Espetáculo “Um Azul Nos Bueiros de São Paulo”. Entre ficção e realidade, dramaturga relembra os escombros da ditadura em uma perspectiva feminina. Espetáculo trata sobre o esquecimento e a violência de gênero com a censura de mulheres dramaturgas no teatro no período da ditadura civil militar.
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Com dramaturgia, concepção e atuação de Patricia Borin, espetáculo Um Azul Nos Bueiros de São Paulo estreia no Teatro Heleny Guariba, na Praça Roosevelt, em temporada de 16 de setembro a 29 de outubro, com sessões sextas e sábados, às 20h e domingos, às 19h. A peça foi contemplada com o 16º Prêmio Zé Renato de Teatro.
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Com direção de João Pedro Ribeiro e direção e execução musical ao vivo por Mafe, a montagem rememora um encontro ocorrido em 2015, com uma mulher que vive em um bueiro localizado entre as ruas Teodoro Baima e Rego de Freitas. Esse encontro é o disparador para a criação de uma dramaturgia que trata sobre o esquecimento e a violência de gênero.
O resgate destas lembranças traça um diálogo com as memórias da própria cidade, especificamente sobre um fato que ainda permanece submerso em nossa memória social: a censura ao teatro no período da ditadura civil militar, sob uma perspectiva de gênero. “A violência a determinados corpos é o passado e o presente do nosso país. Minha vivência como mulher, em coletivos feministas, em debates na universidade, como advogada, mostrou que somos forçadas a aprender que devemos esquecer, que o assédio foi brincadeira ou mal-entendido, que o estupro não aconteceu, que o feminicídio não é importante ou foi provocado. Isso nos mata todos os dias. Literalmente e simbolicamente. Morremos um pouco a cada esquecimento ou a cada denúncia desacreditada. Nós temos muito a dizer, a fazer”, fala a dramaturga e atriz, sobre a motivação para a montagem.
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Na busca de ouvir essa mulher que vivia submersa nos bueiros da cidade, a dramaturga começou a escrever diversos monólogos, que tinham em comum alguma violência, um posterior esquecimento e, por fim uma tentativa incessante de recordar. Dessa feita, Patricia resgatou a memória de mulheres do teatro que viveram no período da ditadura civil militar e tiveram seus nomes esquecidos ou apagados da história, e então surgiu uma única voz em sua dramaturgia: a própria memória como metáfora. Contar e recontar essas histórias é o movimento de buscar alguma recordação que ficou perdida no tempo e no espaço.
“O teatro é a forma que escolhi de ser mulher nesta sociedade, e é uma escolha consciente. Pois cidadãs, no sentido político da palavra, todas somos. Mas a arena da cena é onde encontro o ponto ótimo do debate que acredito que minha natureza, também poética, precisa ser e estar. Mas teatro é processo também. Estamos em processo, mas não estamos sós. Tem muita história, muitas mulheres e muitas vozes que me acompanham. Isso também justifica o trabalho. Por isso o recorte sobre o olhar da mulher, pois é a experiência que se aproxima do meu corpo e da minha vivência,” explica.
Sinopse
As memórias subterrâneas da ditadura civil militar brasileira, sob uma perspectiva de gênero. A história é conduzida pela Dramaturga, que rememora, por entre ficções e documentos, um encontro ocorrido em 2015, com uma mulher que vive dentro de um bueiro localizado entre as ruas Teodoro Baima e Rego de Freitas. Esse encontro é o disparador para a composição de uma rapsódia de esquecimentos sistêmico, atravessada por memórias conectadas pela luta política e pela escrita dramatúrgica feitas por mulheres em tempos de opressão. O que ainda estaria oculto nos bueiros desta cidade?
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Patricia Borin – Concepção, Dramaturgia e Atuação
Atriz, dramaturga e pesquisadora. Desenvolve pesquisa artística com o tema da memória, gênero e história, integrando o Grupo de Poéticas Atorais do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (IA-Unesp). É mestranda em Artes pelo IA-Unesp, onde desenvolve pesquisa sobre as dramaturgas dos anos 1970 e 1980, no Brasil, sob orientação da Profa. Dra. Lucia Regina Vieira Romano. É bacharel em Teatro pela Escola Superior de Artes Célia Helena (ESCH) e bacharel em Direito, pela PUC-SP. Dentre seus recentes trabalhos destacam-se Universo e Os números e a vida, do Coletivo Comum (2023); a peça Woyzeck, do Grupo Redimunho de Investigação Teatral (2022); e o filme Antes do Fim, de Thiago Mendonça e da produtora Memória Viva (2022). Foi advogada e coordenadora do setor jurídico da Cooperativa Paulista de Teatro (2018/2020), período em que assessorou juridicamente o Movimento de Teatro de Grupo. É produtora independente, atriz e dramaturga do projeto Um Azul nos Bueiros de São Paulo, contemplado pela 16ª Edição do Prêmio Zé Renato.
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João Pedro Ribeiro – Direção
Diretor e pesquisador teatral. Sua pesquisa tem como centro a investigação prática e teórica das intersecções entre história e performance autoral. É doutorando e mestre em Artes pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (IA-Unesp) e bacharel em Teatro pela Escola Superior de Artes Célia Helena (ESCH). Dentre seus recentes trabalhos destacam-se o filme de dança TerraCoro (2021), do Terreyro Coreográfico, o experimento cênico digital Synapse (2021) e os espetáculos Feminino abjeto 2 – o vórtice do masculino (2018 – 2020) e A lua vem da Ásia (2017).
FICHA TÉCNICA
Concepção, dramaturgia e atuação: Patricia Borin. Direção: João Pedro Ribeiro. Assistente de dramaturgia e direção: Letícia Progênio. Direção e execução musical ao vivo: Mafê. Colaboradores Artísticos: Dulce Muniz, Fábio Resende, Fernanda Azevedo e Luaa Gabanini. Desenho e Operação de Luz: Morim Lobato. Direção de movimento: Paula Yuki. Direção de audiovisual: Caroline Melgaço. Cenografia e figurino: Dan Oliveira. Produção de figurinos: Victor Paulo. Participação em vídeo: Dulce Muniz, Maria Amélia Teles, Fernanda Azevedo e Luaa Gabanini. Documentário: Bem Ortolam do Prado e Thiago B. Mendonça. Fotos: Carol Melgaço. Designer Gráfico: Andréia Manczyk. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. Produção: Jessica Rodrigues e Carolina Henriques. Agradecimentos: Teatro Studio Heleny Guariba, Coletivo Comum e Leandro Costa.
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SERVIÇO
Um Azul Nos Bueiros de São Paulo – Estreia dia 16 de setembro no Teatro Heleny Guariba.
Temporada: De 16 de setembro a 29 de outubro.
Sextas e sábados às 20h e domingos às 19h.
*Não haverá apresentação no dia 29 de setembro.
Classificação etária: 14 anos.
Duração: 80 minutos.
Ingressos: R$ 40 e R$20.
Link para vendas: clique aqui.
Bilheteria do teatro aberta 1 hora antes do início do espetáculo.
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Teatro Studio Heleny Guariba
Praça Franklin Roosevelt, 184 – República, São Paulo – SP.
Capacidade: 50 lugares.
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