Gabriela Duarte estreia solo inspirado na obra de Charlotte Perkins Gilman com direção de Alessandra Maestrini e Denise Stoklos. Primeiro monólogo da atriz estreia no Teatro Estúdio. Maestrini e Stoklos dividem direção em peça que combina Teatro Essencial e novos conceitos estéticos.
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A atriz Gabriela Duarte assume um novo desafio no teatro com o espetáculo O papel de parede amarelo e EU, seu primeiro solo, sob a direção de Alessandra Maestrini e Denise Stoklos. A estreia está marcada para o dia 28 de março, no Teatro Estúdio, nos Campos Elíseos.
A montagem é inspirada no livro O Papel de Parede Amarelo. Publicado em 1892, o conto de Charlotte Perkins Gilman (1860-1935) é considerado um marco da literatura feminista por abordar temas como o controle sobre o corpo feminino e saúde mental, que permanecem atuais.
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A narrativa retrata a história de uma mulher confinada em um quarto pelo marido, que desenvolve uma obsessão pelo papel de parede. No entanto, a peça vai além do conto de Gilman e traz o posicionamento da própria Gabriela como mulher.
O espetáculo é um manifesto, dizem Alessandra e Denise, e vai além do aprisionamento da personagem. “Todos sonhamos com o desligamento das questões opressivas que o texto traz de formas metafóricas, mas que nós conhecemos em diferentes níveis na sociedade atual. É um espetáculo muito contemporâneo”, explicam.
Uma outra Gabriela
A atriz vinha gestando a ideia de fazer um monólogo há três anos. “Eu queria fazer algo em que eu pudesse falar um pouco de mim e da minha busca por identidade”, conta. Gabriela se apaixonou pelo conto, que descreve como “extremamente simples, objetivo, lúdico e político”. E encontrou nele características que vão ao encontro do que ela queria comunicar. “Eu acho que quando uma mulher fala de si, ela acaba falando de todas. E é aí que o tema se amplia”.
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Para a atriz, esta não é uma conversa só de mulheres, mas uma oportunidade de abrir o diálogo e convidar os homens para a reflexão. A peça é política “na medida certa”, ela conta, com toques de ternura e poesia.
Depois de quase 40 anos de profissão, o desejo de explorar caminhos que ainda não foram percorridos vem “naturalmente”, diz. “O público conhece a Gabriela da TV que fez muitas mocinhas, muito drama, o que eu agradeço. Agora eu quero explorar novas possibilidades e que as pessoas possam ver a Gabriela que também consegue se divertir”, conta.
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Neste processo, a atriz também explora seu lado cômico. Para ela, encontrar a leveza em um tema tão denso é uma das forças da peça. “Acho tão poderoso você saber como rir de situações muito difíceis. A Alessandra tem trazido essa visão para os ensaios. Não diria que é um riso de humor escancarado, mas sim um riso consciente, de constatação, de perceber que as coisas podem mudar”, conta Gabriela.
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Duas diretoras, uma direção
Alessandra Maestrini e Denise Stoklos assinam a direção juntas, num processo em que uma complementa a outra. Alessandra acompanha o trabalho de Denise há 30 anos; sua direção se identifica com o Teatro Essencial, linguagem teatral criada por Denise e que valoriza a expressividade do ator por meio do corpo, voz e mente, com o mínimo de recursos externos possível. Segundo Denise, Alessandra tem um “olhar muito agudo”, um ritmo rápido de direção e uma escuta bastante diferenciada. Ela emprega os conceitos do Teatro Essencial de forma inovadora e acrescentadora, nos melhores sentidos.
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A parceria Maestrini e Stoklos traz ao público, além do mergulho nas diversas camadas do texto e da performance, um novo conceito estético, que brota do limiar entre a instalação, a performance, a dança e o teatro.
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Referências por todo lado
A cenógrafa Márcia Moon criou uma prisão transparente: um ambiente minimalista e simbólico, com diferentes tipos de papel que interagem com o corpo da atriz. O cenário sugere atmosferas e sensações, representando tanto uma prisão invisível quanto um espaço de libertação, e convida o público a interpretar o espaço de maneira profunda e subjetiva. “Ele foi pensado para destacar o caráter universal do texto, tanto no tempo quanto no espaço, mostrando como ele continua relevante para diferentes gerações”, diz Moon.
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Os figurinos de Jum Nakao buscam simbolizar as várias camadas de opressão sobre o corpo feminino, com referências a diversas culturas. A trilha sonora, a cargo de Frederico Puppi, combina elementos acústicos com o universo eletrônico e dos games, remetendo à opressão contemporânea por meio das tecnologias e redes sociais. E o desenho de luz de César Pivetti é pensado como mais um personagem da peça, com a capacidade de oprimir e libertar.
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FICHA TÉCNICA
Da obra de Charlotte Perkins Gilman. Com Gabriela Duarte. Um espetáculo de: Alessandra Maestrini e Denise Stoklos. Produção: Nosso cultural – Ricardo Grasson e Heitor Garcia. Figurinos: Jum Nakao. Cenografia: Marcia Moon. Assistente de cenografia: Espirro (Márcio Zunhiga). Desenho de luz: Cesar Pivetti. Direção Musical e trilha sonora original: Federico Puppi. Preparação corporal: Luis Louis. Visagismo: Wilson Eliodorio. Camarim: Elizabeth Chagas Comunicação visual: André Stoklos. Consultoria criativa: Kelly Vaneli. Redes sociais: Jéssica Cristina. Gerenciamento: Lead Performance. Fotos: Priscila Prade. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Coordenação de projeto: Pipoca Cultural. Idealização: Gabriela Duarte.
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SERVIÇO
Espetáculo ‘O papel de parede amarelo e EU
Estreia dia 28 de março, sexta-feira, às 21h.
Temporada: De 28 de março a 1º de junho de 2025.
Dias/horários: Sextas, às 21h, Sábados, às 20h e domingos, às 18h.
Duração: 70 minutos. Classificação etária: 12 anos.
Ingressos: R$120 e R$60.
Vendas online, sympla: clique aqui.
Onde: Teatro Estúdio
Endereço: Rua Conselheiro Nébias, 891 – Campos Elíseos, São Paulo – SP
Capacidade: 130 lugares.
5 minutos da estação Santa Cecília do Metrô
O café e a bilheteira abrem 2 horas antes do início do espetáculo.
Acessibilidade: O teatro conta com rampas de acesso, banheiros adaptados e espaços exclusivos para cadeirantes.
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