Jô Soares é tema de espetáculo que reúne teatro, jazz, cinema e muito humor. Homenagem inspiradora para quem sente saudades do “Beijo do Gordo”. Espetáculo “O Livro de Jô – uma homenagem” estreia dias 12 e 13 de abril no Teatro Colinas, em São José dos Campos. Dia 18, no Teatro Guarany, em Santos; dias 24 e 25 em Santo André, no Teatro Municipal; e dia 27 em Campinas, no Teatro Municipal.
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“O Livro de Jô” é um espetáculo que transcende gêneros e formatos para celebrar a genialidade de Jô Soares, um dos maiores ícones da cultura brasileira. Reunindo teatro, música, cinema e humor, a peça leva ao palco sua trajetória única, misturando fatos marcantes de sua vida com sua paixão pelo jazz e pelo blues. Inspirado nos dois volumes de sua autobiografia, escritos em parceria com Matinas Suzuki Jr., o espetáculo revisita seus 84 anos de história, entrelaçando canções emblemáticas e textos cômicos de seus lendários one man shows, como Ame um Gordo Antes que Acabe e Todos Amam um Homem Gordo. Com texto e direção de Giovani Tozi, o espetáculo é fruto de anos de pesquisa acadêmica sobre o teatro de Jô Soares, tema de seu mestrado e doutorado na Unicamp. Tozi, que trabalhou ao lado de Jô por dez anos, se inspira na estética descrita acima e no olhar sofisticado do artista para a música.
O espetáculo mergulha no universo sonoro do “Jô Soares Jam Session“, programa de rádio que Jô comandou na Rádio Eldorado entre 1988 e 1996. No ar nos finais de tarde, a atração se destacava pela curadoria refinada de jazz e blues, acompanhada das histórias irreverentes e comentários sagazes de Jô, criando uma experiência envolvente para os ouvintes. “O Livro de Jô” estreia sua turnê com duas apresentações no Teatro Colinas, em São José dos Campos. O elenco reúne Camilla Camargo, Marcus Veríssimo, Gustavo Merighi e, em destaque, Felipe Hintze, que dá voz aos textos de Jô Soares. Hintze, além de uma sólida trajetória no teatro, TV, streaming e cinema, se destaca como um dos principais nomes na luta por representatividade de corpos gordos na dramaturgia e no audiovisual. Em um tempo em que o termo “gordofobia” ainda não existia, Jô Soares fez de sua identidade física uma marca, inspirando gerações.
“Jô foi ator e comunicador, mas eu peguei sua fase como apresentador. Ele me inspirava muito, porque ao vê-lo na TV, eu pensava: ‘Eu também posso estar ali. Esse é um espaço que meu corpo pode ocupar’. Já nas novelas, eu não tinha nenhuma referência”, reflete Hintze.Repleto de humor e música ao vivo no estilo jazz band, “O Livro de Jô” emociona, diverte e resgata o espírito irreverente do homem que, por décadas, fez o Brasil “ir para a cama com ele”. Mais do que uma homenagem, o espetáculo traz reflexões sobre temas contemporâneos, como a desconstrução de estereótipos e a valorização da presença feminina na arte e na sociedade. Por meio de uma abordagem multilinguagem, a peça estabelece uma conexão direta entre público e legado. Afinal, para celebrar um multiartista, apenas um espetáculo plural e vibrante faria jus à grandiosidade de Jô Soares. “Nesse espetáculo, estou tendo a oportunidade de juntar duas coisas que amo, interpretação e música”, conta Camila, informando que vai explorar sua porção cantora, interpretando temas de jazz pela primeira vez. “Unir o canto à interpretação e contando a vida do Jô, de quem sempre fui super fã, e cheguei a ter a honra de ir em seu programa sendo entrevistada, é um sonho.”

Dormir com Jô toda noite
Com 31 anos, Felipe Hintze acompanhou a carreira de Jô a partir de seu trabalho na Globo, no Jô Onze e Meia. “Tenho na memória a lembrança de dormir assistindo o programa. Não peguei a época do Viva o Gordo, por exemplo.” Hintze se sente privilegiado de interpretar um personagem “tão complexo e que é tão presente na memória emotivo das pessoas”. Diz que, ao ouvir o nome Jô Soares, as pessoas já abrem um sorriso. “É muito significativo. Tenho uma responsabilidade real com este trabalho”. Farei números musicais, entre eles um de jazz em que Jô cantava, ao lado do sexteto, uma paródia. “Vamos reproduzir esta paródia, um lado dele pouco conhecido, do artista que fazia show de jazz.” Sobre sua pesquisa, conta que está mergulhado na história do Jô. “Como o Livro de Jô é baseado na autobiografia, comecei lendo os dois volumes da obra e depois passei a assistir tudo o que tem dele, desde os programas mais antigos. Toda noite, antes de dormir, Felipe escolhe uma entrevista para assistir. “Quero dormir com o Jô toda noite.”
Giovani Tozi, um diretor aplicado
Giovani Tozi estuda o teatro de Jô Soares há pelo menos dez anos, desde que iniciou seu mestrado na Unicamp, em 2014. “Minha dissertação se dedicou a pesquisar, organizar e publicar os mais de 50 anos que Jô dedicou à direção teatral. Ao mergulhar nesse vasto material, foi inevitável aprofundar-me em suas escolhas estéticas, linguagens e temas recorrentes, entendendo como ele estruturava sua visão artística enquanto diretor.” Agora, assumindo a direção de um espetáculo que revisita recortes de sua história, o diretor resgata essas referências para que a obra que o homenageia seja fiel ao teatro que Jô faria. “O foco está especialmente em seus one man shows, como Ame Um Gordo Antes Que Acabe (1976), Viva o Gordo e Abaixo o Regime (1978) e Um Gordoidão no País da Inflação (1983), entre outros.” Tozi lembra que nesses esses espetáculos, Jô adotava uma estética minimalista, onde o essencial era a presença do ator. “Uma cadeira, uma arara de roupas, poucos elementos cênicos na caixa preta – a ênfase sempre esteve no intérprete, na criação dos tipos e no jogo cênico direto com o público.”
Giovani recorre ao crítico Sábato Magaldi, que, após assistir a um desses shows, destacou: “Jô Soares, com habilidade espantosa, preserva o ritmo trepidante do espetáculo. Quando sua presença única em cena correria o risco de se tornar monótona, ele dialoga com o público, improvisa jogos, desloca-se para a plateia. Poucos têm, como ele, o segredo de não deixar cair o interesse, conservando o domínio contínuo da audiência”. A proposta da encenação é transportar esse ritmo ágil e interessante para o público de 2025. “No entanto, em vez de Jô no palco, teremos uma trupe de atores e músicos, todos eternamente fãs de sua obra, que transformarão suas palavras em teatro, música, dança e cinema. Será uma celebração emocionante, feita por aqueles que cresceram admirando sua genialidade, para um público que continua a se encantar com seu legado”, completa o diretor.

Música como protagonista
A respeito da música ter papel de protagonista no espetáculo, Tozi explica: “O jazz surgiu naturalmente como consequência das conversas que tive com duas figuras essenciais nesse processo: Flávia Pedras Soares, a Flavinha – que tem realizado um trabalho monumental na preservação do acervo e do legado cultural de Jô Soares – e Matinas Suzuki Jr., que, além de um profissional excepcional, é um verdadeiro entusiasta e incentivador de tudo o que envolve a arte de Jô.” “Numa das conversas que tivemos, Matinas me lembrou de um detalhe que faltava para completar nossa celebração: o programa de jazz que Jô apresentou por oito anos na Rádio Eldorado, o Jô Sares Jam Session. Essa lembrança foi essencial, pois o jazz é a alma dessa homenagem. A partir disso, selecionamos textos da biografia que revelam um Jô menos conhecido pelo grande público, especialmente em passagens que retratam sua relação com a mãe, um dos pilares de sua formação. O encontro entre jazz e memória ajudará a construir uma visão não usual sobre o Jô, permitindo que o público mate um pouco a saudade, mas também se emocione e se inspire na trajetória desse gênio inesquecível.”

Mecanismo de recordação
Tanto o texto quanto a encenação servem como instrumentos para que o público descubra ou reviva fatos e histórias da vida de Jô Soares, narrados por ele próprio em suas memórias, com o apoio de Matinas Suzuki Jr..“Os atores e músicos são as engrenagens que impulsionam esse mecanismo da recordação, trazendo à cena não apenas momentos marcantes, mas a essência de Jô. A proposta se apoia inteiramente na teatralidade e na força da palavra escrita por ele, priorizando a fluidez da narrativa em vez de uma reprodução mimética dos personagens ou uma cópia exata de suas ações na vida real”, detalha o diretor Giovani Tozi. “Mais do que imitar, buscamos transmitir essa história de forma autêntica, compartilhando cada linha vivenciada, mas sempre mantendo a interação viva com a plateia. Afinal, é no diálogo direto, no contato espontâneo e na troca em tempo real que a história de Jô Soares segue viva, sendo recontada e reinventada eternamente”, finaliza Tozi.
Sobre o diretor Giovani Tozi
Giovani Tozi é ator, diretor, dramaturgo, produtor e artista plástico. Como pesquisador, dedica seus estudos de mestrado e doutorado no Instituto de Artes da Unicamp a Jô Soares. Fundou o Grupo Corpos Sensores em 2005, onde concebeu e dirigiu vários espetáculos que experimentavam linguagens e estéticas na dança e no teatro contemporâneo. Entre os espetáculos do grupo estão Corpo Estranho, contemplado com os prêmios de Melhor Espetáculo e Melhor Coreógrafo no Curta Dança Nacional; Fluxo Migratório, concebido e apresentado no Performing Arts Forum, na França, onde Tozi realizou uma residência artística; e Saída de Emergência, solo concebido e interpretado por Tozi, dirigido por Adriana Grechi, apresentado na mostra O Masculino Na Dança, do Centro Cultural São Paulo. Escreveu e dirigiu Só Ópera, no Teatro João Caetano; Não Se Mate, espetáculo patrocinado pelo Banco do Brasil, que realizou temporadas de ingressos esgotados no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte; e O Livro Vivo, homenagem a Jô Soares, com Juca de Oliveira, Maria Fernanda Cândido, Clara Carvalho e Erica Montanheiro. Ainda como dramaturgo, escreveu Peixe Cabeça de Cobra, obra multimídia dirigida por Luiz Damasceno, Sandra Corveloni, Marco Antônio Pâmio e Guilherme Santanna; e Carnaval Sem Máscara, dirigida por Neyde Veneziano. Como ator, foi contemplado com o Prêmio Coca-Cola por sua atuação em O Colecionador de Crepúsculos, de Vladimir Capella, e indicado duas vezes ao Prêmio Bibi Ferreira, por Gaslight, com direção de Jô Soares; e por Terremotos, com direção de Marco Antônio Pâmio. Integrou o núcleo experimental do SESI SP onde trabalhou com diversos artistas como Felipe Hirsh e Georgette Fadel; atuou em dezenas de peças, sendo dirigido por diretores como Nelson Baskerville, Otávio Martins, Cyril Desclés, Marcelo Airoldi e Cibele Forjaz
Sobre Felipe Hintze
Felipe Hintze tem uma carreira sólida tanto no teatro como na Tv e no cinema. Militante na causa da gordofobia, o ator luta para ocupação de espaço onde corpos como o dele, geralmente não são encontrados, quebrando paradigmas e usando sua arte como instrumento de inspiração para pessoas fora do padrão. Na Rede Globo coleciona grandes sucessos como as ganhadoras do prêmio Emmy de melhor novela “Verdades Secretas” e “Malhação- Viva A Diferença”. O ator coleciona mais de 10 projetos na emissora destacando as mais recentes ”Família é Tudo” e ”Quanto Mais Vida, Melhor!” Em 2025, estreiou seu primeiro musical ”Canções que eu Guardei pra você” com direção de Zé Henrique de Paula, e atualmente se prepara para viver Jô Soares na peça ”O Livro de Jô – Homenagem ao Jô Soares”. Em 2023, gravou a série para Star+ / Disney+ “Jogo Cruzado” de Pedro Amorim e ficou em cartaz no teatro com o estrondoso sucesso “A Herança – Parte 1 e 2”. Ele foi escolhido para representar o Brasil na série “Supermax – El Inferno de Sus Mentes”, na primeira produção internacional da Rede Globo, atuando ao lado de Cecilia Roth. Na emissora, fez também “O Sétimo Guardião” e “Dupla Identidade”. No cinema foi protagonista dos filmes “Rodeio Rock” de Marcelo Antunez, lançado recentemente na Netflix. “Consequências Paralelas” de Gabriel França concorrendo aos festivais de Boston ScFi e o Fantaspoa e “Matadores de Aliens” de Daniel Cipriano, que será lançando em 2025, no streaming. Também fez participações nos longas “O Troco” e “Pronto, Falei”. No teatro, fez diversas peças trabalhando com Dan Stulbach em “A Toca do Coelho” , Zé Henrique de Paula em “O Senhor das Moscas” e Lavínia Pannunzio em “Névoa”.
Sobre Camila Camargo
Tem mais de 20 espetáculos no currículo, entre eles, “Zorro, O Musical”, onde viveu a coprotagonista, ao lado de Jarbas Homem de Melo, e “Caros Ouvintes”, montagem consagrada duas vezes pela revista Veja como o melhor espetáculo de São Paulo, Camilla Camargo se prepara para estrear no espetáculo “O Livro de Jô”. Depois de atuações em longa-metragens como “Travessia”, que contou com Chico Diaz a Cyria Coentro, e “Intervenção”, produção do mesmo roteirista de “Tropa de Elite”, Camilla também tem, entre seus próximos lançamentos, o thriller brasileiro “A Caipora”, em que interpreta uma das protagonistas, e o romance “Coração Sertanejo”. Na televisão, a artista atuou em novelas como “Em Família”, da Globo, e foi destaque na infanto-juvenil “Carinha de Anjo”, trama do SBT que hoje está disponível na Netflix e figurou durante meses na lista dos conteúdos mais assistidos da plataforma. Ainda no streaming, vive uma artista plástica na segunda temporada de “Tudo Igual SQN”, do Disney+. Em paralelo à carreira no audiovisual, ela acaba de escrever seu primeiro livro, inspirado nas histórias que conta para os filhos Joaquim e Julia e no amor pela literatura.

SERVIÇO – O LIVRO DE JÔ
Estreia: Dias 12 e 13 de abril no Teatro Colinas, em São José dos Campos (Av. São João, 2200 – Jardim das Colinas, São José dos Campos – SP, 12242-000. (12) 3204-5236) || Dia 18, no Teatro Guarany, em Santos || Dias 24 e 25 em Santo André, no Teatro Municipal || e Dia 27 em Campinas, no Teatro Municipal. Com Camilla Camargo, Marcus Veríssimo, Gustavo Merighi e, em destaque, Felipe Hintze e o diretor e responsável pela adaptação Giovani Tozi.