quinta-feira, março 13, 2025

Espetáculo ‘Mão na barra, pé no terreiro, a vida e a dança de Mercedes Baptista’ estreia curta temporada no Teatro Domingos Oliveira

Uma história de luta e perseverança pelo sonho de brilhar nos palcos com a sua arte, fez com que Mercedes Baptista, tornasse sua trajetória um marco histórico para a dança brasileira, tendo se tornado a primeira bailarina negra a integrar o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, um dos mais importantes palcos do país. Sua trajetória longeva estará nos palcos em “Mão na barra, pé no terreiro, a vida e a dança de Mercedes Baptista”, onde a atriz e bailarina Ivanna Cruz, conduz o enredo, relembrando origens e as batalhas da mulher negra, tal como ela, para conseguir que sua arte fosse reconhecida.

O espetáculo sobre a Bailarina e coreógrafa que revolucionou a dança contemporânea no Brasil, quebrando barreiras e inspirando gerações, que estreou no Centro Coreográfico em novembro passado, ficará em cartaz entre os dias 13 e 23 de março, de quinta a sábado, às 20 horas, e domingos às 19 horas, no Teatro Domingos Oliveira, na Gávea. A peça tem direção artística de Luiz Antônio Rocha e texto assinado por Ivanna Cruz, Luiz Antônio Rocha e Pedro Sá de Moraes, coreografias de Diego Rosa e cenário e figurinos de Eduardo Albini. Também estarão em cena as musicistas e atrizes Geiza Carvalho e Regina Café. A montagem conta com iluminação de Ricardo Fujii e mais de 90% da ficha técnica do projeto é composta por artistas e técnicos negros, atuantes na cena cultural brasileira.
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O musical resgata ritmos como o Jongo, a Mana Chica e ancestralidade dos ritmos trazidos da África pelos antepassados africanos, escravizados e retirados à força de suas terras e seus laços familiares e culturais e impostos à diáspora dolorosa pelos portugueses que aqui dominaram e colonizaram as terras brasileiras a partir do ano de 1500.
 
O repertório apresenta a preservação dessa cultura afrodescendente e dos sons que remetem à memória, o que tanto Mercedes fez e conseguiu, seguida anos depois pela sua conterrânea, Ivanna Cruz, que percorre o mesmo caminho. As duas, nascidas em Campo dos Goytacazes, nunca desistiram mesmo com a imposição de todas as formas de racismo existentes na sociedade.
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O diretor artístico, Luiz Antonio Rocha, aponta que Mercedes Baptista foi e é a pedra fundamental da identidade afro-brasileira na dança influenciando várias gerações de artistas e movimentos culturais. Valorizou a identidade negra dando visibilidade, respeito às mulheres e combate ao racismo. “Sua história nos inspira, além de homenageá-la, vamos resgatar ritmos que estão desaparecendo como o Jongo e a Mana-Chica (RJ). O projeto tem como referência a cultura e a arte popular influenciadas por matrizes culturais de povos afro diaspóricos”, afirma o diretor.
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O espetáculo foi contemplado no Edital da Chamada Instituto Cultural Vale 2024, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e será encenado em quatro Estados brasileiros, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais e Rio de Janeiro, em teatros de suas capitais e por quilombos de cada um desses Estados citados. O objetivo é circular por equipamentos culturais e Quilombos com ações afirmativas, inclusivas e que reconheçam o valor cultural de cada território.

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Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro – foto: Leonardo Aversa

Quem foi Mercedes Baptista
Nascida na cidade de Campos dos Goytacazes, Região Norte do estado do Rio de Janeiro, Mercedes Baptista superou obstáculos e quebrou barreiras raciais, abrindo caminho para futuras gerações de bailarinos negros, como eu. Sua ascensão é um testemunho do poder da arte em transcender fronteiras sociais e raciais. Foi a responsável pela criação do balé afro-brasileiro, inspirado nos terreiros de candomblé, elaborando uma codificação e vocabulário próprio para essas danças.
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O seu Ballet Folclórico Mercedes Baptista foi responsável pela consolidação da dança moderna do Brasil. Ao longo de sua trajetória, Mercedes recebeu diversos prêmios e reconhecimentos, solidificando sua posição como uma das principais bailarinas do país. Sua estreia no Theatro Municipal é um momento culminante de sua carreira e um exemplo inspirador de superação.

A produção artística negra, sistematicamente apagadas e desvalorizadas, quando entendida sob o viés decolonial, evidencia o potencial intelectual e econômico da cultura afro-brasileira. São produções essenciais que possibilitam a manutenção de laços comunitários entre a população negra, assim como ofertaram as bases que estruturaram a identidade nacional. A inserção da dança afro-brasileira, batuque, canto preto e filosofia africana como eixo central da pesquisa, contribui ao fazer a ponte entre o que existiu com a atualidade.
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O projeto parte do encontro entre Mercedes e a atriz e bailarina Ivanna Cruz, com meio século de intervalo entre elas, duas artistas pretas da dança que nasceram na mesma Campos dos Goytacazes, uma das últimas cidades do Brasil a acatar a abolição da escravidão.
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Mercedes Baptista é um ícone da resistência e do talento. Sua presença no Theatro Municipal é um passo importante para a representatividade e inclusão racial na dança brasileira. É uma honra fazer parte de um projeto como este, pensado nos mínimos detalhes e tão sonhado em executá-lo para além de poder homenagear, apresentar a grandeza que foi e é a Mercedes Baptista”, declara Ivanna Cruz.
 
“Para além da primeira bailarina do Theatro Municipal, Mercedes também foi uma mulher aguerrida que manteve sempre a cabeça erguida em um propósito: mostrar que ela merecia chegar onde chegou e ainda ousar em quebrar paradigmas e mostrar a cultura da nossa gente, a cultura afro, sobretudo por interferir de maneira positiva na percepção de novos significados para o contexto da dança, com a diversidade, inclusão e memória, tão presentes na sua trajetória”, completa a atriz.
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Ivanna ainda conta que, durante o processo de preparação, ficou surpresa com a força de Mercedes em empreender, em não esmorecer, ao brigar pelo espaço dela. A bailarina cuidou da criação, da venda do seu produto, sua arte, ela sabia o que acontecia em cada detalhe da cadeia de criação dos projetos dela.
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“Ela mesma arrecadava e pagava cada integrante, cada cachê, ela valorizava o profissional da arte, visionária e corajosa. Para cada porta que ela encontrava fechada, criava mais força para desenvolver e executar projetos culturais numa época ainda onde a mulher não tinha voz e nem vez”, salienta Ivanna.

“Eu espero com esse projeto, passar por um processo de cura, de ressignificação, que as pessoas se reconheçam merecedoras, de uma maior união, de mãos dadas a quem se propõe a ser aliado e gritar junto pelo espaço que não é para segregar, separar é para juntar mais ainda. Eu me sinto muito forte quando encontro outras mãos que me ajudam e dizem que eu devo seguir, persistir, porque eu mesma já pensei em desistir muitas vezes. Mas eu lembro de Mercedes e tantos outros que deram o sangue para que eu pudesse estar aqui. Conhecer a nossa História faz parte do aparato de força e nivelação para se chegar aos resultados. Muita coisa mudou para os artistas negros, para o povo negro em geral mas ainda temos sim um longo caminho pela frente”, diz Ivanna.
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“Diante dos obstáculos, cada vez mais duros enfrentados em sua caminhada de artista negra, Ivanna encontra em Mercedes uma fonte de resiliência e encantamento, uma chave para destravar as portas do seu futuro. No espetáculo, há uma teia formada por relato pessoal, investigação histórica, dança e canções que ecoam a tradição e as raízes compartilhadas por ambas”, acrescenta Luiz.

Para Pedro Sá Moraes o projeto é como uma reparação, uma pequena colaboração para jogar luz sobre a fortaleza de uma mulher que tanto lutou com as armas mais nobres para quebrar paradigmas, a arte. Gritou com os batuques e a sua dança para mostrar que merecia ser vista e ouvida.
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“Falar sobre Mercedes Baptista é não deixar que sua trajetória brilhante seja esquecida e, sobretudo, com relação às novas gerações que possuem o direito e a obrigação de conhecer quem fez pela sua cultura. No caso de personalidades afrodescendentes, a responsabilidade é não permitir mais um apagamento histórico de pessoas negras que se mostraram capazes e enfrentaram tantas divergências para estarem nos lugares de direito”, comenta.

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A bailarina Ivanna Cruz no espetáculo “Mão na barra, pé no terreiro, a vida e a dança de Mercedes Baptista” – foto:  @patriciabuenofotografia

Ivanna Cruz, atriz e bailarina multifacetada que respira arte
A atriz, dançarina, produtora, Educadora Popular e professora de dança Afro, nasceu em Campos dos Goytacazes, Cursou Teatro Experimental do SESC e Curso Técnico Profissionalizante da Cal. Atuou em espetáculos como: “Vestido de Noiva”, “Antígona”, “A Serpente”, “Marido Oscar”, “O outro lado da história”, “O boi e seus alegres brincantes”, “Histórias Encantadas”, “A Arca de Noé”, ”Ilê Sain à Oxalá”, 2000 a 2015 “A menina e o vento” “As Feras”, de Vinicius de Moraes de 2017 a 2019. Dirigiu os musicais: “Metal contra as nuvens” e “Batuque das Tias”, e o infantil “A Fada cheia de ideias”. Participou dos Curtas Metragens “Broadway” dir. de Maycon Gual ( 2017) e “A Casa de Pedra”, dir. Ricardo Conti (2018). Participou da novela “Quanto Mais Vida melhor”, na Rede Globo. Ivanna também está a frente de trabalhos como ativista cultural na cidade onde desenvolve um trabalho em terreiros e escolas divulgando a tradição popular da cidade com danças como “Mana Chica”, uma dança similar às quadrilhas de roda com nuances do Fado do tempo da escravidão.

Luiz Antonio Rocha, um operário das artes por vocação
Produtor, autor e diretor teatral, é um dos mais conceituados diretores de casting do mercado, segundo a revista Veja. Foi membro do conselho da Michael Chekhov Brasil e em 2012, fez parte do júri oficial do International Emmy Awards realizado em Nova York. Foi indicado ao prêmio Shell de 2019 na categoria inovação por Paulo Freire, “O Andarilho da Utopia”. Sendo considerado por Flávio Marinho no seu livro “Quem tem medo de besteirol” como um dos reinventores do gênero. Seus espetáculos, além de ficarem muito tempo em cartaz, possuem uma marca autoral com grande sensibilidade que valoriza a força do ator e da palavra. Seus últimos espetáculos são: “ Anima”;“O Profeta”, uma releitura filosófica da obra de Khalil Gibran; “ Helena Blavatsky, a Voz do Silêncio, “Zilda Arns, a dona dos Lírios ; “Brimas” , “ Frida Kahlo, a Deusa Tehuana”, “ A história do Homem que ouve Mozart e da Moça do lado que escuta o Homem” , “Uma Loira na Lua”; “Eu te darei o Céu” entre outros.

Pedro Sá Moraes e sua versatilidade e sensibilidade artística
Ator e músico, começou sua carreira musical como intérprete de samba, compartilhou palco e gravações com mestres do gênero, como Nelson Sargento, Wilson Moreira, Elton Medeiros e outros. Em 2007, lançou-se como compositor de MPB, e a carreira internacional se abriu em frequentes turnês pela Europa, América Latina, Ásia e América do Norte. Foi escolhido pela rede nacional de rádios públicas (NPR) dos Estados Unidos os dez artistas revelação de 2012, aclamado pelo jornal The New York Times. Em 2016, foi vencedor do Prêmio Profissionais da Música como Melhor Cantor, naquele ano. Em 2018, estreou o solo “A Paixão de Brutus”, uma adaptação autoral sua sobre o Julius Caesar de Shakespeare, com direção de Norberto Presta, com o qual visitou dezenas de cidades brasileiras. A Folha de São Paulo, numa crítica de destaque, afirma que “Pedro Sá Moraes se transmuta, como um trovador, em versos de um lirismo tocante e pungente”. Em 2018, junto a Jéssica Barbosa, realizou Em Busca de Judith, que estreou como peça-filme em 2021, contemplado pelo Edital da Lei Aldir Blanc, e estreou nos palcos em 2022 em temporada no Itaú Cultural (SP). Desde 2020, dedica-se a aprofundar sua pesquisa sobre a relação entre a música popular brasileira e o teatro, através de um doutorado em Artes Cênicas, pela Universidade de Campinas (UNICAMP), em São Paulo.

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Mercedes Baptista, a primeira bailarina negra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro

FICHA TÉCNICA
Espetáculo ‘Mão na barra, pé no terreiro, a vida e a dança de Mercedes Baptista’ | Texto: Ivanna Cruz, Luiz Antônio Rocha e Pedro Sá Moraes | Canções: Pedro Sá de Moraes | Encenação: Luiz Antônio Rocha | Atriz: Ivanna Cruz | Instrumentistas/atrizes: Regina Café e Geiza Carvalho | Cenário e figurinos: Eduardo Albini | Projeto de luz: Ricardo Fujii | Coreografia e preparação corporal: Diego Rosa | Direção musical: Pedro Sá Moraes | Preparação vocal: Jorge Maya | Consultoria Jongo/ Mana-chica: Neusinha da Hora e Neide da Hora | Fotografia: Jow Coutinho e André Brito | Aderecista: Nilton Souza | Confecção figurino raízes: Marcos Vieira | Tingimento figurino raízes: Aline Nogueira | Costureira: Maria Madalena de Oliveira | Assessoria de imprensa: Alessandra Costa | Gestão de redes sociais: CulturaLab | Design gráfico: Cristhianne Vassão | Gravação e registro de imagens: Julio Stotz | Voz OFF: Arlete Heringer | Elaboração de projetos e prestação de contas: Lilian Maya | Produção executiva: Luiz Antônio Rocha | Direção de produção: Damiana Inês | Produção: Arteiro Produções & Espaço Cênico Produções Artísticas & Teatro em Conserva | Agradecimentos especiais: Viviane Ramiro e Dona Ruth | Patrocínio do Instituto Cultural Vale, Lei Federal de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura e Governo Federal | Apoio da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura | Na rede:  @mercedesbaptistaapeca | @ivannacruzoficial | @luiz.antonio.rocha| @pedrosamoraes | @arteiroproducao

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Ivanna Cruz no espetáculo “Mão na barra, pé no terreiro, a vida e a dança de Mercedes Baptista” – foto: Jow Coutinho

SERVIÇO 
Espetáculo “Mão na barra, pé no terreiro, a vida e a dança de Mercedes Baptista”
Data: De 13 e 23 de março 2025
Dias/horários: Quinta a sábado, às 20 horas | domingos às 19 horas
Classificação: Livre
Duração: 80 minutos
Onde: Teatro Domingos Oliveira (Planetário da Gávea)
Endereço: Av. Padre Leonel Franca 240 – Gávea – Rio de Janeiro/RJ
Ingresso: R$ 40,00 / R$ 20,00 – Compra online: clique aqui
ou bilheteria do teatro: sexta a domingo – das 15h às 20h
Mais informações: @teatrodomingosoliveira


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