Espetáculo ‘James Baldwin – Pode um Negro Ser Otimista?’ discute a negritude no Brasil contemporâneo

Peça James Baldwin – Pode um Negro Ser Otimista? discute a negritude no Brasil contemporâneo. Com idealização de Fernando Vitor e direção de José Fernando Peixoto de Azevedo, o espetáculo faz temporadas gratuitas na Biblioteca Mário de Andrade e no Teatro Arthur Azevedo.

Grande referência na discussão antirracista, o romancista, ensaísta, dramaturgo, poeta e crítico social estadunidense James Baldwin (1924-1987) teve muita importância na rede de formação da intelectualidade negra nos Estados Unidos. Suas ideias reverberam até hoje e, por isso, os atores Izabel Lima e Fernando Vitor se debruçaram sobre seus textos para criar o espetáculo James Baldwin – Pode um Negro Ser Otimista?, que estreia no dia 21 de agosto de 2023, às 19h em duas partes. No Auditório da Biblioteca Mário de Andrade (R. da Consolação, 94 – República) será apresentada a Parte 1 – É a Inocência que Constitui o Crime com temporada até o dia 4 de setembro. Depois, na sala multiuso do Teatro Arthur Azevedo (Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca) entre 14 de setembro e 1º de outubro, serão apresentadas as duas partes – a Parte 1 mais a Parte 2: Será Preciso Salvar os Brancos? totalizando 20 sessões gratuitas.
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Com direção de José Fernando Peixoto de Azevedo, o trabalho é uma das ações artísticas do projeto “Panorama Baldwin: Tinta Preta Para Escrever Sobre Um Mundo Esbranquiçado”, idealizado por Fernando Vitor e contemplado pela 3ª edição do Edital de Apoio à Cultura Negra na Cidade de São Paulo.

“Nossa intenção não é fazer um espetáculo sobre a vida do Baldwin e sim utilizar algumas entrevistas dele para refletir sobre a experiência negra no Brasil de hoje. Isso porque o sonho americano e a democracia racial brasileira estão cada vez mais parecidos, por conta da violência constante e da desumanização imposta pelo racismo e a homofobia. Assim, montamos uma espécie de conversa aberta com o público”, conta Azevedo.
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Os artistas pesquisaram documentários e programas de televisão em que o intelectual participou, já que suas falas tinham uma carga performativa muito forte. “Baldwin aproveitou a projeção midiática da TV e do cinema para fazer sua militância. E é esse seu ato de falar em público, que ora convoca e ora recusa a câmera, que norteia nosso jogo teatral”, detalha o diretor.
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Embora não seja uma peça participativa, a intenção dos artistas desta montagem é realmente convocar as pessoas a refletir sobre os temas abordados. Para tanto, a ideia é que atores e espectadores ocupem o mesmo espaço.

Ao mesmo tempo, a encenação estabelece uma forte ligação com a câmera de vídeo, característica marcante do diretor. Como inspiração para a materielização do trabalho foi utilizado o documentário sobre o Baldwin “Eu Não Sou Seu Negro” (2017), de Raoul Peck. Dessa forma, além da constante presença da câmera, em alguns momentos, o elenco interage com as cenas do filme.
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Há também uma dimensão geracional muito importante na construção da dramaturgia, já que a Izabel foi professora do Fernando Vitor e eles entraram em contato com o Baldwin em momentos distintos da vida. Assim, o fato de a produção dele reverberar em cada um de um jeito está explícito no texto.

Espetáculo ‘James Baldwin – Pode um Negro Ser Otimista?’ – foto: ©Caio Oviedo

Atualidade de James Baldwin
O objetivo de “James Baldwin – Pode um Negro Ser Otimista?” é entender como o pensamento desse intelectual repercute hoje no Brasil, mesmo ele tendo vivido em outro país em um período histórico diferente. “Seus escritos são tristemente atuais. Por isso, não quisemos fazer nada novo sobre ele e sim editar os seus materiais de maneira a representar nossas lutas atuais”, relata Fernando Vitor.
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Um dos pilares de Baldwin é a defesa de uma consciência racial de nação. “Ele acredita que precisamos conhecer muito bem a nossa história se quisermos avanços sociais e políticos. Então, ele sempre questionava se realmente refletíamos sobre o passado ou se não tínhamos esse tempo por precisarmos lidar com outras urgências”, afirma Izabel Lima.
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Nesse mergulho pelos ideais do escritor, o trio considerou importante entender com quais pesquisadores(as) e autores(as) brasileiros(as) ele dialoga. Figuras como a ex-vereadora Marielle Franco (1979-2018) e a deputada federal Erika Hilton foram apontadas como detentoras desse legado, especialmente por suas projeções na mídia e seus posicionamentos relevantes no combate ao racismo e à LGBTFobia.
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Para Peixoto, uma diferença relevante entre as vivências de Baldwin e o cenário brasileiro hoje é o envelhecimento da população negra. “Estamos conseguindo chegar aos 50 anos. Somos testemunhas e sobreviventes da história e podemos conviver e criar com os nossos jovens”, afirma.

Sinopse
O espetáculo James Baldwin – Pode um negro ser otimista? parte da pesquisa sobre o pensamento crítico do autor afro-americano James Baldwin (1924 -1987) para refletir sobre o contexto político e social brasileiro a partir da ótica intelectual negra. O projeto faz parte do projeto PANORAMA BALDWIN: Tinta Preta para Escrever sobre um Mundo Esbranquiçado, contemplado pela 3ª Edição do Edital de Apoio à Cultura Negra na Cidade de São Paulo.

Ficha Técnica
Dispositivo de cena e direção: José Fernando Peixoto de Azevedo | Elenco: Fernando Vitor e Izabel Lima | Direção musical e execução de trilha: Felinto | Assistência de direção e câmera: Alex Brito | Câmera e edição de imagem: André Voulgaris | Colaboração de pesquisa: Márcio Macedo | Preparação corporal: Tarina Quelho | Preparação vocal: Caue Ferreira | Desenho de luz: Denilson Marques | Operação de luz: Afonso Costa | Mediação pedagógica: Ronaldo Vitor da Silva | Programador visual: André Voulgaris | Fotografia: Caio Oviedo | Assessoria de imprensa: Canal Aberto | Produção: Corpo Rastreado | Idealização de projeto e realização: Fernando Vitor

Espetáculo ‘James Baldwin – Pode um Negro Ser Otimista?’ – foto: ©Caio Oviedo

SERVIÇO
James Baldwin – Pode um Negro Ser Otimista?
Classificação etária indicativa 16 anos
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BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE – Parte 1: É a Inocência que Constitui o Crime
Datas: 21, 22, 23 e 28 de agosto; 1, 2, 3 e 4 de setembro, às 19h
Endereço: R. da Consolação, 94 – República
Duração: 70 minutos
Ingresso: gratuito | Retirado com 1 hora de antecedência na bilheteria
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TEATRO ARTHUR AZEVEDO – SALA MULTIUSO – Parte 1: É a Inocência que Constitui o Crime e Parte 2: Será Preciso Salvar os Brancos?
Datas: 14 de setembro à 1 de outubro* ** – Quinta, Sexta, Sábado às 20h e Domingo às 18h
Endereço: Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca
Duração: 140 minutos (com intervalo)
Ingresso: gratuito | Retirado com 1 hora de antecedência na bilheteria
* no dia 21/9 não haverá sessão
** no dia 30/9 serão duas apresentações: às 17h e às 20h
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Sessões com libras: 21, 28 e 4 de agosto, e 15, 22 e 29 de setembro

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