Meia noite. Fim
de um ano, início
de outro. Olho o céu:
nenhum indício.
Olho o céu:
o abismo vence o
olhar. O mesmo
espantoso silêncio
da Via-Láctea feito
um ectoplasma
sobre a minha cabeça:
nada ali indica
que um ano novo começa.
E não começa
nem no céu nem no chão
do planeta:
começa no coração.
Começa como a esperança
de vida melhor
que entre os astros
não se escuta
nem se vê
nem pode haver:
que isso é coisa de homem
esse bicho
estelar
que sonha
(e luta)
– Ferreira Gullar, em “Toda poesia”. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1997.
Saiba mais sobre Ferreira Gullar:
Outros poemas e entrevista. AQUI!
Ferreira Gullar – entre o lírico e o social
Ferreira Gullar – entrevistado por Clarice Lispector
Núclea de PesquiZa Tranzborde reflete sobre o amor a partir das existências dissidentes no espetáculo…
A Temporada 2025 da tradicional Série Dellarte Concertos Internacionais traz concertos de primeira linha com…
Los2 une MPB, samples e ritmos afro-cubanos em “Yo Quiero Vivir”. Faixa estará em álbum…
O ator Anderson Negreiro regressa ao passado e ao bairro da sua infância, a Casa…
Diabo no divã: Rafael Infante traz a peça Terapia Infernal. Ator sobe aos palcos com…
A cantora e multi-instrumentista Adriana Sanchez apresenta repertório especial para comemorar os 471 anos da…