Pensando a acessibilidade de maneira global, o solo “Ato I: ensaio sobre uma atriz que está ficando cega”, com atuação de Lais Lage, é uma performance sensorial e itinerante, inspirada nas vivências da atriz enquanto uma pessoa negra, periférica e PCD (baixa visão em ambos os olhos). Com direção de Wallace Lino e Bruma Machado, o projeto estreia em 25 de julho, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto. Serão apenas quatro apresentações (dias 25, 26, 27 e 28 de julho), todas gratuitas, com audiodescrição feita pela própria atriz e com um intérprete de Libras, além de acessibilidade para todo o público. A dramaturgia coletiva foi criada por Lais em parceria com Wallace e Bruma durante o processo de criação.
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O espetáculo é itinerante e ocupa praticamente todos os ambientes do Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto. Dividido em sete “módulos cênicos”, “Ato I: ensaio sobre uma atriz que está ficando cega” tem como ponto de partida o estacionamento (entrada pela Rua Humaitá), onde o público é recebido por Lais que conta curiosidades do seu lugar de origem, o bairro de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ainda do lado de fora do centro cultural, explica que foi diagnosticada aos 12 anos com uma condição chamada ceratocone, doença que aponta para a possibilidade de cegueira em seu estado avançado.
A partir deste primeiro “módulo cênico”, o público embarca com Lais num reencontro com sonhos que não começaram ali. Primeiro, a atriz conduz o público por uma espécie de câmara com uma luz tão forte, que mal se pode ver. Em seguida, a cena se passa no espaço “a cegueira branca”, com lentes e objetos pendurados que podem ser tocados. No decorrer do percurso, as cenas vão revelando memórias, afetos, e a família da atriz é reverenciada em fotos e com uma música cantada pela avó, que sonhava em ser cantora.
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“Eu nunca tive a possibilidade de tratar sobre a questão deficiência, até mesmo porque eu não me entendia como uma pessoa com deficiência, acho que isso é uma coisa muito tardia também. Eu fui me autodenominar PCD por volta de 2020. Então, ainda é um lugar sobre o qual eu não me debrucei completamente”, conta Lais, hoje com 26 anos.
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Para Bruma Machado, a história de Lais contempla também a vida de várias mulheres e de outras pessoas. “A gente não se propôs a contar uma história, mas criar um universo para apresentá-lo de forma inteligível”, revela. “A acessibilidade não é só sobre corpos com deficiência. Todo mundo tem uma necessidade específica de recurso para poder manejar bem na sociedade. Todo mundo precisa de algum recurso de acessibilidade”, completa
Wallace Lino destaca as diferentes camadas do espetáculo. “Temos nos questionado muito até sobre as nossas práticas anteriores. Para quem que a gente está produzindo a arte?”, indaga. “O trabalho da Lais traz uma profundidade de descamar também o que a própria artista traz para a cena. Não é só uma pessoa com baixa visão. Ela é uma pessoa com baixa visão de Santa Cruz. E tem toda uma trajetória dos anos em que estudou na UNIRIO”, completa.
Sobre Lais Lage
Lais Lage é negra, PCD (baixa visão em ambos os olhos), bissexual, candomblecista e cria de Santa Cruz, bairro localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Trabalha como atriz, produtora e diretora no Coletivo Arame Farpado, vencedor do 8º prêmio Questão de Crítica, além de ser formada em Licenciatura em Teatro na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
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Participou como atriz nos espetáculos teatrais “Quem é o Zezinho” da Trupe De Lá Tag; “Pastrana – A Mulher mais Feia do Mundo”, “Arame Farpado”, “O Clássico Êxodo”, do Coletivo Arame Farpado; “Corpo Minado” do grupo Atiro; “Xinguela”, “Cabeça de Porco”, estes dois últimos realizados pelo Projeto Prática de Montação.
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Em audiovisual, atuou na minissérie da Netflix “Os Quatro da Candelária”, dirigiu o documentário “Piracema”, roteirizou o documentário “Meu Corre” e atuou no curta-metragem “Comigo”, “Por que Brilham as Estrelas” e “Expresso Parador”, do Coletivo Arame Farpado em parceria com a produtora Cafuné na Laje, além de ter dirigido o episódio piloto da websérie “Placa Mãe”.
FICHA TÉCNICA
Ideia original: Lais Lage | Elenco: Lais Lage | Idealização: Bem Medeiros, Carolina Caju e Lais Lage | Dramaturgia: Bruma Machado, Lais Lage e Wallace Lino | Direção Artística: Bruma Machado e Wallace Lino | Direção de produção: Bem Medeiros e Carolina Caju | Produção executiva: Matheus Ribeiro | Direção de arte: Rona | Assistentes de direção de arte: Ismael David e Dai | Direção de movimento: Milu Almeida | Direção sonora: Rodrigo Maré | Iluminação: Tainã Miranda | Assistente de iluminação: Louise Anibal | Coordenação de acessibilidade: Dai Brasil | Identidade visual: Indigo Braga | Mídias sociais: João Pedro Zabeti | Apoio: Arame Farpado, Entidade Maré e Bar Sambódromo | Realização: SUMA Filmes | Assessoria de imprensa: Catharina Rocha e Paula Catunda
SERVIÇO
Espetáculo: “Ato I: ensaio sobre a atriz que está ficando cega”
Apresentações: dias 25, 26 27 e 28 de julho de 2024
Local: Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto
(Rua Humaitá, 163 – Humaitá – Rio de Janeiro/RJ)
Dias e horários: Quinta e sexta, às 20h. Sábado e domingo, às 16h.
Duração: 75 min.
Classificação etária: 14 anos
Informações: (21) 2535-3846 e 98587-0494
Capacidade: 50 pessoas
Entrada franca
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