‘Asa de Voar Longe’, álbum de Saulo Fernandes, Ronaldo Bastos e Luciano Calazans já disponível nas principais plataformas digitais, pelo selo Dubas Música. Bahia, Minas, Rio e sonoridades, ideias e afetos variados estão no disco.
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A Bahia é a maior referência. Mas nem de longe está só. Sonoridades de todo o Brasil, ancestralidades variadas, samba, balada, choro, evocações ao rock e ao pop: a mistura está na essência de “Asa de Voar Longe”, álbum inteiramente escrito por Saulo Fernandes, Ronaldo Bastos e Luciano Calazans, e que chegou em 30 de junho (2023) nas plataformas digitais.
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Longamente maturado desde o primeiro encontro dos compositores, em 2016, o disco tem direção artística de Leo Pereda e Ronaldo Bastos, produção e arranjos de Luciano Calazans e voz de Saulo em todas as faixas, além de um timaço de músicos que garantiu algo raro em tempos de onipresença das bases eletrônicas pré-gravadas: tudo o que se escuta veio de instrumentos físicos tocados em estúdio. O resultado, porém, não poderia ser mais fresco e contemporâneo.
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“É um privilégio ser o intérprete de um álbum em que a grande estrela é a canção”, comemora Saulo, cuja Bahia natal aparece de maneira mais evidente em pelo menos quatro das oito faixas: “Reza Forte” (com referências à capoeira e palmas de rodas de samba); “Sussuarana”; “Samba Que Deu” e “Na Beira do Mar”.
Esta última, ele diz, é sua canção favorita por remeter, com seus versos simples sobre o mar, a Dorival Caymmi, criador musical que é também um grande inspirador de Ronaldo Bastos.
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“Só sou compositor por causa de Caymmi, meu mestre e guru eterno. Com esse álbum eu sinto que estou retribuindo um pouco de tudo o que a Bahia me deu. Agradeço sempre essa sorte”, afirma o carioca Ronaldo.
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O processo de elaboração do repertório do disco, eles contam, foi muito fluido. Luciano já tinha várias melodias prontas. Uma noite, num encontro com o amigo de longa data Ronaldo e com Saulo, no Rio, os três começaram a escrever músicas sem qualquer planejamento prévio.
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“Costumo levar muito tempo para compor e gosto de ter meu tempo a sós com as melodias, procurando as palavras como um escultor procura a obra no material a ser esculpido. Mas, nessa madrugada, fizemos várias canções de uma só vez, tudo fluiu magicamente”, lembra Ronaldo.
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Algumas semanas depois, em Salvador, eles arremataram o processo.
A maior parte das melodias de Luciano foi aproveitada. Ronaldo fez a maioria das letras. E Saulo participou elaborando tanto melodias como letras, “sempre de maneira certeira”, como descreve Ronaldo, elogiando ainda os dotes vocais do cantor baiano, “um dos maiores intérpretes que nós temos, uma joia”:
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“Certamente a Bahia foi quem nos deu régua e compasso, como diz nosso amado Gilberto Gil. Mas acho que a inspiração vem também do Rio, dó sertão, de Minas, do Brasil como um todo, da malandragem, própria e alheia, da fé, dos nossos interesses e afetos, do amor pela humanidade e pela música.”
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Sobre a ausência de bases eletrônicas, Luciano Calazans conta que não houve qualquer intencionalidade:
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“Usar elementos eletrônicos não é um demérito, mas, no nosso caso, o som gravado pelos instrumentistas já ficou forte. Não havia a necessidade desses componentes.”
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O time de músicos que eles juntaram nas gravações, no 818 Estúdios, em Salvador, inclui: Luã Almeida (teclados), Kainã do Jêje (atabaque, agogô, xequerê, tamborim, pandeiro, palmas e outros instrumentos de percussão), Beto Martins (bateria), André Becker (saxofone), Ivan Sacerdote (clarineta) e o próprio Calazans tocando baixo. Em comum, todos atuam no mercado baiano e têm qualidade excepcional.
ASA DE VOAR LONGE – por Ronaldo Bastos
ASA DE VOAR LONGE é um álbum de canções inéditas que celebra a Bahia, a ancestralidade e a modernidade da música brasileira, feito a seis mãos com Saulo Fernandes e Luciano Calazans • Uma breve história do nosso encontro: por intermédio do nosso amigo em comum Emerson Cabral, eu virei amigo do Luciano Calazans há mais de 15 anos. De lá para cá nossa conexão só aumentou. Mas nossa parceria se resumia a uma canção, que, não por acaso, foi gravada por Saulo (“De Boa”, 2016). Naquele momento Luciano e Saulo já estavam bem próximos e trabalhando juntos. Até que em uma passagem dos dois pelo Rio de Janeiro, combinamos um encontro na minha casa e as músicas começaram a acontecer com uma velocidade espantosa. Eu costumo levar muito tempo para compor e gosto de ter meu tempo a sós com as melodias, procurando as palavras como um escultor procura a obra no material a ser esculpido. Mas nessa madrugada nós fizemos várias canções de uma vez só, tudo fluiu magicamente. Algumas semanas depois eu fui para Salvador, onde eu também tenho residência, e fizemos mais algumas. Acredito que nenhum de nós pensava em um projeto conjunto naquele momento, mas acabou acontecendo. A combinação dos talentos individuais, cada um com seu lance, mas principalmente a soma resultou em algo original, fluido e de muita beleza. Esse é o primeiro registro fonográfico que eterniza o encontro dos três. É um privilégio poder continuar defendendo a canção brasileira com esses parceiros maravilhosos. Luciano é um supermúsico, instrumentista, compositor e maestro arranjador. E Saulo, além de compositor intuitivo e extremamente musical, é dos maiores intérpretes que nós temos, uma joia. Eu só agradeço à vida pela oportunidade de poder continuar fazendo música com parceiros tão talentosos e diversos, nascidos em épocas e lugares diferentes, e com os quais posso estabelecer uma relação de amizade e respeito mútuo. O som que vocês vão escutar imprime isso tudo e muito mais. Com esse álbum eu sinto que estou retribuindo um pouco de tudo que a Bahia me deu. Agradeço sempre essa sorte.
A imagem escolhida foi uma composição feita por Enéas Guerra com duas obras-primas das artes visuais da Bahia: a fotografia Garoto Empinando Pipa, de Pierre Verger, e o desenho Soltando Pipa, de Carybé. Por acaso, tratam-se de obras de dois ilustres não-baianos (um é francês; o outro, argentino) que escolheram a Bahia para viver e criar, foram abraçados pela Bahia e imprimem a Bahia com propriedade nos seus respectivos trabalhos. Quem arrematou o projeto gráfico para a capa do álbum foi Beto Martins, designer carioca que tem fortes laços com o samba e hoje mora em Portugal.
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Para mim a inspiração vem sempre das melodias. Luciano chegou com várias quase prontas, eu fiz quase todas as letras e Saulo participou tanto das melodias quanto das letras, sempre de maneira certeira. Tudo que nos move acabou entrando no balaio. O povo brasileiro, a Bahia, o Rio, Minas, o sertão, a fé, a malandragem, nossos interesses e afetos, o amor pela humanidade e pela música. E tem coisa que é criação mesmo. “Asa de Voar Longe” contém elementos que vieram de lugar nenhum, só vieram e ficaram. Acho que resultou num álbum universal que abraça o melhor da Bahia e do Brasil.
DISCO ‘ASA DE VOAR LONGE’ • Saulo Fernandes, Ronaldo Bastos e Luciano Calazans • Selo Dubas Musica • 2023
Canções / compositores
1. Reza forte (Luciano Calazans, Ronaldo Bastos e Saulo Fernandes)
2. Samba que deu (Luciano Calazans, Ronaldo Bastos e Saulo Fernandes)
3. Faz quem quer (Luciano Calazans, Ronaldo Bastos e Saulo Fernandes)
4. Na beira do mar (Luciano Calazans, Ronaldo Bastos e Saulo Fernandes)
5. Sussuarana (Luciano Calazans, Ronaldo Bastos e Saulo Fernandes)
6. Asa de voar longe (Luciano Calazans, Ronaldo Bastos e Saulo Fernandes)
7. Choro de amor (Luciano Calazans, Ronaldo Bastos e Saulo Fernandes)
8. Bonita bonita (Luciano Calazans, Ronaldo Bastos e Saulo Fernandes)
– ficha técnica –
Saulo Fernandes (voz – fx. 1-8; coro – fx. 1, 4, 5, 7; violão – fx. 5) | Luã Almeida (teclados – fx. 1-8) | Felipe Guedes (violão – fx. 2, 7) | Luciano Calazans (contrabaixos – fx. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8; contrabaixo – fx. 7; palmas – fx. 1, 2) | Beto Martins (bateria – fx. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7; palmas – fx. 1, 2) | Kainã do Jêje (agogô – fx. 1, 4; atabaque – fx. 1, 2, 4; palmas – fx. 1, 2; pandeiro – fx. 1, 2, 3; xequerê – fx. 1, 4; tamborim – fx. 2; bacurinha, conga e torpedo – fx. 5; ovinho (efeito), rhythmtec e cowbel – fx. 6) | André Becker (sax alto, sax tenor e sax barítono – fx. 5) | Everaldo Pequeno (trompete – fx.5) | Tiago Valois (trombone – fx. 5) | Ivan Sacerdote (clarinete – fx. 7) || Arranjos e produção musical: Luciano Calazans | Engenharia de gravação: Cândido Neto / Estúdio de Gravação: 818 Estúdios, em Salvador/BA // Exceto a gravação de violões de Gabi Guedes e Clarineta de Ivan Sacerdote – nas músicas “Choro de Amor” e “Samba que deu”, gravados no estúdio A Lagoa Grande, em Salvador/BA, por Paulinho Rocha || Edições: Bill Reinikova, em São Paulo/SP // Exceto faixa “Asa de Voar Longe”, editada por Kesser Jones, em Salvador/BA || Mixagem: Luís Paulo Serafim, em São Paulo/SP | Masterização: Carlos Freitas / Classic Master, USA | Imagem de capa: Pintura Carybé (©Copyrights LTDA) sobre Foto de Pierre Verger (©Fundação Pierre Verger) | Montagem de Enéas Guerra (©Solisluna Design) || Capa e projeto gráfico: Beto Martins || Direção artística: Leonel Pereda || Produção executiva: Tais Nader / Maestro Azul | Coordenação de produção: Marcela Boechat | Copyrights: Isabel Brant | E-marketing: Eduardo Pascottini | Selo: Dubas Música | Formato: CD Digital | Ano: 2023 | Lançamento: 30 de junho | #* Ouça o álbum: clique aqui / ou canal Dubas Música no Youtube.
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Série: Discografia da Música Brasileira / Canção popular / MPB.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske