Dramaturgia do autor belga de origem francesa Éric-Emmanuel Schmitt coloca em cena uma disputa entre Divindade e Ateísmo. Brian Penido Ross é o responsável por dar vida ao pai da psicanálise em cena
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Alguns dias após a anexação da Áustria pela Alemanha, em que Anna, a filha de Freud é levada para interrogatório na Gestapo, o pai da psicanálise recebe a visita de um desconhecido. O embate de ideias travado pelos dois pode ser pode ser uma alucinação, memória ou sonho. Esse é o cenário de Freud E O Visitante, que reestreia dia 5 de julho, sexta-feira, às 20h no Teatro Ruth Escobar. O texto é do autor belga de origem francesa Éric-Emmanuel Schmitt, a direção é de Eduardo Tolentino de Araujo e o elenco conta com Adriano Bedin, Anna Cecília Junqueira, Brian Penido Ross e Bruno Barchesi. A temporada vai até 1 de setembro com sessões sempre de sexta a domingo, às 20h. A temporada marca o retorno à sala Dina Sfat, do Teatro Ruth Escobar, após 20 anos. Em sua última passagem por lá, em 2004, o grupo estreou A Mandrágora, de Nicolau Maquiavel, que, entre outros, tinha Rodrigo Lombardi no elenco.
Freud e o Visitante se passa em Viena em março de 1938, os alemães invadem a Áustria e perseguem os judeus. A Princesa Marie Bonaparte e o cônsul americano negociavam a partida de Sigmund Freud (1856 -1939), mas ele resiste em partir. Primeiro porque os alemães exigiam que ele assinasse um documento, contando como ele foi bem tratado pelos nazistas. Outro fator é que ele já tinha 82 anos de idade, dos quais os últimos 16 com um câncer na boca e queria terminar seus dias nas terras do que já foi o Império Austro-Húngaro (Ele nasceu em Příbor, cidade da atual República Checa). Mas quando sua filha Anna é presa para interrogatório, a história toma outro rumo. É nesse dia que ele recebe uma estranha visita.
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“O desconhecido que encontra Freud vai atingindo várias personalidades ao longo da peça. Pode ser um louco que fugiu do hospício, um homem que assedia Anna no parque, uma manifestação do inconsciente ou quem sabe, Deus. Afinal seria mais fácil se ele não fosse ateu”, conta Tolentino.
A encenação parte de dúbio, não naturalista, como se fosse um sonho. A história se passa no consultório com o uso de objetos específicos do ambiente freudiano como uma reprodução fiel de sua característica cadeira e um divã com tapete persa.
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“Freud tem frases fortes e provocantes ‘Deus é uma hipótese inútil, se ele é onipotente, ele é mal’, chega até a dizer que a religião é uma neurose coletiva. Ele era judeu, mas não no sentido religioso, mas no cultural. Também era um ateu convicto e expurga tudo no choque de ideias com o Desconhecido”, enfatiza Ross. Em contrapartida, o visitante culpa o orgulho dos homens pelas mazelas do mundo em função do livre arbítrio. “Ele diz que o homem se tornou o senhor absoluto, senhor da natureza, onde ele degrada; senhor da política, onde o autoritarismo prevalece”, pontua o diretor.
Eduardo Tolentino é um estudioso de Freud e o tema da psicanálise já foi trabalhado em duas versões da peça Melanie Klein, do inglês Nicholas Wright, que contaram com sua direção. Freud E O Visitante é uma peça factível, cujo tema me é caro. É uma alegoria sobre Freud. Brian tem o humor e a ironia certa para interpretar o personagem”.
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Para viver o protagonista, Brian Penido Ross tem mergulhado na literatura psicanalítica, em biografias de Freud e no velho testamento, já que no período da peça, Freud estava terminando seu último texto, o controverso Moisés e o Monoteísmo.
O diretor ressaltou as várias camadas do texto. “É um espetáculo com uma possibilidade de comunicação ampla, mexe com questões comuns. Vivemos em um tempo de guerra, mesmo não estando perto do conflito, pois recebemos informações toda hora sobre ela. Freud não esperava que a Áustria tivesse uma adesão tão rápida e forte dos ideais nazistas. A peça retrata a questão “Qual o momento que você percebe que as coisas estão acontecendo? Mesmo Freud sendo um proeminente da época, ele não se deu conta do que estava ocorrendo. A peça é uma metáfora, uma situação que poderia ser iminente, hoje está na história, se não prestar atenção, acontece de novo”.
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Freud E O Visitante é a primeira peça de teatro do autor, e é a mais traduzida do teatro contemporâneo francês, passou por mais de 40 países. No Brasil, o dramaturgo já foi montado com Variações Enigmáticas com Paulo Autran e Cecil Thirè em cena e direção de José Possi Neto (2002); e O Libertino, com Cassio Scapin e direção de Jô Soares (2011). No Rio de Janeiro, a montagem ganhou uma versão para os palcos com direção de Giles Gwizdek, em 1995. O elenco tinha Cláudio Cavalcanti (Sigmund Freud), Maria Lucia Frota (Anna Freud), Rogério Fabiano (o Visitante) e Marcos Wainberg (Nazista).
FICHA TÉCNICA
Texto: Eric-Emmanuel Schmitt. Direção: Eduardo Tolentino de Araujo. Elenco: Adriano Bedin (Nazista), Anna Cecília Junqueira (Anna Freud), Brian Penido Ross (Freud), Bruno Barchesi (Visitante). Trilha sonora: Paulo Marcos. Desenho de luz: Wagner Pinto. Assistente de iluminação: Gabriel Greghi. Fotografias: Ronaldo Gutierrez. Design gráfico: Mau Machado. Redes sociais: Renato Fernandes. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Assistente de produção: Luisa Ferrari. Produção executiva: Rafaelly Vianna. Direção de produção: Ariell Cannal.
SERVIÇO
FREUD E O VISITANTE
Temporada: De 5 de julho até 1 de setembro. De sexta a domingo, às 20h.
Preço: R$80 (Inteira) e R$40 (Meia).
Classificação: 14 anos. Duração: 80 minutos.
Link de compra de ingressos: clique aqui.
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TEATRO RUTH ESCOBAR – Sala Dina Sfat
Rua dos Ingleses, 209 – Morro dos Ingleses
Ar-condicionado. Capacidade: 360 lugares
Informações: WhatsApp (11) 93433-8902
teatroruthescobar.com.br
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