa Rosa – violino; Angelica Alves – violino; William Isaac – violino; Clovis Pereira Filho – violino; Nikolay Sapoundjiev – violino; Ubiritã Rodrigues – violino; André Cunha – violino; Samuel Passos – viola; André Rodrigues – viola; Emilia Ivova Vanova – cello; Lisiane De Los Santos – cello / Sopros: Edu Neves – sax tenor; José Arimateia – trumpete; Aldivas Ayres – trombone / Paulo Guimarães – arregimentador / Arranjo de orquestra e metais, regência – Arthur Verocai | Faixa 2: Fernanda Broggi – voz; Zé Nigro – vocais, baixo, sintetizadores, glockenspiel, claps, mpc; Dustan Gallas – rhodes; Edy Trombone – trombone; Fernando Bastos – sax alto; Zé Nigro e Edy Trombone – arranjo de metais | Faixa 3: Zé Nigro – voz, vocais, baixos, órgão, programação; Kika 7 – vocais; Samuel Fraga – bateria | Faixa 4: Zé Nigro – voz, vocais, baixo synth, sintetizadores; Dustan Gallas – guitarra, sintetizadores; Samuel Fraga – bateria; Fernanda Broggi – vocais; Edy Trombone – trombone; Fernando Bastos – sax alto; Zé Nigro E Edy Trombone – arranjo de metais | Faixa 5: Russo Passapusso – voz e vocais; Anais Sïlla – vocais; Zé Nigro – violão, baixo, guitarra, sintetizadores, mpc; Fernando Bastos – sax tenor | Faixa 6: Fernando Falcão – Sample de “Memória Das Águas” 1981 / Zé Nigro – sintetizadores | Faixa 7: Souto MC – voz; Zé Nigro – vocais, baixo synth, guitarra, sintetizadores; Samuel Fraga – bateria; Gustavo Ruiz – guitarra; Hugo Hori – sax tenor; Reginaldo 16 – trompete; Fernando Bastos – sax tenor; Zé Nigro – arranjo de metais | Faixa 8: Samuel Fraga – vocais, beat, baixo synth, sintetizador, programação; Zé Nigro – voz, sintetizador, programação | Faixa 9: Zé Nigro – voz, sintetizadores, mpc; Dustan Gallas – piano, sintetizador | Produção musical: Zé Nigro | Produção: Samuel Fraga | Co-produção: Zé Nigro | A&R: Zé Nigro e Dustan Gallas | Gravado por Zé Nigro no Estúdio Navegantes (São Paulo, Brasil) | Mixagens: Estúdio Navegantes: ‘Gorjeios’, por Zé Nigro, Samuel Fraga e Gustavo Lenza; ‘Calor’, ‘Reaction’, ‘Trincheira’ e ‘Silêncio’, por Zé Nigro e Dustan Gallas; ‘Nem Um Pio’, ‘Andarilha Das Galáxias’ e ‘Jararaca Snake (remix)’, por Zé Nigro e Samuel Fraga; ‘Caossonância’, por Zé Nigro | Masterização: Felipe Tichauer, no Red Traxx Mastering (Miami, USA) | Capa / foto: Mica Wernicke | Foto manipulação e design gráfico: Daniel Vincent | Produzido entre 2020 e 2023 | Agradecimentos especiais: Dustan Gallas, Denise Turchetto, Kiko Costato, Dandara Azevedo, Samuel Fraga, Eveline Sin, Anna Zêpa, Saulo Duarte, Souto Mc, Arthur Verocai, Russo Passapusso, Fernanda Broggi, Anais Sïlla, Felipe Tichauer, Dani Turcheto, Jadsa, Ilhan Ersahin, Lucas Moura, Daniel Vincent, Fernando Bastos, Thomas Harres, Edy Trombone e Universo | Assessoria de imprensa: Café 8 | Selo: Nublu Records (NYC) | Formato: CD digital / LP – vinil | Ano: 2024 | Lançamento: 17 de outubro | ♪Ouça o álbum: clique aqui.
SOBRE ZÉ NIGRO
O músico, compositor e produtor musical nutre um interesse vasto por sons mundiais da década de 70 e 80, que vão do funk ao soul, da música brasileira ao synth pop. Desde 2009, quando fundou o Estúdio Navegantes, em São Paulo, Nigro produziu álbuns de artistas da cena contemporânea brasileira como Russo Passapusso, Anelis Assumpção, Curumin e Francisco el Hombre, além de ter colaborado como engenheiro de áudio e baixista com artistas como João Donato, Liniker e Mateus Aleluia. Toda esta trajetória de mais de 15 anos ganha um novo capítulo com a chegada de Silêncio – segundo álbum solo de Nigro, que reúne participações de Russo Passapusso, Fernanda Broggi, Saulo Duarte, Souto MC, além do maestro Arthur Verocai. O trabalho consolida a versatilidade de sua música, que mescla orquestra, eletrônicos, sintetizadores e ritmos mundiais, criando paisagens sonoras em que acredita. O disco é sucessor de Apocalip Se, com o qual debutou sua carreira solo em 2021.
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Nigro acumula duas indicações ao Grammy Latino pelos álbuns Índigo Borboleta Anil (2022), de Liniker, e Serotonina (2023), de João Donato. Como produtor levou a estatueta da APCA pelo disco Alto da Maravilha, de Russo Passapusso e Antônio Carlos e Jocafi, em 2022, e logo a conquista se repetiu no ano seguinte com o disco de João Donato.
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção / Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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