“O Filho da Geni”, monólogo encenado pelo ator Luiz Fernando Almeida, a partir do texto de Diego Lourenço, com direção de Lipari, estreia em 2 de agosto na SP Escola de Teatro, unidade Roosevelt, trazendo à luz a temática da violência sexual contra meninos, propondo reflexão a um tema invisibilizado pela cultura do silêncio.
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O título do espetáculo faz referência à música “Geni e o Zepelim” de Chico Buarque, que pode ser lida como uma das múltiplas faces da desigualdade social e econômica sofrida por quem vive às margens da sociedade. O espetáculo assume a continuidade hereditária dessa desigualdade dando ênfase ao abuso sexual infantil.
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Segundo o relatório anual —referente a 2019— do Disque 100, canal de denúncias mantido pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, somente 18% dos registros de violência sexual contra crianças e adolescentes brasileiros referiam-se a vítimas do sexo masculino. A subnotificação de abusos contra meninos se torna ainda maior na adolescência. Enquanto 46% dos casos atinge vítimas do sexo feminino entre 12 e 17 anos, a proporção de garotos da mesma faixa etária que denunciam é de apenas 9%.
Escrito a partir de extensa pesquisa de estudos e entrevistas realizadas pelo ator e equipe com vítimas de abuso sexual infantil no Brasil e na Europa durante cerca de três anos, O FILHO DA GENI enfatiza, por um lado os mecanismos sociais que facilitam a violência sexual com sua perpetuação geracional nas camadas mais pobres da sociedade e, por outro, os processos pessoais pelos quais esses traumas são interiorizados, silenciados e como impactam na vida adulta das vítimas.
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“Muitas das vítimas de abuso sexual infantil arrastam essa experiência ao longo de suas vidas como um fardo que não são capazes de descartar. Além disso, em muitos casos, o trauma afeta de maneira disfarçada: a pessoa não se sente bem, mas não consegue identificar o porquê”, diz Luiz.
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Na peça, o personagem central ao retornar ao Brasil depois de anos trabalhando em condição de subemprego pela Europa, se vê forçado a confrontar seu passado traumático. Com um tom ora inocente, ora cômico, o personagem navega obstinado pelas memórias perturbadoras de sua infância e adolescência para nos contar sua história sem reservas enquanto ganha consciência da dimensão dos abusos que sofreu, inadvertidamente perpetuou, e aprendeu a normalizar.
Para escrever o Filho da Geni, que envolve entendimento profissional sobre o abuso infantil e seu impacto psicológico na vida infantil e adulta das vítimas, Diego cursou um segundo mestrado, dessa vez em Psicologia pela Arden University, em London. O mestrado, a ser concluído este ano, contribuiu para o embasamento teórico, levantamento de conhecimento científico atualizado sobre os temas centrais da peça e o desenvolvimento de uma pesquisa de campo robusta e ética para acessar o problema. O resultado é uma obra inteiramente baseada em fatos reais que visa refletir de forma anônima, artística e segura sobre as nuances e mecânicas do abuso infantil masculino.
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“As mulheres estão emergindo progressiva e dolorosamente da cultura do silêncio pela qual esse tipo de abuso sexual está cercado. Mas as vítimas masculinas de abuso sexual na infância estão apenas começando a denunciar o que há muito tempo silenciaram. Nossa cultura não abre espaço para o homem como vítima. Aqueles que viveram essa situação sentem-se feminilizados, castrados, com vergonha e a sensação de terem deixado de pertencerem ao gênero masculino. A vergonha está relacionada com o sentimento de que não foram capazes de deter o abuso, ou seja, um sentimento de impotência frente à situação vivida,”, complementa Luiz.
O Filho da Geni é a terceira obra teatral de Diego Lourenço e a segunda parceria com o ator Luiz Fernando Almeida. Sua última peça, Gotas de Codeína (2015) – um monólogo visceral tratando de questões de pertencimento, identidade de gênero e suicídio, encenado por Luiz Fernando – continua relevante e sendo apresentada.
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“Soube muito mais tarde que o que fazíamos era malcriação. Para nós, não tinha nome. A coisa mesmo era feita de palavras não-ditas. Ele me oferecia um brinquedo que eu queria e desenhava no chão o que eu tinha de fazer se eu quisesse.”
Sinopse
O personagem ao retornar ao Brasil depois de anos trabalhando em condição de subemprego pela Europa, se vê forçado a confrontar seu passado traumático. Com um tom ora inocente, ora cômico, o personagem navega obstinado pelas memórias perturbadoras de sua infância e adolescência para nos contar sua história, sem reservas, enquanto ganha consciência da dimensão dos abusos que sofreu, inadvertidamente perpetuou, e aprendeu a normalizar.
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Idealização e atuação – Luiz Fernando Almeida
Formado pelo CPT de Antunes Filho, atua em teatro há 30 anos e trabalhou em montagens como : “Dama da Noite” de Caio Fernando Abreu, “Gotas de Codeína” de Diego Lourenço, “Capitães da Areia” de Jorge Amado, “Anjos de Augusto” de Luiz Fernando Almeida, “Caxuxa” de Ronaldo Ciambroni, “Negrinha” de Monteiro Lobato, “Rapunzelee” de Kadu Veríssimo, “O que terá Acontecido a Rosemary?”de Kadu Veríssimo, “Beckett in White” de Maurício Lencastre, “Navalha na Carne” de Plínio Marcos, “Quando as Máquinas Param” de Plínio Marcos entre outras. Integrou o elenco de Cias como: Teatro Mambembe de Repertorio, Cia Anonima de Teatro, Cia Pernilongos Insolentes Pintam de Humor a Tragédia.Foi indicado ao Prêmio Aplauso Brasil de Teatro 2014, na categoria Melhor Ator, com o espetáculo Dama da Noite. Premiado em diversos festivais e Mostras de Teatro, entre eles: :Festival Santista de Teatro, Prêmio Plínio Marcos de Teatro, Prêmio Nacional das Artes de Mogi das Cruzes .
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Como produtor esteve à frente de eventos como Bazar Cafofo, Mercado Mundo Mix, Sansex – Mostra da Diversidade, Festival Santista de Teatro, Free Jazz Festival, Carlton Dance Festival, Skol Beats, Bavaria Vibe Festival, Combo Cultural, Curta Santos- Festival de Cinema de Santos, Verão Teatral (Santos), Teatro nas Bibliotecas, Itinerância Festival Mix Brasil da Diversidade (Santos) Casa de Criadores, Phytoervas Fashion entre outros.
Foi membro do Conselho de Cultura de Santos no biênio 2013/2014 ocupando a cadeira do segmento de Produção Cultural. Como Arte Educador, ministrou oficinas em instituições como Oficinas Culturais do Estado de SP e Senac.
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Colaborador de sites e publicações importantes como: Mix Brasil, Juicy Santos e Super Site como colunista. É autor dos livros “ Não Deixe a Ansiedade Destruir sua Vida” e “ Notícias do Subterrâneo” ambos disponíveis na Amazon e apresentador do podcast “Tá Passada?” disponível em todas as plataformas digitais.
Encenação de Lipari
Cofundador do Galpão Cultural – Parque Anilinas, e do Coletivo 302, ganhador do 33º Prêmio Shell na categoria Inovação, ambos sediados na cidade de Cubatão, atua como performer, designer de luz, produtor e diretor de arte em obras de diferentes linguagens. Foi presidente do Conselho Municipal de Política Cultural de Cubatão durante o biênio de 2020 e 2021. Atualmente em processo de formação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade São Judas Tadeu.
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No campo das artes cênicas, em 2017 fez parte da criação técnica e visual do espetáculo “#República”, peça premiada pelo PROAC – primeiras obras, onde também atuou e desenvolveu sua pesquisa em light performance. Em 2019 desenvolve o projeto da peça Vila Parisi, uma obra em site-specific, contemplada pelo PROAC – montagens inéditas, junto ao coletivo 302 e a diretora convidada Eliana Monteiro do Teatro da Vertigem. Em 2020 coordenou o 17º FESTAC – Festival de Teatro de Cubatão. Em 2022 fez parte da programação do Mirada – Festival Ibero Americano de Artes Cênicas do Sesc com o espetáculo “Vila Parisi”.
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Em 2020 a convite do Sesc Santos, desenvolveu a direção de arte dos Vídeo – Retratos: Vila Parisi, projeto com exibição permanente em todas as plataformas digitais da rede, sendo este convidado para ser exibido no Festival Internacional de Performance de Zacatecas, México. Em 2021 assinou a direção de arte do documentário “Vila Fabril: Território, História e Cultura” da Flair Produção Cultural em parceria com o Coletivo 302 pela Lei Aldir Blanc e do curta-doc Diário de Bordo Vila Fabril, para edição especial do Mirada 2021.
Dramaturgia de Diogo Lourenço
Diego é historiador e cientista social britano-brasileiro radicado em Londres.
Sua pesquisa centra-se na investigação das forças sócio-históricas ligadas à desigualdade social. Para seu doutorado em Sociologia, na Humboldt University of Berlin, Diego pesquisa a desigualdade de classe em 8 países com vínculos coloniais ou imperiais (Brasil, Portugal, Espanha, México, Reino Unido, Estados Unidos, Índia e Alemanha). Mais precisamente, ele investiga como essa forma de desigualdade se manifesta através de práticas de bem-estar, saúde e espiritualidade como o yoga e a meditação. Seu trabalho acadêmico tem sido publicado na França e no Reino Unido, sendo a sua contribuição mais recente um capítulo para o livro Gurus and Media: Sound, Image, Machine, Text and Digital a ser publicado este ano pela UCL, University College London (Livro editado por J. Copeman, A. Longkumar and K. Duggal).
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Em Londres, Diego participa de diversas oficinas e eventos voltados a produção teatral, sendo os mais recentes a oficina anual British Theatre 2022 organizada por Matt Wolf no Victoria & Albert Museum voltada a análise crítica dos textos das melhores produções teatrais do Reino Unido em 2022 (2/10/22 a 20/11/22) e palestras Sustainability in Theatre and Representation in Theatre na mesma instituição (22 e 23/04/23).
FICHA TÉCNICA
O Filho da Geni @ofilhodageni | Idealização e atuação: Luiz Fernando Almeida @oluizfernandoalmeida | Encenação: Lipari @liipari | Dramaturgia: Diego Lourenço Não tem insta | Trilha original: Marcos Ozi @marcozi.stos | Design de luz: Juliana Sousa @julianasouza.cultura | Iluminadora: Marina Gatti @marinagatti_ | Figurino: Mário Francisco @dermetropol | Direção de arte: Lipari @liipari | Inflável: Aloha e Ruan @inflapower | Adereços: Mauro Fecco @maurofecco | Preparação corporal: Eleonora Artysenk @eleonoraartysenk | Produção executiva: Luiz Fernando Almeida | Assistente de produção: Ricardo Werson @ricardo_werson_artista | Assessoria de comunicação: Adriana Monteiro/Oficio das Letras @adrianadrixmonteiro | Fotografia: Thiago Santana @thiagofotocubatao | Administração: Regina Aguillar @associacaodosartistassp | Transporte: Mayara Viagens | Costureira: Rose | Realização: PROAC e Cafofo Produções @cafofo.producoes | Parceria: Associação dos Artistas, Lab PROCOMUM, SP Escola de Teatro, Associação dos Amigos da Praça, Cultura SP, Governo do Estado de SP (Secretaria de Economia e Indústria Criativa) | Apoio: Apfel, Pizzaria 1900, Nutrisom, Planetas, Oficio das Letras Comunicação, Der Metropol, Mayara Viagens | * Espetáculo contemplado pelo Edital PROAC-01/23- Montagem de Espetáculo Teatral Inédito no Estado de SP
SERVIÇO
Espetáculo: O Filho de Geni
SP Escola de Teatro
De 2 de Agosto a 1 de setembro
Local: SP Escola de Teatro – Unidade Roosevelt (Praça Franklin Roosevelt, 210, Consolação)
Data: De 2 de agosto a 1 de setembro – Sextas e sábados às 20h30; Domingos às 18h
Ingressos: Gratuito
Vendas somente pela internet: Sympla SP Escola de Teatro –
Lotação: 60 lugares
Duração: 60 minutos
Gênero: Monologo dramático
Classificação: 16 anos
SP Escola de Teatro – Residências Artísticas
Direção executiva: Ivam Cabral
Curadoria e Coordenação de Extensão Cultural e Projetos Especiais: Miguel Arcanjo Prado
Assistentes de Extensão Cultural e Projetos Especiais: David Godoi, Rodrigo Barros e Solange Correia
Gerência de Produção: Ricardo Pettine
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Espaço O Andar
De 5 a 27 de setembro 2024
R. Dr. Gabriel dos Santos, 30, 2º andar, Santa Cecília, São Paulo/SP – 01231010
Região
Centro / São Paulo
Capacidade
50 lugares pessoas
Bilheteria
Segunda à sexta: 1h antes do evento
Sábado: 1h antes do evento
Domingo: 1h antes do evento
Estacionamento – Rua Dr Gabriel dos Santos, 131
Cafeteria
Ar condicionado
Acessibilidade
Telefone: (11) 3666-6138
E-mail: [email protected]
Site: https://oandar.com
Instagram: @o.andar