“Acreditamos que os pais são eternos, imutáveis, que estarão próximos quando surgir a necessidade. Mas eles adoecem e morrem. É uma fatalidade inevitável, não há como parar a idade, recuar o fim. Se é certo que os pais um dia vão adoecer e partir, por que não organizamos a nossa vida para acolhê-los? Por que não assumimos sua gestação? Por que não reduzimos o ritmo da carreira para darmos sentido para os seus últimos dias?”, escreve o autor
Dez mandamentos do filho com a velhice dos pais, por Fabrício Carpinejar
1) Não permita nunca que os seus velhos pais sejam mendigos de seu afeto. Que não demore dias para retornar a ligação.
2) Que não marque e desmarque encontros, que não dê desculpas do excesso de trabalho. Não torture com a esperança. Não prometa para mudar de ideia em cima da hora. Cumpra aquilo que foi agendado.
3) Que não compre brigas tolas com os irmãos – porque sobrará sempre para os pais aguentar as lamúrias dos dois lados, resolver as diferenças e encontrar a paz.
4) Não minta sob o pretexto de poupá-los do sofrimento. Divida a dúvida.
5) Que confie na destreza dos pais em realizar as suas tarefas, não confunda lentidão com incapacidade.
6) Que mostre algo que aprendeu com eles, exercitando a saudade na presença.
7) Que não fique irritado ao ouvir as mesmas histórias, que ofereça paciência para descobrir novos detalhes das lembranças.
8) Que aceite conselhos, por mais divergentes que sejam da sua opinião. Não corte a conversa porque já imagina onde vai parar.
9) Que peça a benção. Que diga eu te amo.
10) Que, de longe, acene para a janela.
– Do livro ‘Cuide dos pais antes que seja tarde’. Carpinejar. Bertrand Brasil, 2018
“Ao ir embora, sempre olhe para trás e acene para eles. Ficarão felizes na porta ou janela da despedida. Vão perceber que você retribui a atenção”
Fabrício Carpinejar
O LIVRO
Cuide dos pais antes que seja tarde
“Este livro é uma tentativa desesperada de ser mais pai de meu pai, mais pai de minha mãe, e devolver um pouco do que recebi deles na infância. Pelo menos, serve como um pedido de desculpa.”
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Fabricio Carpinejar decidiu fazer uma homenagem ao seu pai e à sua mãe em forma de livro: “Cuide dos pais antes que seja tarde” traz textos comoventes e inspirados sobre o tempo, a perda, o amor, o carinho e o cuidado que os filhos devem ter.
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“Acreditamos que os pais são eternos, imutáveis, que estarão próximos quando surgir a necessidade. Mas eles adoecem e morrem. É uma fatalidade inevitável, não há como parar a idade, recuar o fim. Se é certo que os pais um dia vão adoecer e partir, por que não organizamos a nossa vida para acolhê-los? Por que não assumimos sua gestação? Por que não reduzimos o ritmo da carreira para darmos sentido para os seus últimos dias?”, escreve o autor, na apresentação da obra.
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Ao falar dos pais, ele dedica também alguns textos aos avós, dizendo que o respeito e a amizade pelos mais velhos é o primeiro passo para nos tornarmos bons filhos. Como sempre, o poeta traz para o livro suas experiências pessoais e pílulas de pensamentos inspiradas em algumas metáforas, como quando compara a história dos mais velhos aos objetos retrô que tanto valorizamos. “Não há livro antigo que reproduza a sabedoria de minha mãe. Em vez de comprar uma edição rara em um sebo, basta convidá-la a almoçar que já desfruto de uma biblioteca inteira de primeiras edições”, filosofa.
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Na orelha, o ator Paulo Betti, que perdeu o pai e a mãe num período de três anos, lamenta não ter lido o livro de Carpinejar antes: “É um grito de alerta. Deveria ser leitura obrigatória”, aconselha o ator.
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FICHA TÉCNICA
Título: Cuide dos pais antes que seja tarde
Autor: Carpinejar
Editora: Bertrand Brasil
Ano 1ª edição: 2018
Páginas: 112
ISBN: 978-85-286-2294-2
Valor: R$ 44,90
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SOBRE O AUTOR
Fabrício Carpinejar é poeta, jornalista e mestre em Literatura Brasileira pela UFRGS, além de coordenador e professor do curso de Formação de Escritores e Agentes Literários da Unisinos. Filho do casal de poetas Maria Carpi e Carlos Nejar, nasceu na cidade gaúcha de Caxias do Sul em 1972. Recebeu diversos prêmios, entre eles o Maestrale/San Marco (2001), Açorianos (2001 e 2002), Cecília Meireles (2002), Olavo Bilac (2003) e Prêmio Erico Verissimo (2006). Carpinejar foi traduzido ao alemão e assinou contratos na Itália e na França. Participou de antologias no México, Colômbia, Índia e Espanha, e vem sendo aclamado por escritores do porte de Carlos Heitor Cony, Millôr Fernandes, Ignácio de Loyola Brandão e Antonio Skármeta como um dos principais nomes da poesia brasileira contemporânea.
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