Exposição no Rio de Janeiro homenageia legado de Dona Izabel, icônica bonequeira do Jequitinhonha. Mostra é uma realização do CRAB com o Sebrae Minas e vai contar com obras de artesãos mineiros que se inspiraram em seu trabalho nas últimas décadas
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O Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB) e o Sebrae Minas, com a parceria do Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Diretoria de Artesanato, vão homenagear, a partir de 21 de agosto, uma das mais notáveis artistas populares do Brasil: a mestra artesã dona Izabel Mendes da Cunha. A exposição “Dona Izabel: 100 anos da Mestra do Vale do Jequitinhonha” celebra o centenário de nascimento da premiada ceramista mineira, conhecida como a Dama do Barro do Jequitinhonha e criadora das famosas bonecas moringas.
A mostra vai oferecer um mergulho no legado de Dona Izabel, cuja obra transcendeu fronteiras regionais e conquistou reconhecimento nacional e internacional. O espaço vai contar com 300 obras da mestre artesã, distribuídas em oito salas do CRAB. Além disso, a mostra contará com trabalhos feitos por artesãos mineiros que se inspiraram no trabalho da Mestra Artesã.
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“Homenagear Dona Izabel em seu centenário de nascimento é reconhecer a trajetória de uma artista que extrapola os limites de seu território, o município de Santana do Araçuaí (MG), e se lança por um extenso vale mineiro, de onde transborda para o Brasil e o mundo. Dona Izabel escreveu uma linda história sobre o artesanato e a arte da cerâmica no Brasil e nos deixou um legado único”, explica Ricardo Lima, curador da exposição.
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“A exposição que o CRAB inaugura neste mês sobre Dona Izabel é mais do que uma homenagem a uma mestra artesã; é um tributo a uma artista que, com suas mãos habilidosas e espírito inovador, moldou não apenas o barro, mas também a identidade cultural de uma região inteira”, comemora Sergio Malta, diretor de Desenvolvimento do Sebrae Rio.
O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, destaca o evento como um resgate à memória de Dona Izabel e fala sobre a continuidade do trabalho desenvolvido na região. “O artesanato em barro produzido no Vale do Jequitinhonha é uma importante referência cultural de Minas Gerais, valorizando a origem e a identidade do território. Dona Izabel foi uma das principais pioneiras nessa atividade que gera emprego e renda para as famílias locais e influenciou familiares e um grupo de jovens. Além da homenagem a esse legado, a exposição enaltece obras especiais e peças decorativas de nossos artesãos apoiados pelo Sebrae Minas e pelo Governo do Estado”, afirma.
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O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, destaca a representatividade da artesã para a comunidade local. “Dona Izabel é a prova de que o trabalho supera todas as dificuldades. É louvável a preocupação que ela teve em repassar os ensinamentos para outras gerações, incentivando que sua comunidade produzisse peças em barro, mostrando desde sempre como o artesanato é fonte de renda e de autonomia. Um orgulho para o Vale do Jequitinhonha e um orgulho para Minas”, afirma.
Quem foi Dona Izabel?
Nascida em 1924, Izabel Mendes da Cunha ficou conhecida como “Bonequeira do Vale” graças à habilidade e a sensibilidade na produção de noivas de cerâmica inspiradas nas mulheres do Jequitinhonha. Ela iniciou os primeiros contatos com a arte ainda quando era criança e ajudava sua mãe, Dona Vitalina, a fazer utensílios de cerâmica para complementar a renda da família.
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Graças ao ofício ensinado pela mãe, Dona Izabel sustentou seus filhos sozinha por muitos anos, pois havia ficado viúva cedo. Ao longo do tempo, começou a influenciar outros jovens a ter o gosto pela arte da cerâmica na região.
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A oficina de Dona Izabel, anexa à sua casa em Santana do Araçuaí, no Médio Vale do Jequitinhonha (MG), para onde se mudou ainda jovem, era um espaço de simplicidade e criatividade. Por meio de ferramentas rudimentares, como sabugos de milho e pedaços de coité, e pigmentos minerais que ela mesma preparava, Dona Izabel deu vida a suas criações, a maioria utensílios de uso diário.
A década de 1970 marcou uma virada na carreira da artista, quando ela começou a criar as famosas grandes bonecas. Originalmente projetadas para conter água, essas peças evoluíram para esculturas de um metro ou mais, tornando-se símbolos de sua arte e da cultura do Vale.
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Em 2004, Izabel foi premiada pela UNESCO, e, no ano seguinte, recebeu a Ordem ao Mérito Cultural do Governo Federal, em reconhecimento a sua ação em favor da cultura brasileira. Também recebeu o Prêmio Culturas Populares do Ministério da Cultura. Em 2016, sua obra foi celebrada com uma série especial de selos postais emitida pelos Correios. Dona Izabela morreu em 2014, aos 90 anos.
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A família da Mestre Artesã deu continuidade ao legado de obras. A filha Glória e a neta Andréia mantiveram os saberes passados pela artesã e já produziram centenas de peças de cerâmica. “Costumo a dizer que nasci ‘dentro do barro’. Por meio dessa atividade, sustentei meus filhos durante anos e passei o saber para minha filha, que continuou o legado. É uma grande responsabilidade estar na segunda geração mas é um privilégio de ter herdado esse dom e ter tido uma escola dentro de casa”, afirma Glória.
Artesanato no Jequitinhonha
Em 2021, o Conselho das Artesãs do Jequitinhonha desenvolveu, em parceria com o Sebrae Minas, a primeira marca-território, Vale do Jequitinhonha, voltada para o artesanato em Minas Gerais, envolvendo os municípios de Turmalina, Minas Novas e Ponto dos Volantes. O objetivo é fortalecer e impulsionar os negócios na região do Jequitinhonha, com base em um posicionamento ancorado no território, tendo por foco o artesanato de tradição. A iniciativa contribui para divulgar a origem do produto, dar notoriedade à região e estimular a atividade como fonte de renda, aumentando assim sua valorização no mercado, gerando um círculo virtuoso de desenvolvimento e tornando mais dinâmica toda a economia do território.
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O Sebrae Minas apoia um grupo de cerca de 120 artesãs das comunidades de Coqueiro Campo e Campo Alegre (distritos de Turmalina), Cachoeira do Fanado (distrito de Minas Novas) e Santana do Araçuaí (distrito de Ponto dos Volantes). As primeiras ações foram direcionadas ao fortalecimento da governança, com a formação do Conselho das Artesãs do Vale do Jequitinhonha. Em paralelo, foram realizadas atividades de capacitação em design e melhoria de processos, além de iniciativas para ampliar o acesso a mercados consumidores, por meio da participação em feiras e eventos nacionais do setor.
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Com a marca-território, houve uma melhoria da qualidade das peças produzidas. Os artesãos passam a valorizar e entender a importância de se estabelecer critérios em relação à qualidade de produção. Eles estão sendo incentivados a buscarem mercado e construírem, por conta própria, uma carteira de clientes. Eles participam em diversos eventos grandes no país, como a Fenearte (Pernambuco), ABUP Decor Show (São Paulo), Salão do Artesanato (Brasília) ou a Feira Nacional de Artesanato (Belo Horizonte).
SERVIÇO
Exposição Dona Izabel: 100 anos da Mestra do Vale do Jequitinhonha
Local: Centro de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB Sebrae)
Endereço: Praça Tiradentes 69/71, Centro do Rio de Janeiro
Abertura: 22 de agosto 2024
Duração: 8 meses
Funcionamento: terça-feira a sábado, das 10h às 17h
Entrada franca (mediante documento com foto)
> Informações: @crabsebrae