Artista participou de mais de 30 novelas e minisséries. Último trabalho na Globo foi na novela ‘Órfãos da Terra’, exibida em 2019.
Flávio Migliaccio: de Xerife a Tio Maneco, uma carreira de sucessos na TV, no teatro e no cinema.
O ator Flávio Migliaccio foi encontrado morto na manhã desta segunda-feira (4) no sítio onde morava em Rio Bonito (RJ). Ele tinha 85 anos e era natural de São Paulo, onde nasceu no bairro do Brás, em 26 de agosto de 1934.
Migliaccio participou de mais de 30 novelas e minisséries e fez sucesso com vários personagens, como o pão-duro Moreiras, em “Rainha da Sucata” (1990), o feirante Vitinho, em “A Próxima Vítima” (1995), Fortunato, em “Passione” (2010), e o turco Chalita, da série “Tapas & Beijos” (2011).
Ele também atuou em sucessos da TV Globo como “Êta Mundo Bom!” (2016), “Caminho das Índias” (2009) e “América” (2005). O último trabalho do ator foi na novela “Órfãos da Terra”, da TV Globo, em 2019, quando interpretou o personagem Mamede Al Aud.
Além de ator, ele também atuou como diretor, produtor, roteirista e cartunista. Filho de um barbeiro que tocava violino, cresceu acostumado a atuar e a tocar instrumentos improvisados com os irmãos – eram 16, ao todo – nos concertos noturnos que o pai fazia para os vizinhos.
“Sempre vivemos nesse clima da arte de representar, de tocar. Meu pai queria que eu fosse barbeiro, até tentou me ensinar a profissão. Ele reunia todos os mendigos da nossa rua e fazia aquela fila, para eu cortar o cabelo e fazer a barba deles. Eram minhas cobaias. Mas acabei não aprendendo, eu queria mesmo era ser artista”, contou em entrevista à TV Globo.
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Início da carreira no teatro
Migliaccio começou a estudar teatro em 1954, no curso do italiano Ruggero Jacobbi, que o encaminhou para o grupo amador Teatro Paulista do Estudante. Foi lá que ele conheceu Oduvaldo Vianna Filho e Gianfrancesco Guarnieri.
A profissionalização como ator teve início no Teatro de Arena, de Zé Renato, onde ele participou de uma série de peças e para onde levou, inclusive, a irmã Dirce Migliaccio. Os dois atuaram em dezenas de montagens juntos.
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No Teatro de Arena, ele atuou em montagens de peças como “A Revolução na América do Sul”, de Augusto Boal, “Eles Não Usam Black-Tie”, de Gianfrancesco Guarnieri, e “Chapetuba Futebol Clube”, de Oduvaldo Vianna Filho.
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TV e cinema
Nas décadas de 1950 e 1960, fez pequenas pontas na TV Tupi e atuou em dois longas-metragens de Roberto Santos – “O Grande Momento” (1958) e “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” (1965). Em 1962, participou de “Cinco Vezes Favela”, atuando em um episódio e escrevendo o roteiro de outro, com Leon Hirszman. No ano seguinte, estreou como roteirista e diretor em “Os Mendigos”.
Migliaccio começou na TV Globo em 1972, quando ficou conhecido pelo papel de Xerife, na novela “O Primeiro Amor”. O personagem fez tanto sucesso que, no mesmo ano, deu origem ao seriado “Shazan, Xerife e Companhia”, estrelado também por Paulo José.
O ator também fez sucesso com o público infantil, quando apostou no personagem “tio Maneco”. O filme “Aventuras com Tio Maneco” foi vendido para mais de 30 países e ganhou um prêmio do cinema infantil na Espanha.
Foi com Tio Vitinho, de “A Próxima Vítima”, que Migliaccio disse ter vivido seu personagem preferido. “Foi o que mais combinou comigo. Eu bolei uma coisa que considero uma das maiores criações que tive como ator, e colaborei com o texto assim: bolei que ele vivia com o travesseiro e a roupa de capa embaixo do braço, porque não tinha lugar para dormir. Comecei a desenvolver isso, a fazer uma cena dramática segurando o travesseiro; ficava engraçado.”
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*Com informações do G1/Globo