Dirigido por Cris Rocha, Asas para Ana C… é inspirado em poesias e cartas da escritora morta em 1983
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A poeta e escritora Ana C. viveu intensamente a arte, o amor e os percalços da vida. A artista celebraria 70 anos em 2022. Para marcar a data e jogar luz sobre seu legado invisibilizado, mas extremamente contemporâneo, Cris Rocha concebeu, dirige e protagoniza, ao lado da musicista Nina Blauth, o espetáculoAsas para Ana C…, que estreia dia 15 de maio, segunda feira, às 20h, na Oficina Cultural Oswald de Andrade.
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A equipe é majoritariamente formada por mulheres e pessoas LGBTQIA+, também como forma de honrar Ana. A dramaturgia é de Rafaela Penteado, com a colaboração de Cris Rocha; a dramaturgia sonora de Nina Blauth e a dramaturgia corporal é de Janette Santiago. Conta ainda com a provocação cênica de Georgette Fadel que participou no processo de criação.
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Cris começou a escrever o projeto em 2021. “O aspecto principal que me motivou a escrever esse projeto é o próprio arrebatamento que a poesia da Ana C. causa em mim. Eu encontro uma interlocutora pras questões que estava vivendo e pras questões da vida, pra esse estado radical de fronteira”, conta.
Quem foi Ana C.
A carioca Ana Cristina Cesar (1952-1983) que, além de poeta, também foi crítica, ensaísta e tradutora, emergiu na década de 1970 como parte da geração mimeógrafo, conhecida por uma produção marginal. Ela deixou apenas um livro publicado, A Teus Pés (1982). Mas suas palavras, pensamentos e inquietações estão registrados em outros meios, como as cartas que trocava com amigos e artistas (um deles, o escritor Caio Fernando Abreu).
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O projeto se propõe a dissecar o estado de opressão constante que a autora viveu não de forma trágica, mas poética. Ana C. se jogou de seu apartamento no Rio de Janeiro em 29 de outubro de 1983, aos 31 anos. Ela foi diagnosticada com depressão severa.
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“Agora, em forma de expressão artística e poética, lhe oferecendo asas para que se encante e para que o voo não seja o fim, mas o reencontro; desta vez, não um voo solitário, mas em bando”, diz Cris Rocha sobre o projeto.
Criação do espetáculo
Inspirado em seus poemas e cartas, a montagem une teatro, música e dança e traz de forma intimista, dinâmica e não linear, a trajetória dessa artista para quem a literatura e a vida eram indissociáveis.
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Assim, transitando entre seus textos e por temáticas presentes na vida da artista – sonhos, recordações, memórias e sobretudo amor – o espetáculo suscita reflexões sobre a cultura de opressão, a posição da mulher na produção cultural, a relação do mercado com a arte, a produção artística no período da ditadura militar, a depressão, a invisibilização e o esquecimento de obras e artistas que já partiram.
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Temas absolutamente contemporâneos e urgentes para que as próximas gerações de artistas e pessoas LGBTQIA+ alcem voos poéticos, simbólicos e habitem um futuro possível de existências mais plurais.
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A montagem se baseia em trechos de sua poesia e em temas que permearam sua vida, e une teatro, música e dança. “Nunca foi pretensão fazer um espetáculo biográfico. É mais uma fagulha para despertar um desejo por conhecê-la. Ele mescla poesia, correspondências que ela trocou e outros textos dela, como se a gente fizesse uma espiral sem tempo linear”, explica a diretora.
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Dentre os temas tratados, estão a depressão LGBTQIA + e a pressão social por adequação dessas pessoas, mas também o esquecimento de obras e artistas que morreram há muito tempo e não têm um trabalho de divulgação intenso. Também discutem os sonhos, temática presente na vida da Ana,
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“Celebrar e difundir a poeta que teve sua obra negligenciada, pouco difundida, pouco publicada por tantos anos, com acesso restringido pelos detentores dos direitos e que, por consequência, teve sua também biografia esquecida no tempo, uma vez que sua vida e obra se interpenetram e coexistem em direta ligação, torna-se importante para que mantenhamos viva em nossos imaginários sua arte da poesia e legado.”
A escolha do local é igualmente simbólica. A peça será encenada ao ar livre em espaços públicos, como uma forma de dar asas metafóricas à poeta. Para ser acessível, o espetáculo não demanda sequer iluminação e está programado para às 17h para aproveitar a luz do entardecer. “Esta escolha está ligada à democratização do encontro. Vamos estar num espaço de passagem, onde uma pessoa pode passar e ouvir um verso. Ele é pensado para realmente estar em qualquer lugar e deselitizar uma poesia que é considerada difícil”, explica a diretora.
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Espetáculo contemplado no EDITAL PROAC No 30/2021 – CIDADANIA / CULTURA LGBTQIA+
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Fica técnica:
Concepção, direção e atuação: Cris Rocha. Dramaturgia sonora e atuação: Nina Blauth. Dramaturgia: Rafaela Penteado. Diretora assistente: Zi Arrais. Dramaturgia corporal: Janette Santiago. Provocação cênica: Georgette Fadel. Direção de arte, figurinos e cenário: Renato Bolelli Rebouças. Direção de produção: Cris Rocha e Zi Arrais. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli.
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Serviço:
Asas para Ana C… estreia dia 15 de maio, às 20h, na Oficina Cultural Oswald de Andrade
Temporada: De 15 a 29 de maio. Segundas às 20h. Quintas e sextas às 17h.
(Dia 29 de maio – sessão às 13h e às 20h)
Ingressos: Gratuitos.
Duração: 60 minutos.
Classificação etária: Livre.
Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo, SP.
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