Clarice & Nelson – Um recorte biográfico a partir de entrevistas: um encontro imaginado para o teatro baseado na vida dos autores, estreia dia 8 de outubro no Teatro Poeirinha, em Botafogo – Rio de Janeiro
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Baseado em entrevistas e declarações que os dois grandes nomes da literatura nacional concederam ao longo de suas vidas – mas também com seus altos e baixos – a peça retrata as dores e angústias dos jovens nomes de uma época que não se conheciam, mas tinham muito em comum: provocar os leitores no seu mais íntimo e profundo possível.
Um encontro de dois grandes nomes da literatura nacional acontecerá em outubro nos palcos cariocas, Clarice Lispector e Nelson Rodrigues, em concepção teatral “Clarice & Nelson – Um recorte biográfico a partir de entrevistas”, criada para trazer à tona debates, falas, ideias em comum e divergências, e o que pensavam os mestres das palavras sobre o ofício de ser artista, o sofrimento para escrever e serem reconhecidos por seus talentos, para tanto contribuir com a cultura. Duas mentes brilhantes que repercutem até hoje sobre temas revisitados em suas obras que parecem muitas vezes tão atuais. Com texto de Rafael Primot e Franz Keppler, traz Carol Cezar e Marcos Pitombo nos papéis principais, com direção teatral de Helena Varvaki e Manoel Prazeres. A peça ficará em cartaz no Teatro Poeirinha, em Botafogo, de 8 de outubro a 18 de dezembro, terças e quartas, sempre às 20h
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Na sinopse original idealizada por Primot, Clarice Lispector e Nelson Rodrigues têm um encontro fictício no Jardim Botânico em meados de 1949, quando ainda eram dois jovens nomes da literatura brasileira. Esse encontro não aconteceu, mas a peça cria essas conversas a partir dos trechos de entrevistas concedidas pelos escritores ao longo da vida. E transpõe esses dois personagens e seus conflitos para os palcos com diálogos forte e certeiros de críticas e posicionamentos divergentes como eram suas ideias, ele um homem com seus conceitos e julgamentos; ela com sua audácia de falar sobre sentimentos, o que as mulheres queriam e sonhavam, quebrando paradigmas. Mas, que tinham muito em comum, a do poder da palavra. No jornalismo, como meio de subsistência e prática cotidiana – ofício que os dois exerceram. Na literatura, como meio de expressão poética. Nas duas atividades, eles foram firmes em afirmar as suas individualidades diante dos seus contemporâneos.
“A ideia de recriar esse encontro com dois grandes nomes da literatura nacional, após temporadas de sucesso já apresentadas, foi da atriz Carol Cezar juntamente com ator e autor Rafael Primot que convidou o Franz Keppler para escrever o texto com ele. Clarice Lispector e Nelson Rodrigues deixaram obras monumentais: no tamanho, na complexidade e na capacidade de estarem sempre nos surpreendendo. Por isso mesmo, é muito prazeroso estar olhando para eles através de lentes que tentam focar nos esforços que os dois precisaram fazer para não sucumbir às dificuldades que a vida reservou para eles”, diz Manoel Prazeres
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Ainda, segundo Manoel, “o principal objetivo de trabalhos biográficos é sempre exibir a dimensão humana do biografado, mesmo que parcialmente, como é no nosso caso. Então, os geniais Clarice e Nelson foram também apenas trabalhadores que não descansavam. Como não descansam os personagens ficcionais, ator e atriz querem criar um encontro que nunca existiu. E como são também a Carol Cezar e o Marcos Pitombo. E como somos eu e a Helena Varvaki. E como são todos os que estão trabalhando para que a ideia da Carol com o Rafael se encontre com os espectadores”, afirma o diretor.
O texto do espetáculo usa também como base para desenvolvimento, falas e declarações reais por meio de extensa pesquisa bibliográfica, extraídas de diversas entrevistas ao longo de anos para vários veículos, concedidas pelos autores representados. O que dá mais veracidade e mais força ao contexto da peça, nas palavras que saíram da boca de Clarice e Nelson e que irão continuar repercutindo no palco, nessa obra. Sobre as controvérsias dos personagens e suas personas, revelados em vida, em suas obras, as feridas abertas da hipocrisia reveladas por Nelson e, ao mesmo tempo, com posturas tão sedimentados no patriarcado, a doçura e a audácia de Clarice em revelar os desejos femininos, os conflitos familiares, o ser mulher, tudo mantido para constar a formação de opinião dos dois. Sobre isso, Manoel Prazeres resume:
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“Nunca deixaram o Nelson deixar de ser o Nelson que foi desde criança. A vida é um conflito. Clarice e Nelson nunca se omitiram, mas tiveram o cuidado de não se deixar sequestrar por qualquer sectarismo. Somente assim, você é capaz de fazer e confessar que faz “um abnegado esforço para não trapacear” (palavras do Nelson na entrevista para a Clarice)”.
Manoel e Helena, as mãos experientes na condução teatral
Helena Varvaki, que divide a direção da peça com Manoel Prazeres, possui uma carreira extensa dedicada na atuação e na direção de espetáculos teatrais, além de passagens pela TV, cinema e streaming. Segundo ela, que dedica sua atenção agora para “Clarice & Nelson”, está sendo um período rico de processo teatral de comum entendimento e entrega de todos os envolvidos no projeto:
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“Manoel e eu optamos por privilegiar a busca dos atores no seu processo de criação. Se aproximar da obra de Clarice e Nelson é sempre uma oportunidade de sermos atravessados por novos entendimentos da fragilidade humana.” afirma Helena”, afirma Helena.
Um espetáculo que fala da dor e a delícia de viver da arte de forma geral
“Clarice & Nelson – Um recorte biográfico a partir de entrevistas” estará nos palcos pela iniciativa da atriz Carol Cezar, que ultrapassa seus limites e atua por trás dos holofotes, cortinas e aplausos para conseguir manter-se vivendo da arte, levando cultura ao público. Ela conhece bem o caminho das pedras e os desafios que é colocar um “espetáculo de pé”.
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“Desde 2014, produzo meus próprios espetáculos, porque decidi que não ia esperar ser escolhida e, sim, que iria fazer acontecer. Não venho de uma família de artistas, então meu caminho sempre foi mais sinuoso, mas nunca desisti. Uma vez, ouvi a Fernanda Montenegro falar sobre ser ator, e suas palavras me acertaram em cheio: “se morrer porque não está fazendo isso, se adoecer, se ficar em tal desassossego que não te deixa dormir… aí você é do ramo”. E eu me identifiquei na hora!”, diz Carol.
Essa força que é ser mulher, obstinada e focada, como Clarice, me faz olhar para qualquer obstáculo e não esmorecer. Minha rotina é uma loucura — de dia, vivo a vida corporativa em horário comercial e, a partir das 18h, me conecto com o meu eu mais profundo e feliz: o teatro. Estou tipo o Nelson, que trabalhava na redação durante o dia e escrevia suas peças à noite.
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Seguindo o conselho de Clarice, diariamente, faço o exercício de “me deixar ser”. E, assim como Nelson, às vezes me encontro “em plena estafa”, mas tudo se justifica quando o terceiro sinal toca. Estar no palco é o real sentido da minha existência.
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Renuncio a muitas coisas para estar em cena, e, honestamente, são sempre as melhores decisões da minha vida! Sou uma mulher que não para, não sossega. Meu leão com ascendente em Áries coloca tanto fogo na minha vida, que hoje me preparo para estrear e, ao mesmo tempo, já estou em processo de captação e pré-produção de um novo espetáculo para 2025.
O mais fascinante de mergulhar nas biografias desses gigantes da nossa literatura é perceber que, no fundo, eles eram tão humanos quanto nós! Trabalhando, criando, pensando, se desdobrando e deixando suas marcas no mundo. Como eles colocaram suas escritas como a essência de suas vidas! E o mais incrível: serão sempre atemporais.
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Carol é atriz e produtora e possui trajetória no teatro com muita paixão e obstinação, envolvida com o estudo e a pesquisa teatral, assim como a escolha dos textos, captação de recursos, até a produção concepção. Entre seus trabalhos marcantes no teatro estão: “A Serpente” de Nelson Rodrigues (direção de Eric Lenate), “Amor é Química” de David França Mendes (direção de Oscar Francisco), “A Hora Perigosa” de Clara Meirelles (direção de Daniel Herz) e “Cascavel’ de Catrina McHugh (direção de Sérgio Ferrara). Na TV, Carol também se destacou em novelas como “Além do Tempo”, “A Regra do Jogo”, “Malhação” e “A Lei do Amor”, todas na TV Globo.
Marcos Pitombo retorna aos palcos em grande estilo, interpretando Nelson Rodrigues
Marcos Pitombo possui uma carreira construída no audiovisual, com presença marcante em papéis de sucesso na TV, no cinema e claro, no teatro onde possui formação, e volta agora imerso nessa obra que celebra um encontro de autores tão presentes na dramaturgia nacional.
“Sempre tive muita admiração pela forma como Nelson criticava de maneira visceral e polêmica a sociedade de maneira geral. Clarice pela doçura e, ao mesmo tempo, a força de mulher, uma linguagem tão contemporânea usada pelos movimentos que defendem os direitos das mulheres, ela já se mostrava autêntica e empoderada há tantos atrás com suas obras literárias tão requintadas e com críticas, que tocavam a alma” diz Marcos.
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Pitombo ganhou notoriedade após seu primeiro trabalho na televisão, no qual interpretou o personagem Roger, apelidado como Siri, na temporada de 2006 da novela “Malhação”, tv Globo, obtendo êxito e tendo contrato renovado para a temporada seguinte, em 2007.
Outros marcantes foram o de Assuero em “A História de Ester”, 2010 na Record TV e Felipe em “Haja Coração”, 2016 na TV Globo, par de Shirlei (Sabrina Petraglia). Na Record TV, esteve na segunda e terceira temporada de “Os Mutantes”. Em 2011 deu vida a Lucas na novela “Vidas em Jogo” e, em 2013, fez “Pecado Mortal”, na pele de Ramiro. Marcos também atuou Paulão em “Vitória”, no ano de 2014, na mesma emissora. Na Globo, participou da novela “Babilônia” em 2015, depois fez “Orgulho & Paixão” (2018) e “Salve-se Quem Puder” (2020).
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Clarice Lispector, instigante e misteriosa, declarou a estrangeira que mergulhou na força da mulher brasileira. Clarice foi um dos maiores nomes da literatura brasileira do Século XX. Com seus romances inovadores e linguagem altamente poética e moderna, sua obra se destacou diante dos modelos narrativos tradicionais. Seu primeiro livro, “Perto do Coração Selvagem”, recebeu o Prêmio Graça Aranha.
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Clarice publicou seu primeiro romance, “Perto do Coração Selvagem” em 1944, que retrata uma visão interiorizada do mundo da adolescência, que abriu uma nova tendência na literatura brasileira. Tendo provocado verdadeiro espanto na crítica e no público da época, sua narrativa quebrou a sequência de começo, meio e fim, assim como a ordem cronológica, fundindo a prosa à poesia.
Logo depois vieram em 1946, “O Lustre”. Em 1949 publicou “A Cidade Sitiada”. Nesse mesmo ano, e em 1952 lançou “Alguns Contos”, em 1967 publicou “O Mistério do Coelhinho Pensante”, seu primeiro livro infantil, que recebeu o Prêmio Calunga, da Campanha Nacional da Criança. Clarice Lispector fez parte da “Terceira Geração Modernista” ou “Geração de 45” – época de renovação das formas de expressão literária na prosa e, principalmente nos gêneros conto e romance. Em 1977, Clarice Lispector escreveu Hora da Estrela, sua última obra publicada em vida, na qual conta a história de Macabéa, uma moça do interior em busca de sobreviver na cidade grande.
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Em 1977, Clarice Lispector escreveu Hora da Estrela, sua última obra publicada em vida, na qual conta a história de Macabéa, uma moça do interior em busca de sobreviver na cidade grande. Lispector faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro de 1977, vítima de um câncer de ovário, um dia antes de seu aniversário. Seu corpo foi sepultado no cemitério Israelita do Caju.
“O Anjo Pornográfico” Nelson, desafiador
Nelson Falcão Rodrigues – “Nelson Rodrigues” (Recife – Pernambuco, 1912-1980) escritor, jornalista e dramaturgo que revolucionou o teatro nacional com peças como “Vestido de Noiva”, “Boca de Ouro”, “A Falecida”, “Toda Nudez Será Castigada”, entre outras. Teve a carreira marcada pela crítica, ao explorar a vida cotidiana do subúrbio carioca, com crimes, incestos e diálogos carregados de tragédia e humor.
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O quinto dos 14 filhos de Maria Esther e Mário Rodrigues, chegou ao Rio de Janeiro em 1915 quando o pai mudou-se para a então Capital Federal para tentar a carreira de jornalista.
Em 1925 seu pai fundou o jornal “A Manhã”, com o sócio Antônio Faustino Porto. Aos 13 anos, Nelson começou a trabalhar como repórter policial no jornal fundado por seu pai. Com 14 anos escreveu o artigo “A Tragédia de Pedra”, que foi um sucesso. Em 1929, após perder o jornal para seu sócio, seu pai fundou o jornal “A Crítica”. local onde ocorreria o assassinato do irmão, o ilustrador e pintor Roberto Rodrigues.
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Em 1957, Nelson Rodrigues estreou como ator no papel de “Tio Raul”, um dos personagens da peça “Perdoa-me Por Me Traíres”, encenada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e dirigida por Léo Jusi. Nelson Rodrigues faleceu no dia 21 de dezembro de 1980, no Rio de Janeiro, após dez dias internado. Seu corpo foi sepultado no Cemitério São João Batista.
FICHA TÉCNICA
Texto: Rafael Primot e Franz Keppler | Direção: Helena Varvaki e Manoel Prazeres | Direção de movimento: Clara Franciss | Elenco: Carol Cezar e Marcos Pitombo | Direção de arte: Letícia Ponzi e George Bravo | Iluminação: Nina Balbi | Fotografia: Carol Beiriz | Captação de imagens e edição de vídeos: Luh Abraham | Programação visual: George Lima | Gestão de mídias: Mariana Lima | Assessoria de imprensa: Alessandra Costa | Direção de produção: Letícia Napole | Produção executiva: Júlio Luz | Idealização e realização: Carol Cezar Produções Artísticas
SERVIÇO
Espetáculo “Clarice & Nelson – Um recorte biográfico a partir de entrevistas”
Teatro Poeirinha
R. São João Batista, 104 – Botafogo, Rio de Janeiro – RJ, 22270-030
Telefone: (21) 2537-8053
Duração: 60 minutos
Capacidade: 54 lugares
Classificação: 14 anos
Temporada: 8 de outubro a 18 de dezembro
Terças e quartas – sempre às 20h
Ingressos – R$ 60,00 / R$ 30,00 / Promocional R$ 20,00
Venda pela Sympla: clique aqui.
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