Com dramaturgia e atuação de Suzana Nascimento, espetáculo “Em Nome da Mãe” estreia curta temporada no Teatro Adolpho Bloch. Dirigida por Miwa Yanagizawa, peça é baseada na obra homônima do autor italiano Erri de Luca. Versão audiovisual da montagem foi laureada em quatro categorias no 16º Prêmio APTR de Teatro: espetáculo, atriz, direção e música. Além do espetáculo, atriz apresenta exposição inédita ‘No princípio era a mulher’, com obras bordadas em folhas de árvore
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Ao deixar de lado o aspecto religioso e desmistificar a figura de Maria de Nazaré, mãe de Jesus, o espetáculo “Em Nome da Mãe” aborda a jornada íntima de uma jovem, pobre, não casada – e grávida, tendo por isso sofrido os preconceitos de uma sociedade conservadora, patriarcal e machista. A história milenar, escrita por homens na Bíblia, aqui é contada por sua protagonista antes de se tornar a mãe do filho de Deus. Baseada na obra homônima do premiado autor italiano Erri de Luca, a peça foi concebida para o palco por Suzana Nascimento, que também estrela o monólogo, em sua primeira montagem no Brasil. A direção é de Miwa Yanagizawa.
Inédita no Rio, a peça “Em Nome da Mãe” estreia em 7 de agosto de 2024 no Teatro Adolpho Bloch para curta temporada até o dia 29 do mesmo mês, com apresentações às quartas e quintas, às 20h. Além do espetáculo, o público poderá desfrutar também da exposição inédita “No princípio era a mulher”, no foyer do teatro, na qual Suzana apresenta seus poéticos bordados em folhas de árvore, recolhidas pela artista em diferentes cidades, e outros materiais, que ganham novo significado ao dialogar com a temática do espetáculo.
Em Nome da Mãe
Em 2015, Suzana Nascimento teve contato pela primeira vez com a obra de Erri de Luca. O livro “Em Nome da Mãe” conta em primeira pessoa a história da gestação de Maria de Nazaré, desde o anúncio de sua gravidez imaculada pelo anjo Gabriel até o nascimento de Jesus. Arrebatada pelo livro, a atriz construiu uma dramaturgia para ser encenada, aprofundando o olhar para o feminino e para a atualidade. Nela, a jovem mulher ganha voz própria e coloca em evidência sua dimensão não apenas humana como feminina: ela relata sua coragem e suas incertezas, as perseguições, os constrangimentos diante de intrigas e acusações, seus medos e sonhos.
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A peça fez sua estreia em versão audiovisual durante a pandemia, em agosto de 2021, dentro do projeto “Arte em Cena – Temporadas”, braço de temporadas teatrais do projeto em que o Sesc RJ transmite espetáculos artísticos em suas plataformas digitais. A montagem foi laureada em quatro categorias no 16º Prêmio APTR de Teatro, em 2022: espetáculo, atriz protagonista (Suzana Nascimento), direção (Miwa Yanagizawa) e música (Federico Puppi). Contemplado pelo Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar, o espetáculo foi apresentado em oito unidades do Sesc no estado do Rio de Janeiro, entre abril e maio de 2024.
“Não estamos fazendo uma transposição do audiovisual para o presencial. Estamos retrabalhando a linguagem, a luz, por exemplo, foi criada para o palco pela Ana Luzia Molinari de Simoni em parceria com Hugo Mercier. O cenário também está sendo revisto e peças estão sendo recriadas pela Desirée Bastos e Jovanna Souza”, diz Suzana Nascimento. A atriz também destaca os momentos pontuais de interação com público na montagem presencial. “Essa interação é uma característica do meu trabalho desde o meu monólogo ‘Calango Deu! Os Causos da Dona Zaninha’, premiado nos Festivais FITA e Cena Contemporânea, em 2014, sucesso de público que ficou 10 anos ininterruptos em cartaz”, explica.
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A ideia de ir além da simples adaptação do texto para o teatro veio aos poucos. Desde a primeira leitura do livro, Suzana sentiu a necessidade de abordar importantes transformações em relação ao universo feminino, e construiu uma nova dramaturgia, com outros personagens e situações. Ao lançar um olhar contemporâneo sobre uma história contada há mais de 2 mil anos, a peça abre espaço para reflexões sobre o feminismo e sobre os comportamentos patriarcais que atravessaram o tempo até nossos dias.
A peça passeia por importantes arquétipos da alma feminina. Em cena, Suzana dá voz a três mulheres – a donzela Maria (ou Miriam, como é chamada em hebraico), a atriz (uma mulher de 46 anos) e a anciã (Maria, em sua velhice, carregando em si a ancestralidade feminina) – que relatam a jornada da protagonista, intercaladas com histórias da vida da própria atriz e temas da atualidade. “Só existem seis falas atribuídas a Maria em toda a Bíblia. Pouco se escreveu sobre ela. A peça é uma investigação sobre sua jornada íntima, trazendo uma Maria profundamente humana, em plena metamorfose, se apoderando de sua própria história”, conta Suzana.
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“Fui arrebatada pela obra. Foi uma desconstrução da imagem romântica que eu tinha da Maria, que nos chega perfeita, como aquela que vemos nos presépios de Natal”, conta a diretora Miwa Yanagizawa. “Humanizar a figura da Maria e mostrar a opressão sofrida por essa mulher amplia o movimento libertário feminista”, diz a diretora, que vê neste trabalho um diálogo com seus dois espetáculos anteriores, “Nastácia” e “Eu matei Sherazade, confissões de uma árabe em fúria”.
Exposição “No princípio era a mulher”
Durante a temporada no Adolpho Bloch, o público poderá conferir a exposição “No princípio era a mulher” no foyer do teatro, com obras bordadas em folhas de árvore que fazem parte do projeto Botica de Histórias (@boticadehistorias), outra façanha da multiartista Suzana Nascimento.
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Mineira, radicada no Rio desde 2000, Suzana é filha de uma linhagem de costureiras e bordadeiras que marcaram sua trilha artística, como o público poderá observar na exposição. São cerca de 10 peças artesanais, criadas especialmente para a mostra. Mesclando arte, poesia visual, afeto, memória, ancestralidade e natureza, as obras inéditas dialogam com o universo feminino e ancestral do espetáculo.
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O projeto Botica de Histórias começou na pandemia, quando a artista passou uma temporada em Juiz de Fora (MG). Como forma de se conectar com a natureza naquele período conturbado, começou a recolher as folhas que encontrava pelo caminho e estudar como conservá-las para desenvolver esse trabalho poético.
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“Eu chamo a folha de ‘filha’ que cai da ‘mãe’ árvore. A folha cumpriu o ciclo dela. Ela se desprende da mãe árvore e retorna à terra para criar novas coisas. Com essa interferência artística, a folha ganha um novo significado, trazendo a bagagem que tinha antes. Enxergo também como uma metáfora das mães e das filhas”, explica a artista.
FICHA TÉCNICA
Direção: Miwa Yanagizawa | Concepção, dramaturgia e atuação: Suzana Nascimento a partir da obra de Erri de Luca | Direção de arte, figurino e cenografia: Desirée Bastos e Jovanna Souza | Iluminação: Ana Luzia Molinari de Simoni e Hugo Mercier | Direção de movimento: Denise Stutz | Trilha sonora original: Federico Puppi | Participações especiais (trilha) cantoras: Rita Beneditto, Kacau Gomes, Mari Blue, Fernanda Santanna e Alexia Evellyn | Percussão: Marco Lobo | Voz da mãe (a própria): Irene Pereira do Nascimento | Operação de som e projetor: Roberto Lucaro | Direção de palco: Sabrina Savino | Design gráfico: Raquel Alvarenga | Fotografias: Elisa Mendes e Júlio Ricardo | Vídeos: Elisa Mendes | Edição de vídeos para o palco: Almir Chiaratti | Assessoria de imprensa: Paula Catunda e Catharina Rocha | Produção: Alessandra Reis e Cristina Leite | Direção de produção: Alessandra Reis | Coordenação geral: SP Nascimento Produções | Produtoras associadas: AR 27 Produções Artísticas Ltda e SP Nascimento Produções
SERVIÇO
Espetáculo: Em Nome da Mãe
Local: Teatro Adolpho Bloch (Rua do Russel 804, Glória)
Temporada: de 7 a 29 de agosto 2024 – quartas e quintas, às 20h
Ingressos: R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia).
Vendas na bilheteria do teatro ou pelo site da Sympla.
Duração: 60 min.
Classificação etária: 14 anos
Nas redes: @emnomedamae.teatro | @suzananascimentoarte | @miwayanagizawa | @teatroadolphobloch
MINI-BIOGRAFIAS
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ERRI DE LUCA – escritor, poeta e tradutor. Nasceu em Nápoles em 1950 e é considerado um dos mais conceituados autores italianos contemporâneos. Integrou o movimento esquerdista Lotta Continua. Durante a guerra na ex-Iugoslávia, dirigiu comboios humanitários destinados à população da Bósnia. Publicou o seu primeiro livro (“Non ora, non qui”) aos 39 anos. Estudou hebraico e tornou-se tradutor de livros bíblicos e crítico de traduções da Bíblia, sem ser religioso. Em 2010, publicou “Em Nome da Mãe” (no Brasil o livro é publicado pela Companhia das Letras) sem querer dar uma explicação teológica ou filosófica ao mistério da Anunciação. Escreveu cerca de 60 livros, vários best-sellers na Itália, França e Israel, tendo sua obra foi publicada em muitas línguas.
MIWA YANAGIZAWA – atriz, diretora de teatro, fundadora do Areas Coletivo, onde destacam-se as seguintes criações: “Naquele dia vi você sumir”, “Plano sobre queda e Breu”, de Pedro Brício, que recebeu os prêmios Questão de Crítica (melhor direção e iluminação) e APTR (melhor cenografia). Dirigiu “Nastácia”, de Pedro Brício, obra a partir do romance “O Idiota”, de Fiódor Dostoiévski, vencedora dos prêmios Shell e APTR de 2019 (melhor direção). Com frequência, ministra a oficina Estudo para o ator: a escuta, um eixo de pesquisa do Areas Coletivo, que, em 2020, estendeu sua atuação para o espaço virtual como A Escuta: distâncias e aproximações.
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Como atriz, trabalhou com diretores de teatro como Guilherme Leme Garcia, Gustavo Paso, Adriano Guimarães, Ticiana Studart e José Possi Neto, entre outros. Foi integrante da ciateatroautônomo, dirigida por Jefferson Miranda, por 18 anos. Na TV, participou de novelas e séries como Spectros (Netflix) e da quinta temporada de Sessão de Terapia (com direção de Selton Mello, no GNT e Globoplay). No cinema, fez longas e curtas-metragens como “O Filme da Minha Vida”, de Selton Mello e “Omoidê”, de Dannon Lacerda.
SUZANA NASCIMENTO – atriz, dramaturga, diretora, contadora de histórias, produtora cultural, com 25 anos de carreira. Formada em interpretação (CAL) e Produção Cultural (UFF). Premiada como Melhor Atriz, pelos solos de sua autoria “Em nome da mãe”, com direção de Miwa Yanagizawa (agraciado com o prêmio APTR 2022 nas categorias melhor atriz, espetáculo, direção e música) e “Calango Deu! Os causos da Dona Zaninha”, dirigido por Isaac Bernat (premiado nos Festivais FITA e Cena Contemporânea, 2014).
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Atuou em mais de 20 espetáculos, com destaque para “Julius Caesar – Vidas Paralelas”, peça comemorativa de 35 anos da Cia. Dos Atores, com direção de Gustavo Gasparani (prêmio de melhor elenco no festival FITA 2023 e prêmios APTR 2023 de melhor autor para Gustavo Gasparani e ator em papel coadjuvante para Isio Guelman); “Os impostores” e “Alice mandou um beijo”, direção de Rodrigo Portella; “Dançando no escuro”, direção de Dani Barros; “Preciso Andar”, direção de Ivan Sugahara; “A menina Edith e a velha sentada”, direção de Lázaro Ramos; “Consertam-se Imóveis”, direção de Cynthia Reis; “O que você gostaria que ficasse”, direção de Miguel Thiré; “Peças de Encaixar”, da Cia. dos Atores, com direção de Cesar Augusto e Susana Ribeiro), entre outras.
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Criou o curta “Árvore mãe” (2020). Escreveu o livro “Calango Deu!” (ed. Cândido, 2017) e a peça “Contracapa” (2018). Dirigiu “Boquinha…e assim surgiu o mundo”, em parceria com Lázaro Ramos, e “Espaçonave” em parceria com o Corpo Coletivo/MG. Apresentadora e coroteirista da série “Janela Janelinha”, na TV Brasil, em 2014 (indicada ao Prêmio TAL TV da América Latina).
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Em cinema, atuou em “A suspeita”, direção de Pedro Pelegrino; “Santas”, de Roberval Duarte; “Uber Pool”, de Daan Gielis; “Trauma”, de Lara Lazzaretti. Atuou em diversas novelas na Rede Globo: “Elas por elas”, “Vai na fé”, “Pega pega”, “Segundo Sol”, “Malhação”, “Espelho da vida”; e nas séries “Se eu fechar os olhos agora” e “Ernesto – o exterminador de seres monstruosos e outras porcarias”, na TV Brasil.
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Como apresentadora e narradora, trabalhou com as orquestras: OSN (Orquestra Sinfônica Nacional) – “Sonho de uma noite de verão” e “Dom Quixote”, regência de Tobias Volkman, e OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira) – “Concertos para a juventude” e “Pedro e o Lobo”.