Arabiscos
Vai do lugar ao não-lugar
a refração que há neste afresco:
a linha indócil como o infarto
nas turvas ondas do arabesco.
Antes o espaço se faz hirto
no azul da concha do molusco
para o rabisco perseguir
o bruxuleio, o lusco-fusco.
Sol de formas a descoberto
que às vezes levamos conosco,
dele não nos resta sequer
o arranhol de um vidro fosco.
Nem a ocasião de um leve furo
(a malagueta no seu frasco)
disfarça o tom de calembour
na face neutra do fiasco.
No vário ritmo só a cor
disfarça o além do gesto arisco:
o mais é sombra, o corpo a corpo
no arabesco do arabisco.
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Hora aberta – Poemas reunidos”. [organização, introdução e notas de Eliane Vasconcellos; prefácio Ángel Marcos de Dios]. 4ª ed., aumentada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
§
Ars longa…
Assim como os deuses cochilam
para dar tempo de sobra à sedução do amante
e mais vida e mais força a quem tem mais amor,
assim também saberão descontar do Tempo
nosso tempo de pesca e de poesia.
Quando olho a fundura de um poço de sombras
e vejo a linha se esticando na fisgada,
começo a perceber que o tempo ficou boiando
num remanso de espuma e redemoinhos,
ficou batendo nas águas como a curva
da vara na correnteza ou no alvoroço
de trazer um bom peixe para o almoço.
(De longe, os deuses parecem sorrir
do meu prazer amargo de mostrar
a linha arrebentada…)
Seguramente os deuses estão dormindo
quando gasto a manhã procurando pescar
as palavras ariscas que se escondem
nas locas do silêncio ou se repetem
na duração do risco ou na espessura
de uma linha partida na fundura.
(Na outra margem,
de cima do barranco,
alguém contempla o fundo da linguagem
na superfície do papel em branco.)
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Plural de nuvens”. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1990.
§
Caminhos
Se caminhamos juntos,
se juntos dividimos,
quem sabe da renúncia
que nos vai conduzindo?
Quem sabe dos intentos
tão distantes, tão próximos,
que amamos em silêncio
como um segredo nosso?
Quem sabe do caminho,
se tudo é tão noturno
e o sonho é como um sino
além, além do mundo?
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Hora aberta – Poemas reunidos”. [organização, introdução e notas de Eliane Vasconcellos; prefácio Ángel Marcos de Dios]. 4ª ed., aumentada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
§
Canção
As horas dançam no tempo
e o tempo, na madrugada.
Do cimo da vida, apenas
vejo a poeira na estrada.
Meus rastros viraram pedras
na terra do antigamente.
E as horas morrem no tempo
como o tempo, no poente.
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Hora aberta – Poemas reunidos”. [organização, introdução e notas de Eliane Vasconcellos; prefácio Ángel Marcos de Dios]. 4ª ed., aumentada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
§
Cantiga
Pergunto ao mar por que foge
e ao vento por que não vem.
O tempo levou a vida
para outra praia no além.
Há tanto pássaro voando,
meu sonho voou também.
Pousou nas cristas das vagas,
tornou-se espuma salgada
e veio dar nesta praia
onde não há mais ninguém.
E o mar que foge retorna,
retorna o vento também.
Só a vida que foi não volta,
só o tempo que foi não vem.
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Hora aberta – Poemas reunidos”. [organização, introdução e notas de Eliane Vasconcellos; prefácio Ángel Marcos de Dios]. 4ª ed., aumentada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
§
Cantiga III
Soprei na esquina do vento
a condição do meu canto:
– “Que os homens todos me entendam!”
Mas, como um rio em silêncio,
fui-me no tempo ocultando.
Era preciso, e falei.
Gritei as minhas palavras.
Tinha esperança, e de lei.
E hoje, cansado, nem sei
se alguém, de longe, escutava.
Surpreendo agora na curva
repentina do planalto
a noite que vem na chuva
de uma tristeza tão muda
que nem sei mais o que faço.
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Hora aberta – Poemas reunidos”. [organização, introdução e notas de Eliane Vasconcellos; prefácio Ángel Marcos de Dios]. 4ª ed., aumentada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
§
Chá das cinco
Para Jorge Amado
Chá de poejo para o teu desejo
chá de alfavaca já que a carne é fraca
chá de poaia e rabo-de-saia
chá de erva-cidreira se ela for solteira
chá de beldroega se ela foge ou nega
chá de panela para as coisas dela
chá de alegrim se ela for ruim
chá de losna se ela late ou rosna
chá de abacate se ela rosna e late
chá de sabugueiro para ser ligeiro
chá de funcho quando houver caruncho
chá de trepadeira para a noite inteira
chá de boldo se ela pedir soldo
chá de confrei se ela for de lei
chá de macela se não for donzela
chá de alho para um ato falho
chá de bico quando houver fuxico
chá de sumiço quando houver enguiço
chá de estrada se ela for casada
chá de marmelo quando houver duelo
chá de douradinha se ela for gordinha
chá de fedegoso para mijar gostoso
chá de cadeira para a vez primeira
chá de jalapa quando for no tapa
chá de catuaba quando não se acaba
chá de jurema se exigir poema
chá de hortelã e até amanhã
chá de erva-doce e acabou-se
( pelo sim pelo não
chá de barbatimão)
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Plural de nuvens”. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1990.
§
Composição
O amor põe suas mágicas
em funcionamento.
O amor compõe, propõe, supõe,
indispõe e interpõe,
sua adaga entre o ser
e o vazio do vício
(a ser-viço do amor).
O amor compõe seus acídos
na linha mais ambígua
da mão, entre o desejo
e o tato, neste incêndio
propagante e terrível.
O amor dispõe seus plácidos
novelos enredados
e fio a fio supõe
sua mosca, seu tédio
e sua deslizante
atração de suicídio
e adultério.
O amor
propõe enigmas.Trans-
põe montanhas de sombras,
interpõe-se entre os seres
e apenas se indispõe
para compor de novo
sua casca e seu ovo.
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Hora aberta – Poemas reunidos”. [organização, introdução e notas de Eliane Vasconcellos; prefácio Ángel Marcos de Dios]. 4ª ed., aumentada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
§
Descobrimento
I. Palavra
Pego a palavra amor e dentro
dela semeio o meu sigilo:
este rumor de mar batendo,
esta paixão, este suspiro.
Repara como vai ficando
densa a estrutura desse termo:
é como se as coisas que planto
contivessem ossos e nervos.
É como se houvesse no fundo
alguma luz, um pouco de alma,
como se o pouco fosse muito
e muito tudo o que me falta.
Daí ser preciso ir ao ponto
interior do que a contorna:
o espesso que se vai compondo
no corpo vivo que se forma.
E bem devagar ir abrindo
não a palavra – o seu caroço:
a essência mesma do recinto
que sabe a mel, de saboroso.
E só depois, além do grito,
sobre a beleza do momento,
ver no percurso acontecido
o que ficou acontecendo.
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Plural de nuvens”. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1990.
§
Enigma
Que gesto colherá o pássaro terrível
que sobre nós traçou a condição de efémeros?
Quem na noite virá clareando os caminhos
por onde nunca mais, nunca mais passaremos?
Um grito de renúncia aprofunda a distância
que um dia sobre a terra os nossos passos trôpegos
estenderam, deixando uma só esperança
a desfazer-se eterna em fundo desespero.
Nenhum pássaro canta o segredo esquecido
nem abre no metal um céu de pedra e fogo.
As sombras nos desvãos bocejam num cochilo
e a tarde esconde o som do mundo no seu bojo.
Mas no longo silêncio entre os sonhos da vida
e a inútil solidão dos homens,
mais profunda,
uma estrela tresluz num símbolo de eterno
plantado em diagonal no centro da pergunta.
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Pássaro de pedra”. Goiãnia: Escola Técnica de Goiãnia, 1962.
§
Flamboyants
Eu não cantei ainda os flamboyants floridos,
Alegres, majestosos, multicores,
Que, ao vir da primavera, embevecidos,
Policromos, sensuais, adornam-se de flores.
E, enfileirados, vão, floridos e felizes,
Balouçando a ramagem espontânea,
Como saudando, a rir, em rútilos matizes,
As amplas avenidas de Goiânia.
E nas quentes manhas de setembro c. de outubro,
Quando o vento lhes beija as franças, no alto,
Sussurram, musicais, despetalando o rubro
Véu de flores vermelhas pelo asfalto.
Uma a uma, gozando os afagos eóleos,
Oscilai e treme, e cai serenamente.
Em breve, o asfalto está como manchado de óleos,
—Atapetado aprimoradamente.
…………………………………………………………….
Mas eu vos canto agora, ó flamboyants floridos!
Pois vejo que os meus sonhos e ilusões
São como as flores tuas – coloridos,
Vão murchando, e caindo, ao vir das estações.
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Hora aberta – Poemas reunidos”. [organização, introdução e notas de Eliane Vasconcellos; prefácio Ángel Marcos de Dios]. 4ª ed., aumentada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
§
Foz
Na foz do rio, o vento desenrola
a linha de um discurso nunca dantes:
a eloquência das ondas numa escola,
o silêncio dos astros nos sextantes.
(Na foz do rio aquela voz premente
também se desdobrou pelo oceano:
seguiu o rumo incerto da corrente,
foi como a espuma de um desgosto humano.)
Na foz do rio, a rede que se lança
tem a forma da imagem que não trinca:
esta linguagem cheia de esperança,
esta saudade que se faz longínqua.
(Na foz do rio aquela voz não finda,
se mistura à folhagem e algo espreita:
talvez a cena de uma história linda,
alguma arte de amar, sempre imperfeita.)
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Plural de nuvens”. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1990.
§
Hino à noite
Ó noite, eu te desejo, e anseio o teu abraço
macio como o luar, quieto como o jazigo.
A fadiga me esvai, domina-me o cansaço,
como um boêmio feliz eu vim dormir contigo.
De sonho em sonho andei.Fui poeta, fui mendigo.
Corri atrás do tempo e me perdi no espaço
e vi se desfazer meu pensamento antigo
e em sangue transformar-se a sombra do meu passo.
Um dia, a procurar-te, olhei para o poente:
na estrada solidão da tarde, impertinente,
um pássaro de sol crepusculava a esmo.
Então eu te encontrei e, em meu triste abandono,
meus olhos disfarcei na volúpia do sono
e caminhei contigo em busca de mim mesmo.
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Hora aberta – Poemas reunidos”. [organização, introdução e notas de Eliane Vasconcellos; prefácio Ángel Marcos de Dios]. 4ª ed., aumentada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
§
Ludus
Tolle, lege.
Santo Agostinho
Toma a palavra, e principia. Tudo
tem um pouco de ti: um sol, um sema.
No fundo, teu desejo:
lodo e ludo,
jogo de truque e blefe de poema.
Toma este livro, toma e lê (ou lege);
não só um tomo, a obra inteira soma
à solidão maior que te protege
como um corpo de baile no idioma.
E toma ao pé da letra o que combina
com teu gosto e prazer:
o cimo, a suma
de todos os sabores,
vitamina,
quintessência final de coisa alguma.
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Plural de nuvens”. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1990.
§
Melodias
Ternas melodias de longínquas plagas,
nas manhãs da vida fascinando a gente,
sois o desafio de revoltas vagas
pela alma ecoando como um som ausente.
Ternas melodias, de que mundo ignoto,
de que estranhas terras vindes me encontrar?
Sois a transparência que no sonho noto?
Sois a ressonância do poema, no ar?
Ou vindes dos astros – de uma Sírius? Vênus?
De que firmamento, de que céus surgistes?
Quérulos gemidos de amarguras plenos
só podem ser ecos de meus sonhos tristes.
Essas melodias cheias de tristeza
são talvez saudades que em meu peito eu tinha;
são as confidências dessa natureza
de milhares de almas que possuo na minha
Essas melodias que a minh’alma douram,
que a meus sonhos beijam com tamanho ardor,
essas melodias tão sonoras foram
de remotos tempos vibrações de amor.
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Hora aberta – Poemas reunidos”. [organização, introdução e notas de Eliane Vasconcellos; prefácio Ángel Marcos de Dios]. 4ª ed., aumentada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
§
Modernismo
No fundo, eu sou mesmo é um romântico inveterado.
No fundo, nada: eu sou romântico de todo jeito.
Eu sou romântico de corpo e alma,
de dentro e de fora,
de alto a baixo, de todo lado: do esquerdo e do direito.
Eu sou romântico de todo jeito.
Sou um sujeito sem jeito que tem medo de avião,
um individualista confesso, que adora luares,
que gosta de piqueniques e noitadas festivas,
mas que vai se esconder no fundo dos restaurantes.
Um sujeito que nesta reta de chegada dos cinqüenta
sente que seu coração bate mais velozmente
que já nem agüenta esperar mais as moças
da geração incerta dos dois mil.
Vejam, por exemplo, a minha cara de apaixonado,
a minha expressão de timidez, as minhas várias
tentativas frustradas de D. Juan.
Vejam meu pessimismo político,
meu idealismo poético,
minhas leituras de passatempo.
Vejam meus tiques e etiquetas,
meus sapatos engraxados,
meus ternos enleios,
meu gosto pelo passado
e pelos presentes,
minhas cismas,
e raptos.
Veja também minha linguagem
cheia de mins, de meus e de comos.
Vejam , e me digam se eu não sou mesmo
um sujeito romântico que contraiu o mal do século
e ainda morre de amor pela idade média
das mulheres.
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Hora aberta – Poemas reunidos”. [organização, introdução e notas de Eliane Vasconcellos; prefácio Ángel Marcos de Dios]. 4ª ed., aumentada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
§
Percepção
O mundo te rodeia de cercas e desejos,
te comprime no refúgio de teu quarto
e te restringe à lamina das coisas
no seu fino acontecer.
Todavia o amor é para toda a vida,
é para sempre e um dia e mais talvez:
o amor te prende às palavras e te liberta
na invenção de alguns códigos e silêncios.
É possível que a tua cota de realidade
seja agora por demais excessiva
e apenas te deixe perceber os possíveis
de outros planos e subversões.
Vê como as cortinas disfarçam o teu olhar,
como as ruas se enrodilham aos teus pés
e como algumas veredas vão desaparecendo
nos teus desertos e viagens.
Que seria de ti sem os teus espelhos?
sem a jarra de flores que guarnece
o espaço dessa mesa de pernas para o ar,
com velhas catacreses na gaveta?
É para ti que as águas vão polindo
os sentidos desse único sentido
ainda vulnerável, mas perdido na cena,
no espetáculo obsceno de ti mesmo.
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Plural de nuvens”. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1990.
§
Serenidade
Teus gestos são estranhos, mas a tua alma
tem a beleza ingênua das estrelas.
És bela como o sol, pela constância;
e simples como o luar, pela incerteza.
O bucolismo canta nos teus olhos
e ri no amanhecer dos teus cabelos.
Tudo em ti é tão simples e tão belo.
Tudo canta e sorri. És a alegria.
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Hora aberta – Poemas reunidos”. [organização, introdução e notas de Eliane Vasconcellos; prefácio Ángel Marcos de Dios]. 4ª ed., aumentada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
§
Telha de menos
Minha casa tem uma telha de menos
e uns macaquinhos brincando no sótão.
Quando há chuva,
cai um pouco de chuva na varanda;
quando há sol,
passa um feixe de luz nos remansos da sala;
e quando há vento,
a música se esparrama pelo quarto
embalando alguns sonhos e pesadelos.
Ás vezes passa rápido a figura de um pássaro,
outras vezes apenas um riso de borboleta,
uma nesga de nuvem e o brilho de um avião
nos rumos do Brasil.
Mas é a noite que uma das três Marias
se debruça no espaço azul da minha casa.
– Gilberto Mendonça Teles, no livro “Plural de nuvens”. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1990.
***
BREVE BIOGRAFIA
Gilberto Mendonça Teles, nasceu em 30 de junho de 1931, em Bela Vista de Goiás/Goiás. Especialista em Letras Neolatinas, doutor em Letras e livre-docente em Literatura Brasileira, poeta e crítico literário. Na condição de professor de línguas e literatura, lecionou em diversas universidades da Europa e EUA. No Brasil, fundou a UFGO e é titular da UFRJ. Seu primeiro livro, Alvorada Goiânia, foi publicado em 1955, e até o momento já publicou 14 livros de poesias e 10 de crítica literária, tendo recebido o Prêmio Machado de Assis, em 1989, pelo conjunto da obra. Sua poesia foi reunida, em 1986, no volume Hora aberta, 3ª edição dos Poemas reunidos (1979). Entre seus livros de poesia, destacam-se Sintaxe invisível (1967), A Raiz da fala (1970), Arte de amar (1977), Sociologia Goiânia (1982) e Plural de nuvens (1994). Entre os livros de crítica e ensaios, encontram-se Drummond: a Estilística da repetição (1970), Vanguarda européia e Modernismo brasileiro ( 1972), Camões e a poesia brasileira (1973), Retórica do silêncio (1979), A crítica e o princípio do prazer (1985) e A escrituração da escrita (1996). Em 1999, o governo português lhe concedeu a condecoração “Infante Dom Enrique” no grau de Comendador. Sua publicação mais recente é “Linear G: poemas 2002-2009” (2011) e “Brumas do Silêncio” (2014).
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