Timidez
BASTA-ME um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve…
– mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes…
– palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
– que amargamente inventei.
– Cecília Meireles, em ‘Viagem’ (1973)
“Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira.”
– Cecília Meireles, do poema “Desenho”, no Livro “Mar absoluto”.
“(…) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde, foi nessa área que os livros se abriram e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano.”
– Cecília Meireles, em “YUNES, Eliana. Cecília Meireles: a ascese poética. in: Mulheres de Palavra. São Paulo: Loyola, 2003, p. 113-162.
Editora da autora Cecília Meireles
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Cecília Meireles – vida e obra
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Cecília Meireles – batuque, samba e macumba
Cecília Meireles – poesia para crianças
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