Com texto de Kiko Marques e direção de Eric Lenate, A Mulher e um Corpo narra a história de uma professora de violino, interpretada no solo por Bete Correia, que após começar a ensinar um traficante a tocar sofre assédio sexual. Diante da recusa da mulher, o traficante mata o irmão dela e avisa que o corpo não pode ser retirado do local. Caso isso ocorra um outro membro da família será colocado no lugar. O mote para a peça foi o relato de um desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo no programa Roda Viva, da TV Cultura.
O espetáculo fará curta temporada no Teatro Zona Franca, na Bela Vista, de 2 a 25 de novembro. É a terceira curta temporada da peça.
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Em tom de suspense, o público vai descobrindo as nuances da história dessa mulher, que luta contra as tentativas de retirarem o cadáver que está a sua frente. Ao mesmo narra passagens de sua vida, num fluxo que se alterna entre delírios e lembranças desconexas de sua história de mulher nascida e criada num lugar onde o Estado não chega. “É uma tragédia que destrincha a violência e o mecanismo contra o corpo da mulher e também a história de uma representante que sobrevive a uma tragédia que não é só dela“, pontua o diretor Eric Lenate.
Impotências do feminino
A Mulher e um Corpo nasceu da vontade da atriz Bete Correia em levar ao palco um espetáculo solo onde pudesse dar voz a uma mulher frente as impotências do feminino diante do poder. “Queria falar sobre machismo, violência e assédio, mas sem ser panfletária. A ideia é usar o palco como espaço de fala, de protesto”, conta ela.
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A atriz então procurou Kiko Marques e pediu para ele um texto em que conseguisse dar vazão as suas ideias em um espetáculo solo. Após um tempo Kiko retornou contando sobre o fato visto na TV. O que há de real na história e o que dela foi construído, assemelha-se à Antígona, tragédia de Sófocles, onde a protagonista é impedida de enterrar seu irmão, considerado um traidor do Estado.
Ato político
Em A Mulher e um Corpo, assim como na tragédia grega, o Estado é representado por um homem que dita as regras do alto de sua vontade. (Antígona é uma história de desobediência civil e de uma batalha devastadora contínua. Antígona quer que seu irmão Polinice seja sepultado dignamente contrariando o seu tio Creonte, que assume o poder de Tebas. Etéocles e Polinice brigaram até a morte, embora Polinice tenha formado um exército para combater o irmão Etéocles, ambos morrem em combate e Creonte escolhe por honrar a memória de Etéocles e deixar Policine ser devorado pelas aves e hienas.)
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Para Kiko Marques, autor do texto do espetáculo “o ato político dessa mulher é estar ao lado daquele corpo, contando aquela história, encenando aquele ato fúnebre, maldito, que é entregar o corpo do ser amado aos abutres.”
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Em “A mulher e um corpo”, o cenário é um país real, um Brasil assustadoramente desigual, onde a grande maioria das pessoas é confinada a um destino de trabalho, reprodução e consumo. “Estamos falando da mulher e seu direito a ser dona de si e de seu corpo. Uma mulher que, no ato de definir seus caminhos, ato puro e necessário de autonomia e individuação é julgada e punida como uma criminosa que ultrapassa o campo da individualidade e ameaça o poder do Estado”, ressalta Kiko Marques.
Sobre Bete Correia
Formada pelo Célia Helena Centro de Artes e Educação e por nomes como Antônio Araújo, Roberto Lage, Brian Penido (Grupo Tapa de Teatro) e Walter Lima Júnior. No teatro atuou em diversas peças, como Tudo no seu Tempo, de Alan Ayckbourn e direção de Eduardo Muniz; Rodriguianas, Tragédias para Rir baseado em A Vida como ela é, de Nelson Rodrigues e direção de Luiz Arthur Nunes; Dois Irmãos, baseado no romance de Milton Hatoum e Dom Juan, de Molière com direção de Roberto Lage. No cinema atuou no longa A Fronteira, direção de Roberto Carminati (Estados Unidos) e no média-metragem Laurita com direção de Roney Freitas e no curta-metragem Sintonia, direção de Jaime Queiroz.
FICHA TÉNICA
Idealização e atuação: Bete Correia | Autor: Kiko Marques | Direção: Eric Lenate | Assistente de direção: Vitor Julian | Fotos: Leekyung Kim | Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro.
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SERVIÇO
ESPETÁCULO ‘A MULHER E UM CORPO’
Temporada: De 2 a 25 de novembro 2024
Dias / horários: Sábado, às 20h | Domingo, às 19h
Teatro Zona Franca
Endereço: Rua Almirante Marques de Leão, 378 – Bela Vista – São Paulo – SP
Telefone: (11) 98691162
Idade indicativa: 16 anos
Lugares: 40
Duração: 60 min.
Ingressos / preços: R4 50,00 e R$ 25,00
Compra online: clique aqui
Estacionamento: Não
Cafeteria: Sim
Ar condicionado: Sim
Acessibilidade: Sim
E-mail: aszonafranca@gmail.com
Instagram: @azonafranca
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A Associação Zona Franca é um Espaço de Desenvolvimento Cultural (Teatro, Música, Dança, Performance, Convivência e Sustentabilidade ). Ela é Plural, de resistência, trocas e livre pensamento artístico. É uma Associação sem fins lucrativos, mantida pelas ações de seus integrantes e de sua programação.
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