AGENDA CULTURAL

Espetáculo ‘Solidão de Caio F.’ reestreia no Ateliê Alexandre Mello, em Laranjeiras

A peça ‘Solidão de Caio F.’ reflete sobre solidão, amor e morte, homenageando a obra de Caio Fernando Abreu. Espetáculo estreia nova temporada no Ateliê Alexandre Mello
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A busca pelo amor verdadeiro nas grandes metrópoles e a poesia extraída da dor de se sentir só permeiam os textos do jornalista, dramaturgo e escritor gaúcho Caio Fernando Abreu (1948-1996), que deixou uma extensa obra, composta por contos, romances, novelas e peças teatrais. O elogiado espetáculo “Solidão de Caio F.”, que volta ao cartaz, dia 24 de janeiro, no Ateliê Alexandre Mello, em Laranjeiras, põe um foco nesse recorte. A peça une dois contos do autor sobre o tema (“Uma praiazinha de areia bem clara, ali, na beira do sanga” e “Dama da Noite”), além de cartas escritas entre 1987 e 1990. Com direção de Alexandre Mello e roteiro de Hilton Vasconcellos, a montagem evoca imagens de uma época de homofobia explícita por conta da desinformação sobre a Aids e da grande dor existencial desta geração que viveu o golpe militar e a decadência das artes e da cultura no país.

Na trama, um único homem, o escritor, desdobra-se em dois personagens, que estão em um mesmo ambiente, mas não se encontram, por pertencerem a contos diferentes. Os atores Hilton Vasconcellos e Rick Yates são cérebro e coração do autor, num mesmo espaço-tempo, contracenando indiretamente. Quando um é autor, o outro é personagem e vice-versa. A encenação optou por explorar uma imagem bastante popular da famosa tela de Van Gogh, que retrata seu quarto, como suporte para a cena de Caio F. Os personagens habitam esse mesmo quarto, onde suas memórias e impressões do mundo e da vida se expressam através das imagens daqueles tempos. No espaço, também haverá uma exposição sobre o escritor, com textos, projeções e músicas de artistas citados em suas cartas e contos, de Maria Bethânia e Maysa a Fassbinder e Oscar Wilde.
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“Este monólogo-tributo foi escrito durante a pandemia, quando a palavra de Caio parecia “gritar pelos cantos’’. Suas crônicas e cartas nos anos 1990 denunciavam a ignorância em torno de um vírus, também desconhecido, e desmascaravam a covardia dos que usavam a epidemia para impor o ódio e o preconceito. O universo de Caio é o mesmo dos que insistem em continuar, dos que tentam não sucumbir às mazelas diárias”, descreve Hilton Vasconcellos que, em 2012, ficou oito meses em cartaz na peça “Homens de Caio F.”, dirigida por Delson Antunes. “As palavras de Caio parecem ter sido feitas para as ações que nascem no coração. Tudo ali é à flor da pele e nos emociona. O que é descritivo nos seus textos é cinematográfico, gerando imagens que ativam todos os nossos sentidos. Minha paixão pela obra dele é de longa data”, acrescenta Rick Yates.

Caio Fernando Abreu é um dos mais importantes escritores brasileiros contemporâneos. Se estivesse vivo completaria 77 anos em 2025. Inovador, Caio F imprimia em seus contos uma narrativa cinematográfica, detalhada, delicada e ácida. Caio integra uma geração, que vai dos hippies, passando pelos “punks” e “clubbers” até ser devorada pela Aids nos anos de 1980/90. Seus contos têm imagens potentes, são histórias cinematográficas da solidão de seus personagens na selva urbana. “Caio surge como autor, sob a censura moralista da decadente ditadura militar no Brasil. Embarca numa espiral de afã por liberdade e justiça, amor livre e luta contra a homofobia, mas sua obra segue uma “via negativa”. Seus personagens são anti-heróis urbanos, “loosers”. A obra de Caio F. responde com sensibilidade à demanda de liberdade de seu tempo e continua atualíssima”, reforça Alexandre Mello

Espetáculo “Solidão de Caio F., com Hilton Vasconcellos e Rick Yates – foto: Felipe O’Neill

FICHA TÉCNICA
Texto: Hilton Vasconcellos, a partir da obra de Caio Fernando Abreu | Direção, iluminação e trilha sonora: Alexandre Mello | Assistência de direção: Tiago Abreu | Preparação corporal e coreografia: Filipe Peccini | Elenco/atores: Hilton Vasconcellos e Rick Yates | Figurinos: Ticiana Passos | Cenário: Pedro César Lima | Assessoria de imprensa: Rachel Almeida / Racca Comunicação | Fotógrafo: Felipe O’Neill | Programação visual: Patrícia Heuser | Cenotécnico: Renato Darin | Eletricista: Boyjorge | Apoio: Usina D’Arte produções artísticas | Produção: Ateliê Alexandre Mello

Espetáculo “Solidão de Caio F. – foto: Felipe O’Neill

SERVIÇO
Espetáculo: Solidão de Caio F.
Temporada: 29 de janeiro a 16 de fevereiro de 2025
Dias/horários: sexta e sábado às 20h30  | domingo, às 19h30
Onde: Ateliê Alexandre Mello
Endereço: Rua Alice, 1.658/201 – Laranjeiras – Rio de Janeiro/RJ
Telefone: (21) 99255-9036 / (21) 98272-0499
Ingressos: 50 (inteira) e 25 (meia-entrada)
Compras online no Sympla e no local sujeito à lotação
Capacidade: 25 pessoas
Duração: 55 minutos
Classificação etária: 12 anos
* A casa abre 30 minutos antes das sessões e o bar funciona antes e depois do espetáculo
** Observações sobre o local do evento: O Ateliê Alexandre Mello fica na subida da Rua Alice, ponto de referência: bem em frente ao Residencial Redentor – lar de idosos. Pode-se subir de uber, táxi ou ônibus, linhas 133 e 507, saindo do Largo do Machado. O local não conta com estacionamento próprio, estando a cargo de quem for de carro estacionar na calçada. Para acessar o andar é necessário subir três lances curtos de escadas.

Espetáculo “Solidão de Caio F., com Rick Yates e Hilton Vasconcellos – foto: Felipe O’Neill

Alexandre Mello – Diretor
Alexandre Mello é diretor, curador artístico, ator e professor especializado na preparação de atores e discussão de projetos artísticos com jovens diretores e intérpretes. Fundador da Usina D’Arte Produções e Usina D’Arte Filmes. Tem seu ateliê próprio de trabalho e pesquisa em Laranjeiras, no qual trabalha com técnicas exclusivas, em autores como Pinter e Tennessee Williams. Organizou o livro “Vestindo Nelson”, sobre o autor Nelson Rodrigues, pela Editora Francisco Alves. Trabalhou de 2012/15 como diretor artístico do Teatro Gonzaguinha e de 2016/18 do Teatro Ipanema da Rede Municipal de Teatros do Rio de Janeiro. Integrou a equipe de curadores das duas edições do Festival DOIS PONTOS. Seus últimos trabalhos de direção foram “Felizes”, de Mário Bortolotto no Ateliê, “Paraíso”, na Sede da Cia dos atores, a peça filme “Angustia-me!”, de Júlia Spadaccini, e “Hamlet Candidato”, de Cecília Ripoll, no Sesc Copacabana. Dirigiu mais de 50 montagens teatrais e atuou em outras 20. Destacam-se as direções de “Quebra ossos”, indicado ao Prêmio Shell 2012, “Um dia qualquer”, indicado ao Prêmio APTR 2013. Dirigiu dez filmes curta-metragem que podem ser vistos no canal do YouTube da Usina. “Horizonte de eventos”, curta-metragem recebeu menção honrosa no Festival Cine diversidade 2024. “Shakespeare” estreia em 2025 e “Solidão de Caio F.” em novembro deste ano | @alexandremello.arte

Rick Yates – elenco
Ator, escritor, cantor, publicitário e especialista em recursos humanos, Rick Yates faz parte de uma geração de profissionais que trilharam sua carreira experimentando diferentes áreas. O perfil nada conservador desse carioca formado pela PUC-Rio e pós-graduado pela UC Berkeley, inclui formação superior no curso de Artes Dramáticas da UniverCidade. Entre seus trabalhos em teatro estão: “Felizes”, de Mário Bortolotto e direção de Alexandre Mello, “A Outra Casa”, da obra de Sharr White, com direção de Manoel Prazeres, “Noés”, com direção de Carlos Gradim, “The Tempest” – experimento realizado unindo o texto de Shakespeare e realidade virtual, “Caio Assassinado”, com direção de Manoel Prazeres e “Uma História de Borboletas” com direção de Marcelo Aquino. Na TV, fez participações recentes em novelas da Rede Globo de Televisão: “Amor de Mãe”, “Malhação”, “A Dona do Pedaço”, “Verdades Secretas 2”, “Vai na Fé” e “Terra e Paixão”. Ele tem três livros publicados: “Eu Queria Ser Um Monte”, “Giratório” e o infantil, “Benjamin e as Portas”.

Hilton Vasconcellos – elenco
Tem formação a partir de estudos com Renato Borghi e Grupo “Os Satyros” em SP e Camila Amado no RJ. Fez oficinas teatrais com Ana Kfouri, Miwa Yanagizawa e Residência Artística com a Cia dos Atores no Rio de Janeiro. Entre seus trabalhos, estão “Antigona” – Grupo Satyros SP, direção Rodolfo Garcia Vasquez (2001); “Homens de Caio F”, da obra de Caio Fernando Abreu, com direção Delson Antunes RJ (2012/2013); Participação no IX Festival de Monólogos – Teatro e Dança / Solos Brasileiros. Fortaleza-CE (monólogo “Dama da Noite” -2019); “O Segredo de Areia”, com direção de Delson Antunes (2022); e o curta-metragem “Grindr”, com direção de Alexandre Mello e supervisão dramatúrgica de Júlia Spadaccini (2023).

Ateliê Alexandre Mello
Aberto em 2016, o Ateliê Alexandre Mello tem uma linda sala de apresentações, de até quarenta lugares, no alto da Rua Alice em Laranjeiras, com uma vista para os dois cartões postais do Rio: Pão de açúcar e Corcovado. Desde a abertura, focou na produção de arte e pesquisa de procedimentos, dispositivos e práticas do teatro, da imagem e da performance, com criação de instalações, filmes curtos, videoarte e espetáculos. A casa é mantida por uma associação de colaboradores, atrizes e atores profissionais, que treinam e criam seus trabalhos em parceria com o diretor. Desde o ano passado, tornou-se também um espaço para temporada de espetáculos. Recebeu duas temporadas de “Felizes”, de Mário Bortolotto apresentações de “Fantasiosa exposição da palavra”, de Cecilia Ripoll, além de “Solidão de Caio F.”, com sessões lotadas e conversas interessantes com o público sobre arte e teatro. A casa abre 30 minutos antes das sessões e há um bar, que funciona antes e depois do espetáculo. | Siga > @atelie.alexandremello

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