Em homenagem aos 100 anos de eternidade de Franz Kafka, a peça de Marcio Meirelles “Josefina, a dos Ratos” volta em cartaz no Museu de Arte da Bahia
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Celebrando 70 anos de vida do encenador Marcio Meirelles e os 60 anos do Teatro Vila Velha, a montagem provoca em cena o debate sobre as dimensões do papel e do reconhecimento do artista, da sua relação com o público e dos critérios que validam e classificam uma obra de arte.
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Quando o escritor tcheco Franz Kafka (1883 – 1924), em fase terminal de sua vida, aos 40 anos, escreveu o conto “Josefina, a Cantora, ou O Povo dos Ratos”, não tinha ideia do quanto o impacto da universalidade de sua obra iria romper paradigmas e atravessar fronteiras para muito além do continente europeu. As comemorações iniciaram em junho, homenageando o centenário de eternidade de Kafka – e celebrando o ciclo dos 60 anos do Teatro Vila Velha, essa história terá novamente uma releitura baiana, de atmosfera contemporânea, polifônica e multimídia, integrando as ações O Vila Ocupa o MAB, programa de ocupação artística do Teatro Vila Velha, com apoio financeiro do IPAC/Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. As apresentações são nos dias 13, 14, 20 e 21 de julho. Sábado, às 19h, e no domingo, às 17h, no Museu de Arte da Bahia.
Conhecendo mais sobre a história: Na fábula original, Josefina é uma rata cantora que quer viver para seu canto, e ser reconhecida por isso. Seria justo, portanto, que fosse dispensada do trabalho comum a que todos do seu povo são obrigados, pois são tarefas que diminuem sua força para desenvolver plenamente seu canto e sua missão: a de proteger, com sua arte, o povo. Este propósito é questionado por um narrador que coloca em dúvida o talento de Josefina, que não seria necessariamente o de cantar, mas o de manipular sua plateia, capturada num encantamento gerado por uma série de estratégias e atitudes, que a tornam quase intocável. Segundo o narrador, isso é fácil de conseguir daquele povo “tão acostumado com a desgraça” que o faz dependente de qualquer “salvador”.
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Na releitura de Meirelles, o único narrador da obra original de Kafka se multiplica nos diversos tons, sons, corpos, gestos e nuances dos jovens atores da universidade LIVRE de teatro vila velha, e na tradução corporal do ator e dançarino Ariel Ribeiro, convidado pelo Teatro dos Novos, grupo realizador do projeto. A partir de um processo de construção e atuação cunhado como Teatro-Coral, o encenador imprime mais uma vez uma das marcas mais expressivas de sua dramaturgia; em que o coro de atores se espelha, criando ecos e duplos na cena.
Esse coro de ratos que decreta Josefina como necessária ou inútil, entre defesas apaixonadas e protestos acalorados, dialoga com os tempos polarizados da nossa sociedade, em tempos de desqualificação e ataques à arte e à cultura. A personagem de Josefina é a metáfora dessas contradições. Nessa guerra de narrativas, muitas camadas e abordagens que discutem a sociedade de consumo, a cultura de massa, a ilusão da popularidade como valor artístico, a necessidade de representatividade, entre outros assuntos que geram um grande debate, uma grande assembleia cênica.
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Curiosidade: no ano de 1990, Meirelles montou uma versão do conto em que todos os atores interpretavam Josefina, com o elenco da Companhia de Interesses Teatrais (CIT), formado por Clécia Queiroz, George Mascarenhas, Nadja Turenko, Tereza Araújo e Yulo Cézar. Na época, o espetáculo ganhou o Prêmio de Melhor Atriz do Festival Teatro e Dança de João Pessoa, para Tereza Araújo.
Para ficar atualizado e bem informado sobre toda a programação de “O Vila Ocupa o MAB” e também sobre o programa “O Vila Ocupa a Cidade” (um calendário amplo e intenso de ações, criações, atividades e espetáculos em outros espaços culturais da cidade), acesse o instagram @teatrovilvelha e acompanhe as novidades nas redes sociais.
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O Teatro Vila Velha conta com apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.
FICHA TÉCNICA | JOSEFINA, A DOS RATOS
Encenação: Marcio Meirelles | Tradução cênica: Marcio Meirelles para “Josefina, a cantora ou o povo dos ratos”, de Franz Kafka | Composição e direção musical: Ramon Gonçalves | Elenco – participação: Ariel Ribeiro como Josefina; Ramon Gonçalves como músico | Coro dos apoiadores – Beatriz Zacharias; Crisley Cruz; Danielle Landu; Stefani Barros; Tom Sena; Ana Valéria | Coro dos opositores – Daniel Feitoza; Evelyn Venet; Gabriela Wenzel; Índigo Conceição; Wilson França | Preparação de voz: Edi Montecchi | Coreografia e preparação de corpo: Ariel Ribeiro | Figurino: Guilherme Hunder | Desenho de luz: Marcio Meirelles e Marcos Dede | Produção: Ana Paula Borges e Beatriz Albuquerque | Roteiro, edição e capturas de imagem de vídeo: Rafael Grilo | Identidade visual, material gráfico e de divulgação: Ramon Gonçalves | Coordenação de comunicação: Amanda Lopes e Beatriz de Paula | Assessoria de imprensa: Arlon Souza | Fotos: Maiara Cerqueira | Realização: Teatro Vila Velha / Teatro dos Novos / Universidade Livre de Teatro Vila Velha | Projeto: O Vila Ocupa o MAB | Patrocínio: Museu de Arte da Bahia / Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia / Secretaria de Cultura do Estado da Bahia / Governo da Bahia | Auditório do Museu de Arte da Bahia – Salvador/Bahia
SERVIÇO
Espetáculo “Josefina, A dos Ratos”
com Cia. Teatro dos Novos e Universidade Livre de Teatro Vila Velha
2º temporada – dias: 13, 14, 20 e 21 de julho/2024
Sábado, às 19h, e no domingo, às 17h
Local: Museu de Arte da Bahia – Corredor da Vitória – Salvador/Bahia
Duração: 90 minutos
Classificação: 14 anos
Valor: R$20 (meia) e R$40 (inteira)
Os ingressos podem ser adquiridos através do Sympla ou na bilheteria do espaço, com valores diferenciados para cada lote.
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A 1ª temporada ocorreu nos dias: 6, 7, 8, 9, 13, 14, 15 e 16 de junho (2024) / Museu de Arte da Bahia – Corredor da Vitória – Salvador/Bahia.
SOBRE FRANZ KAFKA
Franz Kafka, escritor tcheco, nasceu em 3 de julho de 1883 e morreu em 3 de junho de 1924. Era judeu e tinha uma relação conflituosa com seu pai, uma figura opressora que esteve, indiretamente, presente nas narrativas do escritor. Formado em Direito, trabalhou, durante 14 anos, no Instituto de Seguro de Acidentes de Trabalho, mas teve sua aposentadoria antecipada em 1922, devido à tuberculose. Assim, não pôde dedicar-se exclusivamente à escrita. As obras do escritor possuem traços expressionistas e estão abarcadas pelo modernismo. Portanto, é possível verificar, em suas narrativas, a deformação da realidade, a presença de alegorias, o anticonvencionalismo, o nonsense e o pessimismo. Seus principais livros são A metamorfose, O processo e O castelo.
SOBRE MARCIO MEIRELLES
Fundador do grupo Avelãz e Avestruz (1976-1989), criador e diretor do Espaço Cultural A Fábrica (1982) e diretor de um dos maiores centros culturais do Brasil – o Teatro Castro Alves (1987-1991). Em 1990 criou juntamente com Chica Carelli o Bando do Teatro Olodum. Revitalizou o Teatro Vila Velha e assumiu sua direção artística em 1994. Entre seus trabalhos no teatro, destacam-se: o espetáculo “Ó Pai Ó!”, com o Bando de Teatro Olodum; “Candaces – A Reconstrução do Fogo” (2003), do grupo carioca Companhia dos Comuns, que virou samba enredo do Salgueiro no carnaval de 2007. Também co-dirigiu, com Werner Herzog, o espetáculo “Sonhos de uma Noite de Verão”, no Rio de Janeiro, para a ECO 92. Dirigiu, para o Bando, nova versão da comédia de Shakespeare, premiada como melhor espetáculo pelo Prêmio Braskem, em 2006. Foi Secretário de Cultura do Estado da Bahia (2007-2010) e, em junho de 2011, assumiu novamente a direção do Teatro Vila Velha, onde criou em 2013 a universidade LIVRE de teatro vila velha. Em 2019, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. “Josefina” é seu 125º espetáculo, entre realizações no Brasil, na Europa e na África. Em 2022, marca os seus 50 anos de teatro com realizações artísticas em Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.
SOBRE O TEATRO VILA VELHA
Prestes a completar 60 anos, em 31 de julho de 2024, o Teatro Vila Velha é um dos mais importantes e inovadores espaços de difusão artística do Brasil. Foi fundado em 1964 pela Sociedade Teatro dos Novos, e está localizado em Salvador-BA. Tem como missão fomentar a criação artística coletiva e comprometida com a reflexão e o respeito à diversidade. O Vila mantém intensa programação presencial e virtual, tem seu próprio programa de formação artística, a universidade LIVRE, já revelou grandes nomes da arte nacional e recebe espetáculos e artistas do mundo inteiro. Atualmente, o Vila começa a passar por uma reforma financiada pela Prefeitura de Salvador. Por essa razão, deu início ao programa ‘O Vila Ocupa a Cidade’, uma série de ações, criações e colaborações que mantém o Teatro Vila Velha atuante e presente, ao longo de 2024, em diversos outros teatros e espaços culturais. A marca de um espaço sempre em experimentação, formação artística e constante diálogo com a sociedade.