Um novo estudo aponta que pessoas com depressão desenvolvem problemas relacionados à memória mais cedo que o normal
– por Felipe Germano – revista Super Interessante
Depressão é uma doença complicada. Além de aumentar as chances de suicídio, a condição (que pode ser categorizada em até cinco tipos) ainda potencializa as chances de você ter problemas cardíacos e diabetes. Pesa até no nosso bolso: um estudo da Organização Mundial da Saúde já estimou que os trabalhadores mundo afora gerariam US$ 1 trilhão a mais caso estivessem se tratando contra a doença. Nosso combo samba, futebol e caipirinha está longe de ser o antídoto para o transtorno, já que o Brasil é o pais mais depressivo da América Latina.
Agora, um novo estudo publicado na Psychological Medicine está somando mais um ponto negativo na ficha criminal da doença: além de tudo que já sabemos, a depressão ainda envelhece o seu cérebro.
A conclusão surgiu após um estudo de psicólogos da Universidade de Sussex, no Reino Unido. Os pesquisadores analisaram 34 pesquisas já publicadas sobre o distúrbio. Todas elas comparavam pacientes com depressão ou ansiedade clínica com a queda cognitiva ao longo dos anos. Somados, os estudos analisavam 71 mil pessoas e apontavam para um resultado: pessoas com depressão tendem a ter mais cedo problemas relacionados a perda de memória, tomada de decisões e processamento de informação.
“Nossas descobertas deviam dar ao governo uma razão a mais para levar a sério questões sobre saúde mental”, afirma Darya Gaysina, psicóloga da Universidade de Sussex e uma das responsáveis pelo projeto. “Precisamos proteger o bem estar mental de nossa população mais velha, e garantir um apoio significativo àqueles que tiveram ansiedade ou depressão, para resguardar a atividade cerebral deles.”
Mais importante que os resultados do estudo, no entanto, são as ressalvas: isso não significa que você, que tem ou teve depressão, terá seu cérebro prejudicado. Significa que tem que procurar tratamento o mais rápido possível. “Pacientes com depressão não devem se desesperar — isso não é um futuro inevitável. Tomar medidas preventivas, como fazer exercícios, meditar, passar pelos tratamentos terapêuticos recomendados, têm se mostrado útil em combater esses diagnósticos”, afirma Amber John, também psicóloga da universidade.
Em todos os casos, vale lembrar: caso a doença esteja se tornando difícil demais, procure ajuda profissional. O Centro de Valorização da Vida (CVV), por exemplo, pode ajudar a qualquer momento: é só ligar para o número 188.
*Publicado originalmente na revista Super Interessante.
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