Chico Chico canta a vida em “Estopim”. Álbum do artista carioca, filho de Cássia Eller, é um passeio por influências rurais e urbanas que permeiam seu trabalho
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Chico Chico é música em estado bruto. Compõe a partir do que está vivendo, escolhe o repertório que lhe toca o coração e canta à sua maneira, sempre primando pela espontaneidade e pela liberdade de poder trazer suas diversas influências e ideias para as canções, seja no palco ou dentro do estúdio. Desde 2023 ele vem trabalhando com Pedro Fonseca, produtor e tecladista que tem “lapidado” o trabalho de Chico, dando contornos que sempre enaltecem a personalidade do cantor e compositor carioca.
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Fizeram juntos o EP “Espelho”, em 2023, e entraram no estúdio Tambor no início deste ano com alguns conceitos do álbum bem definidos. “O disco partiu de muitas conversas entre eu e o Fonsa (Pedro Fonseca), que entendeu bem essa dualidade das composições, tanto das imagens rurais quanto das urbanas que permeiam meu trabalho e se fazem presente neste álbum” – comentou Chico Chico.
As 11 faixas do álbum passeiam pelas diversas influências de Chico. O disco abre com um interlúdio e depois vem “Toada”, o primeiro single. A própria música anuncia: “Tenho a luz da manhã como encanto/ Como corre a cor da semana/ Apitou, apitou o apito/Começou, começou a toada” são os primeiros versos da canção, de autoria de Chico Chico e João Mantuano. A faixa tem uma levada roqueira e referências de ritmos nordestinos, especialmente do bumba meu boi, do Maranhão. Nascido e crescido no Rio de Janeiro, Chico Chico, filho de Cássia Eller (1962-2001), o disco traz muito do clima urbano da cidade em suas composições, assim como sua ligação com o interior, o nordeste e suas tradições musicais. “Sempre tive muito interesse nesse ritmo, o boi. Já tocava essa canção nos shows e adorei o resultado. Além de contarmos com uma banda muito integrada, gravamos o som da porta do estúdio, da cadeira e outros sons alternativos que funcionaram como instrumentos” – contou Chico. Em seguida “Terra a Vista” é quase um dance, um house, ao mesmo tempo em que flerta com o carimbó. E assim, o disco vai caminhando pelos vários mundos de Chico, do bucólico, do regionalismo, do folk e ao mesmo tempo do urbano, do dançante, do noturno. Momentos de maior delicadeza na forma de cantar e nos arranjos e momentos mais explosivos de visceralidade. A jornada continua com “Vai”, uma mpb com clima tribal, depois o delicioso samba de roda “Altiva”, com participação da cantora Juliana Linhares e “Urmininu”, na qual faz um dueto vocal com Julia Vargas. Em seguida vem “Acorda Zé”, com letras e arranjos psicodélicos, “Jogo de Chapéu”, que parece mesmo uma brincadeira de roda e já faz parte do repertório do show, e a densa “Abismo”, com um coro especial de várias vozes do próprio Chico sobrepostas.
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Chico é um compositor voraz e a partir das muitas composições prontas, eles priorizaram as canções mais solares, que funcionam para dançar e também desfrutar do olhar de uma paisagem. “Eu entrei no universo dele, a partir disso fui pensando os arranjos” – explicou Fonseca. São sete músicas de autoria do Chico, que assina parcerias com João Mantuano, Sal Pessoa, Tui Lana e João Duarte. As outras três foram compostas por João Mantuano (Jogo de Chapéu) e Tui Lana (“Parado no Vento”, “Parte de Mim” e “Abismo”, esta em parceria com Mateus Lana).
O clima das gravações foi muito divertido, com todos muito à vontade no estúdio e participando ali do processo criativo. “É um álbum de muitas mãos” – define Chico.
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A gravação contou com um time excelente de músicos: Chico Chico (voz e violão), Guto Wirtti (contrabaixo), Thiaguinho Silva (bateria), Pedro Fonseca (teclados e arranjos), Walter Villaça (guitarra e violão de aço), Thiago da Serrinha (percussão) e Jorge Continentino (sax barítono, flauta e pife). Além dos luxuosos arranjos de sopro feitos pelo mestre Marlon Sette para as músicas “Vai”, “Jogo de Chapéu” e “Terra à Vista”, nas quais ele também toca trombone.
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“Estopim” foi produzido por Pedro Fonseca junto a Rafael Ramos, gravado e mixado por Matheus Gomes, masterizado por Fábio Roberto no estúdio Tambor (RJ) , e é um lançamento Deck.
“Minhas composições são sobre a vida, as coisas que vivo, os meus amigos. Essa vida meio boêmia e, por vezes, a gente gosta muito de uma cervejinha. E sempre parte daí, a partir, primordialmente, dos encontros. Não tenho muita regra para compor. De vez em quando, rola só a melodia; às vezes, só a letra; às vezes, desce tudo de uma vez. Na verdade, tenho muitos processos para compor”, diz.
Filho de uma das maiores cantoras brasileiras, Chico conta que nunca conseguiu ficar longe da música. “Na verdade, sou vascaíno e o meu sonho mesmo era ser jogador de futebol. Entrei para a faculdade, cogitei ser professor durante algum tempo, mas a música falou mais forte e começou a dar certo. E aí pensei: ‘Vou fazer o que quero fazer, que é compor, tocar e cantar’. E assim estou até hoje.”
Chico Chico conta que o maior legado que Cássia lhe deixou foi o amor e a paixão pela música. “E a paixão por tocar e cantar. Minha vida é toda em torno do som, da música, então, devo isso a ela e a muita gente.”
DISCO ‘ESTOPIM’ • Chico Chico • Selo Deck • 2024
Canção / compositores
1. Parte de mim (Tui Lana)
2. Toada (Chico Chico e João Mantuano)
3. Terra à vista ((Chico Chico, João Duarte e Sal Pessoa)
4. Vai (Chico Chico e Sal Pessoa)
5. O tempo nunca mais firmou Pt. 2 (Chico Chico e Tui Lana) | Participação especial Tui Lana (voz)
6. Altiva (Chico Chico e Sal Pessoa) | Participação especial Juliana Linhares (voz)
7. Urmininu (Chico Chico e João Mantuano) | Participação especial Julia Vargas (voz)
8. Acorda Zé (Chico Chico)
9. Jogo de chapéu (João Mantuano)
10. Abismo (Mateus Lana e Tui Lana)
11. Parado no vento (Tui Lana)
– ficha técnica –
Chico Chico (voz e violão) | Guto Wirtti (contrabaixo) | Thiaguinho Silva (bateria) | Pedro Fonseca (teclados e arranjos) | Walter Villaça (guitarra e violão de aço) | Thiago da Serrinha (percussão) | Jorge Continentino (sax barítono, flauta e pife) | Marlon Sette (trombone – fx. 3, 4 e 9) | Arranjos: Pedro Fonseca | Arranjos de sopro: Marlon Sette em ‘Terra à Vista’, ‘Vai’ e ‘Jogo de Chapéu’ | Produção: Pedro Fonseca e Rafael Ramos | Engenheiro de gravação e mixagem: Matheus Gomes | Masterização: Fábio Roberto no estúdio Tambor (RJ) | Capa/arte: Pedro Hansen | Fotos: Maria Magalhães | Assessoria de imprensa: Piky – Mariana Candeias | Selo: Deck | Formato: single digital | Ano: 2024 | Lançamento: 30 de agosto | ♪Ouça o single: clique aqui | ♩Assista o clipe: clique aqui.
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Série: Discografia da Música Brasileira / MPB / Canção / Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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