AGENDA CULTURAL

Espetáculo ‘Ana Marginal – Um navio ancorado no espaço’ faz curta temporada no Complexo Cultural Funarte São Paulo

“Ana Marginal – Um navio ancorado no espaço” faz circulação gratuita por teatros públicos de SP. Com texto de Michelle Ferreira, direção de Nelson Baskerville e idealização de Nataly Cavalcanti, espetáculo performativo explora diferentes facetas da poeta Ana Cristina Cesar. As primeiras apresentações acontecem no Complexo Cultural Funarte São Paulo.
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“No palco, a sexualidade da poeta é trabalhada através do envolvimento físico constante entre as personagens. Em determinado momento, Cristina e Cesar iniciam um romance, levando a bate-bocas que deixam o público em dúvida se a discussão é sobre a relação amorosa ou a condução da peça.(…)” Alessandra Monterastelli, Ilustrada, Folha de S. Paulo
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Após uma temporada de sucesso de crítica e de público, o espetáculo “Ana Marginal – Um navio ancorado no espaço”, com texto de Michelle Ferreira e direção de Nelson Baskerville, volta em cartaz para 24 apresentações gratuitas em vários espaços públicos de São Paulo. As primeiras sessões acontecem entre os dias 28 de março e 6 de abril 2025, às sextas e sábados, às 20h, e, aos domingos, às 19h no Complexo Cultural Funarte São Paulo.

Cena do espetáculo “Ana Marginal – Um navio ancorado no espaço” – foto de Jennifer Glass

Três teatros municipais ainda a definir também recebem o trabalho. Cada um deles exibe seis vezes a peça. Quando estreou, em 2023, a montagem foi eleita pelo jornal Folha de São Paulo como uma das melhores do ano.
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Com a proposta de democratizar o acesso à informações sobre a vida e a obra da Ana Cristina Cesar (1952-1983), o projeto idealizado por Nataly Cavalcanti ainda envolve outras ações importantes. Os artistas envolvidos no processo organizaram um podcast com discussões relacionadas a essa poeta marginal, um sarau, a publicação de um zine formado por cartas trocadas entre as poetas Anna Zêpa e Josiane Cavalcanti e uma oficina de produção de zines.

“Criamos atividades que estão muito relacionadas à personalidade da Ana Cristina. Ela costumava escrever cartas e tenho certeza que teria um podcast se essa linguagem existisse na sua época”, conta Nataly.
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Chamado de “Ana Marginal – Como desancorar um navio no espaço”, este projeto foi contemplado na 19ª Edição do Prêmio Zé Renato – ID 13 080.

Cena do espetáculo “Ana Marginal – Um navio ancorado no espaço” – foto de Jennifer Glass

Sobre a encenação
Considerada um dos grandes nomes da literatura marginal da década de 1970, a poeta carioca defendia que vida e literatura eram inseparáveis. Por esse motivo, “Ana Marginal – Um navio ancorado no espaço” se inspira nesses dois elementos.
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A dramaturgia de Michelle Ferreira traz para a cena três personas para representar a escritora: Ana – a poeta, Cristina – a performática, e Cesar – a acadêmica, representadas pelas atrizes Nataly Cavalcanti, Carol Gierwiatowski e Bruna Brignol, respectivamente.

Realizado em parceria entre as atrizes, a dramaturga, o diretor Nelson Baskerville e a diretora assistente Anna Zêpa, o trabalho mergulhou na obra da escritora para desvendar o corpo-poema de Ana Cristina Cesar, misturando arte e vida pessoal.
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A característica forte de seus textos, a um só tempo viscerais e coloquiais – marca comum também entre outros poetas marginais dos anos 1970 -, cria uma aproximação confidencial com seus leitores. Inclusive, no livro “Antigos e Soltos — Poemas e Prosas da Pasta Rosa”, uma compilação de textos inéditos feita por Armando Freitas Filho, ela faz uma sugestão radical: “despoetizar a escrita feminina. Suprimir o mito do sexto sentido, da doce e inefável poesia feminina. A falsa grávida com gazes. — Estrutura histérica!, grita a fada madrinha. Assinado embaixo: Nós do outro sexo, do sexto sexo.”

Cena do espetáculo “Ana Marginal – Um navio ancorado no espaço” – foto de Jennifer Glass

“Como Ana Cristina Cesar pregava a quebra dos padrões eruditos e escrevia de uma maneira mais espontânea e contestadora, entendemos que o teatro performativo era a melhor maneira de homenagear essa mulher tão potente. Sempre achei que o Baskerville seria o diretor que conseguiria transpor para a cena o universo que eu imaginava pro espetáculo. E eu não me enganei”, comenta Nataly.
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Para dar conta da atmosfera caótica presente na obra da poeta, a equipe optou por usar muitas projeções, tanto de frases de Ana Cristina quanto de cenas complementares à ação. As atrizes também interagem a todo momento com um andaime e haverá até uma escultura de luz feita pelo próprio diretor.

Nesta nova temporada, os artistas precisaram adaptar o cenário. O Espaço Elevador, que recebeu a estreia, tinha um mezanino, então a montagem acontecia em dois andares, e os teatros públicos têm um palco italiano. Mesmo assim, o trabalho mantém uma verticalidade importante, principalmente pela presença do andaime e de uma escada.
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Para o encenador, entender a essência da autora é um desafio. “A cada dia chegam novos materiais que são incorporados ao espetáculo. Ela não está em apenas um poema ou um livro. Para desvendá-la, é preciso se debruçar sobre suas fotografias, cartas, cartões postais, entrevistas. Talvez hoje sua angústia fosse muito mais dispersa, porque os tempos mudaram muito, mas gostaríamos de devolver para ela essa sexualidade que lhe foi negada”, defende Baskerville.

Cena do espetáculo “Ana Marginal – Um navio ancorado no espaço” – foto de Jennifer Glass

A complexidade desse processo de pesquisa também está presente na peça. Além de performático, “Ana Marginal – Um navio ancorado no espaço” configura-se como um metateatro, já que as atrizes discutem, em cena, temas como: por que sempre que se fala em artistas mulheres, o primeiro assunto é a sua vida pessoal, a histeria feminina, ao invés da importância das suas obras?
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“Nós estávamos ansiosos para mostrar nosso espetáculo a mais e mais pessoas. Enfrentamos tantos desafios para a construção do trabalho e tivemos uma ótima recepção do público. Queremos circular ainda mais e espalhar a palavra da Ana Cristina Cesar por diversos lugares”, afirma Nataly.
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“(…) também é mencionado ao longo de toda a peça, mas quase como um elefante branco na sala. No ato final, as atrizes finalmente discutem a sua encenação e, aos berros, Cesar diz que a grande poeta não deve ser lembrada pela sua morte, e, sim, pela sua escrita, que deixou a literatura cedo demais.” Alessandra Monterastelli, Ilustrada, Folha de S. Paulo.

Cena do espetáculo “Ana Marginal – Um navio ancorado no espaço” – foto de Jennifer Glass

Atividades paralelas
O podcast “Todo mundo acha que é Fernando Pessoa” recebeu este nome por ser uma famosa frase de Ana Cristina Cesar. Ele será composto por quatro episódios, cada um sobre um tema e com um convidado diferente. As conversas serão disponibilizadas gratuitamente em várias plataformas digitais.
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Também está programado o sarau “SERATA: entre a cruz e a escada”. A atividade acontece no dia 26 de maio, às 19h, no Mercadinho Simples, Rua Rocha nº 416. Durante o encontro, seis poetas recitam seus poemas com a mediação de uma MC. Além disso, um DJ comandará a trilha sonora, resgatando o ar dos saraus da “geração marginal”, com seus pianos de bordel e vozes barganhando informações difíceis.

A partir de uma troca de cartas com poemas de Anna Zêpa e Josiane Cavalcanti, será criado um zine artesanal. O projeto prevê a impressão de pelo menos 70 exemplares, que serão distribuídos gratuitamente
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Esse material gráfico terá um evento de lançamento dividido em duas partes. Primeiro, Anna e Josiane realizam uma conversa sobre seus processos criativos. Depois, a dupla ministra uma oficina de produção de zine para o público presente.

Cena do espetáculo “Ana Marginal – Um navio ancorado no espaço” – foto de Jennifer Glass

SINOPSE
O espetáculo é um metateatro que transita pela obra e vida da poeta Ana Cristina Cesar, ícone da poesia marginal da década de 70 a partir do conflito de três atrizes envoltas pela complexidade e identificação das angústias de suas personagens, que representam diferentes facetas da poeta: a Ana, a Cristina e a César.

Cena do espetáculo “Ana Marginal – Um navio ancorado no espaço” – foto de Jennifer Glass

FICHA TÉCNICA
Idealização e produção artística: Nataly Cavalcanti. Dramaturga: Michelle Ferreira. Direção: Nelson Baskerville. Diretora assistente: Anna Zêpa. Atrizes: Bruna Brignol, Carol Gierwiatowski e Nataly Cavalcanti. Concepção cenográfica: Bruna Brignol e Nelson Baskerville. Figurino: Marichilene Artisevskis. Iluminação: Lui Seixas. Trilha sonora: Nelson Baskerville. Criação e montagem dos vídeos: João Paulo Melo. Consultoria em Vídeo: André Grynwask. Vídeo Heloísa Teixeira: Anna Zêpa. Direção de movimento: Débora Veneziani. Preparação vocal: Alessandra Lyra (Cor & Voz). Cenotecnia: Casa Malagueta. Operação de som: Gabriel Müller. Operação de Luz: Paula Selva. Operação de vídeo: Tarcila Rigo. Operação de letreiro: Iza Marie Miceli. Contrarregra: Victoria Aben-Athar. Arte gráfica: Bruna Brignol Fotos de divulgação: Bruna Castanheira e Jennifer Glass. Registro em fotos e vídeos: João Paulo Melo e Marcos Floriano. Assessoria de imprensa: Canal Aberto / Márcia Marques, Flávia Fontes e Daniele Valério. Assistente de produção: Gabriel Müller. Diretora de produção: Iza Marie Miceli

Cena do espetáculo “Ana Marginal – Um navio ancorado no espaço” – foto de Jennifer Glass

SERVIÇO
Ana Marginal – Um navio ancorado no espaço
Temporada: De 28 de março a 6 de abril 2025
Dias/horários: sextas e sábados, às 20h | domingos, às 19h
Onde: Complexo Cultural FUNARTE SP
Endereço: Alameda Nothmann, 1058 – Campos Elíseos, São Paulo/SP
Telefone: (11) 3662 5177
Duração: 75 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Ingresso: Gratuito
Mais informações:

Revista Prosa Verso e Arte

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