Espetáculo "Mirar: Quando os Olhos se Levantam" - Coletivo Labirinto - foto: Mayra Azzi
Coletivo Labirinto celebra primeira década de trajetória com circulação gratuita de Mirar: Quando os Olhos se Levantam no Teatro Cacilda Becker a partir do dia 4 de abril. Com texto e direção de Jé Oliveira, espetáculo convida o público para um passeio sobre as atuais crônicas da América Latina, cheia de saques históricos, personalidade e contradições
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O que pulsa a América Latina? Que histórias seus diversos territórios contam? É sobre estas perguntas que o Coletivo Labirinto se debruçou durante o processo de criação de Mirar: Quando os Olhos se Levantam, com direção e dramaturgia de Jé Oliveira. O espetáculo estreou em 2022 na capital paulista, percorreu o interior do Estado no último ano e agora ganha novas apresentações gratuitas pelos teatros da prefeitura como parte da celebração de sua primeira década de existência e trajetória.
Em cena, estão Abel Xavier, Carol Vidotti, Emilene Gutierrez, Lua Bernardo e Beatriz França (musicistas). Ao longo deste semestre o espetáculo percorre todas as regiões da cidade e a próxima parada é no Teatro Cacilda Becker nos dias 4, 5 e 6 de abril 2025.
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As novas sessões de Mirar: Quando os Olhos Se Levantam marcam o começo do Projeto “Pés-Coração: A América Latina Como Caminho”, em que o Coletivo Labirinto celebra sua primeira década de pesquisa sobre a dramaturgia latino-americana contemporânea, e são possíveis graças ao apoio recebido pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo – Edição 43. Além dessa circulação, o projeto abarca leituras encenadas e laboratórios de criação que serão desenvolvidos ao longo deste ano até desembocar na estreia de seu novo espetáculo no primeiro semestre de 2026.
Depois de uma série de trabalhos teatrais em que o Coletivo levou à cena textos elaborados no além das fronteiras brasileiras – passando por dramaturgias da Argentina, do Uruguai e Chile, por exemplo – o Labirinto aborda em “MIRAR…” tentativas de se (auto) reconhecer nas palavras, limites, histórias, dores, cores e sabores deste corpo e chão comuns, que são nosso continente.
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Em diálogo com o contexto e conteúdo da obra de Augusto Boal, o Coletivo Labirinto propôs nesta criação um passeio sobre as atuais crônicas desse nosso continente tão cheio de saques históricos, personalidade e contradições. A peça contrasta a América Latina da década de 1970 em contágio e contato com a dos últimos anos, quando o trabalho foi criado. Tudo isso com vistas ao encontro de uma América Latina viva, diversa, corajosa e, espera-se, um pouco mais real.
“As vertentes decolonais, anticoloniais, descoloniais, contracoloniais quais sejam, todas têm em comum um desejo de problematizar o impacto que as invasões europeias nos séculos XV e XVI tiveram e ainda tem em nosso modo de vida. Este espetáculo traz em seu bojo uma aposta de revolução centrada no poder do símbolo, da imagem e da poesia. É sempre tempo e oportunidade para que mais pessoas pensem suas próprias histórias, seu próprio continente, sua própria presença neste mundo”, revela Abel Xavier.
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Na trama, quatro caminhantes percorrem lugares e histórias da América Latina em uma espécie de busca-viagem por pertencimento. O espetáculo lança mão de expedientes contemporâneos para revelar o lastro da colonização, celebrar a potência da diversidade dos povos e refletir aspectos contraditórios do nosso continente para mirar além das fronteiras.
O objeto disparador do processo criativo do espetáculo foi o livro Crônicas de Nuestra America, escrito por Augusto Boal e publicado em 1977. A obra reúne dez crônicas que versam sobre situações, ambiências e personagens tipicamente latino-americanas, observadas e colhidas pelo diretor e dramaturgo desde sua saída do Brasil, em 1971, reflexo do endurecimento da ditadura militar em nosso país.
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Para esta jornada, o Coletivo encontrou na parceria com o diretor e dramaturgo Jé Oliveira uma potente interlocução acerca de debates e necessidades estéticas e sociais, desenvolvendo conjuntamente um esquema de trabalho fortemente colaborativo e sensivelmente político.
Em sala de ensaio, toda a equipe artística desenvolveu uma série de procedimentos improvisacionais e de composição cênica que levantaram temáticas, caminhos dramatúrgicos e de encenação. O resultado é um espetáculo que mistura códigos expressivos baseados na relação com o espaço poético, com a musicalidade e símbolos visuais latinos e com a palavra na fronteira entre a postura épica e a vocação lírica.
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Desde sua fundação em 2013, o Coletivo Labirinto tem como pesquisa o olhar para as relações das pessoas com o seu panorama social através da dramaturgia latino-americana contemporânea. Neste trabalho a noção de sujeito e dramaturgia se volta para nós mesmos, brasileiras e brasileiros ensaiando uma viagem e uma investigação sobre o que é ser latino-americano.
Palavras do diretor e dramaturgo sobre o trabalho
“Partindo de provocações cênicas tendo como base, num primeiro momento, o livro “Crônicas de Nuestra América”, escrito por Augusto Boal no exílio em 1971, o processo criativo levantou cenas que buscassem um mapeamento de acontecimentos sínteses de uma relação verificável e sintomática do nosso modo de se portar no continente latino-americano.
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Alguns lugares da América do Sul nos conduzem geograficamente por encontros com pessoas reais e ficcionalizadas, na intenção de refletirmos acerca da nossa contraditória condição de potencialidades humanas e saques históricos, fruto da colonização e genocídio dos povos originários presentes em nosso continente.
Em diálogo e como complemento destes primeiros expedientes, foram investigados também dispositivos contemporâneos que contivessem um poder de síntese capaz de auxiliar na explicitação dos nossos posicionamentos críticos perante os entendimentos e impasses da nossa atual situação artística, social e política.
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Mirar: Quando os Olhos se Levantam busca, desta forma, reconhecer, integrar e efetivar, seja no campo do simbólico ou no campo concreto das possibilidades, um movimento de “tirar os olhos do Atlântico”, assim como quem busca contato, arribando as vistas, mirando e elaborando um gesto cênico de ação para a construção de um pertencimento mais efetivo.
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Vislumbramos e buscamos, com base nas proposições cênicas deste trabalho, uma possibilidade de futuro menos móvel e mais integrado com a potência dos povos que integram a nossa América Latina.” – Jé Oliveira.
Sobre o Coletivo Labirinto
Fundado em 2013, o Coletivo Labirinto é um núcleo de pesquisa e criação cênica formado por artistas que transitam entre direção, atuação, performance e produção, a fim de investigar as relações des sujeites com o seu panorama social através da dramaturgia latino-americana contemporânea.
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Entre os trabalhos estreados pelo grupo, estão “Sem_Título” (2014), “Argumento Contra a Existência de Vida Inteligente no Cone Sul” (2019), “Onde Vivem os Bárbaros” (2021/2022) e “Mirar: Quando os Olhos se Levantam” (2022).
Sinopse
Quatro caminhantes percorrem lugares e histórias da América Latina em uma espécie de busca-viagem por pertencimento. O espetáculo lança mão de expedientes contemporâneos para revelar o lastro da colonização, celebrar a potência da diversidade dos povos, e refletir aspectos contraditórios do nosso continente para mirar além das fronteiras.
Ficha Técnica
Idealização e realização: Coletivo Labirinto | Direção, dramaturgia e textos: Jé Oliveira | Artistas criadores: Abel Xavier, Carol Vidotti, Emilene Gutierrez; Lua Bernardo e Beatriz França (musicistas) | Assistência de direção: Éder Lopes | Interlocução artística: Georgette Fadel e Wallyson Mota | Direção musical: Maria Beraldo | Vídeos e projeções: Laíza Dantas | Iluminação original: Wagner Antônio | Iluminação circulação fomento: Aline Sayuri | Figurino: Éder Lopes | Texto áudio: Abel Xavier e Jé Oliveira | Operadora de luz: Aline Sayuri | Operador de som e projeção: Tomé de Sousa e Eduardo Gabriel Alves | Designer gráfico: Renan Marcondes | Fotos: Mayra Azzi | Assessoria de imprensa: Pombo Correio / Douglas Picchetti e Helô Cintra | Produção: Corpo Rastreado – Leo Devitto e Lucas Cardoso | Realização: Coletivo Labirinto e Cooperativa Paulista de Teatro
Serviço
Mirar: Quando os Olhos se Levantam, com Coletivo Labirinto
Quando: 4 a 6 de abril 2025 | sexta e sábado às 21h e domingo às 19h
Teatro Cacilda Becker
Endereço: Rua Tito, 295 – Lapa, São Paulo/SP
Duração: 75 minutos
Classificação: 14 anos
Quanto: grátis
Mais informações em: coletivolabirinto.com.br / @coletivo.labirinto
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