O duo formado por Hugo Pilger (violoncelo) e Lúcia Barrenechea (piano) lançaram em 2013 “Presença de Villa-Lobos na Música Brasileira para Violoncelo e Piano”, em CD duplo e um DVD. O documentário contou com direção de Liloye Boubli, fotografia de Fernando Duarte e narração de Luiz Paulo Sampaio, filmado em locações como a Confeitaria Colombo, Palácio do Catete, Jardim Botânico e Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro.
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Além de obras do próprio Villa-Lobos, a gravação traz o primeiro registro sonoro do seu violoncelo, um Martin Diehl de 1779, bem como de peças brasileiras que o compositor apresentou durante sua carreira como violoncelista, entremeada de obras de outros compositores como Francisco Braga, Homero de Sá Barreto, Arthur Napoleão, Homero Dornellas, Francisco Mignone e Edino Krieger. No mesmo ano, Hugo Pilger publica o livro “Heitor Villa-Lobos, o violoncelo e seu idiomatismo” (Editora CRV).

“O presente trabalho é fruto de uma feliz sequência de acontecimentos que iniciou quando, durante a minha pós-graduação, resolvi pesquisar a fundo a relação de Villa-Lobos com seu primeiro instrumento, o violoncelo. Essa pesquisa, que posteriormente foi lançada em livro sob o título Heitor Villa-Lobos, o violoncelo e seu idiomatismo, ajudou a estreitar ainda mais meus laços com о Museu Villa-Lobos, e desta aproximação veio а oportunidade de analisar mais de perto o instrumento que pertenceu ao compositor. Quando o manuseei pela primeira vez, lembro que senti um misto de êxtase e decepção. Apesar de ter consciência da importância daquele momento, causou-me uma profunda tristeza constatar que o violoncelo estava severamente avariado. Era necessário conserta-lo urgentemente. O Museu Villa-Lobos, com seus funcionários atentos e sensíveis ao problema, conseguiu em pouco tempo levantar recursos privados para a restauração do precioso instrumento. Finalmente, em 9 de novembro de 2012, na abertura do 50° Festival Villa-Lobos, a pianista Lúcia Barrenechea e eu realizamos um recital com praticamente todas as obras que Villa-Lobos comprovadamente – por meio de programas impressos, notas de jornais e depoimentos executou ao violoncelo durante sua carreira. O instrumento Martin Diehl de 1779 е о Arco Leclerc, ambos pertencentes ao compositor, foram usados nessa apresentação histórica. A ideia de realizar a presente gravação que, com muito orgulho tenho prazer de apresentar, tomou forma após esse recital. Temos aqui, mais precisamente na peça sonhar e na Bachianas brasileiras n° 2, o primeiro registro do som desse instrumento que ajudou a forjar a história da música brasileira. Incluímos nesse projeto as peças brasileiras que o compositor apresentou ao violoncelo, entremeadas de outras obras importantes, quer do próprio Villa-Lobos, quer de outros compositores que conviveram com ele ou prestaram homenagem com suas composições a esse brasileiro que, através de sua arte, garantiu um lugar de destaque na história da música universal.” – Hugo Pilger

Notas de Programa
A Pequena-suíte (Rio de Janeiro, 1913-1914) de Heitor Villa-Lobos é uma coleção de Danças e peças curtas, e como o quarteto nº 1, é dividida em seis movimentos. Romancette, apresenta uma linguagem harmônica que prenuncia a futura sonoridade adotada pela bossa-nova. A legendária é uma peça curtа е despretensiosa; o movimento que se segue, Harmonias soltas, trata o violoncelo como instrumento harmônico, exigindo do executante um intenso controle de afinação e fraseado; O fugatto (all’antica) apresentа a mais nítida influência do barroco, nos remetendo às sonatas para teclado de Domenico Scarlatti; a melodia, cujo manuscrito traz a indicação de suíte infantil, apresenta uma linha cantabile fluida e de caráter contemplativo. No manuscrito do último movimento, gavotte-scherzo, contém a seguinte epígrafe: “sobre a inversão de um tema de lee”. Essa informação comprova que Villa-Lobos, ao compor essa peça, se inspirou na Gavotte, opus 112 do compositor e pedagogo alemão Sebastian Lee. Os movimentos romancette, legendária e gavotte-scherzo foram estreados por Villa-Lobos ao violoncelo e Robert Soriano ao piano no dia 5 de janeiro de 1919, no salão nobre da Associação dos Empregados no Commercio, Rio de Janeiro.
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Português, natural da cidade do Porto, Arthur Napoleão, viveu a maior parte de sua vida no Brasil. Além de compositor, era pianista, professor, comerciante e editor musical.
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Chegou a se apresentar ao lado de músicos como Henri Vieuxtemps e Henryk Wieniawski, foi professor de piano de Chiquinha Gonzaga e manteve um duo com o eminente violinista cubano Joseph White. E autor dos hinos dos estados do Acre e Espírito Santo e patrono da cadeira n° 18 da Academia Brasileira de Música. O catálogo de sua editora, conta com algumas obras de Villa-Lobos. Romance, opus 71 foi escrita originalmente para piano solo, mas o próprio compositor realizou a transcrição para violoncelo e piano e dedicou a Benno Niederberger, de quem Villa-Lobos foi aluno de violoncelo. trata-se de uma obra carregada de lirismo, com uma linha melódica de rara beleza. Villa-Lobos a executou em 1911 no Theatro Amazonas de Manaus.
O Capricho, opus 49 de Heitor Villa-Lobos teve sua primeira audição no Teatro Eugênia, Nova Friburgo, no dia 29 de janeiro de 1915, tendo ao violoncelo o próprio compositor e ao piano, sua primeira esposa Lucilia. em clima de modinha, o capricho é uma peça construída na forma a-b-a, sendo que na parte central, a música torna-se mais lenta е intimista. na excursão que realizou na década de trinta, Villa-Lobos chegou a programar a obra algumas vezes.
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Natural de cravinhos, no estado de São Paulo, Homero de Sá Barreto foi aluno de piano e composição de Francisco Braga e de harmonia de Frederico Nascimento. Em sua casa em Friburgo, cidade serrana do estado do Rio de Janeiro, se deu a primeira audição do quarteto n° 1 de Villa-Lobos, de quem foi amigo íntimo. patrono da cadeira n° 38 da Academia Brasileira de Música, faleceu Tísico no Rio de Janeiro aos 40 anos de idade. A peça Berceuse evoca a sonoridade da música francesa do final do século XIX e traduz na expressivamente a atmosfera de uma canção de ninar. sabe-se que Villa-Lobos apresentou a obra em 1915 e 1931.
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Maestro e compositor, Francisco Braga iniciou seus estudos no asilo dos meninos desvalidos no Rio de Janeiro, chegando a estudar composição em paris com Jules Massenet. Durante vinte anos, esteve à frente da sociedade de concertos sinfônicos do rio de janeiro, a mesma sociedade que Raul Villa-Lobos, pai de Heitor, ajudou a fundar, onde mais tarde, o próprio Villa-Lobos faria parte como violoncelista. Autor do hino à bandeira, Francisco Braga foi fundador e primeiro presidente do sindicato dos músicos além de ser patrono da cadeira n° 32 da academia brasileira de música. Romance é uma peça delicada, na qual o violoncelo realiza um dueto com a linha do baixo tocada pelo piano, envolta em uma harmonia recheada de cromatismos. Villa-Lobos incluiu a peça durante a excursão pelo interior do estado de São Paulo em 1931.
A peça Sonhar (Rio de Janeiro, 1914) de Heitor Villa-Lobos, teve sua primeira audição no teatro D. Eugênia, Nova Friburgo, no dia 29 de janeiro de 1915, com о compositor ao violoncelo e sua esposa Lucilia ao piano. Villa-Lobos também a apresentou nos anos de 1931 e 1932 durante a excursão artística pelo interior de São Paulo. O programa do concerto realizado no dia 13 de novembro de 1915 no salão nobre da Associação dos Empregados no Commercio no Rio de Janeiro, traz a seguinte explicação sobre essa peça: “Melodia simples causada por um sonho calmo. Escrita em 17 de janeiro de sua forma é ternária, sendo que а arte central é um piu mosso de caráter mais agitado“. Na presente gravação foram utilizados o Arco Leclerc e o violoncelo Martin Diehl, ano 1779 pertencentes a Villa-Lobos.
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No início da década de 30, Heitor Villa-Lobos começou transcrever obras de Johann Sebastian Bach, com o provável propósito de dominar sua linguagem a fim de obter melhores subsídios para a composição do ciclo das bachianas brasileiras.
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Essas três obras são exemplos desta frutífera experiência: o Prelúdio nº 8 (Rio de Janeiro, 1930) e a Fuga nº10 (Rio de Janeiro, 1931) são extraídos do primeiro volume de o cravo bem temperado, já o Prelúdio n° 14 (Rio de Janeiro, 1931) é do segundo volume. Percebemos aqui, muito mais do que simples adaptações, pois Villa-Lobos explora de forma muito peculiar, o caráter expressivo de cada peça. É Bach sob a ótica de Villa-Lobos. O compositor incluiu os prelúdios 8 e 14 em seus concertos nos anos de 1931 e 1932.
Original para soprano e conjunto de violoncelos, a ária (cantilena) da Bachianas brasileiras n. 5 (Rio de Janeiro, 1938) de Heitor Villa-Lobos é, sem dúvida alguma, uma das obras mais conhecidas do compositor. Nela Villa-Lobos conseguiu realizar a difícil tarefa de sintetizar simplicidade com profundidade. ao violoncelo é confiado a melodia principal, enquanto a parte do piano nos remete aos ponteios típicos do violão, instrumento íntimo do compositor.
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Homero Dornellas foi amigo de Villa-Lobos e lecionou música no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico. Usava o pseudônimo de Candoca da Anunciação que em parceria com Almirante, compôs o samba na Pavuna, que fez muito sucesso em 1930 entrando para a história por ser a primeira gravação a usar instrumentos típicos de escola de samba. O Estudo seresteiro n. 2 para violoncelo solo foi composto no Rio de Janeiro em 1958, um ano antes da morte de Villa-Lobos e nos remete, através dos pizzicatos do violoncelo, ao ambiente dolente e nostálgico dos tocadores de violão da música urbana carioca do início do século passado (ambiente também muitas vezes retratado por Villa-Loвos). O violoncelo construído em 1900 e o arco, ambos de autoria de Jean-Baptiste Collin-Mezin, que pertenceram a Homero Dornellas, foram usados nessa gravação.
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A Bachianas brasileiras nº 4 de Heitor Villa-Lobos foi escrita no Rio de Janeiro e São Paulo entre 1930 e 1941. Prelúdio (introdução) é construído inteiramente em textura imitativa, fazendo alusão ao Thema Regium da oferenda musical de Johann Sebastian Bach. coral (canto do sertão) apresenta frases de escrita harmônica à maneira dos corais de Bach, entremeadas de um si bemol agudo que evoca o canto insistente da araponga, ave nativa do Brasil que possui um canto alto e estridente. Na aria (cantiga), o desenho formal da “ária da capo” do barroco tardio, envolve o tема folclórico nordestino ó mana deix’eu ir. A dansa (miudinho) consiste numa tocata, tipo de composição virtuosística para instrumentos de teclado muito explorado por Bach, no qual o ritmo é o elemento mais proeminente. nesta última peça Villa-Lobos também nos remete ao nosso folclore musical, citando a melodia da canção vamos, Maruca do interior Paulista.
A Bachianas brasileiras nº 2 (São Paulo, 1930-1931) é uma das mais significativas da série e se destaca pelo seu caráter essencialmente brasileiro. O primeiro movimento, prelúdio (o canto do capadócio), apresentado por Villa-Lobos em 1931, é descrito pelo próprio compositor da seguinte forma: “(…) reflete essa imagem capadoçal – do tipo de malandro brasileiro – que se apresenta gingando sinuoso, num verdadeiro adagio”. A aria (o canto da nossa terra), também apresentada por Villa-Lobos em 1931, tem uma melodia solene com um tom quase sacro na bem escolhida tonalidade de ré menor, por meio da qual o violoncelo canta soberano e, segundo o autor, possui ambiente sonoro dos candomblés e das macumbas”. Num dos autógrafos, lê-se um título riscado: o seresteiro religioso. A dansa (lembrança do sertão), escrita para piano solo, evoca um sentimento de nostalgia, alternando momentos de intenso lirismo melódico com trechos de forte vigor rítmico.
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A Tocata (O trenzinho do caipira), apresentada por Villa-Lobos em 1931 e 1932, segundo Antonio Chechim Filho, foi escritа durante uma viagem de trem entre Bauru e Araraquara: “(…) Villa-Lobos, bem acomodado em seu banco do carro de passageiros, resolveu escrever uma músicа. Disse ele: ‘vou escrever uma música. vai chamar-se o trenzinho do caipira’. tirou da pasta uma folha de papel pautado, o lápis e começou a escrever. parecia que estava escrevendo uma carta. mas não era, não. Era música mesmo! o trem corria, balançava bastante, o carro estava totalmente lotado, com muitas crianças, algumas de vez em quando chorando, e com muito calor. Villa-Lobos foi escrevendo. quase ao final da viagem, a música já estava pronta. era um solo para violoncelo para ele tocar, e com uma partitura para о асоmpanhamento de piano. terminada a viagem, depois de um ligeiro retoque ao piano, a música já estava pronta para ser apresentada”. A presente gravação foi realizada com o violoncelo Martin Diehl de 1779 e com o arco do autor Leclerc, ambos pertencentes ao compositor.
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A Divagação (Rio de Janeiro, 1946) de Heitor Villa-Lobos é dedicada a Henry Leiser e traz uma parte ad libitum para tambor que pode ser percutida no próprio violoncelo. Apesar de pouco executada, este peça possui muitas qualidades, podendo ser classificadа como uma das mais interessantes escritas pelo compositor. Nela, além de uma certa atmosfera tribal, percebemos ecos da Bachianas brasileiras n° 9, tanto do ponto de vista rítmico, quanto intervalar. E perceptível um amadurecimento na escrita do compositor, pois não há notas retóricas, supérfluas, e Villa-Lobos conseguiu o que se verifica em seus últimos quartetos de cordas, ou seja, a sensação de cada nota ser imprescindível para a existência da obra.
Flautista, pianista e compositor, Francisco Mignone, filho de imigrantes italianos, nasceu em São Paulo. Desde muito cedo, por influência de seu pai Alfério Mignone, que também era flautista, dedicou-se à música. e um dos mais importantes compositores brasileiros, dedicando-se a diversos estilos musicais como a ópera, música de câmara e até música popular, no qual assinava com o pseudônimo de Chico Bororó. Escrita em 1981, Aquela modinha que o Villa não escreveu faz parte de uma série de obras escritas para fagote solo e dedicadas ao músico francês radicado no Brasil, Noel Devos, amigo de Villa-Lobos e casado com a violoncelista Ana Devos, carinhosamente conhecida no meio musical carioca como Nany. típica valsa brasileira, а peça reflete de forma plangente a atmosfera da música urbana carioca do início do século passado, comprovando o grande melodista que foi Mignone. Nesta adaptação para violoncelo solo, foi usado o Arco Heinz Dölling e violoncelo François Richard de 1860, que pertenceram a Nany.
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Natural de Brusque, Santa Catarina, Edino Krieger foi aluno de Hans-Joachim Koellreutter. Estudou nos Estados Unidos com Aaron Copland e em Londres com Lennox Berkeley. Participou com José Siqueira da organização da ordem dos músicos do Brasil, foi crítico musical, idealizou e organizou os Festivais de música da Guanabara e as bienais de música brasileira contemporânea. Foi diretor do Instituto Nacional de Música/Funarte presidente da Academia Brasileira de Música, onde ocupa a cadeira nº 34.
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A Seresta – Homenagem a Villa-Lobos (1960) aqui gravada é uma transcrição realizada pelo autor do segundo movimento do seu divertimento para cordas de 1959. О compositor consegue, através de amplas melodias e uma trama contrapontística elaborada, nos remeter à música dе Villa-Lobos.
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A Fantasia (1944-1945) de Heitor Villa-Lobos foi finalizada em Nova York durante sua primeira viagem aos Estados Unidos. escrita por sugestão do maestro Walter Burle Marx, irmão do famoso paisagista Roberto Burle Marx e dedicada a Serge Koussevitzky, eminente contrabaixista e regente russo, a fantasia é originalmente concebida para violoncelo e orquestra, mas a versão para violoncelo e piano aqui apresentada é do próprio compositor. Dividida em três movimentos (largo, molto vivace e allegro expressivo), a obra reflete uma intensa busca da consolidação de elementos técnicos e idiomáticos criados e/ou desenvolvidos pelo compositor, além de explorar intensamente o virtuosismo, característica típica desse seu período criativo.

DVD / Disco “Presença de Villa-Lobos na Música Brasileira para Violoncelo e Piano – Vol. 1” • Hugo Pilger e Lucia Barrenechea • Selo Independente • 2013
— CD duplo e um DVD (duração 2h20min) —
Músicas / compositores
CD 1
A juventude – Primeiro Ato
1. Pequena suíte (Heitor Villa-Lobos)
.. I. Romancette
.. II. Legendária
.. III. Harmonias Soltas
.. IV. Fugatto All’antica
.. V. Melodia
.. VI. Gavotte Scherzo
2. Romance, Opus 71 (Arthur Napoleão)
3. Capricho, Opus 49 (Heitor Villa Lobos)
4. Berceuse (Homero de Sá Barreto)
5. Romance (Francisco Braga)
6. Sonhar, Opus 14 (Heitor Villa-Lobos)
A Consolidação do Compositor – Segundo Ato
7. Preludio n° 8 / Fuga nº 10 / Preludio nº 14 (J.S. Bach / Heitor Villa Lobos)
8. Bachianas brasileiras nº 5: Aria – cantilena (Heitor Villa Lobos)
9. Estudo seresteiro n° 2 (Homero Dornellas) / para violoncelo solo
CD 2
10. Bachianas brasileiras nº 4 (Heitor Villa Lobos) / para piano solo
.. I. Prelúdio (Introdução)
.. II. Coral (Canto do Sertão)
.. III. Aria (Cantiga)
.. IV. Dansa (Miudinho)
11. Bachianas brasileiras nº 2 (Heitor Villa Lobos)
.. I. Prelúdio (O Canto do Capadócio)
.. II. Ária (O Canto da Nossa Terra)
.. III. Dansa (Lembrança do Sertão)
.. IV. Tocata (O Trenzinho do Caipira)
A Maturidade – Terceiro Ato
12. Divagação (Heitor Villa Lobos)
13. Aquela modinha que o Villa não escreveu (Francisco Mignone) / Violoncelo solo (original para fagote solo)
14. Seresta homenagem a Villa-Lobos (Edino Krieger)
15. Fantasia (Heitor Villa Lobos) / para piano e violoncelo
.. I. Largo
.. II. Molto Vivace
.. III. Allegro Expressivo
– ficha técnica –
Hugo Pilger – violoncelo | Lucia Barrenechea – piano || Documentário – Direção: Liloye Boubli | Direção de fotografia: Fernando Duarte | Roteiro: Hugo Pilger e Liloye Boubli | Câmeras: Marconni Andrade, Décio de Sousa, Dodi Agostinho | Montagem: Raoni Meirelles | Mixagem e edição de som: Fábio Guimarães | Narração: Luis Paulo Sampaio | Arte e figurinos: Márcia Pitanga | Maquiagem: Daisy Amaral | Produção de set: Ricardo França | Elétrica: Abraão Oliveira | Maquinaria: Alexandre Cuba da Rocha | Assistente de câmera: Igor Duarte | Legendagem: Daniel Lins | Áudio gravado, mixado e masterizado nos Estúdios Visom Digital | Gravado e mixado por Fábio Guimarães | Masterizado por Ricardo Dias | Produzido por Carlos de Andrade || Equipe Visom Digital – Produção executiva: Fernando Acar | Projeto gráfico: Diego Polly | Colorização e finalização: André Tavares | Autoração: Alessandro Pires | Arte da cара e menus: Diego Polly | Edição: Marcela Rosa | Elétrica: Edson Mello | Assistente de áudio: Brendan Faust | Logger: Júlio Cesar | Label copy: Terezinha Oliveira || Produção executiva: Carlos de Andrade e Liloye Boubli | Repertório: Hugo Pilger e Luiz Cyrillo Fernandes | Direção musical e textos: Hugo Pilger e Lúcia Barrenechea | Idealização do projeto: Hugo Pilger | Gravações realizadas na Visom Digital, estúdio Célio Martins (19 a 22/2/2013 e 1 e 2 /4/2013). || Instrumentos – Violoncelo: Martin Diehl, Mainz, 1779; Arco: Leclerc; Cordas – Lá: Jargas Forte; Ré: Jargas Forte; Sol: Thomastik-Infeld Spirocore; Tugsten Wound; Dó: Thomastik-Infeld Spirocore; Tugsten Wound; Músicas: Sonhar, Opus 14, Bachianas Brasileiras n° 2; I Prelúdio – O Canto do Capadócio; II- Ária – O Canto da Nossa Terra; IV- O Trenzinho do Caipira | Violoncelo: Charles Jean Baptiste Collin-Mézin, Paris, 1900; Arco: Collin-Mézin, Paris; Cordas: Lá: Jargas Forte; Ré: Jargas Forte; Sol: Thomastik-Infeld Spirocore; Tugsten Wound; Dó: Thomastik-Infeld Spirocore; Tugsten Wound; Músicas: Estudo Seresteiro N° 2; Para Violoncelo Solo | Violoncelo: François Richard, Mirecourt, 1860; Arco: Heinz Dölling, Wernitzgrün; Cordas: Lá: Larsen Soilist; Ré: Larsen Soilist; Sol: Thomastik-Infeld Spirocore; Tugsten Wound; Dó: Thomastik-Infeld Spirocore; Tugsten Wound; Músicas: Aquela Modinha Que O Villa Não Escreveu (Versão Para Violoncelo Solo) | Violoncelo: Giovanni Gagliano, Nápoles, 1805; Arco: Eugène Sartory, Paris; Cordas: Lá: Jargas Forte; Ré: Jargas Forte; Sol: Thomastik-Infeld Spirocore; Tugsten Wound; Dó: Thomastik-Infeld Spirocore; Tugsten Wound; Músicas: Todas as demais músicas | Piano: ? | Agradecimentos: Luiz Cyrillo; Fernandes Mirian; Fernandes Luiz Paulo Sampaio; Maria Angélica Mayal; Edino Krieger; Nenem Krieger; Nilton Camargo (In Memoriam); Túlio Lima Magaly de Oliveira Cabral Santos; Myrian Dauelsberg Peter Dauelsberg; Turíbio Santos; Wagner Tiso; Unirio – Marcelo Rodolfo (Museu Villa-Lobos); Ronaldo Henrique (Museu Villa-Lobos); Sérgio Barrenechea; Maria de Fátima Nunes; Pilger Raphael Lontra; Maria Letícia Gonçalves de Oliveira; Dorita Lontra Neto; Marcelo Rabello; Lucimar Dantas; Alberto Pimenta (Museu da República); Ana Lúcia Matos (Museu da República) | Colaboração: Museu da República Forte de Copacabana; Confeitaria Colombo Jardim Botânico | Patrocínio: Charitas Brasil; Ipanema Coffees | Apoio: Museu Villa-Lobos; Quanta | Realização/Doc.: Visom || Do CD – Selo: Independente | Distribuição digital: Tratore | Formato: CD duplo físico e digital | Ano: 2013 | Lançamento: | ♪Ouça o álbum: clique aqui / spotify | ♩Compre o disco/DVD: Loja Clássicos | Documentário disponível online no Canal Curtas.
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Leia também: Álbum ‘Presença de Villa-Lobos na música brasileira para violoncelo e piano – Vol. 2’ | Hugo Pilger e Lúcia Barrenechea
Do Documentário

Do livro “Heitor Villa-Lobos, o violoncelo e seu idiomatismo” | Hugo Pilger
Editora: CRV | ISBN:978-85-8042-609-0 | Ano de edição: 2013 | Nº páginas: 284 | Onde comprar?: Editora CRV – Musimed – Loja Clássicos – Amazon
Na trajetória do violoncelista Hugo Pilger convivem duas identidades: a do intérprete e a do pesquisador. Elas, porém, não são excludentes, mas complementares. E é por isso que, à gravação de algumas das principais peças de Heitor Villa-Lobos para violoncelo, somou-se uma extensa pesquisa sobre o modo como o compositor trata o instrumento em suas obras. O resultado disso está agora disponível neste livro, no qual Pilger propõe a seus leitores uma premissa estimulante: o trabalho do autor como instrumentista foi decisivo no desenvolvimento de sua atuação como compositor. Para mostrar os motivos que o levaram a essa conclusão, ele inicia a obra com um vasto capítulo dedicado a investigar a relação de Villa-Lobos com o violoncelo, recuperando dados biográficos e aspectos da época, como os principais instrumentistas e compositores em atuação no período. Por conta disso, a primeira parte do livro acaba oferecendo um painel cuidadoso e estimulante não apenas do trajeto artístico de um autor mas também de todo um período, um dos mais ricos por sinal, da história da música brasileira. Na sequência, Pilger desenvolve, então, a análise criteriosa do “idioma” criado pelo compositor ao escrever para violoncelo. E o faz a partir de dezenas de exemplos musicais extraídos de algumas de suas principais composições.

Presença de Villa-Lobos na Música Brasileira para Violoncelo e Piano*
Villa-Lobos, aos 70 anos de idade relatou, num documento redigido em próprio punho, como foi sua iniciação musical: “Com 5 anos de idade (1892) iniciei num pequeno violoncelo na vida musical, pelas mãos de meu pai, que além de ser um homem de aprimorada cultura geral e excepcionalmente inteligente, era um músico prático, técnico e perfeito. A partir de 6 anos ele me levava aos ensaios e execuções, de concertos e óperas para habituar-me ao gênero de conjunto instrumental. Com 7 anos, aprendi com ele, tocar clarineta. com 8 anos, tocava duetos de violoncelo com meu pai. Aos 9 anos executava duetos de clarineta. Aos 10 anos era obrigado por ele, a discernir o gênero, estilo, caráter e origem das obras musicais que me fazia ouvir. obrigava-me a declarar com presteza, o nome da nota dos sons ou ruído que surgia incidentalmente no momento, como o guincho da roda de um bonde ou um pio de um pássaro, ou a queda ocasional de um objeto de metal e etc. Isto tudo, com um rigor e energia de severidade absoluta. Ai de mim, se não acertasse…” Essa descrição nos dá uma noção de como a música foi importante para Villa-Lobos desde sua tenra idade. É fato que há divergências de informações sobre sua formação musical, mas acredita-se que após a iniciação dada pelo seu pai, estudou por algum tempo no Instituto Nacional de Música, atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo aulas de violoncelo com Benno Niederberger (1860-?) e Frederico Nascimento (1852-1924), de quem também recebeu aulas de composição.
Na sua juventude, para sobreviver, Villa-Lobos tocava violoncelo na sala de espera do Cine Odeon, no restaurante Assyrio, localizado no subsolo do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, ir na Confeitaria Colombo, em Companhias de Operetas no Theatro São Pedro de Alcântara, hoje João Caetano, na Sociedade de Concertos Sinfônicos e em diversos trabalhos extras de música de câmara. Em 1908, Villa-Lobos mudou-se para Paranaguá, cidade portuária do estado do Paraná, localizado na região sul do país, onde chegou a se apresentar no Theatro Santa Celina, além de frequentar a boemia como violonista e violoncelista. De volta à sua cidade natal, o Rio de Janeiro, continuou a trabalhar como violoncelista, onde em 1909 se apresentou acompanhado por Ernesto Nazareth (1863-1934) ao piano. Em 1912, embarcou numa viagem rumo ao norte do Brasil, passando antes por Salvador e Fortaleza. Há relatos e programas que comprovam que ele se apresentou em recitais na cidade de Belém e Manaus. Em 1913, após essas viagens, casou-se no Rio de Janeiro com Lucilia Guimarães (1886-1966). Para o jovem casal se sustentar, ela lecionava piano e ele tocava na Confeitaria Colombo e no restaurante Assyrio. Em 1915, Villa-Lobos e a sua esposa começaram a realizar recitais acompanhados do flautista Agenor Bens, sendo que nos programas já é perceptível a preocupação do compositor em divulgar suas próprias obras. Foi nesse ano que ocorreu a primeira apresentação de uma composição de sua autoria na cidade do Rio de Janeiro. Na ocasião, foi executada a suíte característica para instrumentos de cordas (suíte para quinteto duplo de cordas) pela sociedade de concertos sinfônicos do Rio de Janeiro, coincidentemente a mesma sociedade que seu pai Raul participou da formação anos antes. O concerto contou com a regência do maestro e compositor Francisco Braga (1868-1945) e o próprio Villa-Lobos integrou o naipe de violoncelos.
Em geral suas obras causavam reações divergentes de público e crítica, porém em 1919, Villa-Lobos obteve um estrondoso sucesso quando a sinfonia “A guerra” foi apresentada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em homenagem ao recém empossado presidente da república Epitácio Pessoa (1865-1942). Apesar da pompa que revestiu o referido concerto, Benjamin Costallat (1897-1961) escreveu na sua “crônica musical”: “Saiba, porém, o Dr. Epitácio Pessoa, que amanhã, o rapaz cheio de vida e de talento que ele ontem viu como compositor e como regente, estará tocando violoncelo em um dos nossos cabarets (Villa-Lobos tocava no Assírio)”, Villa-Lobos só teve alguns momentos de delírio e de recompensa… amanhã, nada mais será… será o artista que se nega e que se despreza…. o mesmo Costallat insiste no assunto, escrevendo em 1921, após um concerto da Sociedade de Concertos Sinfônicos realizado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde foi executada a marcha religiosa de Villa-Lobos: “O Sr. Villa-Lobos mostrou mais uma vez que merece alguma coisa mais, desta terra e de sua arte, do que ser violoncelista de cabaret”. Percebemos através dessas duas citações como sua carreira de violoncelista era alvo de preconceitos.

Villa-Lobos tocou profissionalmente o violoncelo até a década de 30. mas das poucas citações que existem sobre como tocava, os relatos não são muito favoráveis. Um exemplo é a carta que Mário de Andrade (1893-1945) enviou a Manuel Bandeira (1886-1968), descrevendo um recital que Villa-Lobos apresentou em 12 de dezembro de 1930: “O caso do Vila é que ele acabou se apresentando como virtuose de violoncelo, você não imagina, seu compadre, que coisa medonha, dolorosa, ridícula. uma desafinação dos diabos. uma prodigiosa falta de técnica, uma moleza de execução… só assim aliás posso explicar psicologicamente a moleza de execução do Vila hoje, êle sujeito tão vigoroso, pelo menos no violão que toca regular, e no piano que toca como cachorro mas é ás vezes estupendo. Ele mole no celo, Lucillia dura no piano, imagine-se“. Mario Lago (1911-2002) em seu livro Na rolança do tempo, explica que seu pai fora violinista da orquestra do Cinema Odeon, na época localizado no centro do Rio de Janeiro, mais precisamente na esquina da Avenida Rio Branco com sete de setembro: “Parava gente na rua para ouvir aquela orquestra, onde até Villa-Lobos já tinha tocado violoncelo, o que os colegas diziam fazer sofrivelmente, tendo sido até bom dedicar-se a compor“. Já Eurico Nogueira França (1913-1992), ao escrever sobre como Villa-Lobos tocava piano, nos dá uma outra versão dele como violoncelista: “Bastava ele pôr as mãos no piano para acender a atenção auditiva. Com que graça tocou, certa vez, de brincadeira, em aula do curso de formação de professores, alguns compassos da valsa n° 7, em sol sustenido menor, de Chopin. não teve entretanto, formação pianística regular; nem pretendia, mesmo, ser pianista. Dominava outros instrumentos: o violoncelo, o violão, a clarineta e, quanto aos dois primeiros, foi, sem dúvida, um virtuose”. João de Souza Lima (1898-1982), pianista que acompanhou Villa-Lobos na excursão artística pelo interior paulista, relatou o seguinte: “Por falar em violoncelo, quero lembrar aqui da arte violoncelística de Villa-Lobos. Suas execuções faziam evocar bem o que devia ter sido outrora, o jovem violoncelista Villa-Lobos. Ainda se desempenhava com galhardia, com perfeita afinação e com tanto virtuosismo, nem era para menos, levantava-se às 8 horas da manhã e estudava até a hora do almoço e durante todo o tempo… com o inseparável charuto na boca”. Villa-Lobos sempre abraçou diversas tarefas ao mesmo tempo, não medindo esforços para alcançar seus objetivos. Durante a semana de arte moderna de 1922, já se preocupava com detalhes extramusicais, incluindo efeitos de luzes: “(…) consegui uma execução perfeita, com projeção de luzes e cenários apropriados a fornecerem ambientes estranhos, de bosques místicos, sombras fantásticas, simbolizando a minha obra como imaginei”. Nas viagens, fazia questão de visitar o local do concerto para, caso fosse necessário, ordenar a retirada de tapetes, enfeites e cortinas, construir tablados, sempre com intenção de melhorar a acústica do local, o que demonstra sua preocupação com a qualidade artística de suas performances. verificava também a iluminação, pois ele considerava isso um fator importante para uma boa apresentação. Segundo Antonio Chechim Filho (1905-2002): “Villa-Lobos sentava-se pronto para o início do concerto, apagavam-se totalmente as luzes da plateia e do palco, o teatro ficava completamente às escuras por alguns segundos, em seguida, acendia-se um pequeno farol iluminando somente as cordas e o arco do violoncelo. Villa-Lobos era visto da plateia, apenas como uma sombra, mas o arco e as cordas ficavam bem visíveis, parecia que o violoncelo estava tocando sozinho”. Também em suas preleções, segundo Chechim Filho, gostava de falar de seu instrumento, afirmando que seu violoncelo era francês: “Dizia ser um instrumento finíssimo, trazido de paris, de um fabricante famoso na França, cujo nome não me recordo, era um instrumento tão delicado e tão sensível, que qualquer abalo poderia danificá-lo, tanto que não entregava na mão de ninguém, ele mesmo o transportava”. Na verdade, seu violoncelo era proveniente da Alemanha, de acordo com sua etiqueta, autor é Martin Diehl (Dihl) e seu ano de construção, 1779. seu Arco era um Leclerc, porém não há como identificar dentre os vários luthiers que possuem esse mesmo sobrenome, qual é o autor. A assinatura na lateral do arco é profunda mas um pouco confusa, possivelmente resultado de um carimbo aquecido em demasia, que ao entrar em contato com a madeira, carbonizou-a, imprimindo junto com o nome, um certo borrão. O instrumento, bem como o excelente Arco, foram recentemente restaurados pelo luthier Túlio Lima e pelos Archetiers Elias Guasti e José Geraldo Bottoni (Guasti & Bottoni) respectivamente e pertencem ao acervo do Museu Villa-Lobos. Villa-Lobos, com sua arte, conseguiu captar a atenção dos mais importantes artistas do mundo, e como violoncelista que era, não passou despercebido nesse meio. temos por exemplo, a carta enviada pelo eminente maestro e violoncelista inglês John Barbiroli (1899-1970): “Como colega violoncelista, despertou-me especial entusiasmo sua bela obra para este querido instrumento e o Brasil pode orgulhar-se de haver possuído um filho musical que legou ao mundo música de tanta originalidade e de tanta beleza”. Ou então as palavras do lendário violoncelista Pablo Casals (1876-1973), escritas em carta que, devido ao conteúdo, supomos datar de novembro de 1959, pois nela o músico espanhol presta homenagem ao compositor recém falecido: “Villa-Lobos ficará como uma das grandes figuras da música do seu tempo e uma das maiores glórias do país que o viu nascer”. E como já dizia o musicólogo Adhemar Nóbrega (1917-1979), “Villa-Lobos merece dos violoncelistas uma estátua pelọ enobrecimento da literatura do instrumento”.
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*Texto retirado do livro “Heitor Villa-Lobos, o violoncelo e seu idiomatismo” de Hugo Vargas Pilger.
BIOS DOS ARTISTAS INTERPRETES

Lúcia Barrenechea – Natural de Goiânia, Goiás, atualmente é professora de piano e música de câmara no Instituto Villa-Lobos da UNIRIO-Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, onde também atua no Programa de Pós-Graduação em Música – Mestrado e Doutorado, e no PROEMUS – Mestrado Profissional em Ensino das Práticas Musicais. Realizou seu bacharelado em piano na Universidade Federal de Goiás e mestrado na Universidade de Boston, EUA. Concluiu seu curso de doutorado em piano e pedagogia do piano na Universidade de Iowa, EUA. Atuando intensamente como solista, Lúcia Barrenechea se apresenta regularmente em recitais por várias cidades brasileiras. Também atuou como solista em concertos com as Orquestras Sinfônica Estadual de São Paulo, Filarmônica de Goiás, Sinfônica de Goiânia, Sinfônica Jovem de Goiás, Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro e Sinfônica de Barra Mansa, sob a regência de Eleazar de Carvalho, Emanuel Martinez, Parcival Módolo, Eliseu Ferreira, Fabio Mechetti, Norton Morozowicz e Vladmir Prado. Reconhecida como notável pianista camerista, tem se apresentado com grandes nomes de destaque no cenário nacional e internacional. Com seu marido, o flautista Sérgio Barrenechea, forma, desde 1989, o Duo Barrenechea, desenvolvendo um intenso trabalho camerístico, com a formação flauta e piano. O Duo Barrenechea lançou em 2008 seu primeiro CD, Momentos em Paris, com repertório de músicas de compositores franceses. Em 2010, o duo foi contemplado com o PRÊMIO CIRCUITO FUNARTE DE MÚSICA CLÁSSICA, que resultou em uma turnê por dez cidades brasileiras, apresentando o Projeto Brasileiríssimo!, com repertório brasileiro para flauta e piano. Em 2012, o Projeto Brasileiríssimo! foi retomado, numa turnê de 6 concertos em 5 cidades norte-americanas. Lúcia gravou, em 2008, um CD de obras para trio com piano, com a violinista Mariana Salles e o violoncelista Marcelo Salles, pelo selo Brasil Meta Cultural. Seu primeiro CD solo, Saracoteio – Piano Brasileiro, foi lançado em dezembro de 2009, pelo selo Ethos Brasil, e contém obras de compositores brasileiros. Ainda em 2009, participou, como integrante do Ensemble Unirio, do concerto em comemoração aos 20 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Vietnã, na Ópera de Hanói, e de master classes no Conservatório de Hanói-Vietnã. Em 2012, participou da turnê europeia de lançamento do CD triplo A Música para Flauta de Francisco Mignone, com Sérgio Barrenechea e Hugo Pilger, um projeto realizado por Sérgio Barrenechea, contemplado em edital da FAPERJ. Lúcia tem sido frequentemente convidada a atuar como professora e pianista camerista dos mais diversos festivais de música do país, dentre eles o Curso Internacional de Verão de Brasília (Civebra), Festival Villa-Lobos (Museu Villa-Lobos), Festival Internacional de Metais Carlos Gomes (Campinas-SP), Festival Internacional de Flautistas da ABRAF e Encontro Internacional de Pianistas do Conservatório de Tatuí. Em 2013, lançou, em parceria com o violoncelista Hugo Pilger, o CD/DVD Presença de Villa-Lobos na Música Brasileira para Violoncelo e Piano, que foi finalista do 26º Prêmio da Música Brasileira. Seu último projeto, lançado em 2015 numa turnê por 14 cidades brasileiras, é o DVD e CD Brasíleiríssimo: Encontros, projeto comemorativo dos 25 anos de carreira do Duo Barrenechea, apresentando um repertório selecionado de obras brasileiras para flauta e piano.
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Hugo Pilger – Doutor em Música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Hugo Pilger (Porto Alegre-RS, 1969) iniciou seus estudos de violoncelo na Fundarte (Fundação de Artes de Montenegro-RS) com Milton Bock. Em 1987, passou a estudar no Rio de Janeiro com Marcio Malard, e em 1994, na classe do professor Alceu Reis, formou-se no curso de Bacharelado em Instrumento Violoncelo da UNIRIO, instituição na qual concluiu seu Mestrado em Música em 2012. Como solista, se apresentou à frente de várias orquestras, dentre elas: Orquestra Sinfônica Brasileira, Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, Orquestra de Câmara da Cidade de Curitiba, Orquestra Sinfônica da Bahia, Orquestra Petrobras Sinfônica, Orquestra Ouro Preto, Orquestra Sinfônica Nacional, Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Realizou turnês em diversos países da Europa, América do Sul e do Norte. Em 2006, Hugo fez a estreia no Brasil da importante obra para violoncelo e orquestra Tout un Monde Lointain do compositor francês Henri Dutilleux, e, em 2009, a estreia sul-americana do concerto para violoncelo e orquestra Pro et Contra, do compositor estoniano Arvo Pärt. Das obras que lhe foram especialmente dedicadas, destacam-se: Sonata foto: naty torres nº 2 para Violoncelo Solo de David Ashbridge, Orégano de Ricardo Tacuchian, Meloritmias nº 10 de Ernani Aguiar, Serenata pro Pilger de Maurício Carrilho, Reflexões sobre a Ostra e o Vento de Wagner Tiso e Sortilégios de Marcos Lucas. É primeiro violoncelo da Orquestra Petrobras Sinfônica, membro do Quarteto Radamés Gnattali e professor da classe de violoncelo da UNIRIO. Destacam-se, dentro de sua discografia, o CD Hugo Pilger interpreta Ernani Aguiar (“Melhor Intérprete Erudito” e “Melhor Álbum Erudito” no Prêmio Açorianos de Música 2015/2016 de Porto Alegre-RS) e o CD duplo, DVD e Blu-Ray gravado com a pianista Lúcia Barrenechea, intitulado Presença de Villa-Lobos na Música Brasileira para Violoncelo e Piano, que contém o primeiro registro do violoncelo que pertenceu ao compositor Heitor Villa-Lobos, um Martin Diehl de 1779. Este projeto ficou entre os três finalistas do Prêmio da Música Brasileira de 2015. É autor do livro Heitor Villa-Lobos, o violoncelo e seu idiomatismo.
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“Ouvi cuidadosamente sua interpretação e a descobri cheia de qualidades…”
– Henri Dutilleux
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LEIA MAIS: HUGO PILGER NA REVISTA
:: Álbum ‘Hugo Pilger interpreta Ernani Aguiar’ | Obras para violoncelo
:: Álbum ‘Presença de Villa-Lobos na música brasileira para violoncelo e piano – Vol. 2
:: Álbum ‘Ernst Mahle – A integral para violoncelo e piano’ | Hugo Pilger e Guilherme Sauerbronn
:: Álbum ‘Claudio Santoro: a obra integral para violoncelo e piano | Hugo Pilger e Ney Fialkow
———— Site Hugo Pilger
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Publicado por ©Elfi Kürten Fenske