Monólogo com Analu Prestes leva à cena conto de Lygia Fagundes Telles pela primeira vez. Senhor Diretor tem idealização, dramaturgia e direção de Silvia Monte e ocupa o Espaço Abu, em Copacabana.
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Vencedora do Prêmio Camões, honraria máxima da literatura em língua portuguesa, e primeira mulher brasileira a ser indicada ao prêmio Nobel de Literatura, Lygia Fagundes Telles (1918-2022) teve algumas de suas obras adaptadas para cinema, televisão e, curiosamente, poucas para o teatro – entre elas o multipremiado romance As Meninas (1973). A partir de 4 de outubro, o público carioca poderá conferir no Espaço Abu, em Copacabana, a encenação de outro trabalho da autora, o conto Senhor Diretor – extraído do livro Seminário dos Ratos, de 1977. Protagonizada por Analu Prestes, a adaptação é realizada pela diretora Silvia Monte, que desde março está à frente, no mesmo espaço, do ciclo mensal Leituras em Cena. O programa com leituras dramatizadas de textos literários, sempre nas últimas terças do mês, ganhou em agosto uma edição especial dedicada à obra de Lygia, que, assim como o espetáculo, segue até novembro.
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“Ao reler os contos de Lygia para a programação de Leituras em Cena, me deparei com Senhor Diretor e pensei imediatamente na Analu Prestes para viver a heroína da história. E foi exatamente o desejo de possibilitar o encontro de duas grandes artistas brasileiras amantes da palavra – Lygia e Analu – que me fez querer encenar esta obra”, celebra Silvia Monte, que convidou a atriz para a leitura deste conto, em maio, e o arrebatamento da plateia foi o incentivo final para a montagem do espetáculo.
“Ao ler esse conto, fiquei completamente fascinada. E uma das coisas que me encantou nesse projeto foi trazer a literatura para a cena. Primeiro porque as pessoas vão entrar em contato com uma grande autora e ficar com curiosidade de pesquisar mais sobre a obra dela. E ao levar uma obra literária à cena, você estimula o público, mesmo quem não tem muito o hábito de ler, a mergulhar na literatura, o que é maravilhoso”, vibra Analu.
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No cenário minimalista composto apenas por uma cadeira e assinado por Analu Prestes (assim como o figurino), a professora aposentada Maria Emília passeia pelas ruas de São Paulo no dia de seu aniversário de 62 anos e se choca ao avistar a capa de uma revista na banca de jornal com um casal seminu enlaçado, estopim para sua indignação com o caos em que vê a sociedade mergulhada. Decide, então, escrever uma carta ao diretor do Jornal da Tarde para expor sua revolta e, à medida em que mentalmente elabora a carta, tem seu pensamento disperso entre recordações e impressões sobre os acontecimentos à sua volta.
“Senhor Diretor tem um elemento que me encanta, é a forma bem-humorada e leve que Lygia aborda temas profundos como solidão, juventude e envelhecimento, vida e morte. Uma mulher que, aos 62 anos, em 1977, no dia do seu aniversário, pensa sobre a sua vida casta e fiel a tudo que lhe ensinaram como a vontade de Deus. Mas, seria mesmo?”, provoca Silvia.
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No intimista Espaço Abu, de apenas 40 lugares, a proximidade da plateia com a cena é um dos trunfos da montagem, segundo a diretora: “Assim como nas leituras, será possível criar uma maior cumplicidade e reforçar o clima de testemunho da personagem com os espectadores, todos transformados no Senhor Diretor”. Também a iluminação de José Henrique Moreira e a trilha incidental assinada por Yahn Wagner pontuam a história reforçando momentos importantes da trama.
FICHA TÉCNICA
Peça: Senhor Diretor | Baseado no conto homônimo de Lygia Fagundes Telles | Idealização, dramaturgia e direção: Silvia Monte | Com: Analu Prestes | Cenário e figurino: Analu Prestes | Iluminação: José Henrique Moreira | Trilha musical: Yahn Wagner | Fotografia: Alexia Maltner | Identidade visual: Sydney Michelette | Redes sociais: Jess Maestrini | Assessoria de imprensa: Leila Grimming | Realização e produção: Terceira Margem Produções Culturais
SERVIÇO
Espetáculo ‘Senhor Diretor’
Temporada: de 4 de outubro a 10 de novembro
Sessões: sexta a domingo, às 20h
Local: Espaço Abu
Endereço: Av. Nossa Sra. de Copacabana, 249 – loja E – Copacabana, Rio de Janeiro/RJ
Duração: 50min
Capacidade: 40 lugares
Classificação indicativa: 14 anos
Ingressos: R$100,00 (inteira) / R$50,00 (meia entrada)
Vendas na bilheteria e online: sympla.com.br
Informações: 21 2137-4182 / 4184 (15h às 19h) | @espacoabu
espacoabu@gmail.com
Siga> @senhor_diretor | @ter_cei_ra_margem | @prestesanalu | @montesilvia
BIOS
Lygia Fagundes Telles (1918-2022)
Escritora, romancista, contista e cronista. Foi presidente da Cinemateca Brasileira. Foi membro da Academia Paulista de Letras e eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1985. Com o romance Ciranda de Pedra, lançado em 1954, Lygia inicia a maturidade da sua carreira, reconhecida pela crítica literária e pela fidelidade de seus leitores. A década de 1970 marcou o início de sua consagração, quando lançou alguns de seus livros de maior sucesso, entre eles Antes do baile verde (1970), As meninas (1973), Seminário dos Ratos (1977). Sua obra – composta de dezoito livros de contos e quatro romances – já foi traduzida para mais de onze países, entre eles Portugal, França, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Holanda, Suécia, Espanha e República Tcheca. Sua obra foi adaptada para TV, teatro e cinema. Recebeu todos os maiores prêmios nacionais de literatura e foi indicada ao Nobel de Literatura. A consagração definitiva viria com o Prêmio Camões (2005), distinção maior em língua portuguesa pelo conjunto da obra.
Analu Prestes
Atriz, cenógrafa, figurinista e artista plástica, Analu Prestes iniciou sua trajetória profissional com Luís Antônio Martinez Corrêa e Zé Celso, ambos colaboradores do Teatro Oficina, na capital paulista. Analu e Luís Antônio fundaram o grupo Pão e Circo, assinalando a estreia profissional da artista, aos 22 anos. A peça O casamento do pequeno burguês lhe rendeu o prêmio de Atriz Revelação pela Associação Paulista de Críticos de Arte. No cinema, atuou em Guerra conjugal, de Joaquim Pedro de Andrade, e Assuntina das Amerikas, de Luiz Rosemberg, entre outros filmes. Com a companhia Jaz-o-Coração, que criou com Buza Ferraz no Rio de Janeiro, montou as peças Policarpo Quaresma e Mistério bufo. Com Naum Alves de Souza, fez a trilogia dirigida por ele e produzida por Marieta Severo: No Natal a gente vem buscar, Aurora da minha vida e Um beijo, um abraço, um aperto de mão. O trabalho como cenógrafa lhe rendeu premiações e parcerias com artistas como Miguel Falabella, Claudia Jimenez, Marco Nanini e Aracy Balabanian. Na televisão participou por dois anos da série Tapas e beijos e fez as novelas Cheias de charme e Além do Horizonte. Ganhou dois prêmios pelas atuações nas peças Um dia como os outros e Mulheres sonharam cavalos. Fez o monólogo Emily, estreado em 2013, e a peça As Crianças, drama da inglesa Lucy Kirkwood, ao lado de Mário Borges e Stella Freitas. Neste papel, Analu venceu o Prêmio SHELL, APTR e Cesgranrio de Teatro de Melhor Atriz em 2019. Recebeu o prêmio APTR de melhor cenografia por seu trabalho no espetáculo Sonhos Para Vestir, em 2022, mesmo ano em que participou do longa de terror A Herança, e da série Suíte Magnólia, do Canal Brasil. Protagonizou o longa Senhorita, de Mykaela Plotkin, que estreia no Festival de Biarritz. Os longas A herança, de João Cândido Zacarias, e Avenida Beira-mar, de Maju Paiva e Bernardo Florin, estreiam no Festival do Rio 2024. A atriz também pode ser vista na série Pedaço de Mim, com direção de Maurício Farias, na Netflix, que ocupa o primeiro lugar na América Latina.
Silvia Monte
Diretora, graduada em Interpretação (UniRio) e especialista em Direção Teatral (Faculdade CAL). Sócia-administradora da Terceira Margem Produções Culturais. Assina desde março de 2024, a curadoria e direção do programa inédito Leituras em Cena, realização conjunta do Espaço Abu e Terceira Margem. Dirigiu Por Elas, de Ricardo Leite Lopes e Silvia Monte (2018); A Visita da Velha Senhora, de Friedrich Dürrenmatt (2016); e Um Inimigo do Povo, de Henrik Ibsen (2013). Escreveu e dirigiu o podcast O Direito de Pensar – Uma viagem radiofônica ao Julgamento do Macaco (2019). É diretora e curadora de ciclos de leituras, com destaque para os programas Teatro na Justiça (1999-2019), Livro Aberto – Literatura em Cena (2002 -2008), Ciclodrama-Ato Único (2021-2022). Como gestora cultural, atuou por mais de duas décadas no Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro, coordenando programas nas áreas de teatro, literatura, música, cinema, humanidades e museologia. Por este trabalho recebeu: Menção Honrosa do Prêmio Innovare (2007), Medalha da EMERJ (2008) e Colar do Mérito Judiciário (2018). Em 2023, ministrou duas edições da oficina Da Palavra à Cena – Teatro e Literatura, e dirigiu a leitura dramatizada de Assim é (se lhe parece), de Luigi Pirandello, todas no Espaço Abu.
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