“Quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil.”
— Dr. Wayne W. Dyer
‘Auggie’ um menino inteligente e engraçado, simplesmente fascinante. A atuação de Tremblay é sensível e impecável. “Extraordinário” é um filme com preciosas lições que emocionam pela delicadeza e a sensibilidade. Você não ficará indiferente a ele!
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Extraordinário
– por Fabrício Duque*
Eficiente ode ao respeito e amizade
– por Bruno Mendes
Não é difícil uma obra cinematográfica conduzir o expectador às lágrimas, afinal a capacidade de se emocionar perante à tristeza ou alegria de determinado fato é comum em muitas pessoas e tenho certeza, que mesmo aquelas aparentemente inabaláveis – ou “frias” – já tiraram “cisco do olho” após o término de sessões.
Quem nunca? Certos filmes não são exatamente bons, mas tentam fazer o público chorar por intermédio do uso artificial de convenções do gênero drama, como a utilização intermitente (e invasiva) de trilha sonora piegas, despejo de frases de efeito, inclusão das pouco necessárias cenas de reencontros em aeroportos ou chuva e por aí vai, outros comovem pela honestidade na elaboração e em virtude de qualidades cinematográficas distintas. E este é o caso de Extraordinário (do diretor Stephen Chbosky, responsável pelo excelente “As vantagens de ser invisível”).
No longa, o pequeno Auggie Pullman (o ator Jabob Tremblay) nasceu com uma deformação na face e aos 10 anos irá à escola pela primeira vez, onde enfrentará desafios por ser visto de maneira diferente pelos outros alunos. Com a ajuda da mãe Isabell ( a atriz Júlia Roberts ), do seu pai Nate (o ator Owen Wilson) e da irmã mais velha Via Pullman ( a atriz Izabela Vidovic,), ele aprenderá a aceitar as suas diferenças e encarar o mundo nem sempre ameno.
A adaptação do best seller da autora R J Palácio, acompanha os passos de Auggie no âmbito escolar, ou melhor dizendo, na vida como um todo, pois como todos sabem, a rotina dentro de um colégio assume relevância sem precedentes na infância. A obra também expõe o ponto de vista da mãe, opção interessante para mostrar em cena o carinho, zelo e constante receio de algum mal machucar física ou emocionalmente o garoto; e a visão da irmã, personagem descrita e desenvolvida de forma multifacetada, pois ainda que tenha enorme amor e carinho pelo irmão, a jovem sente plausível incômodo por perceber menor atenção dos pais.
Elencando ainda impressões de outros dois personagens sobre o microcosmo social em que estão inseridos, o filme não tem o ritmo narrativo prejudicado em função de tantas “visões de mundo”. O eficiente roteiro não abre brechas para perda de foco e todas as “importâncias”, apenas impõe maior força ÀS lições de vida (nunca aqui em sentido maniqueísta, superficial etc) apresentadas com elegância e fluidez do primeiro ao último minuto.
Em outras palavras, o filme nunca deixa de ser sobre Auggie, mas há lente de aumento nas dores, questionamentos, e redenções dos demais humanos na tela. Os personagens coadjuvantes, portanto, não surgem como meras figuras decorativas, mas ensinam e aprendem. E vale destacar a excelente e fundamental contribuição do elenco.
Se o garotinho que conquistou o mundo com o carisma apresentado em “O Quarto de Jack” brilha mais uma vez, o eterno glamour da atriz Júlia Roberts é diretamente proporcional ao seu verdadeiro talento. Seja em sequências de diálogos ou nos “silêncios verbais” – registrei mentalmente a sequência na qual a sua Isabell observa o filho combinando o encontro inédito com um amiguinho em casa, e sem dizer uma palavra ela expõe no semblante um misto de incredulidade e satisfação em ínfimos segundos – a atriz de ‘Uma Linda Mulher’ dá vida a uma dessas mães admiráveis.
O ator Owen Wilson cria um pai afetuoso e bem humorado, e Izabela Vidovic impressiona pela disposição criativa, ao viver uma jovem imersa em conflitos pessoais, mas sempre madura e ponderada, mesmo nos momentos mais difíceis.
Apesar do bullyng e das vastas razões para tristezas e preocupações, a atmosfera pacífica e positiva está impregnada em Extraordinário. Menos um filme sobre discriminação, preconceito e maldade, é mais uma ode aos valores mais significativos na vida, como respeito, amizade e amor.
Ok, não há novidades na concepção artística e uma ou outra pessoa poderá apontar semelhanças da obra com aquelas diversões passageiras das “sessões da tarde” da vida. Por outro lado, o filme da criança que utiliza o capacete de astronauta para esconder o rosto ao sair de casa, não é efêmero e além de divertir e marejar (ou transbordar) os olhos do espectador de lágrimas, assume importância em um mundo que, para citar um exemplo prático e atual de maldade, relativiza o racismo e é tão pobre em empatia.
Extraordinário é uma coleção de méritos e um exemplo de como o cinema pode proporcionar efeitos grandiosos com simplicidade narrativa e afeto. Muito afeto!
– por Fabrício Duque* em “Vertentes do Cinema“. 1.12.2017.
“Toda Pessoa deveria ser aplaudida de pé pelo menos um vez na vida, porque todos nós vencemos o mundo”
– August Pullman (Extraordinário)
Assista o trailer oficial:
Extraordinário – o filme
Baseado no best-seller homônimo da norte-americana R.J. Palacio, o filme Extraordinário conta a história do menino Auggie, interpretado pelo ator mirim Jacob Tremblay (estrela de “O Quarto de Jack”). Ele é um garoto que nasceu com uma deformidade facial e só depois de vinte e sete cirurgias conseguiu respirar e enxergar. Aos 10 anos, ele pisa pela primeira vez na escola, enfrentando a resistência dos colegas por conta de seu rosto e o temor dos pais – interpretados no longa por Julia Roberts e o ator Owen Wilson.
Ficha técnica
Título original: Wonder
Nacionalidade: EUA
Gênero: Drama
Ano de produção: 2016
Estréia: 7 de dezembro de 2017
Duração: 113 minutos
Direção: Stephen Chbosky
Roteiro: Steve Conrad
Produção: David Hoberman, Todd Lieberman
Fotografia: Don Burgess
Estúdio: Lionsgate Films, Mandeville Films, Participant Media, Walden Media
Montador: Mark Livolsi
Distribuidora: Paris Filmes
O LIVRO QUE DEU ORIGEM AO FILME
“Extraordinário” – R. J. Palacio*. [tradução Rachel Agavino; ilustrações R. J. Palacio]. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2013. (titulo original/ano:“Wonder”, 2012). O livro ficou 32 semanas na lista dos mais vendidos no jornal The New York Times.
August (Auggie) Pullman nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso, ele nunca havia frequentado uma escola… até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros.
R. J. Palacio criou uma história edificante, repleta de amor e esperança, em que um grupo de pessoas luta para espalhar compaixão, aceitação e gentileza. Narrado da perspectiva de Auggie e também de seus familiares e amigos, com momentos comoventes e outros descontraídos, Extraordinário consegue captar o impacto que um menino pode causar na vida e no comportamento de todos, família, amigos e comunidade – um impacto forte, comovente e, sem dúvida nenhuma, extraordinariamente positivo, que vai tocar todo o tipo de leitor.
*Autora (livro)
R.J. Palacio mora em Nova York com o marido, os dois filhos e dois cachorros. Por mais de vinte anos foi diretora de arte e designer gráfica, trabalhando nos livros de outras pessoas enquanto esperava o momento certo para começar o próprio romance. Sua estreia na literatura foi com Extraordinário, uma comovente história que deu origem a 365 dias extraordinários, Auggie & eu e Diário Extraordinário.
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