“Tive o enorme prazer de conhecer a música de Brenno Blauth durante o mestrado de Glaubert Nüske em Montreal. Conhecia superficialmente o repertório brasileiro para fagote através das grandes obras de Heitor Villa-Lobos e Francisco Mignone e, graças a essa descoberta, desde então tive a oportunidade de mensurar a extensão e a riqueza desse repertório pouco conhecido. As obras deste disco são variadas e fascinantes, magnificamente escritas para fagote e realçadas pela interpretação inspirada de Glaubert Nüske e seus colegas. Uma gravação como esta é de grande importância para a divulgação e desenvolvimento de repertório para fagote, que muitas vezes se centraliza nas mesmas obras. Espero, portanto, que este projeto notável goze de uma influência proporcional à qualidade das obras e dos intérpretes envolvidos.”
—- Mathieu Lussier, professor de fagote da Universidade de Montreal (Canadá).
OBRAS E COMPOSITORES
Sonata para Fagote e Piano T.6 (1958)
Duo Sonatina para Oboé e Fagote T.80 (1988)
Brenno Blauth (1931-1993)
As duas obras de Brenno Blauth gravadas neste CD retratam dois momentos distintos de sua carreira. A Sonata para fagote e piano, uma de suas primeiras obras, foi estreada em 1959, no Instituto de Artes de Porto Alegre, no momento que o compositor se lança no meio artístico com um recital de suas composições. O Duo Sonatina, de 1988, estreou na Bienal de Música Contemporânea, no Rio de Janeiro. O primeiro recital é um esforço pessoal do artista de se mostrar à comunidade, o segundo, representa o reconhecimento de que Blauth está entre pares no cenário musical brasileiro.
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Essas duas obras também mostram duas tendências estéticas distintas. As diferenças entre ambas são mais evidentes que as semelhanças. A Sonata para fagote se alinha à corrente nacionalista. No primeiro movimento há elementos contrastantes e uma tensão harmônica acentuada, enquanto no segundo, Blauth dá vazão à sua veia lírica. No terceiro, ritmos populares, dão um fecho otimista à obra. O Duo Sonatina pertence a outro universo não havendo traços evidentes de temas folclóricos. A escrita é linear e imitativa, com tensões harmônicas evidenciadas por choques de dissonâncias, e os arpejos amplos enfraquecem o sentido tonal da linha melódica. O lirismo das obras nacionalistas quase não se percebe. No terceiro movimento, há uma aproximação com o cancioneiro popular, este é um traço que liga as obras.
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Poucos textos acadêmicos se debruçaram sobre a música de Blauth. Neste sentido vale destacar a publicação do livro “Brenno Blauth: uma trajetória entre mundos – sonatas e sonatinas” publicado pela editora UFSM.
—- Lúcius Mota (2019)
Pensieroso para fagote solo (2019)
Arthur Rinaldi (1980)
Pensieroso é uma obra para fagote solo composta em 2019, muito expressiva e com linhas melódicas sinuosas, com ritmo e métrica aparentemente livres em diversos momentos. Nesta obra, motivos inicialmente simples e com configurações rítmicas e melódicas livres são gradualmente transformados, assumindo formas distintas e contornos mais definidos, num trajeto também sinuoso e não-linear. Novos motivos são inseridos e motivos anteriormente apresentados são recombinados, numa longa e instável seção de desenvolvimento. O discurso da obra explora diversos territórios, chegando a flertar com uma mudança de caráter que não se concretiza, até que inesperadamente alcança a citação do célebre solo de fagote da abertura de A Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky. A partir deste ponto, motivos e passagens anteriormente apresentados adquirem nova significação, sendo reconhecidos como derivações, comentários, expansões e releituras sobre ideias musicais oriundas da obra de Stravinsky.
—- Arthur Rinaldi (2019)
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Arthur Rinaldi – Professor adjunto do Departamento de Música da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e professor colaborador junto ao Programa de Pós-Graduação em Música do Instituto de Artes da UNESP, Arthur Rinaldi é Bacharel, Mestre e Doutor em Música pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Suas composições têm sido apresentadas em eventos importantes do cenário musical, tais como o Festival de Inverno de Campos do Jordão, a Bienal de Música Brasileira Contemporânea da FUNARTE, o Festival Internacional de Inverno da UFSM, o Festival Música Nova, a Série de Música Contemporânea do Theatro Municipal de São Paulo, a Bienal de Música Eletroacústica
de São Paulo, com destaque especial para a turnê norte-americana realizada pelo Grupo PIAP em 2010 com a peça Septeto. Obteve o primeiro lugar no “I Concurso Nacional de Composição para Instrumentos de Percussão Brasileiros – Hildegard Soboll Martins – UFPR” em 2008, e foi um dos autores contemplados com o Prêmio FUNARTE de Música
Clássica em 2010 com a peça Três Canções sobre Poemas de Lorca. Como pesquisador, dedica-se ao estudo do repertório musical dos séculos XX e XXI. É coordenador do laboratório de Arte Sonora da UFSM.
SOBRE OS INTERPRETES
Glaubert Nüske – Fagote
Professor adjunto do Departamento de Música da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), é Mestre em Música pela Université de Montréal (Canadá). Possui graduação em Música-Licenciatura pela UFSM e Música-Bacharelado/Fagote pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nos Estados Unidos, participou do Exchange Program/Bassoon Performance na University of Georgia. Como fagotista convidado, atuou nas orquestras: Sinfônica do Espírito Santo, Sinfônica de Porto Alegre e Sinfônica de Minas Gerais. Atuando como professor na graduação e pós-graduação lato senso (Especialização em Música), seu trabalho é pautado na difusão do ensino de fagote no Sul do Brasil e na pesquisa do repertório para o instrumento. É co-autor do capítulo de livro: Sonatas e sonatinas de Brenno Blauth: Breve itinerário. É um dos idealizadores e coordenador dos Encontros de Oboé e Fagote da UFSM e do Laboratório de Palhetas Duplas na mesma instituição de ensino. É frequentemente convidado a participar de eventos no Brasil e exterior como professor, solista e palestrante. Neste momento, cursa o Doutorado em Música na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), e integra o Ensemble Novas Tríades (Conjunto de Música Atemporânea da UFSM) e o Trio Serranias.
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Claudia Deltregia – Piano
Professora associada do Departamento de Música da Universidade Federal de Santa Maria, é Doutora em Música/Pedagogia do Piano com ênfase em performance pela University of South Carolina (bolsa CAPES/Fulbright). Possui Mestrado em Artes (bolsa FAPESP) e Bacharelado em Piano, ambos pela UNICAMP. Atua como professora nos cursos de graduação e pós-graduação (Especialização em Música), onde desenvolve atividades como solista e camerista, além de ministrar oficinas, palestras e recitais em eventos promovidos por instituições brasileiras e estrangeiras. É idealizadora do projeto Encontros sobre Pedagogia do Piano, o qual promove ações de ensino, pesquisa e extensão voltadas à formação inicial e continuada de professores de piano.
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Lúcius Mota – Oboé
Professor adjunto do Departamento de Música da UFSM, é Doutor em Educação pela UFSM, Mestre em Musicologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Bacharel em Música/Oboé pela Universidade de Brasília (UNB). Atuando na graduação e pós-graduação (Especialização em Música), tem sua carreira focada na música moderna. Encomendou e estreou mais de uma dezena de obras. Tem se destacado no meio artístico e acadêmico por seu interesse na música brasileira para oboé, tendo publicado artigos em revistas e congressos. Organizou e editou o livro “Brenno Blauth: uma trajetória entre mundos – sonatas e sonatinas” publicado pela Editora UFSM. É frequentemente convidado a participar de eventos no Brasil e exterior como professor, solista e palestrante.
ÁLBUM ‘PENSIEROSO – FAGOTE’ • Glaubert Nüske • Selo Independente / Distribuição Tratore • 2023
— Dedicado à Mauro Mascarenhas Jr. (in memorian) —
Músicas / compositores
Sonata para Fagote e Piano – T.6 Brenno Blauth
1. Allegro
2. Andante
3. Allegro con spirito
Duo Sonatina para Oboé e Fagote T.80 Brenno Blauth
4. Allegro
5. Tranquilo
6. Rondó
7. Pensieroso (para fagote solo) Arthur Rinaldi
– ficha técnica –
Glaubert Nüske (fagote) | Claudia Deltregia (piano) | Lúcius Mota (oboé) | Produção e direção: Glaubert Nüske | Engenheiro de gravação: Arthur Rinaldi | Edição e mixagem: Arthur Rinaldi e Glaubert Nüske | Masterização: Arthur Rinaldi | Tradução: Rossina Krasnoiartev | Gravado no Teatro do Centro de Convenções da UFSM e no Estúdio “Prof. Dr. Amaro Borges” da Escola de Música da UFSM em janeiro e fevereiro de 2020, e fevereiro e março de 2022 | Piano: Steinway & Sons D | Design gráfico: Roberto Gerhardt, Valéria Pedrozo e Fernanda Henrique | Foto: Juliano Mendes | Glaubert Nüske veste @joaoarigor | Parceiros: PRE – Pró-Reitoria de Extensão UFSM, Laboratório de Arte Sonora da UFSM e Pós-Graduação Especialização em Música – UFSM | Selo: Independente | Distribuição: Tratore | Formato: CD / Digital | Ano: 2023 | Lançamento: 20 de outubro | #* Ouça o álbum: clique aqui
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Série: Discografia da Música Brasileira / Música instrumental / clássico / Álbum.
* Publicado por ©Elfi Kürten Fenske
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