Com texto e atuação da poeta e ativista dos direitos humanos Mitzi Amado, “Memória – No Limiar do Juízo Final” estreia dia 13 de setembro, no Teatro Glauce Rocha – Sala Murilo Miranda, Centro do Rio de Janeiro. Dirigida por Delson Antunes, a peça traz uma mulher que revisita histórias, examina relações, condena-se, absolve-se, arrepende-se, inquieta-se, esquece-se. Questionando o presente, teme o futuro e na fronteira mais tênue da vida descobre a potência da sua existência.
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A dramaturgia de “Memória – No Limiar do Juízo Final” aborda o universo feminino para falar de amor e desamor, solidão, maternidade, envelhecimento e culpa a partir da história de uma mulher que é várias, tão paradoxal quanto complexa e improvável. Presa ao passado e temendo o futuro, se vê atormentada pelos fantasmas da sua mente, que a torturam com lembranças, cobranças e avaliações. Mais do que falar de relações, a peça discute sobre como romper o ciclo de repetição de padrões habituais que se propagam de geração para geração e reflete sobre o relativismo do certo ou errado e a transformação das relações na passagem do tempo.
No centro da cena de “Memória – No Limiar do Juízo Final” está a poeta, atriz, autora e diretora teatral Mitzi Amado, que é também empreendedora social e ativista dos direitos humanos desde os 19 anos. E é ela quem nos conta a respeito da obra em questão:
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“O solo trata de uma mulher real e possível, apesar de todas as idealizações que marcam a figura feminina através da história da humanidade. É uma perspectiva sobre o ser feminino a partir do ser feminino e também de uma maternidade fora das convenções. São as histórias e dramas existenciais de uma mulher. Todas elas, todas nós, erradas, falhas, imperfeitas e reais, que temem o envelhecimento, a doença, a morte e sentem culpa pelos erros do passado. As angústias dela, conscientes e inconscientes, as faladas e as silenciadas, são também minhas e podem ser a mola propulsora para a liberdade”, revela a autora e atriz Mitzi Amado.
Mitzi revela também que encontrou motivação para o tema pelo simples fato de ser mulher em uma “sociedade macha”, diariamente precisando se colocar como mulher detentora de uma miríade de possibilidades de escolhas e não apenas as já arquitetadas, encaixotadas:
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“Tenho que me deparar com o olhar julgador e condenador de uma sociedade injusta e patriarcal. Reafirmar a mulher plural tornou-se missão de vida. Os corpos são plurais, as maternidades são plurais, as formas de amar e sofrer são plurais. Comportamentos, desejos, angústias, feminilidades, todos plurais e diversos”, comenta Mitzi.
A encenação se desenvolve, a partir da criação de um ambiente simples que remete ao inconsciente de uma mulher, utilizando poucos objetos em cena e muita imaginação. A atmosfera se apoia no claro-escuro da luz, nas projeções de vídeos de diferentes épocas da vida da personagem e na magia de uma trilha sonora original. Os conflitos internos do personagem se sucedem, alternando momentos dramáticos com outros bem humorados ou poéticos, em um ritmo dinâmico e diversificado.
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“É a reconstituição da vida de uma mulher a partir de suas relações com a sua mãe, com a sua filha e com seu ex-marido, além da evocação de recordações esparsas de fatos e pessoas do passado que marcaram a sua trajetória. As memórias surgem em recortes que compõem um mosaico de uma vida em busca de uma identidade, onde os conflitos se sucedem em busca da superação para inaugurar novos ciclos de vida, em um jogo de fragmentos vivos de memória. Este jogo estabelece um processo de auto-julgamento, onde não há verdades e nem mentiras. O que herdou de sua mãe? E o que entregou para sua filha? O que a espera? O que se revela?”, comenta o diretor Delson Antunes.
O impacto artístico da obra é ampliado pela utilização de linguagens artísticas para além do teatro: a fotografia e a poesia, principalmente. Manifestam-se pela projeção visual e presença física de fotografias originais em P&B do final do século XIX e início do século XX e inserções sonoras de vozes de mulheres diversas declamando poesias fragmentadas, que se integram harmonicamente ao texto da peça. Além disso, especialmente em dois momentos de catarse da personagem, as palavras são substituídas por sequências ou frases de movimentos corporais, que traduzem seu estado emocional para além das palavras, tendo como base de trabalho para esse processo criativo de movimentação corporal, a dança contemporânea.
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“Sou uma dramaturga brasileira, poeta e também intérprete e idealizadora deste projeto. O impacto social pretendido por mim, além de artístico, é fundamentalmente dar voz tanto à dramaturgia brasileira feminina em si, quanto a todas as mulheres que se sentem à margem dos comportamentos femininos convencionados e pré-estabelecidos”, afirma Mitzi.
A obra naturaliza e reafirma a existência da mulher real e plural e, portanto, a diversidade de femininos e de feminilidades. Nem sacralizada, santa, inalcançável, puríssima, imaculada e nem objeto de consumo, produto, coisificada, boneca inflável, mulher melancia, plastificada. E, para refletir sobre tudo isso, nada melhor do que contar histórias.
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“Traz também voz e visibilidade a uma personagem feminina fora dos padrões idealizados da sociedade, assim como tantas mulheres reais que, enquanto espectadoras, provavelmente se identificarão com a personagem, em um ou mais aspectos. Evidencia as suas dores, medos, reflexões, sua inveja e, portanto, a sua humanidade, minimizando o peso da perfeição tão imposta às mulheres há séculos. A cartilha das boas práticas comportamentais femininas e maternais não é seguida por esta personagem”, relata Mitzi.
Com isso, a peça pretende sensibilizar e provocar especialmente o público feminino para um processo de reflexão, empoderamento e libertação desses padrões inalcançáveis e da autoavaliação e autojulgamento permanentes. De maneira a que se permitam conhecer e ser quem são e como são. Com suas falhas e limites, sem culpa. Com suas belezas e profundezas, sem culpa.
Também o público masculino é convidado a rever suas expectativas em relação ao universo feminino. Seja sacralizando a mulher como idealização etérea ou a objetificando como produto a ser consumido, os homens perpetuam, consciente ou inconscientemente, os padrões de idealização que recaem sobre o ser feminino. A simples observação dos hábitos que nos distanciam da mulher real, já é um início de transformação em direção à vida, à equidade e à liberdade.
“A partir de todos esses elementos, o projeto é por fim um convite bem humorado e sensível a uma reflexão profunda sobre o que de fato importa diante do envelhecimento, da doença e da morte”, conclui Mitzi Amado.
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A temporada de estreia do espetáculo “Memória – No Limiar do Juízo Final” conta com apoio da Funarte, Ministério da Cultura através do Programa Funarte Aberta 2024 – Ocupação dos Espaços Culturais do Rio de Janeiro, Escola e Faculdade de Dança Angel Vianna.
SINOPSE
Presa ao passado, uma mulher revisita suas histórias, examina relações, condena-se, absolve-se, arrepende-se, inquieta-se, esquece-se. Questionando o presente, teme o futuro e na fronteira mais tênue da vida descobre a potência da sua existência.
FICHA TÉCNICA
Idealização, texto e interpretação: Mitzi Amado | Direção: Delson Antunes | Direção de movimento: Paulo Trajano | Iluminação: Aurélio de Simoni | Cenografia: José Dias | Trilha sonora: Raphael Piquet | Assessoria de imprensa: Ney Motta | Design e fotografia: Bruno Guerchon | Comunicação digital: Sketchmidia | Produção executiva: Calixto Produções | Produtora associada: Mitzi Amado
SERVIÇO
Espetáculo “Memória – No Limiar do Juízo Final”
com Mitzi Amado e direção de Delson Antunes
Temporada: 13 de setembro a 5 de outubro de 2024
Dias e horários: Sextas e sábados às 19:30h
Local: Teatro Glauce Rocha – Sala Murilo Miranda
Endereço: Av. Rio Branco, 179, Centro, Rio de Janeiro/RJ
Em frente as Estações Carioca do VLT e Metrô Rio
Valor do ingresso: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia entrada)
Horário da bilheteria: Quarta à domingo das 14h às 19h
Teatro com acessibilidade para pessoas com deficiência.
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 60 minutos
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