Brasileira prodígio do violão clássico, Gabriele Leite grava seu aguardado álbum de estreia, pela Rocinante. Aos 24 anos a artista se prepara para lançar seu álbum de estreia com obras de Sérgio Assad, Edino Krieger, Heitor Villa-Lobos e William Walton
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A violonista clássica Gabriele Leite, natural de Cerquilho, no interior de São Paulo, lança o seu álbum de estreia “Territórios” com obras dos compositores Sérgio Assad, Edino Krieger, Heitor Villa-Lobos e William Walton, no dia 8 de novembro, pela gravadora carioca Rocinante. A musicista, que figurou na lista Under 30 da Forbes, em 2020, traz um novo fôlego para o violão clássico brasileiro e é considerada um dos maiores destaques da nova geração.
Dona de uma história extraordinária, Gabriele vem trilhando sua carreira há muitos anos. Filha de uma costureira e um mecânico industrial, a paulista demonstrou o fascínio pelo violão desde criança, iniciando o aprendizado no Instituto Guri, mantido pelo Centro Cultural São Paulo para educação musical de crianças e adolescentes. Aos 18 anos ingressou no Bacharelado com habilitação em violão pelo Instituto de Artes da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp).
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Em 2020, Gabriele foi aceita no mestrado em Performance Musical da Manhattan School of Music, em Nova York, com bolsa integral da Sociedade Cultura Artística. Após o fim do curso, a artista permaneceu nos Estados Unidos e hoje é Doutoranda em Performance Musical pela renomada Stony Brook University – também em Nova York.
E foi na “Big Apple” que Gabriele gravou o seu aguardado álbum de estreia, pela gravadora Rocinante. “Sempre foi meu sonho de criança gravar um álbum, afinal, foi a partir de um que eu me inspirei a tocar violão clássico”, conta a musicista. “O sentimento é como ganhar a primeira maratona: algo que me preparei por muitos anos, cumprindo pequenas metas e desafios, e, finalmente, chegou o grande momento”, completa.
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O repertório escolhido também é um espelho dessa “maratona”. Conta com obras dos compositores brasileiros Sérgio Assad, Edino Krieger e Heitor Villa-Lobos e do inglês William Walton. “Eu fiquei muito à vontade para escolher o repertório, que eu considero como uma representação de anos e anos de dedicação à música”, relembra Gabriele.
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Através desse passeio pela música clássica do século XX, Gabriele traz seu próprio olhar e visão artística. “São peças de alta dificuldade técnica e que já foram gravadas por grandes nomes do violão mundial. Mas eu quis trazer o meu ponto de vista e meu discurso”, explica.
O álbum será lançado no dia 8 de novembro e estará disponível em formato Vinil e em todas as plataformas digitais. “Eu estou muito animada para o lançamento, contando os dias para ter esse trabalho finalizado. Acredito que vai ser histórico por ser distribuído em formato de LP. Eu não conheço nenhum jovem violonista clássico no Brasil e no mundo realizando esse tipo de estreia”, comemora a artista. O primeiro single “Melodia Sentimental”, composição de Heitor Villa-Lobos, chegou às plataformas de streaming no dia 3 de novembro.
Para além da estreia do álbum, Gabriele começará seu segundo ano de Doutorado nos Estados Unidos e já está com a agenda aberta para concertos em 2024. “Muitas coisas lindas estão por vir e eu não vejo a hora de continuar abrindo espaços.”, conclui.
DISCO ‘TERRITÓRIOS’ • Gabriele Leite • Selo Rocinante • 2023
Músicas / compositores
Lado A
1. Cinco bagatelas (William Walton)
– Cinco bagatelas: I. Allegro
– Cinco bagatelas: II. Lento
– Cinco bagatelas: III. Alla cubana
– Cinco bagatelas: IV. Sempre expressivo
– Cinco bagatelas: V. Con slancio
2. Ritmata (Edino Krieger)
Lado B
3. Sonata para violão solo (Sérgio Assad)
– Sonata: I. Allegro moderato
– Sonata: II. Andante
– Sonata: III. Presto
4. Melodia sentimental (Heitor Villa-Lobos)
– ficha técnica –
Gabriele Leite (violão) | Direção artística: Gabriele Leite, João Luiz Rezende Lopes e Sylvio Fraga | Produção musical: Sylvio Fraga e João Luiz Rezende Lopes | Direção musical: João Luiz Rezende Lopes | Gravação: Pepê Monnerat no Bunker Studio (Brooklyn, NY) | Mistura: Pepê Monnerat no Estúdio Rocinante | Masterização: Götz-Michael Rieth | Edição: Carlos Akamine e Arthur Damásio | Coordenação artística: Jhê | Coordenação técnica: Flávio Marcos Batata | Projeto gráfico: Ana Rocha | Fotografia da capa: Diego Bresani | Fotografia da contracapa: Tom-Ambroise Fenaille | Texto: Pedro Mattos | Produção executiva: Luanda Morena | Assessoria de imprensa: Tathianna Nunes / Pantim Comunicação | Selo: Rocinante | Formato: CD digital / Vinil | Ano: 2023 | Lançamento: 8 de novembro | ♪Ouça o álbum: clique aqui.
Territórios, texto de Pedro Mattos
No violão de Gabriele Leite não há notas erradas, muito menos corretas. Nele habita a dança de um corpo encantado. O livre trânsito dos territórios possíveis e, por que não, impossíveis. Carregado de pureza no gesto, porém estruturado com inteligência. Forjado no trajeto, nasce antes das mãos alcançarem notas de grande complexidade. Quando Gabriele ouvia as rádios de Cerquilho e fazia desse momento a construção do seu repertório imaginário. Do som das panelas batendo na cozinha; bicicletas apressadas na rua; ao popular pulso dos locutores nas propagandas dos carros de som. O coro de vozes do aniversário em família, os ecos das brincadeiras no quintal. Cada memória desse lugar-código é ouvida neste disco.
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De lá pra cá, Gabriele Leite atravessou oceanos e fronteiras, foi a primeira violonista clássica listada na revista Forbes under 30, edição 2021. Mestre com Honrarias pela Manhattan School of Music, desenvolveu um papel importante como mulher preta e brasileira com formação no curso de violão clássico. Acumula prêmios e concertos memoráveis. Doutoranda em Performance Musical na Stony Brook University, no exato momento em que grava, não por acaso, seu primeiro disco.
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Territórios em travessia, ocupar como base de um processo. Existir na forma de expressão daquilo que se pretende. Lançar imaginação à frente, selecionar quatro compositores e redescobri-los. O primeiro, William Walton, aparece num momento íntimo de encontrar trajetos. As Bagatelas soam com frescor e elementos orgânicos, próprios do processo de respeitar a naturalidade das técnicas e a importância de perceber seus acentos jazzísticos: que Gabriele lê com um sotaque só dela, carregado de imagens dos lados de cá da América. O segundo, fechando o Lado A do disco, Edino Krieger, cria um caminho sinuoso no qual esse violão causa espanto. A Ritmata dodecafônica, desenvolvida a pedidos de Turibio Santos, traça uma linha no abismo. Pula quem quiser, atravessa quem leva a sério o risco da queda.
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Do outro lado, Gabriele sai maior do que entrou. Pronta para a Sonata de Sérgio Assad, nosso terceiro compositor e início do Lado B do disco. Um espaço de densidade, conjunto de vozes que Assad une como se estivesse à sombra das Cabrucas do interior da Bahia. No corpo desse violão, a complexidade se apresenta nas diferentes texturas. Que evocam, sem ingenuidade, o nosso último compositor, Heitor Villa-Lobos. Terreno inteiramente nosso que, quando sentido, vibra nos pés o sentimento de estarmos, de fato, ouvindo uma violonista sem medo de chamar para si a responsabilidade de executar com maestria o violão brasileiro. Cada palmo percorrido aqui se faz descoberta. Em Gabriele Leite os territórios não se encerram ou, tampouco, possuem fronteiras: tudo se amplia na potência do que ela representa.
SOBRE GABRIELE LEITE
Mestre pela Manhattan School of Music e Doutoranda pela Stony Brook University, Gabriele foi selecionada como uma das 30 celebridades abaixo dos 30 anos pela revista Forbes Magazine em 2020. Em 2022 recebeu o prêmio: “Segovia e Rose Augustine” pela Manhattan School of Music.
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Além da carreira solo a violonista também atua como camerista dentro do duo de violão com o violonista gaúcho Eduardo Gutterres. É cofundadora da BCGC – Brazilian Classical Guitar Community – plataforma para publicação e veiculação de gravações on-line de compositores brasileiros como Heitor Villa-Lobos, Vicente Paschoal e Elodie Bouny.
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Gabriele foi indicada pelo Consulado Brasileiro em Nova York para realizar o concerto de abertura da cerimônia de posse do Brasil para o mandato de 2 anos do Conselho de Segurança da ONU e também fez a abertura musical do jantar de gala do evento “Person of the Year 2022”, organizado pela Brazilian-American Chamber of Commerce em Nova Iorque/EUA.
>> Gabriele Leite na rede: Instagram | Facebook | Youtube
A ROCINANTE
A gravadora e fábrica de discos de vinil Rocinante foi criada em 2018, em Petrópolis. Trata-se do fruto do encontro de Sylvio Fraga com o conhecimento técnico do engenheiro de som Pepê Monnerat. A gravadora lança discos em vinil e em formato digital, com destaque para a canção e música instrumental brasileira na composição de seu catálogo.
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O disco de vinil de qualidade produz um som especial – sem compressão – e é, portanto, um meio de reprodução importante para os objetivos da gravadora: expressar a singularidade e intenções estéticas de cada artista. “Nossa bússola é a comoção diante do que ouvimos. Atuamos principalmente nos campos da canção e da música instrumental brasileiras. Lançamos os discos em vinil, prensados na nossa própria fábrica com prensas modernas Newbilt, e também em formato digital”, comenta Sylvio Fraga, músico e sócio.
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No romance “Dom Quixote” de Cervantes, Rocinante é o nome do cavalo do protagonista. Portanto, de acordo com os sócios, a gravadora é uma aventura que se assume quixotesca. No pool de artistas representados pela gravadora, o brilhantismo de Jards Macalé, Bernardo Ramos, Erika Ribeiro, João Donato, José Arimatéa, Marcelo Galter, Ilessi, Nelson Angelo, a obra de Letieres Leite + Quinteto / Orquestra Rumpilezz, Thiago Amud e o próprio Sylvio Fraga.
>> Rocinante na rede: Site | Instagram @rocinantegravadora | Instagram @rocinantefabrica | LinkTree
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Série: Discografia da Música Brasileira / Música erudita / Música instrumental / Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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