A Armazém Companhia de Teatro reestreia em sua casa, o Espaço Armazém, na Fundição Progresso, o espetáculo Brás Cubas, versão cênica de Paulo de Moraes para a obra-prima de Machado de Assis, que traz o Bruxo do Cosme Velho para o centro da cena, como personagem. Com dramaturgia de Maurício Arruda Mendonça, a nova montagem da Armazém tem elenco formado por Bruno Lourenço, Isabel Pacheco, Jopa Moraes, Felipe Bustamante, Lorena Lima e Sérgio Machado, iluminação de Maneco Quinderé, cenografia de Carla Berri e Paulo de Moraes, figurinos de Carol Lobato, direção musical de Ricco Vianna e direção de movimento de Patrícia Selonk e Paulo Mantuano. A temporada no Espaço Armazém será de 29 de agosto a 21 de setembro.
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Foi a partir da 1881, com Memórias Póstumas de Brás Cubas, seguido por Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial Aires que Machado de Assis começou a desenvolver seu extraordinário realismo psicológico, permeando seus romances com impetuoso sarcasmo. Memórias Póstumas de Brás Cubas é considerado um romance original desde a sua dedicatória “ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver” e prossegue na ideia de um defunto autor que, para fugir ao tédio do túmulo, escreve suas memórias.
“Brás Cubas é um dos personagens mais icônicos da literatura brasileira. Tratar de um personagem pretensioso e prepotente, um recordista de fracassos, que têm uma aversão por si mesmo absolutamente merecida – e que nos fala tanto sobre a formação da elite brasileira –, era muito sedutor. Mas traduzir a experimentação formal de Machado para o palco – conversando com o público de hoje – me parecia desafiador. Porque Machado escreve com um nível de sutileza raro. Então, com certeza o nosso grande embate durante a descoberta da peça tem sido como fazer com que essa literatura sutil se transforme numa ação dramática contundente“, declara o diretor Paulo de Moraes.
A dramaturgia de Brás Cubas, assinada por Maurício Arruda Mendonça, é uma adaptação do romance de Machado de Assis, mas não uma adaptação no sentido clássico porque insere o próprio autor na peça, como personagem. “O espetáculo tem uma certa vinculação com o sonho. A gente constrói essa história como se estivéssemos dentro da casa do Machado, acompanhando a sua criação. E o ponto central da nossa adaptação é o delírio que o personagem do Brás tem momentos antes de sua morte.”, comenta Paulo de Moraes.
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A peça da Armazém desmembra o personagem Brás Cubas em dois. Sérgio Machado interpreta Brás Cubas desde seu nascimento até sua morte (não necessariamente nessa ordem) e Jopa Moraes assume Brás Cubas já como o defunto que narra suas memórias póstumas.
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“Esse defunto está pouco vinculado ao século 19, quer e precisa se comunicar com as pessoas de agora”, comenta o diretor.
A dramaturgia tem uma estrutura em três planos: o plano da memória – que são as cenas vividas por Brás; o plano da narrativa – onde entram as divagações e reflexões do defunto; e um terceiro plano em que o próprio Machado de Assis (vivido por Bruno Lourenço) invade sua narrativa com comentários que visam conectar contemporaneamente suas críticas à sociedade brasileira.
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“Nosso Machado não é um personagem biográfico. Embora todas as questões que o personagem coloque na peça tratem de assuntos sobre os quais Machado escreveu, estão colocadas em contextos diferentes. É uma brincadeira a partir de detalhes biográficos. Um personagem imaginário tentando se comunicar com o nosso tempo”, finaliza Paulo.
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Em outubro de 2023, Brás Cubas participou do Festival Internacional de Teatro de Wuzhen, na China, ao lado de importantes nomes do teatro mundial, como Robert Wilson e Joël Pommerat, sendo o espetáculo mais bem avaliado pelo público chinês. Nos dias 22 e 23 de julho foi apresentado durante o FIT Rio Preto. Em outubro de 2024, o espetáculo será apresentado na Rússia durante o Pacific International Theatre Festival, em Vladivostok (4 e 5/10), e em turnê na China passando por Xangai (25 à 27/10), Pequim (1 à 3/11) e Foshan (8 e 9/11).
FICHA TÉCNICA
Direção: Paulo de Moraes | Dramaturgia: Maurício Arruda Mendonça | Montagem da Armazém Companhia de Teatro | Elenco/personagens: Sérgio Machado (Brás Cubas), Jopa Moraes (Defunto), Bruno Lourenço (Machado de Assis), Isabel Pacheco (Virgínia), Felipe Bustamante (Quincas) e Lorena Lima (Marcela e Natureza) | Músico em cena: Ricco Viana | Cenografia: Carla Berri e Paulo de Moraes | Iluminação: Maneco Quinderé | Figurinos: Carol Lobato | Cabeça do hipopótamo: Alex Grilli | Direção musical: Ricco Vianna | Direção de movimento: Patrícia Selonk e Paulo Mantuano | Colaboração na dramaturgia: Paulo de Moraes | Assessoria de imprensa: Ney Motta | Designer gráfico: Jopa Moraes | Fotografias: Mauro Kury | Direção de produção: Patrícia Selonk | Produção: Armazém Companhia de Teatro
SERVIÇO
Espetáculo Brás Cubas da Armazém Companhia de Teatro
Local: Espaço Armazém – Fundição Progresso: Rua dos Arcos, 24 – Centro
Temporada: De 29 de agosto a 21 de setembro de 2024.
Dias/horários: Quintas às 19h, sextas e sábados às 19:30h.
Não vai haver apresentações do dia 5/9 e aos domingos.
Valor do ingresso: R$80,00 (inteira) e R$40,00 (meia-entrada)
Ingressos antecipados pelo Sympla: clique aqui. ou na bilheteria da Fundição Progresso com pagamento por PIX.
Duração: 110 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Capacidade de público: 107 lugares
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