Coincidindo com o aniversário de 80 anos do primeiro livro de Clarice Lispector – “Perto do Coração Selvagem”, lançado no segundo semestre de 1943 -, São Paulo recebe, no Conjunto Nacional, uma exposição em homenagem à escritora. Até 10 de outubro, o público poderá apreciar 19 retratos, de inspiração expressionista, que abordam as várias facetas da vida da autora, pintados pela artista visual gaúcha Graça Craidy. A abertura ocorreu em 12 de setembro.
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A exposição “Clarices” retrata, por exemplo, a homenageada trabalhando em casa com a máquina de escrever no colo e o cigarro nos lábios, como era seu hábito; a esposa de diplomata que morava no exterior dividida entre a vida conjugal e o desejo de autonomia; a mãe de dois filhos; e a tutora do cão Ulisses, entre outras situações. Em seu trabalho, a artista visual buscou “captar a alma, os sentimentos e os mistérios” de Clarice em pinturas de 1 m x 70.
A pintora criou a coleção “Clarices” para reforçar a importância da obra da autora e ajudar a popularizá-la, principalmente entre os jovens de hoje. “Acho que a exposição cumpre o objetivo de trazer para mais perto das pessoas aquela que com seus estranhamentos e epifanias é a maior escritora brasileira modernista. Embora Clarice Lispector tenha partido há 46 anos, sua prosa se faz muito necessária neste momento histórico de vazio existencial e da valorização equivocada do aparente e do fútil”, diz Graça Craidy.
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A mostra já foi vista em Porto Alegre, onde a artista vive e tem atelier, no Rio de Janeiro, em Niterói e em Brasília, em espaços culturais dos Correios, sempre com elogios da mídia e dos visitantes.
O livro de estreia de Clarice saiu pela editora A Noite, ligada ao jornal A Noite, no qual a escritora trabalhava à época. O jornal A Noite foi fundado em 1911 por Irineu Marinho, que em 1925 criou O Globo. Após a morte de Irineu, coube a seu filho Roberto Marinho, jornalista e empresário, conduzir o jornal, embrião do atual Grupo Globo.
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Nascida na Ucrânia em uma família que precisou fugir da perseguição aos judeus, Clarice chegou ainda bebê ao Brasil com os pais Pinkouss e Mania e as irmãs Tania e Elisa. Inicialmente, eles moraram em Maceió, a seguir se mudaram para Recife e por fim para o Rio de Janeiro, onde Clarice se naturalizou brasileira no mesmo ano do lançamento do seu primeiro (e premiado) livro pela editora carioca A Noite, dando início a uma carreira literária que impactou a crítica e arrebatou os leitores. Escritora nacional mais traduzida no mundo, ela morreu de câncer em 1977, aos 57 anos, na capital fluminense.
SERVIÇO
Exposição “Clarices”
Local: Conjunto Nacional, piso térreo. Av. Paulista, 2073
Data: de 12 de setembro a 10 de outubro
Horário: De segunda a sábado, das 6h às 22h; domingo e feriado, das 10h às 20h.
Entrada gratuita