Com a proposta de circular por todas as regiões de São Paulo com “Por entre espaços”, trabalho que traz o exílio como tema central para a criação, os performers Marcos Sobrinho, Jussara Miller, Luciana Hoppe e Simone Mello migram este final de semana (dias 23, 24 e 25/8) para o Teatro Paulo Eiró, em Santo Amaro, Zona Sul da cidade. As apresentações têm entrada gratuita.
.
Com pensamentos diversos sobre o corpo e a cena, mas tendo em comum transitarem num território estético onde as artes visuais se instauram como gesto criativo predominante, os quatro artistas experenciaram um intenso processo de compartilhamento de suas práticas, dentro do projeto Dramaturgias Paralelas, indicado ao prêmio APCA na categoria Programa/Memória.
O tema do exílio, que ganhou relevância durante todo o processo, principalmente pelas complexidades do ato da criação na solidão de um artista-solista, não se apresenta na peça limitado às conotações existenciais e religiosas do termo, mas como um desafio à criatividade, trazendo rastros do que pode ser o exílio pra cada um, a partir de suas experiências pessoais e da relação com seu fazer artístico.
.
Como inspiração natural, surgiu a obra do filósofo tcheco-brasileiro Vilem Flusser, que tem o exílio como um marco importante em sua vida. Nascido em 1920, na cidade de Praga, Flusser teve que deixar sua terra natal em função da Segunda Guerra Mundial e do avanço do regime nazista. Após passar por países da Europa, se estabeleceu no Brasil em 1941, onde encontrou um ambiente intelectualmente estimulante, influenciado pela cultura brasileira e latino-americana.
.
“No território de experimentações cênicas, temos a percepção de que o exílio é uma condição humana, que traz consigo desafios e questionamentos e nos serve para criarmos um campo de diálogo cênico, onde se faz ecoar tanto os desconfortos quanto os fascínios, dentro e fora do processo de criação artística”, pondera Marcos Sobrinho, diretor do núcleo artístico que concebeu o projeto.
.
Para a criação de “Por entre espaços”, Ana Cristina Colla atuou como provocadora; Talita Vinagre responde pelas intervenções dramatúrgicas e Valquíria Rosa pelas intervenções sonoras. A sonorização e a vídeo instalação são de Téo Ponciano, o desenho de luz é de Décio Filho e Warner Júnior assina o figurino.
.
“Por entre espaços” encerra temporada no Kasulo Espaço de Arte, na Barra Funda, região central (de 30/8 a 1/9).
.
As apresentações integram projeto realizado com apoio da 34ª Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura.
FICHA TÉCNICA
Coordenação e concepção do projeto: Marcos Sobrinho | Performers e dramaturgia: Simone Mello, Luciana Hoppe, Jussara Miller e Marcos Sobrinho | Provocadora: Ana Cristina Colla| Intervenções dramatúrgicas: Talita Vinagre | Intervenções sonoras: Valquíria Rosa | Sonorização e Vídeo Instalação: Téo Ponciani | Design de luz: Décio Filho | Documentação/videoarte: André Menezes | Designer gráfico: Ilana Braia | Figurino: Warner Júnior | Fotógrafo: Paulo Cesar Lima | Assessoria de imprensa: Elaine Calux | Assistentes de produção: Lu Busquets e Lívia Império | Produção: Cristiane Klein (Dionísio Produção)
SERVIÇO
Peça “Por entre espaços” – Núcleo Marcos Sobrinho
Com: Marcos Sobrinho, Jussara Miller, Luciana Hoppe e Simone Mello
.
23 a 25/8 (sexta e sábado, às 21h, domingo, às 19h)
Teatro Paulo Eiró
Av. Adolfo Pinheiro, 765 – Santo Amaro, São Paulo – SP
Ingresso: Gratuito – Presencial
Acessibilidade: sim
.
30 e 31/8 e 1/9 (sexta e sábado, às 20h; domingo, às 19h)
Kasulo Espaço de Arte
R. Sousa Lima, 300 – Barra Funda, São Paulo – SP
Ingresso: Gratuito – Presencial
Acessibilidade: não
Duração: 40 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
> Para saber mais: marcossobrinho.com.br | @dramaturgiasparalelas | @dionisioproducao
Núcleo de Dança e Performance Marcos Sobrinho
Marcos Sobrinho, cuja formação em dança passa por por Maria Olenewa (RJ), pela Ècole de Danse du Marais (Paris-França), Folkwang Schule em Essen e Die Werkstatte Düsseldorf, ambas na Alemanha, e Zélia Monteiro, em São Paulo, fundou o Núcleo de Dança e Performance que leva o seu nome, com a proposta de investigar o universo da dança em conjunto com as artes visuais, música e vídeo. Já foi contemplado pelo Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo, Prêmio Funarte Klauss Vianna, Programa de Ação Cultural – ProAC e Rumos – Itaú Cultural.
.
Em seus 26 anos, o grupo vem trabalhando de forma sistemática no campo da dança e performance, estabelecendo conexões entre o fazer/pensar arte contemporânea. Nas investigações cênicas tem sempre abordado as artes visuais como estratégia para as modulações estéticas.