Com texto criado a partir das escutas da filósofa Helena Theodoro, a peça “Mãe Baiana” fala sobre relações e perdas, por meio de memórias preservadas pela oralidade. Montagem integra a trilogia Matriarcas, idealizada pela atriz Vilma Melo e pelo produtor cultural Bruno Mariozz
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“Quando as pessoas são lembradas, elas não morrem”, disse a filósofa, escritora e professora Helena Theodoro nas conversas com as autoras Thaís Pontes e Renata Andrade, que escreveram a dramaturgia de “Mãe baiana”. Com direção de Luiz Antonio Pilar — vencedor do Prêmio Shell de Melhor Direção por “Leci Brandão – Na Palma da Mão” — a peça terá três apresentações gratuitas durante o mês de agosto em São Paulo, dentro do Circuito Municipal de Cultura 2024. As sessões acontecerão no Teatro Flávio Império (9/8), Centro Cultural Olido (16/8) e Teatro Alfredo Mesquita (28/8).
No palco, Dja Marthins e Luiza Loroza interpretam avó e neta que, ao viver um momento de luto em família, veem a relação entre as duas renascer. A peça, que joga luz sobre o papel poderoso e fundamental da mulher negra na sociedade. Para o diretor Luiz Antonio Pilar, a concepção de “Mãe baiana” nasce da proposta do texto. Nele, estão os conflitos de gerações e de conceitos entre uma jovem mulher de seus 20 e poucos anos e sua avó, octogenária.
O espetáculo faz parte da trilogia “Matriarcas”, ao lado de “Mãe de santo” e “Mãe preta”, idealizado pela atriz Vilma Melo e o produtor cultural Bruno Mariozz. A peça parte da perda de um filho, fato que Helena Theodoro viveu quando seu menino de quatro anos morreu afogado. Apesar da premissa triste, as autoras preocuparam-se em não pesar o espetáculo, até porque a personagem da avó – assim como a autora – sofre, mas entende a morte. No início, a neta não compreende, mas passa a entender ao longo da história.
Todo o pensamento da filósofa e primeira doutora preta do Brasil Helena Theodoro passa por suas experiências pessoais e afirma o princípio feminino preto com todas as suas possibilidades de existir, conservar, transformar e melhorar o mundo.
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“Esse espetáculo é sobre relações – sobre relação de avó e neta, relação com a morte, com a cozinha, com a religião. A gente vai se transformando nos nossos, a gente vai se vendo… Escrever com a Renata Andrade foi um doce exercício de memórias, em que fomos lembrando histórias das nossas famílias”, conta Thaís Pontes, que recorda as conversas com a avó durante as madrugadas na cozinha de casa.
“Um conflito que não significa necessariamente violência ou brigas, mas as diferenças de ideias de tempos que já passaram. São dois mundos diferentes que hoje estão no mesmo espaço”, analisa o diretor, que fala também sobre a perspectiva racial da montagem. “Me ressinto com a dramaturgia nacional que quando vai falar do negro, principalmente o urbano, é sempre no conflito da violência. A questão nunca é contraditória ou está na diferença de perspectiva. É sempre no jovem negro matando ou morrendo, da família desconstruída, da falta de afeto. Em ‘Mãe baiana’ o conflito está inserido numa sociedade cotidiana e na família geracional, constituída por mulheres, convivendo no mesmo espaço”, finaliza Pilar.
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O cenário criado por Renata Mota e Igor Liberato é composto por ambientes de uma casa, divididos entre sala, cozinha e quintal onde avó e neta conversam, cozinham e recordam as histórias da família. No quintal, são usados dez quilos de terra e de sementes de girassol.
FICHA TÉCNICA
Argumento: Helena Theodoro | Texto: Thaís Pontes e Renata Andrade | Direção: Luiz Antonio Pilar | Elenco: Dja Marthins e Luiza Loroza | Direção musical: Wladimir Pinheiro | Direção de produção: Bruno Mariozz | Diretora assistente: Lorena Lima | Iluminação: Anderson Ratto | Figurino: Clívia Cohen | Cenário: Renata Mota e Igor Liberato | Elementos cenográficos: Clívia Cohen | Visagismo: Késia Lucas | Programação visual: Patricia Clarkson | Design gráfico: Rafael Prevot | Comunicação: Natasha Arsenio | Assessoria de imprensa: Catharina Rocha e Paula Catunda | Produção executiva: Walerie Gondim | Assistente de produção: Mariana Pantaleão | Artesãs: Cíntia Miller, Winnie Nicolau, Ludmila Azevedo, Maria de Paiva | Cortador: Alex Coutinho | Cenotécnico: André Salles | Coordenação financeira: Ingryd Cardozo | Contabilidade: Davi Andrade | Idealização: Bruno Mariozz e Vilma Melo | Produção e realização: Palavra Z Produções Culturais
SERVIÇO
Espetáculo: “Mãe baiana”
Circuito Municipal de Cultura 2024
9 de agosto (sexta), às 20h – Teatro Flávio Império
(Rua Prof. Alves Pedroso, 600 – Cangaíba)
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16 de agosto (sexta), às 19h – Centro Cultural Olido
(Av. São João, 473 – Centro)
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28 de agosto (quarta), às 21h – Teatro Alfredo Mesquita
(Av. Santos Dumont, 1.770 – Santana)
Entrada gratuita
Retirada de ingressos: 1 hora antes do espetáculo
Classificação: 12 anos.
Duração: 60 min.
> Siga “Mãe Baiana” nas redes sociais @maebaiana.teatro
Biografias
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Helena Theodoro
Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), graduada em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mestra em Educação pela UFRJ e doutora em Filosofia pela Universidade Gama Filho. Em 2019, terminou o pós-doutorado no IFCS/UFRJ/PPGHC (Programa de Pós-Graduação em História Comparada). Foi presidente do Conselho Deliberativo do FUNDO ELAS e coordenadora do Comitê Pró-equidade de Gênero, Raça e Etnia da Casa da Moeda do Brasil até junho de 2016.
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Atuou como professora auxiliar da Universidade Estácio de Sá, tendo sido coordenadora da Pós-graduação de Figurino e Carnaval da Universidade Veiga de Almeida (UVA), de 2010 a 2015. Participou da comissão julgadora nas edições de 2011, 2012 e 2013 do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento, produzido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro/Cojira-Rio. Foi vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos do Negro – CEDINE. Exerceu a vice-presidência do Fundo ELAS, de 2008 a 2015, tendo sido jurada do Estandarte de Ouro do jornal O Globo durante 27 anos. Coordenou o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB) da FAETEC de 2008 a 2013. Escreveu os livros “Mito e Espiritualidade: Mulheres Negras” (1996), “Os Ibéjis e o Carnaval” (2009), “Caderno de Cultura Afro-brasileira” (2009), “Iansã, rainha dos ventos e tempestades” (2010) e “Martinho da Vila – Reflexos no Espelho” (2018).
Luiz Antonio Pilar
Diretor de teatro, televisão e cinema. Formado bacharel em Artes Cênicas, especialização de direção teatral pela UniRio, em 1990. Com grande experiência em televisão, dirigindo as novelas “Desejo proibido”, “Sinhá Moça”, “A padroeira” na TV Globo; “Xica da Silva”, “Brida”, “Mandacaru” e “Tocaia Grande”, na extinta TV Manchete. No cinema, dirigiu “Lima Barreto, ao terceiro dia”, o documentário “Candeia” e o curta-metragem “A mãe e o filho da mãe”. Venceu o 13º Festival de Curtas do Rio de Janeiro e, como prêmio, representou o Brasil no Festival de Cinema de Angérs, na França. Em parceria com a produtora Lapilar, o Canal Futura e a TV Globo, desenvolve o projeto “A cor da cultura” (conjunto de programas voltados para temática negra, em cumprimento a determinação da Lei 10.639). Em 1993, fundou sua produtora, realizando projetos de sucesso de temática afro-brasileira como o espetáculo teatral “Os negros”, de Jean Genet. Em 2023 fez parte da direção da novela “Todas as Flores”, da TV Globo, que ganhou o prêmio ROSE D’OR LATINOS, como melhor telenovela. Atualmente está indicado no Prêmio Shell de Teatro pela direção do musical “Leci Brandão – Na Palma da Mão”.
Dja Marthins
Baiana da cidade de Salvador, Djacira da Silva Martins é fascinada em aprender. É veterana nos palcos cariocas, começou sua carreira com Ernesto Piccolo e Rogério Blat. Alguns de seus trabalhos mais recentes: curtas “Interiores” (2022), “Viventes” (2022) e “Você” (2022); no teatro, “Favela” e “Favela 2” e “A gente não desiste” (desde 2011); na TV, novelas “Cara e Coragem” (2022) e “Fuzuê” (2023); séries, “Justiça 2” (2022), “Capoeira” (2023) e “Dona Beja” (2023).
Luiza Loroza
Luiza Loroza é atriz e diretora. Formada pela Escola de Atores Wolf Maya e aluna do curso de Artes Cênicas (UNIRIO). Dirigiu “Erê” (onde também assina a adaptação de dramaturgia), “O Pequeno Herói Preto” e “Yabá – Mulheres negras”. Assina a direção de movimento e adaptação de dramaturgia do espetáculo “Leci Brandão – Na palma da mão”. Destaque para os trabalhos como atriz com o espetáculo “Jacksons do Pandeiro – O musical”, com a direção de Duda Maia; “Museu Nacional”, com direção de Vinicius Calderoni – onde Luiza além de atuar escreveu uma das cenas da peça, a cena “museu do futuro”; “Tempestade”, com direção de Aluísio Abranches, e como Cristal, na novela “Vai na fé”, da Rede Globo. Foi diretora assistente de Duda Maia em “Zaquim”, “Manoel” e na remontagem de “Auê”. E assistente de direção de Isaac Bernat em “O Encontro – Martim Luther King e Malcolm X”. Foi indicada para o Prêmio APTR na categoria Jovens Talentos. Em 2022 foi indicada pela direção de “O pequeno herói preto” ao prêmio CBTIJ.
Palavra Z Produções Culturais
Fundada em 2011, a Palavra Z Produções Culturais atua principalmente nas artes cênicas, como na música e no carnaval carioca. Com mais de 30 espetáculos no currículo, seus últimos tiveram como parceiros Banco do Brasil, Oi Futuro, Eletrobrás, Porto Seguro e Vale. Entre os mais recentes estão “Leci Brandão – Na Palma da Mão” (2023), idealizado e dirigido por Luiz Antonio Pilar, com três indicações no Prêmio Shell; “Órfãos” (2022), adaptação de sucesso da Broadway dirigido por Fernando Philbert; e “Mãe de Santo”, monólogo por Vilma Melo com indicações nos principais prêmios. Atualmente vencedor dos prêmios APCA e do prêmio CBTIJ de Teatro Infantil com “Vamos Comprar um Poeta”. Um dos pioneiros da campanha Teatro Online, lançada na pandemia, com mais de 120 mil visualizações e mais de 50 espetáculos exibidos.
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